domingo, 29 de setembro de 2024

TEXTO: SL 128

TEMA: COMO TER UMA VIDA ABENÇOADA?

O autor  deste salmo é desconhecido, assim como a ocasião em que foi composto. Ele  faz parte dos Cânticos de Peregrinação ou Cânticos dos Degraus   que eram cantados pelos israelitas, enquanto subiam à Jerusalém para participar das festividades religiosas. Há uma grande  conexão entre esse salmo e o 127. O 127,  aponta Deus como causador de todo bem que ocorre aos seus servos, enquanto o salmo seguinte aponta diretamente para os efeitos da sua ação bondosa e soberana. Se no primeiro há a orientação de confiar em Deus, no segundo há o resultado dessa confiança: bênçãos sobre bênçãos. Martinho Lutero chamava este salmo de  “o Salmo da família”. Considerava o salmo cheio de muitas bênçãos.

Mas como ter uma vida abençoada? A resposta é simples: quando seguimos  o caminho de Deus, temendo-o e vivendo de acordo com a sua vontade. Ora, quem vive assim terá amor e prosperidade no lar e  em todos os momentos da vida. Sendo assim, o salmista apresenta três momentos em que  há uma progressão de bênção, que vai do homem (individuo) feliz e abençoado, passando  pela  família até chegar à nação.

Então,vejamos:  primeiro para o indivíduo temente a Deus. O temor ao Senhor é apresentado como o fundamento para uma vida  sólida e próspera. E todo  aquele que teme a Deus e que anda em seus caminhos, as bênçãos do Criador repousarão em todas as áreas da vida.l

Segundo para a família. Ele fala de uma vida familiar abençoada, onde o cônjuge e os filhos são comparados às plantas frutíferas e videiras florescentes, respectivamente, simbolizando prosperidade, felicidade e crescimento. Assim, a mensagem é que a verdadeira felicidade e prosperidade que vêm de Deus, e a vida familiar, quando fundamentada em seus princípios, é ricamente abençoada.

Finalmente, para todo o povo. (nação). O salmista conclui o  salmo com uma bênção sobre Israel. Ele expande a bênção, agora, nacionalemte, ou seja, a partir da sua capital nacional, ( Sião - Jerusalém ). Sião era o santuário onde Deus habitava e de onde fluia a graça para o seu povo que vinha de lugares distantes. A partir deste lugar (Sião)  a bênção se espalharia pelo mundo. Isto espressa que a bênção de Deus continua por muitos anos.

                                                                    I

O início do salmo tem uma mensagem que, mesmo sendo dirigida à comunidade israelita, guarda características de um chamado pessoal e individual. O salmista afirma : “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.” (v.1). A palavra אֶשֶׁר, frequentemente, é traduzida como “feliz  ou “bem-aventurado” (Gn 30.12,13). Mas o que é ser feliz? Primeiro, entendemos que todos nós possuímos, em nosso íntimo, o desejo de sermos felizes. Sonhamos com a felicidade e procuramos alcançá-la neste mundo. Afinal, o mundo nos oferece inúmeras oportunidades de sermos felizes. São oportunidades maravilhosas e tentadoras. No entanto, são oportunidades que não traz consolo e esperança para o ser humano, pois são felicidades que se manifestam apenas no sucesso, no poder ou na fama que as pessoas conquistam neste mundo, tornando-se passageira e instável.

Esta não é a felicidade que o cristão almeja, pois a verdadeira felicidade está em Deus, provém do Senhor. Ele é a fonte da verdadeira felicidade. Nessa fonte podemos encontrar: bem-estar, alegria, satisfação e paz. Isto é ser feliz! Mas precisamos temer a Deus. Quando se fala em temer, não significa ter medo de Deus. Mas temer é ter respeito e obediência a Deus. É o que nos leva para uma vida em Cristo Jesus, que nos livra das tristezas e angustias.Tendo este temor, em nossos corações, saberemos amar como Deus quer, saberemos servir como Deus espera de nós.

Mas quem teme ao Senhor? Para o mundo temer ao Senhor é loucura. Não traz nenhuma vantagem, principalmente, para aqueles que se perdem em seus pecados, porque este temor lhes censura a vida que levam. Por isso, preferem viver a sua própria felicidade. Felicidade esta que só traz angustias, sonhos frustrados e esperanças sombrias. Já os filhos de Deus, aqueles que creem em Jesus Cristo, como seu único e suficiente Salvador, que foram regenerados e renovados pelo Espírito Santo, vivem no temor do Senhor. Sabem que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Sintonizam a sua vida em Deus. Buscam nele orientação para a vida. Vivem para Deus em honra, louvor, glória e santificação.

Não basta só temer a Deus é preciso andar em seus caminhos, pois a felicidade consiste no andar nos caminhos do Senhor. Seguir os seus passos em direção à vida eterna. O verbo andar significa estar de pé rumo à meta que dá sentido à vida no nosso caminhar. Para encontrar os caminhos de Deus, temos que encontrar o principal caminho pelo qual chegamos a Deus. A Bíblia nos ensina o verdadeiro caminho: Jesus disse: “Eu sou o caminho...” (João 14.6). O caminho para a felicidade inicia com o nascimento de Jesus, atravessando uma vida de humildade e termina com sua morte através da cruz, ressuscitando dando vida a todos, oferecendo graça e total perdão dos pecados. Somente seguindo o caminho de Jesus, teremos a felicidade estável, pois os caminhos de Deus são feitos de santidade e justiça.

No entanto, aqueles que temem a Deus e que andam em seus caminhos, as bênçãos do Criador repousarão em todas as áreas da  vida. Isto se concretiza quando o salmista afirma: “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás.”(v.2a). O trabalho é uma bênção de Deus. Por meio dele o homem descobre muitas de suas habilidades, provê o sustento para a família e encontra motivação para crescer e se desenvolver como pessoa e como profissional. Enfim,  o trabalho é fonte de sustento, local de ocupação da mente e do tempo. E aquele que  teme ao Senhor,  colherás  benefícios mensuráveis e concretos do seu trabalho diligente. Terá bênção pessoais atreladas ao temor e à obediência na forma de sucesso no labor da terra. Então, ele será feliz! E como consequência da felicidade e da obediência ao Senhor, somada ao trabalho, tem o resultado, e a promessa: “feliz serás tudo te irá bem.” (v.2b). Portanto,  ao caminhar nos preceitos de Deus, o indivíduo não apenas colhe recompensas tangíveis, mas experimenta uma plenitude abrangente na vida: a felicidade.

                                                                II

Depois de descrever a postura do homem que teme e serve ao Senhor, o salmista aponta as bênçãos que se estendem aos demais membros da família. Ele apresenta duas metáforas e compara a esposa que vive no interior de sua casa como uma videira que cresce vigorosamente. Primeiro, ele afirma:“Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera.”(v.3a). Essa afirmação se refere às plantações de uva que se tinha no  fundo do quintal de casa e vinhedos que  estavam por toda parte em Israel. Ao longo do Antigo Testamento, há várias referências sobre o cultivo da videira e seu devido cuidado. Espiritualmente, a oliveira é um símbolo de paz, abundância, fertilidade prosperidade e longevidade. Ela representa também a perseverança, já que é uma árvore resistente, capaz de sobreviver e frutificar em condições adversas.

Diante da grande importância da videira, o salmista compara a esposa com essa videira no fundo do quintal. Ele afirma: “ Tua esposa, no interior de tua casa, será como uma videira frutífera.” (v.3a). O termo יְרֵכָה significa flanco, lado, partes extremas, se referindo ao  pátio interno  da  casa onde se plantava videiras. Já o termo פָּרָה  significa  dar fruto,  ser frutífero. Esse termo é utilizada na Bíblia tanto no sentido literal, referente à produção de frutos pelas  plantas, quanto no sentido figurado, relacionado com o crescimento espiritual e material. É o mesmo termo usada no hebraico em Gn 1.28:  “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a.” Deus após os abençoar ordenou que frutificassem, ou seja, mostrassem  frutos de justiça em  suas vidas, além de gerar filhos, deviam,  portanto,  ir crescendo e se desenvolvendo diante de Deusl.

Nesta comparação, o salmista destaca as qualidades e o papel essencial da mulher na família como videira frutífera. Ela tem uma missão: frutificar.,ou seja, produzir frutos, ter resultados, ter uma vida que reflita os valores e ensinamentos de Jesus e leve outras pessoas a se aproximarem Dele. Alguém que cuida da sua família com amor e abnegação em seu lar; que enfatize o papel vital da mulher na construção de um ambiente familiar saudável e próspero. Portanto, ela é  fonte de prazer a alegria na familia , sendo fiel e dedicada. Precisamos lembrar que frutificar é uma parte fundamental da nossa vida cristã. Por isso, devemos buscar sempre produzir frutos que glorifiquem a Deus e  que abençoem as pessoas ao nosso redor. Frutos  agradam a Deus (Cl 1.10).

O salmista apresenta a segunda metáfora: “Teus filhos, como rebentos da oliveira.” (v.3b).  As oliveiras eram altamente valorizadas na cultura bíblica, devido ao seu papel essencial na vida cotidiana. Quando os israelitas contemplavam um galho de oliveira cheio de frutos, logo vinha a  garantia do pão  e do azeite. Isto significava mesa farta. Além disso,  forneciam azeite, alimento e sombra. Em Israel, algumas oliveiras chegam a ter 2.500 anos ou até mais. Outro aspecto importante é que a oliveira quando o tronco seca, sua raiz permanece forte e frutífera gerando novos brotos que a envolve e se une ao tronco principal não permitindo que ela morra, mas que continue, através de novas mudas a gerar seus frutos. Dentro desse cenário simbólico, o salmista compara os filhos como rebentos (brotos) da oliveira. Eles representam vitalidade, crescimento;  promessa de continuidade de bênção, da herança familiar e esperança para o futuro;  harmonia e a alegria que vêm de um lar abençoado pelo temor ao Senhor. Esta é uma bênção que o Senhor tem guardado para a casa daqueles que o amam.

No entanto, essa família não está separada nem dividida, mas está ao redor da mesa, unido pela comunhão: “ à roda da tua mesa.”(v.3c). Na cultura judaica, a mesa não era apenas um móvel de enfeite, mas era como um altar em torno do qual a família se reunia. Isto significa que  os filhos criados ao redor da mesa, ou seja, em ambiente familiar  com base em relacionamentos adequados, dariam os mais ricos frutos .Contudo, reunir-se ao “redor da mesa”  não tem sido algo importante para muitas famílias. Para muitas famílias a mesa serve apenas como uma mobília para enfeitar o ambiente, para colocarmos as nossas compras ou objetos quando chegamos do supermercado. A verdade é que perdemos o hábito de sentarmos à mesa. Este é um dos motivos principais da família se encontrar desfragmentada nos dias atuais. É triste saber que  a mesa como altar, esta sendo esvaziada. A vida moderna, o excesso de compromissos, o tempo escasso e também a negligência têm sido os grandes responsáveis pela perda desse momento, que pode ser considerado sagrado.

A mesa é um altar que precisa ser restaurado dentro de nossas casas.Vale a pena observar a experiência de Jesus com os discípulos. Um dos elementos pedagógicos usados por Cristo para ensinar e transformar a vida de 12 homens com histórias e vivências diferentes foi a reunião em torno da mesa. É preciso mudar a nossa realidade  e buscar o que Deus almeja para nossa família. A vontade de Deus é que vivamos em comunhão com Ele e uns com os outros. Nesse relacionamento com Deus, Ele está sempre presente e nos ensina a viver corretamente, andando nos seus caminhos. Isto é possivel quando a família investe no culto doméstico, na oração e no encorajamento recíproco. Por isso, trabalhe para que a sua familia seja alvo da bem-aventurança, fruto da ação em temer ao Senhor e andar nos seus caminhos, produzindo um ambiente, onde seus filhos tenham uma mesa abençoadora para se sentarem dia a dia.  Como anda a comunhão dentro de sua casa?  Sua família se reúne ao redor da mesa?  Há amizade e respeito no seu lar? Há perdão e novas oportunidades em sua família?

O salmista reitera as bênçãos prometidas aqueles que temem a Deus: “Eis como será abençoado o homem que teme ao Senhor!” (v.4). A declaração “eis” é enfática e aponta para o homem que ele descreveu nos versículos anteriores. É uma declaração  feita com uma nota que exige atenção. É desta forma que o salmista expresa: vejam isto pela fé na promessa! Vejam isto, observando o cumprimento da promessa! Aqui, “homem” é uma referência não apenas ao gênero masculino, mas ao líder da família, que frequentemente é o pai. Assim o salmista descreve o homem: “Olhe para aquele homem, como ele se senta à mesa com seus filhos e come com eles do fruto do esforço de suas mãos.” Este agir do homem é resultado direto do temor ao Senhor, indicando que uma vida alinhada com os princípios divinos, colhendo uma abundância de favor e graça.

                                                                III

O salmista, portanto, conclui o  salmo com uma bênção sobre Israel. Ele expande a bênção, agora, nacionalmte, ou seja, a partir da sua capital nacional, ( Sião - Jerusalém ), o  santuário onde Deus habitava e de onde fluia a graça para o seu povo, ou seja, aqueles que vieram como peregrinos. Neste lugar, o sacerdote ora pelos  peregrinos que traziam o melhor de suas colheitas   (festas  das  primícias), o melhor dos  seus  animais  (páscoa). Estes peregrinos  vão até o templo  buscr a presença do Senhor, reconhecendo e temendo  a Deus, pois entendiam que somente Ele podia concender muitas bênçãos. Assim afirma o salmista: “para onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do Senhor.” (122.4).

Naquele momento o sacerdote concedia a bênção a todas as famílias:   “O Senhor te abençoe desde Sião para que vejas a prosperidade de Jerusalém.” (v.5a). Jerusalém, muitas vezes,  era vista como um símbolo da paz e da prosperidade. O termo aqui traduzido por prosperidade é  טוּב em hebraico, que significa bens, coisas boas, bondade. Mas a prosperidade não é apenas o acúmulo de coisas; dinheiro, poder e fama. A prosperidade é uma grande bênção que Jerusalém receberá do Senhor: “e tu verás o bem de Jerusalém” (v.5b). A promessa de ver o “bem de Jerusalém” em todos os dias da vida sugere uma vida vívida em harmonia com os princípios divinos. Isso não implica ausência de desafios, mas a promessa de que, mesmo nos momentos difíceis, a vitória de Deus será evidente. Não somente no presente, mas também no futuro: “durante os dias de tua vida.”(v.5c). Isto impacta não apenas os filhos imediatos, mas também os filhos dos filhos: “Vejas os filhos de teus filhos.” (v.6a).

Demonstra que a bênção de Deus continua por muitas gerações, em que  o Senhor reitera a promessa de paz e prosperidade ao seu povo: “a paz esteja com Israel. (v.6b).” Esta paz não se refere apenas à ausência de conflitos, mas à paz interior que resulta de viver em conformidade com a vontade de Deus. Portanto, uma visão de continuidade abençoada, onde  a paz de Deus não é efêmera, mas perdura através das gerações, deixando um legado de vitória e harmonia na vida do pvo.

Estimados irmãos! Nos tempos modernos, aplicar os ensinamentos do Salmo pode parecer desafiador, mas torna-se  essencial para a edificação da vida pessoal, familiar. E esta edificação só é possivel quando a nossa vida estiver centrada em Deus; quando o nosso lar é   um lugar de prosperidade, paz e crescimento. Por isso, trabalhe para que a sua familia seja alvo da bem-aventurança, fruto da ação em temer ao Senhor e andar nos seus caminhos, produzindo um ambiente, onde seus filhos tenham uma mesa abençoadora para se sentarem dia a dia. Vamos investir tempo na oração, na leitura da Bíblia e na comunhão em família? Quando ocorrer,teremos  a construção de uma família sólida e abençoada. Amém!

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

TEXTO: TG 5.7-11

TEMA: SEJAMOS PACIENTES ATÉ A VINDA DE JESUS!

Vivemos numa sociedade imediatista, ou seja, as pessoas esperam que eventos ou informações, como notícias, ocorram de forma imediata. E quando não conseguem atingir os seus objetivos, ficam aflitas, e, muitas vezes, acabam perdendo a paciência. São momentos quando as pessoas não encontram um emprego, quando o carro não funciona, quando encontram um trânsito congestionado, quando sentem uma dor física insuportável, etc. São tantas adversidades que, às vezes, as pessoas não conseguem controlar a sua paciência.  Então, podemos concluir que o ser humano de hoje são imediatistas e não possuem muita paciência para esperarem o tempo de determinadas coisas.

Diante destas situações, que geram tanto sofrimento, vamos entender o que é paciência. Paciência é a virtude de permanecer firme diante da dificuldade. É esperar, suportar, manter o ânimo otimista em meio ao colapso. É ter disposição que não se abater nem mesmo diante das piores catástrofes da vida. Suportar com paciência, esta é a recomendação de Tiago! Mas até quando? Por quanto tempo? Ele responde: até a vinda do Senhor! O que Tiago está dizendo é que a vinda do Senhor porá um fim a tudo isso. Já que Deus irá intervir para trazer solução às injustiças sofridas pelos justos. Sendo assim, ao sofredor cabe a prática da paciência. Ele deve exercer a paciência sem desanimar, isto é, não importa o quanto a situação perdure, deve ter paciência até a vinda do Senhor.

No entanto, já se passaram muitos anos depois que a vinda do Senhor foi anunciada. E diante desta demora alguns duvidam da validade das palavras de Jesus acerca de sua volta. Mas qual deve ser a atitude do cristão com respeito a esta demora? Tiago nos alerta a não desanimarmos, vivendo sempre na expectativa de que o Senhor irá se manifestar a qualquer momento. Enquanto aguardamos, devemos fortalecer o nosso coração. Perseverar na fé em Cristo em toda e qualquer situação. Por isso, sejamos pacientes até a vinda de Jesus!

                                                               I

Tiago exorta seus irmãos a terem paciência diante dos sofrimentos, humilhações injustiças e opressões impostas pelos ricos que os maltratavam. (Tg 5.1-6). Ele afirma: “Sede, pois, pacientes, até a vinda do Senhor.” (v.7a). Neste versículo, Tiago usa o termo grego μακροθυμέω para definir sobre a paciência. Significa esperar, suportar, manter o ânimo otimista em meio ao colapso. É ter disposição, não se abater nem mesmo diante das piores catástrofes da vida. Essa é uma virtude que todos aqueles que se declaram cristãos verdadeiros, devem manifestar em suas vidas. O apóstolo Paulo repetidamente ordenou aos cristãos a terem paciência uns para com os outros. Ele instruiu os cristãos de Éfeso a que andassem de modo “digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade (paciência), suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” (Ef 4.1-3). Escrevendo a Timóteo, Paulo mostrou o exemplo: “e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem”. (2Tm 2.24,25).

Tiago exorta os cristãos a serem pacientes. Ao analisarmos o contexto, ele está reprovando aqueles ricos, provavelmente, são descrentes que estavam adquirindo suas riquezas por meio de fraude. Eles estavam se enriquecendo de uma maneira ilícita. Diante desta situação, alguns fiéis começaram a duvidar da volta do Senhor. Ficaram impacientes ao esperar esta vinda, pois para eles, parecia uma eternidade. É evidente que isto não deveria servir de desculpas para possíveis desesperanças, uma vez que Cristo está às portas para julgá-los. (v.9b). Por isso, deveriam se preocupar com a vinda do Senhor. Ela é o momento mais esperado pelos cristãos de todas as partes do mundo. Todos os crentes fiéis desejam muito que o Senhor Jesus Cristo volte logo e os leve para o lar Celestial, a morada de Deus.

Enquanto aguardamos a volta do Senhor, Tiago admoesta os cristãos a manterem uma atitude de paciência. Ele nos ensina que a demora no aparecimento de Cristo, pode levar os homens a duvidarem, e que Jesus jamais voltará. Por isso, o apóstolo Pedro sentiu a necessidade de escrever aos crentes a respeito deste assunto. Ele diz na sua segunda carta 3.8: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Pedro exorta os fiéis a entenderem os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens. E afirma que mil anos para Deus é como um dia. Para nós talvez possa parecer muito demorada a volta de Cristo.

Diante da admoestação de manter uma atitude de paciência, Tiago escreve para aqueles fiéis a não desanimar, não perder as esperanças na volta do Senhor. Para exemplificar esta paciência, Tiago se utiliza de uma figura bastante comum em sua época, o lavrador: “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.” (v.7b). O que o lavrador faz em seu trabalho? Ele prepara a terra para o plantio. Há todo um preparo e um esforço por parte do lavrador. Depois de lavrar a terra, ele começa a semeá-la. Então, ele fica esperando com paciência que a terra produza o precioso fruto do qual depende a sua vida aqui na terra. Ele espera as primeiras e as últimas chuvas. As primeiras chuvas eram ansiosamente aguardadas para fazer germinar as sementes plantadas. As últimas chuvas serviam para amadurecer o fruto precioso.

Para o lavrador, era o seu trabalho um momento de paciência ao receber o precioso fruto da terra. Ele aguardava, pacientemente, e não se deixava desanimar. É através desta paciência que Tiago compara a nossa espera pela vinda de Cristo. Mas de que forma? Tiago afirma: “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima.” (v.8). Ele recomenda que devemos nos manter firmes, sermos pacientes e aguardarmos com calma a sua vinda, pois Ele não tardará, voltará, e tudo será transformado. Enquanto, aguardamos, é preciso aprender a esperar e a perseverar em fé. Por isso, devemos fortalecer o nosso coração. O termo στηρίζω (fortalecer) no grego significa tornar firme, estável, apoiar, permanecer. Isso significa que a paciência é aperfeiçoada numa vida que se fortalece. E como ocorre isto? Colocando o coração nas mãos do Senhor. E Ele quem fortalece a nossa vida para suportarmos as batalhas. O Escritor aos Hebreus diz: “É bom que o nosso coração seja fortalecido pela graça” (Hb. 13.9).

                                                               II

Após ter falado sobre a paciência, Tiago agora exorta os irmãos, aqueles pobres que sofriam a extorsão por parte dos ricos. Eles estavam se queixando dos mesmos. Tiago já havia falado sobre este assunto, no verso 11 do capítulo 4. Ele agora, fala novamente: “Irmãos, não vos queixeis uns dos outros…”. (v.9a)”. O verbo queixar, no grego, carrega o sentido de gemer, suspirar, lamentar e murmurar. Desta forma, a frase “não vos queixeis”, indica um momento quando se perde a paciência, e começam as queixas e murmurações contra o irmão. Mas, por que   não devemos nos queixar uns dos outros, perguntariam os justos a Tiago? Tiago responde no mesmo verso 9b: “para não serdes julgados.” Sendo assim, quem se queixa, julga as atitudes de outros. Neste sentido, Tiago assevera que tal pessoa não pode esperar outra coisa senão o juízo, haja vista ter assumido a condição de juiz.

Portanto, o ato de viver murmurando. queixando, reclamando, contra os nossos irmãos, também pode nos condenar. E para que não sejamos julgados e condenados na volta de Cristo, preparemo-nos! De que forma? Examinando o nosso comportamento, pois Cristo está se aproximando.  Como se Ele estivesse em frente da porta de uma casa, preste a bater: “Eis que o juiz está às portas.” (v.9c). Este  versículo expressa o sentido de chegada a qualquer momento. E aqui se refere a Jesus, a quem, pela vontade do Pai, foi constituído como único Juiz (João 5.22). De fato, Cristo está se aproximando.

Enquanto aguardamos a volta de Cristo, vamos colocar em prática o nosso relacionamento com os irmãos!   Ao invés de murmurarmos, lamentarmos e de nos queixarmos contra nossos irmãos, devemos suportá-los em amor e ajuda-los a levar a carga uns dos outros, conforme (Gálatas 6.2). Lembre-se que o nosso modo de viver como cristão, em qualquer situação, deve ser sempre aquele que demonstre o amor fraternal, o qual impede a manifestação de queixa contra os irmãos. Se o cristão não vive como Jesus ensinou em sua Palavra, mas vive desprezando o seu irmão, consequentemente, não demonstra o amor de Jesus em sua vida. Por isso, vivamos como filhos de Deus. Aguardando com paciência a volta de nosso Senhor e suportando uns aos outros sem se queixar. Suportando em amor conforme a vontade de Jesus Cristo.

Após esta advertência, Tiago lembra o exemplo dos profetas: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor.” (v.10). Ele nos exorta, nesta caminhada de paciência pela volta do Senhor Jesus Cristo, a olhar para as Escrituras Sagradas. Mais, precisamente, o Antigo Testamento. Ele cita dois exemplos para a nossa vida. O primeiro exemplo são os profetas. Ele diz aos seus irmãos que eles deveriam observar sofrimento e paciência dos profetas. Homens que foram ungidos por Deus para falar ao povo sobre a aliança. Eles enfrentaram os mais diversos tipos de sofrimentos. Profetas, como Elias desenvolveu seu trabalho sob perseguições, sofrimentos, martírio e rejeição. Jeremias foi chicoteado, lançado em uma cisterna. Porém, todos eles têm algo em comum. É que em meio ao sofrimento não abandonaram a sua fé no Senhor. Mas com paciência perseveraram até o fim. Este é o modelo que o Senhor quer que imitemos nos profetas.

Tiago também usa o exemplo de Jó: “Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” (v.11). Jó foi um exemplo de firmeza na tribulação. Mesmo reclamando amargamente do tratamento que Deus lhe dispensava, ele nunca abandonou a sua fé. No meio da incompreensão, ele se apagou em Deus e continuou a esperar. Ele lutou e questionou, e, algumas vezes, até desafiou, mas a chama da fé nunca se apagou em seu coração. A firmeza de Jó foi recompensada. Tiago lembrou seus ouvintes dizendo: “e vistes que fim o Senhor lhe deu.” Aqui o apóstolo lembra a restauração da sua família e fortuna (Jó 42.13). Por trás dos sofrimentos havia um propósito divino (Jó 42.5,6). Da mesma forma que Deus recompensou a fidelidade dos profetas e do próprio Jó, assim, também promete recompensar aqueles que permanecem firmes nas tribulações. Tiago diz que felizes são os perseveram. O objetivo de Tiago é incentivar nos cristãos uma firmeza fiel e paciente na aflição.

Estimados irmãos! Como é bom saber que em Cristo é possível ser paciente. Como é bom saber que Ele fortalece os nossos corações. Como é bom saber que Ele nos dá condições de perseverar. Como é bom saber que o nosso Deus é um Deus cheio de compaixão e de misericórdia! Por isso precisamos aprender a esperar e ser pacientes para vencer cada batalha em nossas vidas. Amém!