quarta-feira, 23 de julho de 2025

TEXTO: Cl 3.1-11

TEMA BUSQUEMOS AS COISAS LÁ DO ALTO!

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias na epístola aos Colossenses, capítulo 3, versículos 1 a 11, e refletirmos sobre a nossa mensagem. O nosso tema é: “Busquemos as coisas lá do alto”. Por que?A resposta de Paulo é clara e direta.

Primeiro, porque fomos ressuscitados com Cristo (v.1). Antes de crermos em Cristo, a Bíblia descreve nossa condição espiritual como "mortos em delitos e pecados" (Efésios 2.1). Isso significa que éramos espiritualmente separados de Deus, incapazes  de ter uma verdadeira comunhão com Ele. Quando nos identificamos com a morte de Cristo (arrependimento e fé), nós "morremos" para essa velha vida de pecado e separação. E, assim como Cristo ressuscitou dos mortos para uma nova vida, nós também somos ressuscitados espiritualmente para viver e andar com Cristo. É como nascer de novo (João 3.3 - 7).

Segundo, porque a nossa vida está oculta em Cristo, em Deus (v. 3). Aqui, "vida" não se refere apenas à nossa existência física ou biológica. Refere-se à nossa verdadeira identidade, nossa essência espiritual, nosso propósito, nossa segurança e nosso destino eterno como cristãos. É a vida nova que recebemos ao sermos ressuscitados com Cristo. Ela está oculta. Significa que nossa identidade mais profunda e nossa segurança eterna estão guardadas de forma inabalável em uma realidade espiritual com Jesus, na presença do próprio Deus. É uma verdade que nos dá paz, segurança e uma perspectiva gloriosa para o futuro.

Terceiro, porque seremos manifestados com Ele em glória (v.4). Este é o clímax e a maior motivação. Não seremos manifestados por conta própria, mas com Cristo, participando de Sua glória que será revelada no futuro.Assim como Cristo ressuscitou com um corpo glorificado, os cristãos também terão corpos transformados, livres das limitações do pecado e da morte (Filipenses 3.20-21).Toda lágrima será enxugada.

Finalmente, porque precisamos abandonar a velha natureza pecaminosa e a revestir a nova natureza em Cristo, refletindo a imagem do nosso Criador.(vv.5 - 10). Paulo orientou os irmãos da Igreja em Colossos, a despojar do velho homem, deixando para trás as suas práticas contrarias à vontade de Deus, e viver realmente em Cristo Jesus, buscando “as coisas do alto”. Este deve ser o nosso grande desafio. Se estamos buscando as coisas do alto, precisamos viver a realidade de quem somos em Cristo, despojando-nos do que é terreno e pecaminoso, e revestindo-nos de tudo o que é divino e glorioso.

Paulo  lança um grande desafio: buscar “as coisas lá do alto”, pois nascemos de novo em Cristo. Recebemos uma vida nova, quando fomos “sepultados, juntamente com Cristo, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” (2.12). Agora, somos chamados para viver uma vida ressurreta em Cristo. Agora, é hora de olhar não mais para nossos interesses, desejos carnais e preocupações que nos sufocam neste mundo. Precisamos parar um pouco, porque é hora de olhar para "as coisas lá do alto", onde está Cristo.Como podemos avaliar se estamos realmente buscando as coisas do alto? Como lidar com as preocupações e ansiedades do dia a dia em relação à busca pelas coisas do alto?

                                                                            I

Estimados, irmãos! O apóstolo Paulo inicia o texto com a palavra “portanto”, indicando a conexão entre o que foi dito anteriormente e o que está para ser ensinado. Ele, na verdade, está introduzindo o desfecho do pensamento expresso em 2.20-23, em que exortou aos colossenses a não se sujeitarem aos preceitos, regras, doutrinas dos homens, pois não tinha sentido e só causava destruição. Mas ao morrem para aquelas coisas, era também certo que “ressuscitaram juntamente com Cristo”. (v.1). Ele ainda afirma: “tendo sido sepultados, juntamente com ele, no batismo, no qual igualmente fostes ressuscitados mediante a fé no poder de Deus que o ressuscitou dentre os mortos.” (2.12). Através do batismo, Cristo nos dá o perdão, uma nova vida. O Espírito Santo opera nos corações e limpa todos os nossos pecados. Por isso que o batismo é chamado um lavar celestial. É por meio do batismo que nos tornamos membros da santa família de Deus, filhos amados. Estas maravilhosas bênçãos recebemos pela fé, e a fé nos é dada pelo Espírito Santo, mediante o batismo.

No entanto, enquanto aguardamos a vinda de Cristo, precisamos “... buscar as coisas lá do alto, onde Cristo vive”. (v.1b). “Pensai nas coisas lá do alto.” (v.2a). Os verbos “buscar” e “pensar” Não tem o mesmo sentido. Eles possuem significados diferentes. Paulo, primeiramente, diz “buscai”. Este verbo no grego é ζητεω, e  significa “procurar a fim de encontrar”, “procurar algo”, “exigir”, “pedir enfaticamente”. Depois ele nos fala para pensarmos nas coisas que são de cima. Pensar no grego é φρονεω que significa “ter entendimento”, “ser sábio”, “ser do mesmo pensamento”. Tendo sentido diferente, um reforça o outro para mostrar que todo ser, estar e fazer do cristão devem estar voltados para “as coisas do alto”. Quando Paulo fala “das coisas lá do alto”, ele se refere ao céu, à vida eterna, à glória celestial, “onde Cristo está assentado à direita de Deus”. (v.1b). Isto é o lugar de honra onde Cristo se encontra. Pedro descreve o poder deste lugar: “Cristo foi para o céu e está sentado no lugar de honra à direita de Deus, e todos os anjos, autoridades e poderes se sujeitam a ele.” (1Pe 3.22). Todos os poderes do universo estão subordinados a Cristo. E Paulo acrescenta que essa posição autoriza Cristo a interceder por nós: “Cristo Jesus morreu e ressuscitou e está sentado no lugar de honra, à direita de Deus, intercedendo por nós”. (Rm 8.34). Precisamos manter os nossos olhos fixos para este lugar.

Paulo motivou os colossenses a fixar atenção no céu, pois, uma vez o que se passa aqui, é passageiro, as coisas deste mundo são transitórias. Neste sentido, ele adverte os colossenses a não adotarem uma filosofia de vida própria dos incrédulos, pois nesta terra elas são efêmeras. Todas as coisas efêmeras têm a característica de não durarem muito tempo.Por isso, devemos ter cuidado às preocupações terrenas – dinheiro, poder, fama, prazeres ,pois estas no cegam diante da verdadeira riqueza que temos em Cristo. E, às vezes, nos esquecemos de olhar para “as coisas do alto”, aquelas que tem a ver com o reino de Deus e com a eternidade. Precisamos parar  e pedir sabedoria a Deus, para não sermos sufocados pelas coisas deste mundo.

Mas por que devemos buscar e pensar nas “coisas do alto?” Paulo explica esta verdade ao afirmar que a nossa vida,agora, pertence a Cristo: “porque morrestes, e a nossa vida está oculta juntamente com Cristo,em Deus.”  (v.3).  Essa é a nossa segurança!  É uma das mais gloriosas realidades do universo: passamos da morte para a vida (1João 3.14). A morte ficou para trás. É passado. Embora a realidade e as implicações da nova vida em Cristo não estejam ainda totalmente reveladas, o fato é que a vida dos cristãos, apesar de morrem em Cristo, "está oculta juntamente com Cristo, em Deus.” (v.3b).A palavra "oculta" (κρύπτω) significa escondida, segura, guardada e protegida. A linguagem aqui é provavelmente tirada de tesouros que são “escondidos” ou ocultos em um local seguro.Pense em algo de valor inestimável que você esconderia no lugar mais seguro possível.É essa a imagem que Paulo nos dá sobre a nossa nova vida.Nossa vida está escondida em Cristo, segura, protegida e eterna. Não há força no universo que possa nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus.  Ninguém, nenhuma força, pode tocar ou destruir essa vida. Ela está fora do alcance  do mundo, das perseguições e das tentações.

No entanto, haverá um dia em que Cristo não estará mais oculto. Ele se manifestará. Isso se refere à segunda vinda de Jesus Cristo. Ele não virá mais como um servo humilde que nasceu em uma manjedoura e morreu numa cruz. Ele virá em poder e grande glória, para julgar o mundo e estabelecer plenamente Seu reinado. Paulo aponta para esta manifestação de Cristo: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar.” (v.4a).A expressão "Cristo, que é a nossa vida" é profundamente significativa. Não é apenas que Cristo nos dá vida. Ele é a nossa vida. Ele é a essência da nossa existência, a fonte do nosso ser espiritual, a razão do nosso viver. Sem Ele, estaríamos mortos em nossos delitos e pecados. Paulo também apresenta uma promessa maravilhosa: "...então, vós também sereis manifestados com ele, em glória”.(v.4b). O advérbio de tempo, “ então”   (τότε), aponta para um evento futuro, vinculado à manifestação de Cristo. Há uma espera, mas também uma certeza que “seremos manifestados com ele.”Paulo usa aqui o verbo φανερόω que significa tornar manifesto ou visível ou conhecido o que estava escondido ou era desconhecido.Não seremos manifestados por conta própria, mas com Ele, participando de Sua glória.É a glória que pertence a Cristo e que Ele compartilha com aqueles que são d‘Ele. Assim como Cristo ressuscitou com um corpo glorificado, os crentes também terão corpos transformados, livres das limitações do pecado e da morte (Filipenses 3.20-21).Toda lágrima será enxugada.

Enquanto isso, somos convocados a despojar-nos do velho homem e a viver de acordo com nossa nova vida. Nosso destino não reside neste mundo. Nossa verdadeira realidade e esperança estão em Cristo e em Sua vinda. Isso nos auxilia a manter uma perspectiva eterna, valorizando o que é duradouro em vez do que é efêmera, e nos capacita a suportar as dificuldades e perseguições do presente.

                                                                     II

O que Paulo queria que os colossenses compreendessem, era a extrema necessidade de desfazer-se da velha natureza, uma vez que eles estavam unidos com o Senhor. E Paulo enfatiza isso com bastante precisão: “Fazei, pois, morrer a vossa natureza terrena” (v.5). Esse "fazei morrer a vossa natureza" pode ser entendido como "reconhecer como morto", porque a nossa natureza terrena possui algumas coisas que são contrárias a Deus e que precisam ser eliminadas. Na verdade, tudo quanto não está em sintonia com o propósito de Deus, é preciso despojar, tirar a aquilo que está contaminando a nossa vida pelo pecado. Paulo cita várias atitudes que devem “morrer”: “prostituição, impureza, paixão lasciva, desejo maligno e a avareza, que é idolatria.” (v.5). Viver em função da natureza terrena, é voltar para vida pecaminosa, e por estas coisas é que vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência. (v.6). Quem são os filhos da desobediência? Todos aqueles que vivem contrário a vontade de Deus e que não foram alcançados pela cruz de Cristo. Assim, vemos o quanto os filhos da desobediência estão em plena disposição para servir a iniquidade.

Quando escolhemos viver em pecados, não estamos vivendo uma vida ressurreta, que busca e pensa nas coisas do alto, mas vivendo uma vida que desagrada a Deus. Por isso, precisamos nos despojar do velho homem e nos revestir do novo homem (Ef 4.22-24). Lutero afirma no Catecismo Menor: “O velho homem deve ser afogado e morrer com todos os pecados e maus desejos, e, por sua vez, sair e ressurgir diariamente novo homem, que viva em justiça e pureza diante de Deus.” Esta verdade demonstra que precisamos andar de acordo com a nossa nova natureza, e abandonar o estilo de vida que tínhamos antes da nossa conversão e andar em novidade de vida. Paulo afirma: “Ora, nessas mesmas coisas andastes vós também, noutro tempo, quando vivíeis nelas”. (v.7). Paulo falou em outro momento que não herdarão o reino de Deus os que tais coisas praticam, como “as invejas, as bebedices, as orgias, e coisas semelhantes.” (Gálatas 5-21).

Somos,portanto, convidados a fixarmos o nosso pensamento nas coisas que são celestiais e não nas que são terrenas, para que jamais nos desviemos do nosso viver pela graça de Cristo. Sendo assim, Paulo nos aconselha: “despojai-vos, igualmente, de tudo isto: ira, indignação, maldade, maledicência, linguagem obscena do vosso falar.” (v.8). “Não mintais uns aos outros, uma vez que vos despistes do velho homem com os seus feitos.” (v.9). Estas coisas também precisam ser eliminadas, exterminadas, como difamação, palavras indecentes, mentira. Tudo deve ser descartado. Mas por que não devemos agir assim? Porque nos despimos do velho homem, Somos uma nova criatura. Somos filho de Deus! Agora, não devemos andar pelas obras da carne, não fomos chamados para isso. O apóstolo Paulo, em Gálatas 5, diz que carne guerreia contra o espírito, e o espírito contra a carne, e que devemos andar pelo espírito, e não pelas obras da carne. Ele ainda afirma que as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes.

Quando afogamos o velho homem com todos os pecados, acontece algo extraordinário em nossas vidas: o novo nascimento. Agora, vivemos em justiça e pureza diante de Deus. Somos novas criaturas. Paulo afirma: “assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17). O que é uma nova criatura? Antes de responder esta pergunta, precisamos dizer que éramos velhas criaturas. E como velhas criaturas, vivíamos afastados de Deus, inclinados para o mal. Agora, somos novas criaturas através da fé em Jesus Cristo. Fomos transformados, pois passamos da morte para a vida. Isto é ser nova criatura.

Este deveria ser o viver dos colossenses: viver inteiramente para fazer a vontade do seu Criador, daquele que os resgatou. Por isso, são chamados a “despojar do velho homem” e “revestir-se do novo homem”, “que se refaz para o pleno conhecimento, segundo a imagem, daquele que o criou.” (v.10). Sendo nova criatura, experimentamos uma mudança completa em nossa vida. E um dos grandes efeitos é que as barreiras divisórias são destruídas. Nele não há mais grego nem judeu, circuncidado ou incircunciso, bárbaro nem cita, escravo nem livre.(v.11). O mundo antigo estava cheio de barreiras. Mas em Cristo todas estas barreiras foram eliminadas. Não há superioridade étnica, social, econômica e assim por diante. Uma vez que fomos revestidos em Cristo, todos somos iguais. Paulo afirma que Cristo é tudo e está em todos.

Estimados irmãos! Paulo orientou os irmãos da Igreja em Colossos, a despojar do velho homem, deixando para trás as suas práticas contrarias à vontade de Deus, e viver realmente em Cristo Jesus, buscando “as coisas do alto”. Este deve ser o nosso grande desafio. Você tem buscado em primeiro lugar “as coisas do alto” ou as terrenas? Cada cristão deve se manter firme no propósito ao qual foi chamado, deve sempre estar focado nos céus, pois lá é a sua pátria. Amém!

 

 

segunda-feira, 21 de julho de 2025

 TEXTO: SALMO 100

TEMA: COMO DEVEMOS ADORAR DEUS?

Hoje, milhares de pessoas no mundo entram, semana após semana, nos locais de culto, onde cantam louvores a Deus, recebem a instrução da Palavra de Deus, comungam junto ao altar, e encontram auxílio e força para a vida diária. Diante desta busca pela casa do Senhor, perguntamos: Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo? Um conjunto de atos mecânicos, repetidos, sem sentido, uma mera rotina que nada contribui para a edificação, nem para a glória de Deus? Além disso, o culto para algumas pessoas é apenas uma reunião de membros na congregação. Outras usam o culto apenas para se encontrar com os amigos e discutir as últimas novidades. E tem aquelas que vão ao culto simplesmente para conversar, como se estivessem em suas casas e muitas destas conversas são frívolas e inapropriadas para um ambiente cristão. E fim, falta alegria, ânimo; palavras de compreensão e entendimento. Muitos cristãos não se preocupam de darem bom testemunho se colocando em intrigas, contendas, soberbas e coisas que Deus não se agrada.

Precisamos, entender que o verdadeiro culto é muito mais profundo. O verdadeiro culto envolve a nossa vida e a nossa entrega diária a Deus. O culto autêntico tem como base a nossa disposição voluntária de adorarmos a Deus. E isto não necessariamente na igreja, mas em todos os lugares. Podemos adorar a Deus em nossas casas, no caminho para o trabalho, andando, levantando, quando vamos dormir ou ao fazermos alguma atividade doméstica. Mas como devemos adorar a Deus? O salmista apresenta duas formas: Em primeiro lugar, somos chamados a adorar ao nosso Deus com alegria. Em segundo lugar, somos chamados para agradecer ao nosso Deus.

 Estimados irmãos! Os israelitas saiam de seus lares a fim de seguir sua jornada, para participarem das festas religiosas. Durante a viagem enfrentavam condições precárias em direção à Jerusalém, lugar de adoração e sacrifício a Deus. Apesar das dificuldades, os peregrinos cantavam, demonstravam confiança em Deus e exaltavam ao Senhor como o protetor nos momentos de dificuldades. Em certo sentido, esse era um momento alegre. Era a alegria em saber que estavam indo em direção ao templo de Jerusalém, com o objetivo único de adorar a Deus. O salmista estende também o convite a todos os povos: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras" (v.1). É uma ordem vibrante para louvar em público todos os moradores da terra. É uma ordem que se dirige não apenas a Israel, mas a toda a terra. Há um chamado universal que não prevê divisões étnicas, mas atinge a todos, judeus e gentios. Este chamado é uma demonstração de reconhecimento da soberania universal do Senhor, um Deus de toda a Terra e um Senhor disposto a receber adoradores de todas as partes para celebrar com grande alegria.

No entanto, a maior alegria era buscar o próprio Deus e se colocar diante Dele como um adorador no Templo, “servindo com alegria.” (v.2a). Mas o que é servir a Deus? Servir a Deus significa se colocar debaixo da autoridade de Deus, dedicar nossa vida a Ele, procurando fazer sua vontade e obedecer a seus mandamentos, trabalhar para o Senhor com nossos dons. O sentimento de servir a Ele é muito diferente daquele manifestado quando servimos aos outros. Para alguns servir aos outros tem algo em troca, uma recompensa que poderá trazer-lhe benefícios, quando o fazem para a sua própria glória.

No entanto, todo nosso serviço, seja louvor dirigido a Deus ou bondade estendida às pessoas ao nosso redor, deve ser oferecido com alegria. Servi ao Senhor com alegria – Eis a chave para o cumprimento de nossa missão no mundo. O povo de Israel alegrava-se em servir ao Senhor com grande alegria (2Cr 30.21; Ne 8.17). Em especial, o salmo 4 nos diz: "Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho" (v.7). Com grande entusiasmo também lemos muitíssimas passagens bíblicas que nos mostram o povo de Deus que servia com grande alegria. Uma das cenas mais marcantes das Escrituras, ocorreu quando o grande líder do povo de Deus, Josué guiou vitoriosamente o povo para dentro da terra prometida. Josué convidou o povo a reafirmar a sua fidelidade ao Senhor, e, para isso, ele dá o primeiro passo, dizendo: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. O povo, movido pela graça de Deus, responde: “Nós serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus”. 

Chegando à casa do Senhor com alegria, o povo de Israel dava uma demonstração de agradecimento a Deus. Ao entrar nos átrios com ações de graça, as tribos do Senhor traziam as suas ofertas como agradecimento a Deus. Manifestavam seu louvor através dos cânticos. Hoje, milhares de pessoas no mundo entram, semana após semana, nos locais de culto, onde cantam louvores a Deus, recebem a instrução da palavra de Deus, comungam junto ao altar, e encontram auxílio e força para a vida diária. Diante desta busca pela casa do Senhor, perguntamos: Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo? Um conjunto de atos mecânicos, repetidos, sem sentido, uma mera rotina que nada contribui para a edificação, nem para a glória de Deus? Além disso, falta alegria, ânimo, palavras de compreensão, entendimento.

Portanto, demonstrar alegria, deve ser a nossa primeira reação quando vamos à casa do Senhor: “Entrai em sua presença com brado de júbilo”. (v.2b). O conceito de entrar em sua presença não admite uma ação mecânica, nem envolve somente o comparecimento geográfico. Por isso, a ordem é servir ao Senhor com alegria. É uma alegria que somente os filhos de Deus podem desfrutar. É a alegria, na certeza, que temos um Deus bondoso e de misericórdia. Prestar a Deus adoração alegre nos fortalece: a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10). Em Paulo notamos a manifestação desta alegria, quando ele diz em Fp. 4.11: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. E ainda no cap. 4.4, Paulo admoesta: “Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos”.

No entanto, ao entrar no santuário de Deus, com cânticos de gratidão e louvor, é preciso “saber que o Senhor é Deus”, (v.3a). Isto é motivo para estarmos alegres. A ideia da palavra “saber” está totalmente relacionada a conhecer, confessar que o Senhor é Deus. Conhecer a sua história, sua mensagem, seus grandes feitos realizados pela humanidade. É, portanto, uma confissão de fé. Todas essas informações estão contidas nas Escrituras. O conhecer a Deus através de sua palavra faz com que entendamos a necessidade de sermos gratos pelos seus feitos e pela sua maravilhosa graça. Só podemos servir ao Senhor com alegria e viver para a sua glória se soubermos quem Ele é.

Mas você sabe quem é Deus?  Quem você está adorando? Deus é aquele que sabe de todas as coisas, está em todos os lugares ao mesmo tempo. Criador de todas as coisas. É espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Quando Moisés é chamado pelo Senhor para libertar o seu povo do Egito, ele pergunta ao Senhor qual o seu nome. "Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.13,14). Moisés precisava de uma referência sobre quem era Deus, para que, então, pudesse fazer aquilo que Ele lhe ordenava.

O salmista sabia quem era Deus. Não coloca em dúvida a divindade do Altíssimo.  Adorava ao único Deus verdadeiro. Aqui está a resposta: “foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”. (v.3b). Por isso, havia motivos para o salmista louvar a Deus, um reconhecimento pelo que Deus realizou de forma extraordinária em sua vida. Na verdade, o ser humano foi criado para louvar o nome de Deus e tudo o que Ele criou. Toda a criação deve louvar ao Criador. Lemos em1 Crônicas 16.25: “Porque grande é o Senhor, e mui digno de louvor, e mais temível é do que todos os deuses”.

Portanto, Deus tem o total direito de receber a honra e a glória. Por isso, temos muitos motivos para exaltar o nome do Senhor não apenas por aquilo que Ele nos deu, nos dá, mas, acima de tudo, por aquilo que Ele é. O salmista apresenta três características de Deus que com certeza nos fazem ficar constrangidos com tamanha grandeza e nos dão os motivos pelos quais devemos sempre praticar a gratidão. O primeiro motivo é a bondade de Deus. “Porque o Senhor é bom” (v.5a). A bondade de Deus é proeminente nos primeiros capítulos da Bíblia. Repetidamente, Deus pronunciou “boa” cada coisa que Ele criou. Ela é uma preciosa qualidade de Deus que transparece em todas as relações com seus servos. Ela percorre toda a história, pois faz parte dos seus atributos, isto é, Deus é a bondade plena em si mesmo. Ela continua se manifestando em todos os momentos da vida humana. Ele é benigno e compassivo para conosco. Ele entende suas mãos para nos ajudar. Se não tivesse sido assim, a humanidade teria perecido há muito tempo (Lm 3.22).

O segundo motivo: “O Senhor é misericordioso para sempre” (v.5a). Há muitos textos bíblicos que descrevem a grande misericórdia de Deus. Jeremias a descreve assim: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3.22, 23). A maior revelação da misericórdia de Deus está fato histórico da morte de Jesus em nosso lugar. Foi por misericórdia e amor para com o homem que Cristo morreu na cruz para nos salvar. O Senhor usa sempre de misericórdia para conosco, dá-nos sempre uma nova oportunidade para começarmos tudo de novo.

Terceiro motivo: Senhor é fiel. O salmista aponta as promessas de Deus e a certeza de que ele sempre cumpre o que diz: “Sua lealdade é para sempre e a sua fidelidade de geração em geração” (v.5b). A lealdade, ou o “amor leal” de Deus, assume uma forma especial dentro do seu relacionamento com Israel. Significa que as alianças que fez com seus servos, como Abraão e Davi não podem ser ignoradas por Ele. Por isso, em amor pelos servos com quem se comprometeu voluntariamente, o Senhor cumprirá cada palavra que disse e será fiel mesmo depois de muito tempo e muitas gerações terem passado – o que inevitavelmente produz esperança firme em seus servos e, consequentemente, uma gratidão verdadeira que os leva à adoração.

Estimados irmãos! Quando uma pessoa entende que adorar a Deus é ter uma vida de íntima comunhão com Ele, durante todos os momentos, do nascer ao pôr-do-sol, negando o conformismo do mundo e agindo conforme as Santas Escrituras, levando o exemplo de Cristo para todos para todas as nações, está oferecendo verdadeira adoração e Culto ao Senhor. Por isso, Ele nos convida a estarmos diante dele com alegria, com cânticos. Que tenhamos um coração, com um contínuo sentimento de gratidão e celebremos com ações de graças sempre, proclamando em alta voz: “A ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre.” (Ef 3.21).Amém!

TEXTO: LC 11.1-13

TEMA: SENHOR, ENSINA-NOS A ORAR!

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias no Evangelho de Lucas, capítulo 11, versículos 1 a 13, e refletirmos sobre a nossa mensagem. O nosso tema é: “Senhor, ensina-nos a orar!”

Este é  um pedido registrado neste texto, que ressoa através dos séculos e se torna o nosso clamor contemporâneo. Este apelo emanou dos discípulos de Jesus, que, ao testemunharem sua prática de oração, perceberam algo extraordinário em sua conexão com o Pai. Eles não solicitaram ser instruídos a pregar, a curar ou a realizar milagres. Eles buscaram ser ensinados a orar. Isso nos revela que a oração transcende uma mera prática religiosa; é a chave para um relacionamento íntimo e profundo com Deus.

Também precisamos pedir a Deus: “Senhor, ensina-nos a orar!” Como? Apresento quatro motivos: primeiro, a necessidade de aprender a orar com humildade. A humildade dos discípulos abriu a porta para que Jesus lhes desse lições profundas sobre a oração. Eles não buscavam simplesmente uma nova fórmula ou mais palavras para suas orações. Eles almejavam uma compreensão fundamental e significativa de como se conectar com Deus. O pedido dos discípulos rompe com a autossuficiência. Somente quando humildemente admitimos nossa necessidade é que Deus pode realmente nos ensinar.

Segundo, os discípulos solicitaram a Jesus: "Senhor, ensina-nos a orar." Em resposta, Jesus apresentou um modelo de oração aos discípulos. Ele os ensinou, fundamentado na oração do Pai Nosso. Ao oferecer este modelo, Ele não se limitava a fornecer palavras para serem recitadas de maneira mecânica. Pelo contrário, Ele estava propondo um paradigma de atitudes, prioridades e temas que devem permear nossa comunicação com Deus. Ele aborda diversos aspectos cruciais da oração: adoração, reconhecimento da soberania de Deus, submissão à Sua vontade, solicitação de provisão diária, perdão e livramento do mal.

Terceiro, é fundamental ser perseverante na oração. Jesus elucidou sobre a postura que devemos adotar ao orar, utilizando a parábola do Amigo Importuno. Essa narrativa nos instrui sobre a persistência que devemos cultivar em nossas súplicas. Quando nos referimos a "ser perseverante na oração", estamos nos referindo à determinação de não desistir de clamar. Mesmo que as respostas não se manifestem de imediato ou que as circunstâncias se apresentem desafiadoras, a perseverança implica em continuar a buscar a Deus em oração. A constância na oração está intrinsecamente ligada à convicção de que Deus escuta e responde, segundo o Seu tempo e à Sua maneira. Trata-se de orar com a expectativa de que algo significativo ocorrerá.

Finalmente,  Jesus nos encoraja a orar com total confiança na bondade de Deus. Jesus reforça este pensamento da confiaça que devemos ter na bondade de Deus, através de uma promessa.Ele apresenta uma tríplice promessa clara e encorajadora: pedir, buscar e bater. Não é apenas um convite, mas uma garantia: "Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á". Isso nos assegura que Deus responde àqueles que o buscam com fé e dedicação. Ele não deixa dúvida sobre esta questão e  faz uma analogia  da relação entre pais e filhos. Se pais humanos, mesmo com todas as suas falhas, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais o Pai celestial, que é perfeito em amor e bondade, nos dará o melhor: o Espírito Santo! O Espírito Santo é o cerne dessa promessa. Ele é a própria presença de Deus em nós, atuando como nosso guia, consolador e auxiliador. Pedir o Espírito Santo é, na essência, pedir que o poder e a presença de Deus habitem em nós, nos capacitando a viver de acordo com a Sua vontade e a orar de forma mais profunda e eficaz.

Como tem sido o conteúdo das nossas orações? Será que também não adotamos determinados métodos errados de orar, como faziam os fariseus? Será que não olhamos para nós mesmo, quando deveríamos olhar para o nosso Deus? Estes são os questionamentos que precisamos fazer diariamente. É importante examinar a nossa atitude para avaliar os pensamentos, os sentimentos, e erradicar arrogância e hipocrisia que os fariseus adotaram ao orar.  Jesus quer nos ensinar qual é a atitude correta para orar e invocar a misericórdia do Pai. Ele não se impressiona com linguagem pomposa e palavras supérfluas. Ele nos mostra que a oração que realizamos em nossa vida não significa nada para Deus se não brotar de um coração sincero e se não for de acordo com a vontade d'Ele.. Por isso,  nossas orações devem ser influenciadas pelas palavras de Jesus .

                                                                  I

Jesus sempre orava. Toda a sua vida foi alternada em agir, pregar o evangelho e orar. Nos momentos mais decisivos de sua vida, Ele orava ao Pai para tomar as melhores decisões. Mas a oração de Jesus era diferente das preces dos líderes religiosas da época. Eles ainda estavam presos ao tradicionalismo, pensavam que a essência da oração era sua forma, suas estruturas e ritos. Na verdade, eram orações formais, mecânicas, expressas em frases prontas e dirigidas a um Deus impessoal. Eram pessoas que oravam de si para si mesmo. Não havia demonstração de reverência a Deus em suas orações.

No entanto, numa certa ocasião estava Jesus orando. Quando terminou, um dos seus discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a orar como também João ensinou aos seus discípulos”. (v.1). Mas, afinal, o que o levou aquele discípulo a fazer este pedido? Ele não sabia orar? Não aprendeu com os rabinos? É provável que este discípulo não fazia parte dos doze. Talvez era um daqueles 70 discípulos enviados por Jesus para pregar. É interessante que João Batista tinha muitos discípulos. Naturalmente que os discípulos de João, ao se unirem aos de Jesus (Jo 1.35-42), relataram as coisas que aprenderam de seu mestre anterior. Tinham dúvidas (Mt 9.14-17). Aprenderam uma oração simples que os rabinos ensinavam que pudessem usar habitualmente. Era um costume comum entre os rabinos. João o tinha feito, e, agora, os discípulos de Jesus pediam que ele fizesse o mesmo, porque os discípulos ficaram impressionados ao ouvir como Jesus orava, falando com o Pai Celestial. Mas ainda havia dúvidas entre os discípulos: Qual o jeito certo de orar? De olhos abertos ou fechados? A oração tem de ser curta ou longa? Quantas vezes devemos repetir a oração? Devemos orar em pé ou ajoelhados?

O que é exatamente uma oração?  Oração é aquele culto divino, em que apresentamos, com o coração e com os lábios, todos os nossos desejos a Deus e rendemos louvor e graças. É um diálogo do cristão com Deus. Quando falamos de oração, nos lembramos obrigatoriamente do Senhor Jesus, pois Ele é a maior referência que temos neste assunto. Qualquer leitura dos Evangelhos deixa muito clara a prática constante de oração na vida de Jesus. Ele é um exemplo. Sempre orava. Toda a sua vida foi alternada em agir, pregar o evangelho e orar. Nos momentos mais decisivos de sua vida, Ele orava ao Pai para tomar as melhores decisões. O apóstolo Paulo aconselha os cristãos à prática da oração:  “Orai em todo o tempo” (Ef 6,18), “perseverai na oração” (Cl 4,2), “orai sempre e em todo o lugar” (1 Tm 2.8). “Antes de tudo recomendo que se façam súplicas, orações, petições, ações de graças por todos os homens” (1 Tm 2,1). Não é uma simples recomendação; é uma palavra de ordem, o que significa sem interrupção, sem suspensão, sem descansar.

No entanto, os ensinamentos de Jesus  e os conselhos do apóstolo Paulo sobre a oração, parece ter perdido à sua real validade para boa parte da cristandade de nossos dias. Ora-se pouco. Muitos não têm tempo para orar; outros só oram quanto há necessidade. Enfim, perdemos a percepção da presença de Deus. Ignoramos sua companhia. Esquecemos suas promessas. Não confiamos no poder de Deus. Na verdade, nossas orações, muitas vezes, se assemelham mais as orações dos “gentios que não conhecem a Deus, e pensam que pelo muito falar serão ouvidos.” (Mt 6.7,8). Precisamos pedir ao Senhor: Senhor, ensina-nos a orar! Quando pedimos a Deus para nos ensinar a orar, experimentamos grandes mudanças na  nossa maneira de orar. Aprendemos a  confessar as nossas dificuldades, esperar o agir de Deus, saber do que realmente precisamos, confiar nas promessas de Deus, mesmo que aparentemente nada esteja acontecendo. Aprender a orar é seguir a Jesus, sem buscar prestígio, sem esperar recompensa das pessoas, mas tendo a certeza de que sempre seremos recebidos na presença do Pai, que enviou seu Espírito para estar conosco todos os dias e em toda e qualquer circunstância. Precisamos orar e, caso não soubermos, simplesmente façamos como o discípulo de Jesus: "Senhor, ensina-nos a orar".

Jesus atendeu o pedido e ensinou os discípulos a orar. Ele mostrou aos seus discípulos que oração é mais do que palavras. Ele ensinou a oração do Pai Nosso. A tradição da Igreja, desde o primeiro século, considera que a oração do Pai Nosso, é um modelo. É uma oração de várias recomendações de grande importância para a vida cristã. Jesus disse, quando orardes, dizei: “Pai, santificado seja o teu nome”.(v.2a). Esta é a primeira recomendação: orar somente em nome do Pai. Com isso, Jesus nos mostra que a oração é uma conversa íntima com Deus, que é nosso Pai. Ele  é nosso Pai carinhoso, que quer nos abençoar porque nos ama. Ele é Santo e é importante reconhecer sua santidade. Santificar o nome de Deus significa ter respeito por Deus. Devemos mostrar respeito pela santidade de Deus e procurar viver uma vida santa. Portanto, o modelo de oração ensinado por Jesus é de uma completa rendição ao Criador.

A segunda recomendação: “Venha o teu reino”. (v.2b).O verbo no grego é ελθετω, que significa aparecer, manifestar, vir a público, exibir, influenciar, tornar-se conhecido, denota proclamar, invocamos o retorno de Cristo e o estabelecimento do Seu reino eterno. Trata-se de uma súplica inspirada pelo profundo anseio de que este reino, já iniciado em nós como uma premissa nesta vida, alcance sua plena realização na eternidade. Esta é a nossa maior esperança: Jesus retornará e todo o mal será aniquilado. Nesse dia, experimentaremos a vida eterna. Não haverá mais morte, nem dor, nem tristeza... O apóstolo João escreveu: “Ouvi uma voz alta do trono dizer: Eis que a tenda de Deus está com a humanidade, e Ele residirá com eles, e eles serão os Seus povos. E o próprio Deus estará com eles. E enxugará dos Seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem clamor, nem dor. As coisas anteriores já passaram.” (Apocalipse 21.3). Devemos sempre recordar dessa esperança e orar para que ela se manifeste em breve.

A terceira recomendação: “O pão nosso cotidiano dá-nos de dia em dia”. (v.3). Cremos que todos reconhecemos prontamente que a cada dia temos necessidades para as quais desejamos contar com a ajuda do Pai Celestial.Nosso sustento depende de Deus. Quando pedimos a Deus o pão nosso de cada dia, estamos humildemente reconhecendo-O como o único doador de tudo o que precisamos. Por isso,quando precisarmos de ajuda, podemos pedir a Deus e confiar que Ele vai suprir nossas necessidades, porque Ele nos ama.Portanto, roguemos a Deus que atenda às nossas necessidades essenciais de maneira constante, dia após dia.

A quarta recomendação: perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o que nos deve.” (v.4a). O Pai, antecipadamente, perdoou a nossa dívida quando enviou o seu Filho que morreu na cruz por nós, quando não éramos merecedores. Em gratidão ao seu amor perdoador, também devemos perdoar aos que nos ofendem. Aqueles que nos feriram, nos humilharam, nos jogaram nos buracos da vida. Mas será  que este tem sido  o nosso desafio? A nossa atitude?  Quantas vezes recebemos o perdão quando erramos, mas nem sempre perdoamos ao nosso irmão?Precisamos aprender sobre o valor do perdão, como fez José. Foi capaz de perdoar toda sua família. (Gn 45.1-15).  Quem não perdoa outras pessoas, ainda não entendeu o perdão de Deus, que traz salvação.

A quinta recomendação: “E não nos deixes cair em tentação”. (v.4b).É um pedido a Deus para nos proteger e fortalecer diante das provações, reconhecendo nossa própria fraqueza e confiando em Sua ajuda para resistir ao pecado. Afinal, passamos constantemente por muitas tentações. O diabo nos tenta de diversas maneiras e procura nos desviar da fé no Salvador Jesus. Nenhum filho de Deus está livre das artimanhas e tentações do diabo.Ao sermos tentados, temos a certeza que com Cristo podemos resistir, pois a grande guerra já foi ganha pelo Senhor e Salvador. Ele venceu as tentações do diabo. Ele nos ensina como vencê-las. O que nós queremos é lutar contra o diabo. Renunciar o diabo e todas as suas obras e caminhos. Por isso, deixe que o Espírito Santo dirija sua vida, jejue, conheça e use a Palavra de Deus; vigie e ore.

A oração do Pai Nosso é de suma importância, pois nos foi dada pelo próprio Jesus Cristo e nos mostra a maneira correta e eficiente de orar.  Infelizmente, muitos têm perdido o ponto de vista de Jesus e recitam repetitivamente o texto dessa oração de forma “fria” e “mecânica", justamente o que Jesus disse para não fazer. Por isso, é  muito importante uma reflexão e entendimento da riqueza desta oração e o quanto ela nos ensina. Ela nos direciona e nos motiva a orar com constância e coerência; com humildade e confiança com o auxílio do Espírito Santo.

                                                                     II

 Para ilustrar a certeza do atendimento à oração, Jesus conta uma parábola. Na Parábola do Amigo Importuno, Jesus fala sobre um viajante que chegou tarde da noite e bateu à porta de um amigo em busca de hospitalidade. (vv.5 e 6). Esse amigo, sem ter nada a lhe oferecer, ficou em uma situação embaraçosa, pois como ele poderia hospedá-lo sem ter um pão para alimentá-lo? Sem ter outra escolha, ele resolveu incomodar um outro amigo que era seu vizinho, a fim de que ele lhe emprestasse alguns pães. Como já era tarde e o vizinho e os seus filhos já estavam deitados, esse “amigo” não quis levantar-se da cama para atender ao seu pedido. Então, respondeu: “Não me importunes; a porta já está fechada, e os meus filhos comigo também já estão deitados. Não posso levantar-me para tos dar.” (v.7).

Porém, em vez dele desistir, ele pediu ainda mais insistentemente até que o amigo se levantou e lhe deu os pães para que ele parasse de amolá-lo:   “digo-vos que, se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação e lhe dará tudo o de que tiver necessidade”. (v.8). O termo grego ἀναίδεια traduzido por ‘ importunação’ significa ousadia, descaramento, falta de vergonha, ou persistência descarada/insistente.Não se trata de uma conotação negativa de desrespeito ou falta de educação, mas sim de uma persistência, que não desiste, mesmo diante da resistência inicial.Jesus está ensinando que, se até mesmo um amigo relutante cede à importunação por causa da insistência, quanto mais Deus, nosso Pai amoroso, responderá às nossas súplicas sinceras e persistentes. Esta deve ser a nossa atitude: ter  persistência na oração, uma insistência que não se envergonha de continuar pedindo, mesmo que a resposta não seja imediata.A persistência é um sinal de nossa fé e confiança de que Deus ouve e, no Seu tempo e da Sua maneira, responderá.  As Escrituras recomendam a ser perseverantes: “sede... na oração, perseverantes” (Rm 12.12); “com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança” (Ef 6.18); “Perseverai na oração” (Cl 4.2).Após a contínua oração da congregação, Pedro, de maneira maravilhosa, foi libertado da prisão (At 12). Mediante perseverança unânime em oração e súplica, o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes (At 1 e 2).

                                                                     III

Após a parábola, Jesus nos conduz a uma sequência de imperativos e promessas que devem moldar nossa postura diante de Deus. Ele nos convida a uma oração perseverante, confiando plenamente no Pai: “ Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á.  Pois todo o que pede recebe; o que busca encontra; e a quem bate, abrir-se-lhe-á” (vv.9 e 10).Os versículos possuem três verbos “pedir, buscar e bater”, ele estão no imperativo presente e vão aumentando de intensidade, São ordens de Jesus que devemos praticar durante todo o tempo de nossa vida, de forma intensiva. O primeiro convite é ao pedido: “Pedi, e dar-se-vos-á”. Este é um convite à petição. Jesus nos assegura que, ao pedirmos a Deus, Ele nos dará. Não é uma promessa de que receberemos tudo o que desejamos, mas sim uma garantia de que nossas orações são ouvidas e respondidas de acordo com Sua sabedoria e amor. É a súplica humilde, a expressão da nossa necessidade e dependência de Deus. Portanto, somo encorajados  a vir a Deus com nossos anseios, grandes ou pequenos, certos de que Ele ouve.

Diante do nosso “pedir”, temos a promessa de que seremos atendidos: "buscai, e achareis". Esta é uma ação que transcende um mero pedido. Não se trata apenas de solicitar bens ou favores, mas de buscar a própria presença de Deus, que representa a Sua vontade, sabedoria e entendimento sobre quem Ele é e o que deseja para nós. Enfim, é um convite a um relacionamento mais profundo, onde não apenas solicitamos coisas, mas buscamos a essência da presença divina e o conhecimento de Deus.O terceiro verbo é “bater”: “batei, e abrir-se-vos-á”.Este terceiro imperativo sugere persistência e determinação. Aqui, a imagem é de uma porta fechada que exige persistência e esforço para ser aberta. É de alguém que não desiste, que continua a bater com fé, mesmo quando a resposta parece demorar,pois bater significa não desistir, mesmo diante do silêncio aparente.Isso nos ensina a  ser perseverante na oração. Como disse Jesus em Lc 18.1: “Orar sempre e nunca desfalecer”.

Jesus conclui este texto com uma ilustração ao comparar a atitude de um pai terreno, que naturalmente quer dar o melhor ao seu filho, com a atitude de Deus, que é ainda mais bondoso e generoso. Jesus afirma: “Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir [pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir] um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião” ?(vv.11 e 12).Nesta ilustração, Jesus utiliza exemplos do nosso cotidiano: pão, peixe e ovo. Esses elementos constituíam alimentos fundamentais e essenciais na dieta da época. A concepção de um pai que substitui esses nutrientes valiosos por algo inútil (pedra) ou perigoso e letal (cobra, escorpião) é profundamente chocante e diametralmente oposta à essência do amor paternal.Isto mostra o quão impensável seria tal comportamento para um pai. Nenhum pai, por mais imperfeito que seja, agiria com tamanha maldade para com seu próprio filho, especialmente quando o filho está pedindo algo para sua subsistência.

No entanto, há um contraste quando Jesus  faz a transição do relacionamento humano para o divino, elevando o argumento a um patamar celestial: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?" (v. 13). O termo "maus" (πονηρός) aqui não significa que os pais humanos são inerentemente malignos em seu caráter, mas que são pecadores, imperfeitos, limitados pela natureza humana. Em contraste com a perfeição e a bondade absoluta de Deus. Se mesmo pais imperfeitos, com todas as suas falhas, sabem dar coisas boas aos seus filhos, quanto mais um Pai perfeito, santo, todo-poderoso e infinitamente amoroso fará pelos Seus! E o que Ele dá? Ele não promete dar riquezas, saúde perfeita ou soluções imediatas para todos os problemas (embora Ele possa fazer tudo isso). Ele promete o Espírito Santo..Isso deve nos encorajar a pedir com ousadia e fé, buscando não apenas o que precisamos, mas principalmente a plenitude do Espírito Santo em nossas vidas, sabendo que o Pai celestial nos dará generosamente.

Estimados irmãos! Os discípulos queriam aprender a maneira correta de orar. Queriam saber sobre como o homem pode se comunicar com o Criador: "Senhor, ensina-nos a orar”. Não é apenas para os discípulos daquela época. É para cada um de nós, hoje, aqui  e agora nesta cidade. Que possamos reconhecer nossa necessidade de sermos ensinados e guiados na oração. Seguir o modelo que Jesus nos deu no Pai Nosso. Cultivar a persistência na oração, batendo na porta com fé e ousadia. Confiar plenamente na bondade inigualável do nosso Pai celestial, sabendo que Ele anseia por nos dar o Seu Espírito Santo, que nos capacitará a orar e a viver uma vida que O agrada. Que a oração se torne não um fardo, mas o nosso maior privilégio, a nossa maior alegria e a nossa maior fonte de poder. “Senhor, ensina-nos a orar!” Amém.

 

 

 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

TEXTO: LC. 10.38-42

TEMA: SAIBAMOS ESCOLHER A BOA PARTE!

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias no Evangelho de Lucas, capítulo 10, versículos 38 a 42, e refletirmos sobre a nossa mensagem. O nosso tema é: “Saibamos escolher a boa parte.”

Vivemos em um mundo repleto de escolhas. Nossa existência se assemelha a um intrincado jogo de decisões. Optamos por permanecer em casa, decidimos jogar futebol, escolhemos visitar um amigo e delineamos nossos planos para o final de semana. Diante de tais dilemas, frequentemente nos vemos na necessidade de analisar com precisão e objetividade para determinar a melhor opção. Mas como selecionar a parte mais valiosa, assim como fez Maria, em um mundo repleto de distrações? Não se trata de uma tarefa simples! Contudo, é possível! A narrativa de Marta e Maria ilustra a profundidade das escolhas e serve como um guia para refletirmos sobre nossas vidas, questionando se realmente estamos optando pela melhor parte, que é a Palavra de Deus. A passagem aborda um dilema que duas irmãs enfrentam: uma se dedica a suas obrigações, enquanto a outra anseia por estar ao lado de Jesus. Maria se destaca como uma mulher que soube discernir a melhor escolha. O próprio Jesus ressalta: “…escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.”

Vejamos, então, algumas maneiras práticas de como escolher a "boa parte": em primeiro lugar, a escolha da "boa parte" não ocorre por acaso.  Para escolher a boa parte, precisamos parar e decidir conscientemente onde investiremos nosso tempo mais precioso. Pergunte-se: O que é verdadeiramente essencial neste momento? O que me aproxima mais de Deus e do propósito que Ele tem para mim?Em segundo lugar, é imprescindível dedicar tempo à Palavra de Deus e à oração. Maria escolheu sentar-se aos pés de Jesus e absorver Suas palavras. Isso implica priorizar a comunhão com o Criador. Reserve um momento para a leitura da Bíblia e para dialogar com Deus, expressando suas preocupações e gratidão.

Terceiro, discernimento entre o urgente e o essencial. É importante desenvolvermos a capacidade de distinguir, o que realmente possui importância do que é meramente urgente. Marta estava absorvida pelas demandas imediatas (preparar a refeição, servir), enquanto Maria direcionava sua atenção ao que é verdadeiramente essencial (estar na presença de Jesus). Por fim, e talvez o mais importante, reconheça que escolher a boa parte não é algo que fazemos em nossa própria força. É um processo contínuo que exige a ajuda do Espírito Santo. Ore a Deus pedindo discernimento, disciplina e um coração que anseie pela Sua presença acima de tudo. Peça a Ele que revele o que constitui a "boa parte" em cada instante da sua existência.

Escolher a “boa parte” é um ato contínuo de fé e priorização. Assim sendo, a narrativa de Marta e Maria nos convida a uma reflexão profunda: estamos, de fato, priorizando o que é genuinamente significativo? Ou nos deixamos levar pela urgência e pelas "muitas coisas" que nos subtraem a serenidade e a capacidade de apreciar o que é essencial?

O evangelista Lucas nos conta que Jesus estava “de caminho” (v.38) com seus discípulos. Ele não nos revela de onde Jesus vinha e nem para onde Ele ia. Mas sabe-se que Ele estava chegando em Betânia, pois ali morava Marta, Maria e Lázaro. Maria e seus irmãos eram amigos de Jesus e o convidaram para ficar hospedado, em sua casa. O fato de Marta ter recebido a Jesus “na sua casa” parece indicar que ela era a dona da casa e provavelmente a irmã mais velha. As irmãs deram boas-vindas ao Salvador. Maria, porém, sentou-se aos pés de Jesus para ouvir “seus ensinamentos”.(v.39). O mais importante naquela hora era aproveitar a presença de Jesus para aprender mais com o Mestre. Para Maria o ouvir e o guardar da Palavra de Deus era o melhor e o mais importante. Preferiu esquecer tudo, inclusive os serviços da casa, e permaneceu assentada aos pés do Salvador,

Entretanto, Marta, talvez um pouco surpreendida com a visita do Mestre, agitava-se de um lugar para outro, ocupada com muitos serviços, como se a visita do Mestre fosse inesperada e os hóspedes em grande número.(v.40a). Preocupou-se com a arrumação da casa e tudo mais que envolve uma hospedagem. Corria apressadamente para a despensa, para a horta, para o fogão. Pretendia oferecer do melhor a Jesus. Neste momento, todos nós sabemos como uma dona de casa corre quando chega um hóspede. Ela procura recebe-lo da melhor maneira possível. Nada deve ser esquecido! São inúmeros os pequenos preparativos que requerem a atenção de uma boa dona de casa. Podemos muito bem entender que Marta quisesse receber dignamente a visita de Jesus. Afinal, Jesus era uma pessoa importante. Deveria receber todas as honras possíveis.

Precisamos refletir sobre a atitude de Marta, pois ela se deixou levar pelo trabalho sem perceber que perdeu o foco em Jesus e na sua Palavra. Ela não pôde mais se conter. Saiu da cozinha e, olhando para Maria e Jesus, disse: "Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!" (v.40b). Marta estava ansiosa, preocupada, afadigada, aflita, com muitas coisas em seu coração, e ficou incomodada com Maria, porque ela estava aos pés de Jesus, tranquila descansando. Então, Jesus respondeu: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas”.(v.41). Jesus está se dirigindo a Marta, que estava muito ocupada com os afazeres da casa e com a preparação para recebê-lo. Estava distraído. ansioso. preocupado. Alguma dessas palavras ressoa em você? Lembre-se de Paulo: "Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus." (Filipenses 4.6-7).Esta passagem de Filipenses pode ser usada para contrastar a ansiedade de Marta com a paz de Maria ao se concentrar em Jesus, abordando o tema da preocupação e da confiança em Deus.

 Mas por que Jesus repreende-a, Ela não estava recebendo aquele a quem não tem onde reclinar a sua cabeça?  A advertência de Cristo não foi no sentido de condenar o serviço desempenhado por Marta. Não estava somente ou simplesmente repreendendo Marta por seus afazeres – afinal alguém deveria fazê-lo. A intenção era agradar ao Senhor e ser uma boa anfitriã, e isso não é nada errado, afinal não é todo dia que se recebe em casa Jesus e seus discípulos, certo?  O que Jesus faz ao responder a Marta é restabelecer a ordem das prioridades. Ele não nega a relevância de suas preocupações, mas enfatiza que tais inquietações relacionadas ao serviço doméstico jamais deveriam ocupar o primeiro plano. Diante de todas as ansiedades e tarefas que afligiam Marta, havia algo mais importante e essencial naquele momento: " pouco é necessário ou mesmo uma só coisa" (v.42b). Isto significa que "uma só coisa" não são as panelas limpas, nem a mesa farta, mas sim a comunhão com Cristo. Jesus não está desvalorizando o serviço, mas está nos alertando sobre a distorção das prioridades.Ele nos revela que, em meio a todas as nossas responsabilidades e compromissos, é imprescindível encontrar tempo para nos assentarmos aos Seus pés. É fundamental priorizar a comunhão, a escuta atenta e o relacionamento com Jesus, acima das nossas inquietações e obrigações materiais. Portanto, Ele nos ensina que há uma prioridade essencial: buscar, em primeiro lugar, a Deus, Sua Palavra e Sua presença. As demais questões, embora necessárias para a vida, devem ser relegadas a um segundo plano em relação a essa "boa parte" que Maria escolheu.

No entanto, muitas pessoas se identificam com Marta nos dias de hoje! Na verdade, vivemos tão ansiosos em meio a tantas demandas. Por vezes, tendemos a preencher nosso tempo com uma miríade de atividades. Nossa agenda está perpetuamente repleta de compromissos a serem cumpridos. Existem questões a serem resolvidas na família, no ministério, no trabalho ou na faculdade. Enfim, nos encontramos excessivamente preocupados com as questões materiais, e não temos desfrutado da presença de Deus. Ocorre que algo essencial está faltando em nossas vidas, uma prioridade que deve ocupar o primeiro lugar: a Palavra de Deus. Quais são “as coisas” que estão obstruindo sua capacidade de estar aos pés de Jesus? Você se sente inquieto e preocupado?

Por outro lado, temos Maria. Ela simplesmente se acomodou aos pés de Jesus e se dedicou a ouvir a Sua palavra. Não se deixou levar pela urgência de lavar a louça, preparar o pão ou pelas inúmeras tarefas que poderiam estar à sua espera. Ela compreendeu que a oportunidade de estar na presença de Jesus e absorver Seus ensinamentos era singular e insubstituível. Consideremos as palavras do salmista: "Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que possa morar na casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo." (Salmo 27.4). O salmista expressa um anseio profundo de habitar na presença de Deus, refletindo a atitude de Maria ao se assentar aos pés de Jesus e assimilar Seus ensinamentos. Nesse contexto, Jesus elogia Maria por priorizar a escuta e a comunhão espiritual: "Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" (v.42). A ‘boa parte’ que Maria optou não constituía um mero luxo, mas uma necessidade essencial. Era de valor perene e não lhe seria subtraída, ao contrário das preocupações e obrigações materiais que são efêmeras. O próprio Jesus assegura que essa ‘boa parte’ não lhe seria retirada.

 Maria escolheu a boa parte. Jesus disse: “Bem aventurados são os que ouvem a palavra de Deus e a guardam! (Lc. 11.28). É na Palavra de Deus que Jesus procura defender-se contra os ataques de Satanás, dizendo: “Está escrito”. Ele sempre usou o “Está escrito” para vencer os fariseus e saduceus. É na Palavra de Deus que os cristãos das catacumbas, da Idade Média, encontraram luz para os seus caminhos. É na Palavra de Deus que Lutero tornou-se o reformador e purificador da Igreja cristã. Esta é uma das grandes bênçãos da Reforma, que podemos ressaltar: a reposição da Bíblia Sagrada como base de qualquer doutrina da Igreja. Sobre esta palavra Lutero também disse na explicação do 3º Mandamento do Catecismo Maior: “Não há nada mais bonito do que a palavra de Deus... É um tesouro... não é um conjunto de palavras vãs, ociosas ou mortas, mas sim ativas e cheias de vida”.

Como é maravilhoso ouvir a palavra de Deus.pois a sua mensagem nos traz conforto e esperança. Ela nos concede muitas bênçãos: força para enfrentar as dificuldades e estabilidade para nossas vidas. Ouvir significa aprender, crer; reconhecer na pessoa de Cristo, aquele que veio ao mundo para manifestar a verdadeira vontade de Deus. Quem ouve a palavra de Deus recebe o próprio Senhor em sua vida, bem como todas as suas dádivas. Ouvir e aprender o evangelho de Jesus Cristo nos coloca em ação; modifica toda a nossa vida, dando-nos novo rumo. O ouvir da palavra significa zelar empregando todos os nossos dons e capacidades para testemunhar, orar e ofertar para que esta palavra cresça sempre mais e continue transformando homens condenados, em filhos de Deus. Lemos em Jeremias:"Ouvi a palavra do SENHOR, todos de Judá,vós os que entrais por estas portas,para adorardes ao SENHOR". (Jeremias 7.2).

Mas até que ponto estamos dispostos a acolher a palavra de Deus, a recebê-la em nossas vidas ou em nossa congregação? Na verdade, todos nós ansiamos por ouvir mensagens que, à primeira vista, parecem corretas, benéficas e agradáveis em nossas existências. Desejamos absorver ideias que sejam consensuais; aquelas que se revelam politicamente corretas; frutos do entendimento da maioria, mesmo que se revelem falsas e enganosas. Ademais, muitos se lançam numa incessante busca por bens materiais, esgotam-se, envelhecem e falecem, negligenciando a busca pelo valioso tesouro que enriquece a vida espiritual, deixando de lado a busca pela instrução, aconselhamento e orientação que a Palavra de Deus proporciona.Qual tem sido a nossa escolha? Somos mais Marta, sempre correndo, preocupados, atarefados, ou somos mais Maria, buscando primeiramente a presença do Senhor e a Sua Palavra?

Estimados irmãos! Em um mundo que nos impulsiona para a agitação incessante, que possamos aprender com Maria a fazer a escolha primordial: a de nos assentar aos pés de Jesus, de ouvir a Sua voz e de permitir que Ele renove nossas forças,orientando  nossos passos. Que o Senhor também não nos permita ser escravizados pelas inúmeras distrações, mas que busquemos, acima de tudo, a única coisa verdadeiramente necessária: nosso relacionamento com Ele. Que a graça de Deus nos capacite a viver essa verdade em nossas vidas diárias. Amém!

terça-feira, 15 de julho de 2025

 TEXTO: SL 27

TEMA: COLOQUEMOS A NOSSA CONFIANÇA NO SENHOR!

 Quando falamos de confiança, precisamos nos questionar: Onde estamos colocando nossa confiança? Nas ideologias? Nas riquezas? Nas nossas forças? Na verdade, o que se observa neste mundo moderno é que a maioria das pessoas tem depositado a sua confiança em qualquer outra coisa, menos em Deus. Nos dias do salmista, as pessoas confiavam nas suas próprias forças, na grandeza dos seus exércitos, na quantidade de suas armas, nos seus cavalos. Davi poderia ter depositado toda a sua confiança nestas coisas, mas, escolheu confiar somente no Senhor. Ele expressa esta confiança no Senhor quando tinha que enfrentar as batalhas durante a sua vida. Nestas circunstâncias, ele sempre recorria à segurança, poder e vitória vindas do Senhor. Era um homem de fé genuína, confiante nas promessas do Senhor.

E você, tem confiado somente em Deus? Tem dado exemplo de fé e confiança em Deus? Lembrando que a nossa confiança não está em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas sim em Deus. Deus é a nossa fortaleza. Somente Ele, com sua infinita sabedoria e misericórdia, poderá nos garantir a paz, mesmo em meio às provações e correria da vida moderna. Somente Ele poderá iluminar as trevas de nossos pecados e apontar saídas para todos os desafios.  Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que enfrentamos neste mundo.

                                                              I

Davi estava sofrendo por causa da fúria e das tramas dos seus inimigos. Seu filho Absalão se tornou o grande inimigo de Davi. Situação que deixou Davi tão apático diante daquela circunstância, e se mostrou temeroso e inseguro. Não havia pretensão de domínio e força para lutar. Amedrontado com a situação que tinha à sua frente, ele demonstrou medo. Na verdade, Davi teve muitos medos ao longo de sua vida. Mas diante de seu medo, a sua confiança não estava na força do seu braço nem no poderio de seus guerreiros. Sua confiança estava depositada em Deus, que sempre foi a sua rocha, o seu escudo e a sua fortaleza. Sendo assim, ele afirma: O Senhor é minha luz e minha salvação. O Senhor é a fortaleza de minha de minha vida.” (vv.1-3). Deus é luz, salvação e fortaleza para Davi. Essa realidade é tão poderosa que ele exclama: “por que ter medo?”  (v.1).

O medo faz parte da vida do ser humano.  Ele remonta-nos a Adão e Eva. Depois de desobedecerem a Deus, e de Deus os ter chamado, Adão respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. (Gn 3.10). São tantas fobias que estão presentes na vida do ser humano que tem levado ao desespero e sofrimento. Mas, afinal, o que é o medo? Medo é um sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário. Ele é um sentimento que está presente na vida das pessoas. Você tem medo de alguma coisa? O que pode lhe deixar com medo? Seria o futuro? A área financeira? Seria medo da morte? Da violência e injustiças que vemos todos os dias na TV? De atravessar uma rua movimentada? De uma tempestade? De ser assaltado? O que lhe deixa com medo?

É justamente nesta situação de medo que Davi busca Deus. Demonstra a sua confiança e ânimo, quando diz que o Senhor é a sua luz, salvação e fortaleza. Ele apresenta as características de Deus e se apropria de seus benefícios para a sua vida. Confiava no Senhor que é a sua luz. A luz que resplandeceu em sua vida. Confiava no Senhor que é a sua salvação. Naquele que livra de situações de perigo, opressão e sofrimento. Confiava no Senhor que é a sua fortaleza. Naquele é forte refúgio para os que estão sendo perseguidos pelos inimigos: “Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança”, declara o salmista no verso 3. Como se observa, o medo deu lugar ao sentimento de segurança na vida do salmista.

Diante da dimensão de nossos medos, problemas e tribulações, que são densos, quando não conseguimos enxergar absolutamente nada diante de nossos olhos, ou até mesmo, discernir onde estamos, e o que está acontecendo em nossa vida, eu pergunto: temos confiado no Senhor? Onde está a nossa esperança? Nas ideologias? Nas riquezas? Em si mesmo? Verdade é que muitas pessoas tem colocado a confiança em si mesmo, nas riquezas, em coisas que são perecíveis, ou em qualquer outra coisa, menos no Senhor. Mas não esqueçam:  nossa confiança deve estar depositada no Senhor, pois ele nos garante firmeza inigualável, força, paz, persistência e certeza necessárias para seguirmos em frente. Com a confiança no Senhor permaneceremos firmes diante dos problemas e dificuldades, pois temos a certeza de que Ele sempre responderá às nossas súplicas, às vezes, de um modo diferente o que esperávamos, mas sempre responderá.

Confiando no Senhor, o salmista demonstra o seu maior desejo. Ele pede ao Senhor uma coisa que tinha muita necessidade. O que Davi queria?  Morar na Casa do Senhor: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. (v.4). Davi não queria apenas um livramento do problema. Não almejava se esconder debaixo das cortinas da tenda. (tabernáculo). Também não desejava entrar na Casa do Senhor para realizar um dever social, religioso, ou para rever amigos. Mas a Casa do Senhor era o melhor lugar onde ele poderia estar.  Sentia-se feliz, alegre, seguro, protegido, e podia descansar tranquilamente. E os motivos de se assentar diariamente na Casa do Senhor são expostos: “contemplar a beleza do Senhor”. A palavra “contemplar” implica a ideia da busca de um relacionamento íntimo com Deus; transmite a ideia de fixar o olhar. E para onde se concentrava seu olhar? Na beleza de Deus, ou literalmente, no seu encanto. Portanto, Davi queria meditar no templo do Senhor. Meditar sobre quem é o Senhor e manter comunhão com Ele. Davi tinha tanto carinho pela Casa do Senhor que certa vez exclamou: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!” (Sl 84.1).

O que você tem pedido ao Senhor em suas orações? Se você tivesse que pedir apenas uma única coisa para Deus, o que você pediria? Talvez esteja pedindo muitas coisas, mas esquecendo da principal. “só uma coisa é necessária...”. E o que é necessário? Estar na Casa do Senhor contemplar a Sua beleza e meditar no templo do Senhor. Este deve ser o nosso maior desejo, mais do que qualquer outra coisa nesta vida. Você não gostaria de usufruir das bênçãos maravilhosas oferecidas por Deus? De contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo? De manter seu encontro com toda a congregação perante o Senhor, onde se evidência e se fortalece a comunhão entre irmãos na fé? Lembre-se: você é parte integrante da Casa do Senhor. Sem a sua presença e participação, com os demais irmãos na fé, que se reúnem regularmente para ouvir o Evangelho, não existe comunhão e trabalho.

Davi não almejava se esconder na Casa do Senhor como se fosse uma fortaleza, que consistia de muralhas e portas resistentes. O que ele almejava era a proteção divina, de estar debaixo do cuidado do Senhor. Ele afirma que é na Casa do Senhor, no meio de Sua presença, que encontraria paz de espirito que tanto almejava: “Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha”. (v.5). O termo pavilhão refere-se a um refúgio, um lugar de proteção. Já o termo recôndito é um lugar mais profundo, íntimo, reservado, baseia-se num relacionamento ligado por afeição e confiança ao Senhor. Sendo assim, o tabernáculo de Deus seria o refúgio, o lugar seguro, que permitiria tranquilidade na vida de Davi, lugar de adoração, pois era onde o Senhor se manifestava.

Infelizmente, vivemos numa época em que muitos cristãos têm perdido a vontade de buscar a presença do Senhor. Quão difícil em nosso tempo de tanta correria é encontrar pessoas na busca pela Casa do Senhor.  Muitos abandonam a Casa do Senhor, deixando de frequentá-la, de se interessar por ela e de zelar pelo seu sustento. Têm perdido a vontade de orar, ler a Bíblia, cantar louvores, glorificar a Jesus Cristo na Casa do Senhor. Na verdade, há um esfriamento espiritual na vida de muitos cristãos.  Como prova disto, encontramos igrejas vazias pessoas “frias” espiritualmente, materialistas, dando mais valor aos negócios do que ir à Casa do Senhor. Precisamos buscar a presença do Senhor constantemente e nunca dispensar a comunhão com Deus e a santificação. Ele é o nosso abrigo e proteção! Se vivemos na Casa do Senhor todos os dias, contemplando a Sua beleza, vamos desfrutar de muitas bênçãos que Ele nos oferece: felicidade, alegria, paz, consolo, comunhão e tantas outras que recebemos, quando dispomos a buscar a face de Deus, unidos em adoração com outros membros do corpo de Cristo.

Essa visão, exposta por Davi, é tão reconfortante que ele faz questão de demostrar sua gratidão, diante da atuação de Deus em seu favor. Ele afirma: “Que eu ofereça, no seu tabernáculo, sacrifícios de alegria; que eu cante e faça músicas ao Senhor”. (v.6b). Aqui está um aspecto importante da vida de Davi. Ele oferece a Deus sacrifício de júbilo – ele canta louvores a Deus, ele se sente alegre por estar na Casa do Senhor. Esta é uma forma de agradecimento ao Senhor, diante das vitórias sobre seus inimigos. Por isso, ele declara seu propósito de oferecer sacrifícios de gratidão ao Senhor.

                                                                     II

Há uma mudança drástica a partir do versículo 7. Toda aquela confiança desaparece. Encontramos um Davi fraco na fé.  As exuberantes expressões de segurança subitamente dão lugar aos lamentos e humildes súplicas do salmista diretamente a Deus. Ele clama para ser ouvido, deseja misericórdia e resposta: “Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me.” (v.7). Ouve, Senhor, a minha voz. Este é o clamor do salmista, um clamor confiante em Deus em que ele suplica misericórdia, compaixão, piedade. No Salmo 51, ele também clama desesperado de alguém que precisa de ajuda. Alguém que é defrontado com seu próprio pecado e não consegue se livrar dele sozinho: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.” A primeira coisa que ele faz é se voltar como miserável para a misericórdia e o amor de Deus, pois Deus nunca o desamparou.

Todos nós, em algum momento da vida, podemos nos identificar com o sofrimento do salmista. Constantemente também passamos por grandes tribulações, profundezas espirituais, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão e a nossa negligência espiritual. Talvez seja o momento em que precisamos clamar, insistir, perseverar em nossas orações ao Senhor. Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o Senhor, o único que pode nos salvar, e clamar por socorro, pois temos um Deus em quem nós podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Por isso, clame pelo socorro do Senhor e Ele te ouvirá e virá ao seu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em sua vida.

Davi conta que do seu íntimo surgia um convite divino que lhe apontava o caminho da presença do Senhor. Ele afirma que, agora, a porta foi aberta para ele buscar a Deus. Ele afirma: “Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. (v.8) A palavra hebraica פָּנִים (face) no Antigo Testamento é frequentemente traduzida como "presença". Buscar a face do Senhor significa procurar estar na Sua presença, conhecer a Sua força, o Seu auxilio e ser aceito por Ele. Quando nos aproximamos de Deus em oração, estamos buscando a Sua presença. A caminhada cristã é uma vida dedicada a buscar a presença e o favor de Deus. Sendo assim, o Senhor quer que de forma humilde e com confiança busquemos a Sua presença em nossas orações.

Em obediência à ordem de buscar a face do Senhor, o poeta ora: “Não escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo...” (v.9). Neste momento o salmista suplica para que Senhor não afaste a sua face, como uma rejeição à sua súplica. Não o deixe desemparado. Meu pai e minha mãe me desampararam [mas] o Senhor me acolherá ( v.10). Embora ele seja como uma criança abandonada, o Senhor o adotará e cuidará dele. Agora, Davi pede orientação e proteção ao Senhor: "Ensina-me... guia-me... não me deixes". (v.11). Davi gostaria de encontrar o caminho que conduz à presença do Senhor. Às vezes. temos uma série de caminhos possíveis diante de nós e ficamos incertos sobre qual é o melhor; outras vezes temos a impressão de que não temos nenhuma saída. É o momento de pedir orientação ao Senhor para que Ele nos mostre o verdadeiro caminho. Se quisermos confiar-nos a um guia seguro no nosso caminho, lembremo-nos de que Jesus disse de si mesmo: “Eu sou o Caminho…” (Jo 1.6). 

A convicção e a esperança renascem da fé confiante do salmista. Em vez de entregar-se ao desespero, ele manteve sua confiança na bondade do Senhor na terra dos viventes. O versículo 13 apresenta a convicção: "Eu creio": “Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.” Eu sei que verei no futuro a bondade de Deus. Esta confiança se manifesta na expressão טוּב יְהוָה (bondade do Senhor), que significa o sustento, a preservação do Senhor e em várias bênçãos sobre toda a humanidade. E a expressão אֶרֶץ חַי (terra dos viventes) significa simplesmente esta vida. Davi estava passando por uma prova, mas tinha a confiança de que nesta vida presente Deus o ajudaria a sair do apuro através da sua bondade. Ele mesmo foi quem disse no salmo 23: ''Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.''

Outra convicção que o salmista possuía, encontra-se nas palavras: קָוָה יְהוָה (espera pelo Senhor). (v.14a). Esta é uma advertência ao próprio salmista. Ele é encorajado a não se desesperar, mas “esperar no Senhor”. Ele sabia por experiência o que significava “esperar ao Senhor”. Ele passou muitos anos esperando ser coroado rei e fugindo da ira de Saul. E, em outro salmo, ele nos encoraja com estas palavras: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim quando clamei por socorro, colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos” (40.1-2). Sendo assim, o alvo de sua resignação pessoal e de absoluta confiança é o Senhor. Ele deposita todas as suas inquietações, a sua confiança, independentemente de qualquer coisa que aconteça, no Senhor.

Precisamos aprender a esperar pelo Senhor. No entanto, nesse mundo pós-moderno, onde o instantâneo cada vez mais faz parte da vida das pessoas, ninguém gosta de esperar na fila do supermercado, do banco, hospital, trânsito. A impaciência e o hábito do imediatismo nos fazem sempre ansiar por uma solução rápida por tudo que almejamos. Mas a questão é que somos exortados a “esperar pelo Senhor”. Esperar tem grande importância na vida com Deus. Esperar no Senhor é decidir caminhar na direção que Deus tem para nós. Na verdade, a nossa capacidade de esperar está em grande parte relacionada com o quanto confiamos no Senhor. Quando confiamos no Senhor com todo o nosso coração, Ele nos dará direção certa. Por isso, devemos esperar no Senhor em meio ao sofrimento sem desistir, aguardando o tempo da resposta de Deus.

O salmista também é convidado ater “bom ânimo, e fortificar o seu coração”. (v.14b). Mas que é bom ânimo? Sempre haverá momentos em nossas vidas em que deveremos encarar nossos maiores medos. Para muitos de nós, isso acontece todos os dias, quando nos levantamos de manhã para enfrentar as muitas provações e dificuldades da vida. Você é capaz de esperar sem reclamar e murmurar? Quando as coisas não caminham do jeito que você espera?  Quer aprender a esperar em Deus e a manter o ânimo, enquanto espera? Então vamos pedir a Deus que nos de sabedoria e nos ajude a praticar estes princípios a cada dia de nossas vidas. Aprenda a esperar no Senhor e manter o ânimo enquanto esperamos as bênçãos do Senhor.

Ao após a nossa reflexão sobre este salmo, conclui-se que a circunstância em que se encontrava o salmista, também tem sido a nossa situação. A vida do cristão é comparada a uma jornada. Somo peregrinos neste mundo, e estamos a caminho da nova Jerusalém. Muitos são os perigos nesta jornada. São tantas as dificuldades que temos que enfrentar, mas Deus é o nosso socorro. É justamente do próprio Deus que vem o socorro, aquele que pode nos socorrer que tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor. É maravilhoso ser protegido pelo Senhor! Esta proteção ocorre na vida daqueles que confiam no Senhor. No dia a dia da vida, em meio às lutas e problemas, nos momentos mais duros e cruéis, somos protegidos pela mão do Senhor. Ele nos protege das armadilhas de Satanás, de doenças, enfermidades e epidemias, de violência, acidentes. De fato, quem confia no Senhor pode passar por momentos de segurança.

Precisamos aprender a confiar em Deus. Confiar em Deus é uma atitude que temos de tomar todos os dias, ou melhor, ela deve estar impregnada em nossa mente, ainda que não enxerguemos propósitos nas circunstâncias que enfrentamos, nem nos desafios que somos obrigados a passar. Confiar significa ter fé, esperar, ter esperança em algo ou alguém, ter confiança.  Deus é digno de nossa confiança. Ao contrário dos homens, Ele nunca deixa de cumprir as Suas promessas. Você já parou pra pensar o quanto Deus age, mostrando seu amor e sua bondade em sua vida? Amém.