terça-feira, 5 de julho de 2022

 

TEXTO: LC 10.25-37

TEMA:  SEJAMOS MISERICORDIOSOS PARA COM O PRÓXIMO

Ainda, hoje, temos dificuldades de expressar o verdadeiro cristianismo de maneira concreta, no amor ao próximo, na ajuda ao necessitado, na assistência social. Todavia, Jesus não deixa dúvidas sobre esta necessidade ao contar a parábola do bom samaritano, ao intérprete da lei, quando este se levantou para por Jesus à prova: Que farei para herdar a vida eterna? Jesus responde: Que está escrito na Lei? O intérprete responde citando o resumo das duas tábuas da Lei: o amor de Deus e ao próximo. Faze isto, e viverás. Esta é a resposta de Jesus. Entretanto, o intérprete tentando justificar-se, pergunta: Quem é meu próximo? Jesus responde ao contar a história do Bom Samaritano, conclamando a cada cristão a seguir o exemplo do Bom Samaritano. A cada um de nós, Jesus diz: Sê misericordioso. Ser misericordioso significa passar por perto do necessitado. Compadecer-se do necessitado. Cuidar das necessidades do necessitado.

Jesus inicia dizendo que certo homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado. Os salteadores haviam atacado, maltratado e roubado, deixando quase morto à beira do caminho. Um sacerdote e um levita seguiam pela mesma estrada. O sacerdote constituía o clero e ministrava no templo em Jerusalém. O levita era israelita da tribo de Levi. Essa tribo foi escolhida por Deus para cuidar do templo e guiar o povo na adoração a Deus. Os dois tinham profundo conhecimento sobre a religião. Portanto, o sacerdote e o levita deveriam exercitar seu amor por alguém que precisava de ajuda, uma vez já que tinham o conhecimento da vontade de Deus. Eles sabiam o que tinham de fazer. Mas não foi esta a atitude desses homens. O texto afirma que ao verem a situação daquele homem, “passaram de largo”. A expressão significa passar longe de qualquer lugar ou coisa, ignorando o acontecimento. Enfim, decidiram não socorrer o homem, passando pelo outro lado da estrada, para garantir uma distância adequada do desconhecido.

Muitas desculpas e dúvidas surgiram na mente daqueles homens. O sacerdote achou que precisava preocupar-se com as regras do cerimonial das purificações. O levita reagiu de forma semelhante e evitou o contato com a vítima desafortunada. Talvez pensassem: Não conheço este homem; não tenho tempo para socorrê-lo, é um estrangeiro. Além do mais este lugar é perigoso. Desta forma, não viram naquele homem ferido a oportunidade que Deus estava lhes promovendo para exercerem a misericórdia que Ele demonstrou pela humanidade. Para aqueles homens era grande a ocasião para pôr em prática a caridade, prestar auxílio e pregar o amor. No entanto, não o fizeram. “Passaram de largo”. Deixaram o pobre homem ali sem ajudá-lo. Não quiseram envolver-se; continuaram indiferentes, como se nada tivesse acontecido.

Encontramos tantas pessoas caídas nas estradas, assaltadas, espancadas. E quais são as nossas desculpas? Será que não agimos da mesma forma? É evidente que sim! Uma atitude que é muito comum entre nós. Na verdade, alguns nem percebem as diversas e grandes oportunidades que Deus coloca em seu caminho; outros querem uma oportunidade especial para demostrar o seu amor ao próximo. Assim, continuam no seu indiferentismo e passando de largo como o sacerdote e o levita, desprezando a oportunidade que Deus oferece para exercer misericórdia. Só quem ama Deus com todo o seu ser, é capacitado para o amor ao próximo, para vencer todas as barreiras de preconceito, egoísmo, impaciência e falta de compromisso. Este entenderá o amor como uma forma de servir sem esperar recompensa. Entenderá que Jesus o ama e também deve amar quem está por perto.

De repente surge ajuda a aquele homem que fora atacado, maltratado e roubado, que estava quase morto à beira do caminho. O texto afirma: “Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele”. (v.33). Aquele samaritano teve enorme compaixão ao ver a grande necessidade da vítima. Mesmo diante do perigo, ele não pensou muito, mas simplesmente fez, o que o amor de Deus o constrange a fazer. Ele se aproxima e se compadece naquele homem ferido e demonstra o amor ao próximo. A palavra “compaixão” na Bíblia significa “ter misericórdia, sentir compaixão e ter pena”. É identificar-se com a dor e o sofrimento da pessoa necessitada e, ao mesmo tempo, aliviá-la desta dor e sofrimento com os recursos ao nosso dispor. 

O grande exemplo da verdadeira compaixão, encontramos na atitude de Jesus. Ele exemplificou a Sua compaixão em vários momentos durante o seu ministério. A morte do filho da viúva de Naim, por exemplo. O texto diz que o Senhor se compadeceu dela e lhe disse: Não chores! E em seguida, ressuscitou o filho morto, o único filho da viúva (Lc. 11-15). Quando Jesus viu Seus amigos chorando no túmulo de Lázaro, sentiu compaixão deles e chorou ao seu lado (João 11.33-35). Jesus curou as grandes multidões que vieram a Ele (Mateus 14.14), bem como indivíduos que buscavam a Sua cura (Marcos 1.40-41). Estes exemplos de Jesus nos mostram o quanto Deus é compassivo e cheio de graça, paciente e grande em misericórdia e em verdade. Sua compaixão é infinita e eterna. Suas misericórdias nunca falham. Elas se renovam a cada manhã (Lamentações 3.22-23).

Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? O intérprete da Lei, respondeu: o que usou de misericórdia. De fato, quem usou de misericórdia foi o samaritano. E por causa da sua compaixão, ele toma algumas atitudes concretas: ali no próprio local, faz os primeiros curativos com vinho e óleo, usando medicamentos normais da época. Cuidadosamente o colocou sobre o seu animal e levou até uma hospedaria, onde no dia seguinte paga pelos gastos e adianta dinheiro para os gastos que o hospedeiro ainda teria com o ferido. (vv.34 e 35). Ele não pensou em si, mas na necessidade do próximo. Todos estes serviços definem o verdadeiro amor como algo sem limites. Revela que o verdadeiro amor não conhece fronteiras. Como se observa, ser misericordioso envolve sacrifício, compartilhar os sofrimentos, andar a pé, deixar o animal para o outro, pagar pelas despesas. Mas será que nos compadeçamos, assim, dos necessitados? Será que nos condoemos das fraquezas e limitações uns dos outros? Será que há compaixão verdadeira no relacionamento com o próximo?

São sobre estas coisas que precisamos refletir. Olhar para Jesus quando esteve nesse mundo. Ele sempre demostrou misericórdia. Ele dava pão aos famintos, saúde aos doentes, consolo aos aflitos. Por fim deu sua vida. Hoje, Deus ainda continua usando esta misericórdia. Ele continua nos abençoando ricamente. Recebemos inúmeras bênçãos do Pai Celestial. Ele perdoa os nossos pecados, busca os pecadores arrependimento, se compadece dos necessitados e fortalece a nossa fé. Sendo assim, Ele nos convida a praticarmos esta misericórdia em relação ao nosso próximo. Ele quer que coloquemos a serviço do próximo as nossas forças, habilidades, a nossa ajuda ao próximo, da mesma forma como o Pai é misericordioso. Esta é a recomendação de Jesus: “Vai e procede tu de igual modo”. (v.37). Proceder significa a ação daquilo que segue, que continua, mas também pode indicar um comportamento, uma forma de agir. Deus requer de nós uma atitude de amor ao próximo. O mundo precisa da nossa misericórdia para com os necessitados, daqueles que precisam do afeto, do carinho, do amor. Peça a Deus para tornar seu coração sensível a outras pessoas, sentindo misericórdia de seu sofrimento.

Hoje, somos desafiados a nos perguntar: Quem é meu próximo? Pergunta que deve ser feita a cada um de nós, cuja resposta deve ser dada com atitudes concretas e não somente com meras palavras, pois vivemos num mundo dominado pela cultura do interesse próprio, do materialismo e da exaltação do eu, pessoas que ignoram os interesses do seu próximo. Sendo assim, precisamos tirar o foco de nós, dos nossos interesses, desejos e olharmos para os interesses e necessidades de nosso próximo. Por isso, o cristão nunca pode passar ao largo, como fizeram o sacerdote e o Levita, pois neste mesmo mundo encontramos pessoas precisando de ajuda; pessoas cobertas de dor pela falta de compreensão, de carinho e de amor; feridas por terem sofrido humilhações que vão contra a dignidade humana.

Estimados, irmãos! Sejamos, pois, misericordiosos! Coloquemos em prática o que disse Jesus. Façamos como fez o samaritano. Só assim, estaremos amando de verdade. Portanto, “Vai, e procede tu de igual modo”. Amém.

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