quinta-feira, 27 de outubro de 2022

 

TEXTO: RM. 1.17

TEMA: COMO POSSO ENCONTRAR UM DEUS MISERICORDIOSO?

No dia de hoje lembramos a Reforma realizada pelo Dr. Martinho Lutero, iniciada no dia 31 de outubro de 1517 quando afixou as 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha. Tantos anos se passaram, e ainda guardamos na memória os grandes acontecimentos que marcaram a História, que movimentou o mundo religioso, cultural, político e econômico da época. Mas será que as pessoas sabem quem foi Lutero? Será que os luteranos conhecem o legado que Lutero deixou? Conhecem as suas obras? Para muitas pessoas, Lutero continua sendo um desconhecido ou, no máximo um monge rebelde que protestou contra a Igreja e que abandonou o convento, porque queria casar. Outros afirmam que Lutero foi um antissemita, perseguiu os judeus. Afirmam ainda que, ao mesmo tempo em que Lutero apresentava sólida argumentação teológica, exegética e histórica, também se utilizava de frases, figuras e exemplos do cotidiano, muitos dos quais eram preconceituosos e agressivos contra os acusadores. E por fim, tem aqueles que afirmam que os seus vícios, às vezes, eram mais visíveis do que as virtudes. 

No entanto, para outros, ele deixa de ser um desconhecido, pois ocupa espaço nos estudos   de muitos acadêmicos e graduados de diversas áreas do conhecimento humano, ou seja, da teologia, da política, da economia e da cultura. Além disso, as obras de Lutero têm despertado interesse. São obras que têm fascinado estudiosos. Na qualidade de teólogo, pregador, conselheiro espiritual, poeta de hinos e orador, Lutero deu testemunho da mensagem bíblica a respeito da salvação em Cristo Jesus, levando às pessoas através das suas mensagens, o consolo e o cuidado aos necessitados. É de se admirar a coragem que ele teve de manifestar seus sentimentos, de forma tão obstinada numa época de terror em que a inquisição perseguia, e condenava pessoas à morte de forma arbitrária e impiedosa.

Indiscutivelmente, a Reforma está entre os acontecimentos incisivos na História alemã, europeia e mundial. Por isso, há bons motivos para recordar a Reforma por ocasião dos 505 anos do aniversário da “divulgação das teses”, pois ela foi importante revolução cultural e histórico-religiosa. Ela influenciou tanto a língua alemã, como teve efeitos também sobre a música e a arte. Deu impulsos importantes ao setor educacional e criou as bases para a participação social e política. Como se observa, Lutero desempenhou um papel de tremenda importância na transformação da igreja e da sociedade medieval, que teve efeitos duradouros, e que ainda se mostram na atualidade. 

Entretanto, não vamos nos deter no legado que Lutero deixou para humanidade, uma vez que as suas obras são extensas. Mas vamos refletir sobre a situação espiritual que vivia o povo naquela época. A Idade Média se caracterizou por um profundo desprezo à fiel pregação da Palavra de Deus por parte dos clérigos da igreja romana. As pessoas acreditavam em bruxarias, eram cheias de superstições e só ouviam falar de Jesus como Juiz irado e não como o amoroso Salvador. Além disso, o que mais perturbava o povo na época, era a venda das indulgências. Por outro lado, as obras desempenhavam o papel principal no ensinamento dos mestres e professores daquela época. O relacionamento entre homem e Deus, era através das boas obras. Diante deste ensinamento, Lutero vivia preocupado: “Como posso encontrar misericordioso?”

I

 Lutero foi um jovem educado nas verdades cristãs. Ele conhecia sobre Deus, pois a igreja o lembrava, constantemente, sobre a existência do Deus Criador, mantenedor e justo. Ele conhecia os mandamentos de Deus. Os dez mandamentos lhe foram incutidos no lar, na escola e na igreja. Ele conhecia Jesus, o Filho de Deus, Salvador. No entanto, todas estas verdades foram lhe ensinadas com um enfoque na lei de Deus. Na verdade, foi educado sob o rigor baseado na lei de Deus. Na medida em que crescia e meditava na lei, crescia também o pavor diante do Santo e justo Deus. A lei despertou no coração de Lutero a pergunta: “Como conseguirei um Deus misericordioso?”

Esta era a pergunta vital que atormentava Lutero. A pergunta que pairava na mente de todas as pessoas da época. É a pergunta da humanidade ainda nos dias de hoje. O homem de hoje também pergunta, uma vez que a nossa geração não está longe dos costumes, crenças e preocupações que havia no tempo de Lutero. A maioria das igrejas tem pregado sobre prosperidade no lugar de arrependimento. Têm pregado curas e milagres em lugar de novo nascimento. Têm pregado psicologia de autoajuda, em lugar de ajuda do alto. Têm pregado um antropocentrismo idolátrico, em vez de pregar a soberania de Deus, a centralidade de Cristo e o poder do Espírito Santo. Muitos pregadores inescrupulosos, em busca de resultados imediatos ou até mesmo de lucro, mudam a mensagem, e acrescentam práticas místicas como água ungida sobre o rádio, rosa ungida, cair no espírito e coisas semelhantes, levando o povo a colocar sua confiança em amuletos e coisas de nenhum valor aos olhos de Deus. Alguns segmentos da igreja contemporânea perdeu o foco quando abraçou o liberalismo teológico de um lado e o misticismo por outro

Como conseguirei um Deus misericordioso? Quando Lutero interrogava e queria resposta, a igreja tentava sufocar tal pergunta ou respondia levianamente: cumpre a lei e as ordens da igreja. Mas se você quer ter plena certeza do perdão, torne-se monge. Lutero tentou o caminho das obras ensinadas pela igreja. Certo dia, ao regressar da casa de seu pai, foi surpreendido por uma tempestade. Refugiou-se numa floresta. De repente, bem perto dele, um raio atingiu uma árvore, que se partiu ao meio. Lutero, apavorado, temendo a morte e o juízo de Deus, exclamou: “Santa Ana, valei-me! Far-me-ei monge, se me for poupada a vida.” De volta a Erfurt, tratou de cumprir sua promessa. E contra a vontade de seus pais, professores e muitos amigos, entrou no mosteiro. E naquele lugar, pensava em buscar a perfeição. Estudou e orou muito. Mendigou. Flagelou-se até desmaiar. Tornou-se sacerdote.

Entretanto, a paz da alma parecia-lhe cada vez mais distante. Lutero confessou: “Por mais que me dedicasse e buscasse a Deus, eu não podia amar a este Deus que exige, ameaça e condena. Eu odiava a Deus.” Mesmo em todo a esse desespero, Lutero continuava lendo a Bíblia. Foi na Bíblia que Lutero descobriu o evangelho obscurecido desde a época dos discípulos. Ele ficou extremamente emocionado com essa descoberta:Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando de dia e de noite, dei atenção ao contexto das palavras, a saber:  'O justo viverá pela fé.' Então comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, em outras palavras, pela fé. Aí toda a escritura me mostrou uma face totalmente diferente. (...) Assim como antes eu havia odiado violentamente a frase “justiça de Deus”, com igual intensidade de amor eu agora a estimava como a mais querida. Assim esta passagem de Paulo de fato foi para mim a porta do paraíso.”

                                                             II

Quando Lutero viu que o homem é salvo pela graça de Deus, revoltou-se contra os abusos da Igreja e escreveu as 95 teses. Foram afixadas no dia 31 de outubro de 1517, na porta da capela da cidade de Wittenberg na Alemanha. As quais versavam principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé. Martinho Lutero provocou mudanças profundas ao denunciar esta situação. Sendo assim, esta verdade, que Lutero descobriu, precisava ser anunciada.  Precisava ser proclamado que “o justo viverá pela fé” e não pelas suas riquezas, ou por posição social, e nem pelas boas obras. De fato, esta notícia se espalhou rapidamente pelo mundo católico europeu. Em apenas duas semanas, as teses foram traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. De tal forma que, se espalhou por toda a região da Alemanha e, nos próximos dois meses, conquistou toda a Europa. Começava ali uma luta, o empenho firme e decidido baseado em três grandes pilares: Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura. Este assunto foi o centro da Reforma e seu mais precioso legado à cristandade.

Lutero encontrou esta verdade do evangelho autêntico em Romanos 1, versos 16 e 17: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.16 -17). Ele encontrou ainda a certeza de que não há como alguém merecer o favor de Deus por causa de alguma coisa que faz. Mas a única forma de alguém obter o favor Deus é através da fé em Jesus Cristo; que é através da fé em Jesus que os pecados são perdoados por Deus. Este entendimento, conhecido como a doutrina da justificação pela fé, tornou-se um dos pilares do pensamento religioso de Lutero. Até ao fim da sua existência, Lutero quer como monge como professor, quer como pastor, sempre considerou a Sagrada Escritura como a fonte autêntica da verdade para todos os aspectos da vida do homem e da sociedade

Assim como Deus agiu na História, através de Lutero, ocasionando a Reforma, Deus também quer usar a cada um de nós, para transmitir a sua mensagem ao mundo e mostrar ao nosso próximo que o “justo vive pela fé”. Também é um momento para agradecermos porque temos a Palavra de Deus e as Confissões Luteranas que expõem a Escritura com clareza, cujo resumo conhecemos no Catecismo Menor. Nossa liturgia e nossos hinos nos transmitem o doce evangelho, bem como assim nossos devocionais. Nosso pedido e nossa súplica é que Deus, por sua misericórdia nos conserve firmes e fiéis às Sagradas Escrituras. Nesse mundo de tantas tentações, de tantas adequações e tantas acomodações, que Ele jamais permita que o liberalismo, costumes, praxes, tradições e ou adaptações deste mundo, se sobreponham a verdade única e absoluta da Bíblia Sagrada. Hoje louvamos a Deus, porque depois de 505 anos, ainda continuamos pregando, confessando e proclamando que o “Justo viverá por fé.” 

Portanto, pedimos a Deus que nos faça crescer no consolo da graça, nos mantenha firme na fé, no amor à sua palavra e nos capacite para nossa missão. Na missão de anunciar que o “justo viverá pela fé”. Amém!

 


sábado, 22 de outubro de 2022

 

TEXTO:LC 19.1-10

TEMA: JESUS VEIO BUSCAR E SALVAR O PERDIDO

 Jesus, em toda a sua vida aqui na terra, tinha um só propósito e objetivo: Ele veio buscar e salvar o perdido, pois o homem se perdeu desde o jardim do Éden! Ele se afastou de Deus, e a consequência foi desastrosa: o homem separou-se da presença de Deus e estava condenado à morte espiritual. Romanos 6.23 nos diz “que o salário do pecado é a morte…”. O apóstolo Paulo afirma em Romanos 3.23: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Sendo assim, todos os homens, sem nenhuma distinção, de raça ou cor, nacionalidade ou sexo, se encontram num estado de total perdição por causa do pecado.

No entanto, Deus vai em busca do homem para salvá-lo e resgatá-lo do pecado através de seu Filho Jesus Cristo. Ele veio resgatar aqueles que se encontram em total perdição por causa dos seus pecados. Eis a razão, porque Jesus afirma que a sua missão foi “… buscar e salvar o perdido”. De fato, Ele sempre tomou a iniciativa de ir em busca das pessoas separadas dele, porque ama e veio para salvar a todos. Jesus também veio “buscar e salvar” Zaqueu, um homem odiado, marginalizado e desprezado por todos. Ele era um pecador, alguém que não se importava com as coisas de Deus, com os que estavam ao seu redor. Mas entendeu que somente através de Jesus, poderia alcançar o perdão e a salvação. Somente por meio de Jesus receberia pela fé o dom gratuito de Deus, a Vida eterna em Cristo Jesus. Ele se arrependeu, deixou-se transformar pelo amor de Deus e tornou-se um homem generoso, capaz de partilhar os seus bens.

E nós? Estamos indo em busca dos perdidos? Como nós temos desempenhado a nossa função de resgatar vidas? Como discípulos de Cristo nossa missão é a de buscar aqueles que vivem separados de Deus. Buscar com insistência. Buscar com amor.

Jesus estava viajando para Jerusalém, ao passar por Jericó, encontrou um homem chamado Zaqueu. Era maioral dos publicanos, isto é, era funcionário público graduado, chefe dos coletores de impostos da cidade de Jericó. Sendo cobrador de impostos, Zaqueu, retinha uma parte da arrecadação para si e repassava ao governo romano, apenas a parte estipulada no contrato. Esse seu trabalho causava uma impopularidade e até indignação da parte dos judeus, pois era considerado explorador, corrupto, gentio, pecador. Mas Zaqueu, mesmo sendo odiado, recriminado e desprezado pelo povo, que não simpatizava com seu serviço, não perdeu a oportunidade de ver Jesus. Ele queria ter um encontro com Jesus.

No entanto, Zaqueu não conseguia ver o Mestre, porque era de “pequena estatura, e não conseguia, por causa da multidão.” (v.3). Este foi o primeiro obstáculo que teve que enfrentar para ver Jesus. Sua pequena estatura colocava-o em desvantagem diante da multidão. Mesmo saltando, talvez não conseguisse vê-lo. Se entrasse no meio do povo, corria o risco de ser pisoteado, pelo fato de ser discriminado pelos seus compatriotas, pois era “inimigo público do povo”. O segundo obstáculo estava relacionado à sua posição de publicano. Como funcionário público, não tinha boa reputação, pois era explorador. Para os judeus ele era um pecador, e não poderia se aproximar de Jesus.

O terceiro obstáculo era a sua própria posição social. Imaginem: Zaqueu, deveria se apresentar a Jesus como um chefe dos publicanos, homem rico, de alta posição social, mas escolheu uma forma vergonhosa para ver Jesus: subindo em uma árvore. Mas ele não fez caso de tudo isto. Preferiu antes empreender todos os esforços para o seu encontro com o Senhor. Apesar da dificuldade, não se deu por vencido. Não desistiu! Transpôs os obstáculos. Teve uma ótima ideia: subiu num sicômoro, uma figueira brava, que ficava no caminho que Jesus ia percorrer. Mesmo sendo um homem público, Zaqueu se dispôs a subir em uma árvore no meio de uma multidão, ignorando o que as pessoas poderiam pensar ou comentar, pois o seu objetivo era ver Jesus. Quais são os obstáculos que estão em seu caminho e que impedem você de conhecer o Filho de Deus? A sua posição social? Religião? Riqueza. É preciso que você rompa com quaisquer obstáculos que possam estar à sua frente e que você corra para Jesus!

Por que será que Zaqueu, procurou ver Jesus? Ele não estava enfermo, endemoninhado, desempregado, nem tinha problema financeiro. Não se encontrava em nenhuma das situações que normalmente levavam as pessoas a procurarem Jesus. Talvez buscasse novas experiências e aprendizados para acrescentar a sua vida. Talvez pretendesse ver Jesus para “matar” a curiosidade. Afinal, a fama de Jesus era tão grande que Zaqueu queria pelo menos ter visto o homem, de quem tanto era falado na época. Talvez no seu interior sofria com o isolamento, ao descobriu que o dinheiro não podia comprar o amor. Na verdade, Zaqueu demonstrou interesse em ver Jesus. Por isso procurou os meios através dos quais poderia alcançar seu objetivo. O fato é que Jesus o procurou. Ele olha para cima, chama Zaqueu pelo nome e diz que deseja ir para a casa dele: “Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.” (v.5). Aqui Jesus manifesta seu soberano poder. Ele achou Zaqueu, e o chamou com aquele chamado poderoso e eficaz que faz os cegos ver, os coxos andar, os surdos ouvir e os mortos ressuscitar. É a voz do bom Pastor. Zaqueu não inventa nenhuma desculpa. Não ficou constrangido, ao contrário, desceu depressa e levou Jesus para sua casa.

Jesus rompeu as barreiras do preconceito ao se hospedar naquela casa. Ele não queria apenas um contato casual na rua, mas uma comunhão mais íntima no aconchego do lar. Mas o fato de Jesus ter se hospedado na casa de Zaqueu, muitos começaram a murmurar e reprovaram atitude de Jesus: “Todos os que viram isto, murmuravam, dizendo que ele se hospedara com um pecador.” (v.7). Todos que ali estavam murmuravam, porque Jesus se hospedara com homem pecador. Simplesmente não conseguem aceitar que o Filho do Homem tenha vindo para buscar e salvar os perdidos. Mas Jesus não diz nada. O que ele faz, diz tudo. Ele senta-se à mesa de Zaqueu e come com ele. Ao entrar na casa de Zaqueu, Jesus participa de sua vida, passou a conhecê-lo em sua intimidade e encontrou ali um homem sofrido, discriminado por todos, solitário, desanimado, um pecador carente e necessitado. O que Zaqueu precisava era de um encontro com Deus para mudar a sua vida e lhe trazer salvação, e isso o dinheiro não pode fazer, somente Jesus.

O encontro com Jesus gerou mudança na vida de Zaqueu, que, espontaneamente, tomou a decisão de restituir o que desfraldou e doar aos pobres parte dos seus bens: “Senhor resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens; e se em alguma coisa tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais”. (v.8). Diante dessa atitude, Jesus respondeu dizendo que a salvação tinha chegado nesse dia à casa de Zaqueu (v.9). Houve mudança de mente, de valores, de propósito, na vida de Zaqueu. Ele se arrependeu, e Jesus lhe perdoou os pecados e lhe garantiu salvação. A partir daquele encontro, Zaqueu não era mais o mesmo, o dinheiro não era mais o seu senhor, ele estava abandonando os seus pecados e se dispondo a reparar os seus erros. Ao enfatizar que houve salvação na casa de Zaqueu, Jesus destaca que ele também era filho de Abraão.

A afirmação de Jesus deixa bem claro que toda sua vida aqui na terra tinha um só propósito e objetivo: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o perdido.” (v.10). Ele veio buscar e salvar o perdido, pois o homem se perdeu desde o jardim do Éden! Ele se afastou de Deus, e a consequência foi desastrosa: o homem separou-se da presença de Deus e estava condenado à morte espiritual. Romanos 6.23 nos diz “que o salário do pecado é a morte…”. O apóstolo Paulo afirma em Romanos 3.23: “pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”. Sendo assim, todos os homens, sem nenhuma distinção, de raça ou cor, nacionalidade ou sexo, se encontram num estado de total perdição por causa do pecado.

 No entanto, Cristo veio resgatar aqueles que se encontram em total perdição por causa dos seus pecados. Eis a razão, porque Jesus afirma que a sua missão foi “… buscar e salvar o perdido”. De fato, Ele sempre tomou a iniciativa de ir em busca das pessoas separadas dele, porque ama e veio para salvar a todos. Hoje, Jesus continua com o mesmo propósito. Ele chama você ao arrependimento, Ele chama você à salvação. Ele deseja entrar em sua casa. E nós? Estamos indo em busca dos perdidos? Como nós temos desempenhado a nossa função de resgatar vidas? Quais são os obstáculos que estão em nosso caminho e que nos impedem de conhecer o Filho de Deus? A as nossas posições sociais? Religião? Riqueza. É preciso que rompemos com quaisquer obstáculos que possam estar à nossa frente, e corremos para Jesus, como fez Zaqueu.

Portanto, como discípulos de Cristo nossa missão é a de buscar aqueles que vivem separados de Deus. Buscar com insistência. Buscar com amor. Amém!

 

TEXTO: SL 130

TEMA: NO SENHOR ENCONTRAMOS O PERDÃO

O Salmo 130 é considerado um salmo de romagem, ou cântico de subida. Era cantado enquanto o povo caminhava em direção ao templo, se preparando para adorar ao Senhor. Ele relata a situação de uma pessoa que ora, suplicando perdão ao Senhor pelos seus pecados. Assim, como o salmista aguardava uma declaração de perdão por parte do Senhor, esperando por uma palavra de absolvição, também temos a possibilidade de apresentarmos nossas súplicas e esperarmos por uma palavra de perdão da parte do Senhor, pois no Senhor encontramos este perdão. Por isso, peçamos ao Senhor que ouça a nossa súplica, pois Ele quem nos redime de todas as nossas iniquidades.

Davi inicia este salmo ao expressar todo o seu sofrimento que estava enfrentando. Havia uma profunda angústia na vida do salmista, que o levou a clamar: “Das profundezas clamo a ti, senhor”. (v.1). O fato de pedir socorro demonstra a profundidade de seu sofrimento. Mas o que significa profundezas? Refere-se a uma metáfora usada pelo salmista para explicar a sua situação. Das profundezas no texto se referem literalmente as águas profundas, abismo, os lugares mais obscuros e sombrios. Traz a ideia de aflição, miséria total, dor, solidão e sofrimento; situação de desespero, frustração, derrota. Enfim, de insegurança profunda, fracasso e desespero, de certeza onde a vida parece que está a um fio da morte ou do fim de sua existência.

Que situação horrível estava vivendo Davi! Na verdade, ele não estava falando dos seus problemas no dia a dia, mas de seu afastamento de Deus por causa de seus pecados. O pecado o causava aflição, culpa e amargura. Por isso, se sentiu angustiado porque todos seus pensamentos estavam concentrados em como Deus iria tratar seu pecado, uma vez que estava em falta com Deus, e Deus estava cobrando um perfeito arrependimento de seu servo. Ele não tinha outra opção. Precisava do socorro do Senhor. Somente o perdão divino poderia tirá-lo do mais profundo abismo. Neste momento, ele entende que não basta só clamar. Era preciso orar: “Escuta Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas”. (v.2).

Constantemente também passamos por grandes tribulações, profundezas espirituais, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão e a nossa negligência espiritual. Mas como sair das profundezas? Clamando ao Senhor! Deus quer nos tirar das profundezas e renovar o nosso coração Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o Senhor, o único que pode nos salvar, e clamar por socorro, pois temos um Deus em quem nós podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Por isso, clame pelo socorro do Senhor e ele te ouvirá e virá ao teu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em tua vida.

Davi sabia que se não fosse a misericórdia do Senhor nem ele mesmo estaria vivo. Ele mesmo afirma: “Se observardes, Senhor, as iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (v.3). Se tivesse que prestar contas de cada pecado que cometeu, e se Deus anotasse e o castigasse por todos os pecados, como poderia subsistir diante dele?  Quem, Senhor, subsistirá? É a pergunta que Davi faz. A resposta é: Ninguém. Porque o pecado mata. Ninguém subsiste a ele. Mas Davi tem uma notícia maravilhosa: “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam”. (v.4). Por isso, para o salmista a única solução está no perdão, e o perdão só pode ser alcançado no Senhor. Deus lhes apagará do coração todas as suas transgressões. Não porque merecia, mas somente porque Deus é gracioso.

Assim como o salmista, todos nós precisamos ter a consciência de que somos pecadores. É preciso reconhecer que sem a misericórdia do Senhor nenhum de nós resistiria. “Não há quem faça o bem, não há nem se quer um”, “Não há justo, nem um sequer”, estas afirmações devem estar sempre diante de nós para que nunca o orgulho ou a presunção de que somos melhores que os outros tomem conta de nossas mentes. Quando reconheçamos os nossos pecados e pedimos perdão ao Senhor, há paz em nosso coração. Por mais graves que sejam as ofensas cometidas contra Deus, você pode ter certeza absoluta de que Deus ouvirá e atenderá a tua oração, se você se aproximar do Senhor com humildade, reconhecendo as faltas e pedir perdão. Você já experimentou esta paz em seu coração?

Depois de buscar ajuda no Senhor, o salmista se mostra paciente. Confia e espera na palavra do Senhor. (v.5). A palavra do Senhor é a esperança para quem vive nas profundezas. Ninguém que espera em Deus, permanece nas "profundezas." O apóstolo Pedro, numa ocasião, fez uma pergunta a Jesus: Para quem iremos? Ele apresenta dois motivos da sua permanência em Jesus. Primeiro: “Tu tens as palavras da vida eterna”. (v.68b). Pedro respondeu com uma confissão de fé. Só Jesus tem as palavras da vida eterna. Segundo motivo para permanecer em Jesus, Pedro conclui com uma lúdica verdade: “nós temos crido e conhecido que tu és o santo de Deus”. (v.68c).

Esta foi a decisão firmada com tanta convicção, o caminho que Pedro tomou. O que tinha ouvido e visto na companhia de Jesus, o convenceu que valia a pena ficar com ele, e ouvir as suas palavras.  Palavras que não mentem, não enganam e não falham; é a verdade infalível e imutável.  Palavras que anunciam pleno perdão de todas as nossas transgressões. Que nos asseguram a vida eterna nas mansões celestiais. Por isso, ao sabermos que Jesus tem as palavras da vida eterna, é importante dizer que não temos outro refúgio nos momentos de angústia do que a presença de Jesus, porque somente Ele é o Deus que nos pode socorrer. Os ídolos criados pelo homem não falam, não respondem. Também não é na ciência e na filosofia que o homem encontra a salvação. Mas unicamente no Cristo que tem as palavras da vida eterna. Portanto, seria um absurdo voltar a seguir outros caminhos ou buscar outras pessoas para nos tirar das “profundezas”.

O salmista, agora, demonstra uma imensa vontade e anseio de ter uma vida de relacionamento diário com Deus. Ele afirma: “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã”. (v.6). A expressão “minha alma anseia” significa desejar ardentemente. A sua alma estava sedenta em buscar os caminhos de Deus, de nunca desistir. Esta sua atitude, ele compara com os guardas ou sentinelas que vigiavam durante a noite, que viviam momentos de preocupação com os perigos dos invasores durante a noite. Mas sentiam-se aliviados quando chegava o novo dia! Eles não desistiam! Dessa forma, o salmista desejava ansiosamente a chegada do perdão de Deus, que traria imenso alívio.

Portanto, salmista recebeu aquilo que pediu. O perigo teria passado, e a sua comunhão com o Senhor seria restaurada, porque ele sabia que em Deus encontraria misericórdia e ampla redenção. Ele não se encontra mais nas profundezas. Agora, ele pode, por sua vez, exortar e incentivar o povo de Israel a pôr sua esperança no Senhor. Ele dá testemunho de que no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção. (v. 7). Se ele próprio não tivesse sido atendido por Deus, ele jamais exortaria seu povo a ter confiança em Deus. Ele não tem dúvida alguma de que o Deus que o redimiu, redimirá também o povo de Israel. E tem certeza de que o Senhor, assim como não o abandonou, tampouco abandonará o povo.

É assim que devemos desejar a ajuda do Senhor. Esperar com paciência e ter perseverança. A palavra esperar pode parecer difícil, às vezes, até perdemos a paciência esperando por alguma coisa, mas há uma espera que vale a pena: esperar no Senhor. Quaisquer que sejam nossas necessidades, circunstâncias e problemas, nossa primeira solução deve ser esperar no Senhor e em seu auxilio. Devemos ser pacientes e esperar plenamente no Senhor. Por isso, é tempo de buscar o Senhor!

 Precisamos reconhecer nossa fragilidade, nosso pecado, nossas iniquidades, e corrermos na direção de Deus e implorar pelo perdão! Por isso, clame pelo socorro do Senhor e ele te ouvirá e virá ao seu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em sua vida. Amém!

terça-feira, 18 de outubro de 2022

 

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TEXTO: LC. 18.9.14

TEMA: A CONFIANÇA DO HOMEM EM SEUS MÉRITOS

Vivemos numa sociedade em que o homem gosta de ser aclamado, reconhecido pelo que faz e de receber aplausos. Enfrenta desafios em busca da fama, do status, da honra, do poder, do sucesso. O que prevalece é a sua confiança em seus méritos! Esta é a característica do homem no meio secular e profissional. Em si não está errado! No entanto, o grande problema é quando transformamos estes méritos no maior objetivo de nossa vida, e esquecemos de Deus. Brigamos por poder, mérito, reconhecimento e não vivemos o Evangelho da graça, do mérito de Cristo. Mas Jesus nos exorta quando, assim, procedemos: "Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?" (Mateus 16.26).

No tempo de Jesus, havia certos homens que agiam desta forma, gostavam de expor os seus méritos. Julgavam a si mesmo perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos e autojustiça. Eram egocêntricos, arrogantes e não reconheciam seus erros. Consideravam-se pessoas puras de coração. Confiavam nas suas proezas e boas obras que realizavam. Mostravam o quanto estava tão distante de Deus. Homens idênticos aos fariseus existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que estes tipos de homens estão presentes no contexto da própria igreja. Hoje, encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder político, status social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser aplaudidos por aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos perante Deus por aquilo que oferecem à igreja.

Diariamente precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho e de Cristo, não busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou merecimentos humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si. A honra e aplausos são somente para Cristo. Também precisamos olhar para aquele publicano. Ele se apresenta humildemente diante de Deus, nada tem a oferecer de justiça própria. Apenas consciente de sua falta, e necessitado da misericórdia do Senhor. Ele confiou apenas na misericórdia de Deus, e não nos seus méritos.

Com quem você se parece? Um fariseu orgulhoso ou um publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu não encontra morada em seu coração?  Será que sua atitude e posicionamento de vida, agradam a Deus? Vamos refletir!

                                                                   I

A Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que devemos orar com atitude correta. A mensagem dessa parábola complementa o que foi transmitido nos versículos anteriores do mesmo capítulo, na Parábola do Juiz Iníquo, que ensina sobre a importância da perseverança e constância na oração. Assim, o significado central da mensagem transmitida por ambas as parábolas é que devemos orar constantemente e com humildade de espírito, pois é a verdadeira humildade que nos leva à exaltação. E para ilustrar esta questão, Jesus inicia afirmando que “uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros.” (v.9). Estes entendiam que haviam cumprido as exigências da lei de Deus, e, por isso, se consideravam justos perante o Senhor. No entanto, os outros que não eram justos e não agiam da mesma forma que eles, eram desprezados. Infelizmente o orgulho, a glória e o desprezo pelos outros estavam alojados no coração destas pessoas.

Diante desta atitude, Jesus afirma que dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu e um publicano. (v.10). Eram dois personagens tão contrastantes, contraditórios exteriormente. Estes dois personagens eram conhecidos entre o povo. O objetivo era o mesmo: vão ao templo para orar. Dirigir-se ao templo representava colocar-se na presença de Deus. O fariseu era conhecido como observador da lei. Ele se coloca de pé, ou seja, toma certa posição para orar, bem como um lugar de destaque onde todos pudessem vê-lo, e "orava de si para si mesmo". (v.11). Literalmente, esta expressão significa: "orava estas coisas para si". Isto indica que a sua principal atenção era dirigida a si mesmo. Não havia demonstração de reverência a Deus. Não havia manifestação de humildade. Não havia reconhecimento de sua posição, em relação com Aquele a quem estava se dirigindo. Em outras palavras, o fariseu estava falando de si consigo mesmo. Seus elogios eram dirigidos ao seu próprio ego.

A primeira atitude do fariseu em sua oração é agradecer a Deus pelo que ele é. (v. 11a). Demostra que era um homem justo, pois sempre cumpriu a lei, e, por isso, tinha direito à sua gratidão. Na verdade, tentava mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. No entanto, as palavras mais significativas na sua oração, ocorre quando se compara a outras pessoas: não sou como os demais homens, zombadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”. (v. 11b). Em suas palavras, ele elogiou a sim mesmo, e se considerava melhor que outros homens, melhor ainda que o publicano. E quando viu o publicano orando, também o incluiu em sua lista de desprezados. Isto podemos observar através do pronome demonstrativo αυτός (este), que traz a conotação de alguém que demonstra desprezo por outra pessoa.

Depois que enumerou uma lista de pecados que nunca cometera, ele apresenta, agora, uma lista de suas virtudes e perfeições. Exibiu seus grandes feitos como cumpridor da Lei. Na verdade, como um bom fariseu, ele se esforçou para enfatizar que ele fazia ainda mais do que a Lei mandava: “Senhor, eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (v.12). Aqui, também merece destaque o pronome pessoal εγώ: eu não sou como os demais homens... eu jejuo... eu dou o dízimo. Seus atos demonstram que era um indivíduo egocêntrico. Além disso, também se orgulhava de pagar o dizimo de tudo o que possuía, até mesmo daquilo que não era exigido.

Será que Deus agiu corretamente para com o fariseu? Afinal, ele fez a vontade de Deus. Cumpriu rigorosamente a lei. Eram pessoas devotas. Mas convém examinarmos a oração deste fariseu. Não havia demonstração de reverência a Deus em sua oração. Não havia petição. O que havia era uma apresentação de suas virtudes, uma demonstração de hipocrisia, uma apresentação convencida, orgulhosa, de suas virtudes em relação ao publicano. O que se conclui que a grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si mesmo, como méritos seus, e apresentá-los como dignos de justificação.  Na verdade, a sua oração não tinha destino correto. Ele não falava para Deus, mas para si mesmo. Ele elogiava a si mesmo. Nada pedia a Deus e nada, de fato, agradecia. Era mais do que uma recitação das supostas qualidades e obras do fariseu, uma tentativa de demonstrar a Deus que ele merecia a consideração divina.

Outro detalhe importante em sua oração, é que em momento algum, confessou seus pecados e mostrou arrependimento. Ao contrário disso, o fariseu parecia tentar mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. Era egocêntrico, arrogante e não reconhecia seus erros, pois julgava a si mesmo perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos, autojustiça, confiança nas suas proezas e nas boas coisas que realizava, e, por isso, não reconhecia a sua própria necessidade da graça de Deus. Sendo assim, não achou mal algum em sua alma, pensava que não necessitava do perdão de Deus, porque se considerava uma pessoa pura de coração. Mostrou o quanto estava distante de Deus, Mostrou o quanto adorava a si mesmo e não a Deus. Mas no julgamento de Jesus, ele não foi aprovado e nem desceu justificado para a sua casa

Homens idênticos aos fariseus existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que estes tipos de homens estão presentes no contexto da própria igreja. Hoje, encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder político, status social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser aplaudidos por aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos por aquilo que oferecem à igreja. Diariamente precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho e de Cristo, não busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou merecimentos humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si. A honra e aplausos são somente para Cristo. O que precisamos apenas é confiar na misericórdia de Deus, e não nos nossos méritos.

                                                          II

No entanto, a atitude do publicano é de humildade. Mas quem eram os publicanos? Os publicanos eram cobradores de impostos, que não raras vezes exploravam o povo, sendo considerado desprezíveis na época. Ele também faz a sua oração. Onde e como? Não ao pé do altar, mas de joelhos lá no fundo de templo onde ninguém poderia vê-lo.  Não desejo ser ouvido por ninguém, além de Deus. Não enumera os seus méritos, mas ciente de sua indignidade e culpabilidade, demonstrou uma atitude de humildade.  Ele não ousa levantar os olhos ao céu porque lamenta o seu pecado e reconhece a justiça de Deus. Sua percepção de Deus e de sua relação com Ele, não lhe permitiria levantar seus olhos, mas antes baixa sua cabeça. Ele bate no peito em sinal de contrição. Bate, implorando: “Ó Deus, sê propício de mim, pecador!” (v.13). O publicano nada tem a oferecer de justiça própria. Por isso, a sua oração é simples. Ele pede apenas compaixão de Deus. Ele confia apenas na misericórdia de Deus. Esta oração curta, simples, continha todos os ingredientes necessários para ser ouvida por Deus. Nesta sentença há um reconhecimento da misericórdia de Deus, um conhecimento do pecado, uma consciência de que sem o perdão do Pai Celeste, se acharia sem esperança.

Deus, ouviu as duas orações. Ele, agora, dá o seu parecer: “Digo-vos que o publicano desceu justificado para a sua casa e não o fariseu.” (v14). A palavra justificar significa declarar ou tratar como justo. Este publicano foi tanto perdoado como aprovado por Deus. Ele foi declarado justo por Deus por causa da obra expiadora de Cristo. Por outro lado, o fariseu não reconheceu nenhum pecado nem pediu perdão. Não experimentou o perdão e a graça de Deus. Por isso, precisamos saber que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei. Não é confiando nas coisas boas que realizamos neste mundo, que seremos justificados perante Deus. Precisamos, sim, saber que somos pecadores e merecemos a condenação eterna. Sabendo esta verdade ninguém poderá tomar outra atitude perante Deus, senão a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador”. Este é o tipo de oração que será aceitável para Deus. Quando estivermos dispostos a confessar e abandonar nossos pecados, encontraremos misericórdia.

Olhando para estes dois personagens, surge uma pergunta: Com quem você se parece? Um fariseu orgulhoso ou um publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu não encontra morada em seu coração? Será que com suas atitudes e posicionamentos de vida, agradam a Deus? Lembre-se: Não é o orgulho, posição, mérito ou ações próprias que farão mover a justiça de Deus em seu favor. Quantas obras aprovadas pelos homens que Deus rejeita? Quantas posições honradas pelos homens que Deus não reconhece? Quantos bons nomes que para Deus são puros e simples disfarce?

Um jovem, recém-formado em seu curso de Teologia, chegou ao púlpito, impecavelmente vestido e mostrando-se muito confiante em si mesmo. Ele começou a pregar o seu primeiro sermão naquela que era a sua primeira igreja e as palavras simplesmente não saíam. Sentindo-se envergonhado e derramando lágrimas, ele deixou a plataforma onde estava pregando. Duas senhoras, já idosas, que estavam sentadas na primeira fila da igreja, comentaram entre si: Se ele entrasse como ele saiu, ele sairia como ele entrou. Muitas vezes perdemos grandes bênçãos exatamente por nos julgarmos autossuficientes e por acharmos que não dependemos de Deus para nada.

O fariseu pensou que poderia se achegar diante de Deus com todo seu orgulho. Ele pensou que poderia ser justificado por suas boas-obras. No fim, Jesus diz:” todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” (v.14b). Essa declaração é uma clara advertência contra a soberba e o orgulho do homem. Em todas essas ocasiões, a ênfase de Jesus é em demonstrar a importância de um espírito humilde. Não faltam passagens bíblicas que reprovam o orgulho humano. Mas Jesus também diz que aquele que se humilhar será exaltado. Isso significa que aquele que se achega a Deus em humilhação, confessando seu pecado e reconhecendo que necessita da misericórdia e do perdão de Deus, receberá a graça divina. Foi exatamente isso que o publicano fez. Em sua oração ele apenas confessava ser um miserável pecador que necessitava de misericórdia. Ele humilhou-se a si mesmo, e foi exaltado, saído do Templo justificado.

Como você tem se chegado a Deus, como o fariseu ou como o publicano? Você tem procurando impressionar os homens ou servir a Deus humildemente? Tem confiando nos seus méritos ou em Deus? Diante desta reflexão, eu convido a todos a seguir os passos do publicano e dizer com toda a convicção: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Reconheço que não mereço nada da sua parte, a não ser castigo, sabendo disso, lhe peço compaixão, misericórdia pelo os meus pecados. Que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos auxilie, por sua misericórdia e graça, a termos sempre em mente a atitude de humildade do publicano. Amém.


segunda-feira, 17 de outubro de 2022

 

TEXTO: SL 50.1-15

TEMA: SEJAMOS VERDADEIROS ADORADORES AO SENHOR!

Hoje, em muitas igrejas a adoração transformou-se em show, em ativismo piedoso sem ligação com o próprio Senhor. Na verdade, a pregação das Escrituras não encontra mais espaço dentro de algumas igrejas de nossos dias. Elas perderam a essência do Evangelho para vender uma imagem de relevância à sociedade. Por isso, refletir sobre estas questões torna-se relevante, pois vivemos diante de uma situação em que a adoração a Deus tem sido um mero ritualismo vazio. Um conjunto de atos mecânicos que nada contribui para a edificação e nem para a glória do nosso Deus. Esta adoração Deus não se agrada.

Será que Deus está satisfeito com adoração que realizemos? Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo?  Este salmo contém todas as respostas para esses questionamentos. O salmista chama atenção do povo de Israel sobre a situação espiritual que estava vivendo. O próprio Senhor é quem, no salmo, os distingue e se manifesta diante da falsidade dos seguidores. Sendo assim, Deus coloca na boca do salmista as palavras de repreensão ao povo, que dava valor ao ritual do culto, mas desprezava a vida diária de louvor de todo coração. Ele toma a prática da adoração vigente e contrasta com os critérios do culto que Deus se agrada. Ele mostra quais são os critérios de Deus.

Não importa o quanto o homem tente inovar, imaginar ou criar supostas “adorações”, pois todas elas serão vistas por Deus como falsas e reprováveis. Sendo assim, Deus nos convida para sermos verdadeiros adoradores de uma maneira tão profunda, envolvendo todo nosso ser. Ele almeja que a nossa adoração seja genuína sempre fundamentada nos ensinamentos de Deus, conforme revelada nas Escrituras, e que esteja em conformidade com a sua vontade, pois não podemos adorar a Deus de qualquer maneira, mas em “espirito e verdade”. (João 4.23). Este deve ser o nosso procedimento.

                                                                   I

Salmo 50 inicia com a descrição do Senhor Deus, Criador dos céus e da terra, todo-poderoso, supremo e glorioso. É Ele quem fala. Não são homens nem anjos, mas é o próprio Senhor que tem o direito de convocar todos os habitantes da terra, desde o nascer do sol até onde ele se põe, para participar do tribunal de Deus, Isto significa que a convocação é para todo mundo, ou seja, para todas as terras, raça humana e classes sociais, bem como desde Sião, que é a excelência em formosura, cidade do grande Rei, o lugar e fonte da autoridade de Deus.  (v.2). Todos são convocados! Então, o Senhor virá para o julgamento. (v.3a).  O Novo Testamento declara o fato de que isso será feito pela vinda de seu Filho Jesus Cristo, para reunir as nações diante dele e pronunciar a sentença final sobre a humanidade. (Mateus 25.31; João 5.22).

Ele vem! E, certamente, não ficará calado! À sua frente vai um fogo devorador, e, ao seu redor, uma violenta tempestade. Assim afirma o salmista: “perante ele arde fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta”. (v.3b). É uma convocação que nos faz tremer, pois o Senhor age como um juízo e manifesta a sua ira no julgamento dos homens. O fogo e a tormenta são figuras utilizadas para fazer referência à majestade e ao poderio de Deus quando se manifestar. Esta expressão foi tirada da representação de Deus quando ele se manifestou no Monte Sinai. (Êxodo 19.16-18). Naquela ocasião, o ar ressoou com trovões e o som de trombetas, os céus foram iluminados por raios, e a montanha estava em chamas. Agora, Deus faria uma exibição igualmente de seu poder, para que o povo aprendesse a tremer diante do julgamento de Deus, uma vez que se considerava indiferente e desprezava a terrível manifestação de Deus, da mesma forma como ocorreu no Sinai.

É justamente a falta de uma vida adequada do Seu povo que leva o Senhor a lamentar profundamente. Ele lembra ao Seu povo da aliança que firmou com ele, mas vê-se obrigado a acusar Israel, falando em julgamento. É uma acusação contra os rituais exteriores e vazios, ao culto sem conteúdo. É diante desta situação, o Senhor intima, chama, grita, emite som alto, reúne os céus e a terra. Ele toma como testemunha os céus e a terra para emitir juízo acerca do seu povo: “Intima os céus lá em cima e a terra para julgar seu povo.” (v.4). Os próprios céus, os habitantes celestiais testemunharão a justiça da sentença. Atestarão a perfídia, as maldades, desonras e invenções perversas que os judeus estavam praticando. Na verdade, estavam desprezando a verdadeira santidade e corrompendo a pura adoração a Deus. Mas também, neste dia, o Senhor emitirá uma ordem do seu trono: “Congregai os meus santos, aqueles que fizeram comigo um concerto com sacrifícios. (v.5). O Senhor solicita aos mensageiros que tragam ao tribunal os santos. A palavra “santos” aqui se refere àqueles que são verdadeiramente seu povo. Os israelitas, a quem Deus os escolheu e os separou de todas as nações da terra, para serem um povo santo e peculiar para si, e também se dedicaram solenemente a Deus. Mas somente aqueles fizeram aliança com Deus e ratificaram essa aliança com sacrifício.

                                                                        II

Após o Senhor ter falado sobre o julgamento para o povo, agora, ele faz um relato do processo e da sentença do juiz, e mostra sobre a necessidade de arrependimento. Ele se pronuncia contrário àqueles que o desagradam: “Escuta, povo meu, e eu falarei; ó Israel, e eu testemunharei contra ti. Eu sou Deus, o teu Deus.” (v.7). Deus deseja ser ouvido, porque “Eu sou Deus, o teu Deus”, disse Ele. Portanto, tenho o direito de falar. O direito de declarar os princípios que pertencem à verdadeira adoração. Não estou reclamando de nenhuma negligência em relação a sacrifícios que eram continuamente realizados no Templo diante de mim, pois eram oferecidos de acordo com a lei. (v.8). Na verdade, o conceito de oferecer sacrifícios ao Senhor foi ensinado por Deus desde o tempo da primeira família humana, pois Abel agiu por fé e foi aprovado por Deus quando fez um sacrifício agradável (Hebreus 11.4; Gênesis 4.4). Durante todo o tempo da vigência da Lei dada por meio de Moisés, Deus exigia sacrifícios e ofertas. Mas esta não é a principal questão da acusação contra povo. Não é por esse motivo que deve ser culpado ou condenado.

No entanto, se o problema não era o sacrifício em si, tanto nas disposições técnicas como na qualidade dos animais, qual, então, era o motivo da repreensão? Ocorre que o povo não estava prestando favor algum a Deus, trazendo animais para o sacrifício, pois tudo pertence ao Senhor. Ele controla a existência de todas as coisas. Ele afirma nos versículos 9-12 a sua independência absoluta das ofertas humanas. E mostra que o sacrifício com o qual ficaria satisfeito, era bem diferente dos novilhos, bodes , que eles tinham o hábito de oferecer. No momento, o povo apresentava uma forma de culto com apenas rituais exteriores, vazios e sem conteúdo. Ofereciam sacrifícios, mas se esqueciam de seu significado. Esta adoração Deus não se agradava.

Em meio a esse formalismo no culto, praticado pelo seu povo, O Senhor afirma: “Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo” (v.14). Dois pontos importantes merecem a nossa reflexão. Primeiro:Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças”. O sacrifício de ação de graças é mencionado várias vezes no Antigo Testamento, e pela primeira vez em Levítico 7.11-15. Mas o Senhor deixa claro que este tipo de sacrifício não era somente apresentação dos corpos e do sangue de animais mortos, mas era uma oferta que deveria proceder de um coração genuíno, e que expressava gratidão, fidelidade, compromisso, dependência da sua graça, louvor a Deus, e a honra que só ele merece. O que Deus quer ressaltar, por meio do salmista, é que a oferta exterior deve corresponder à devoção interior. Nesse aspecto, sacrifício de ações de graças” nos lembra que nosso viver diário deve ser tão próximo de Deus e de Sua Palavra. E, assim, faz sentido o que é uma verdadeira adoração. O segundo ponto: “cumpre os teus votos para com o Altíssimo”. O texto não explica que votos são esses, mas, quaisquer que fossem, deveriam ser cumpridos com fidelidade ao Senhor.  Deveria ser cumprido com todo o esforço, na íntegra, sem justificativas para o descumprimento. Afinal, deveriam honrar a sua palavra diante de Deus, demonstrando maturidade quanto aquilo que prometeu.

Estimados irmãos! Não há lugar para ritualismos vazio que não reflete a verdadeira adoração a Deus. Deus rejeita abertamente a adoração falsa, feita somente nos dias de culto, e que não condiz com a postura de vida que levamos. Por isso, temos de trabalhar os nossos corações para nos arrepender de nossos pecados, para dedicarmos nosso tempo a Deus, para sermos autênticos quando declararmos nossa adoração ao nosso Criador e Salvador. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e nos perdoa, nos lava e nos purifica com o sangue do seu Filho Jesus. Refletimos nossas atitudes e busquemos em Deus um coração adorador, “em espírito e em verdade. Enfim, busquemos ajuda na maravilhosa promessa de Deus: “E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (v.15). Ela repousará sobre os que adoram a Deus. Sejamos verdadeiros adoradores! Amém

domingo, 9 de outubro de 2022

 

TEXTO: Sl 121

TEMA: O MEU SOCORRO VEM DO SENHOR

O salmo 121 é um “cântico de degraus” ou um “cântico para a romagem” ou ainda “cântico de peregrinação”. Ele faz parte de um pequeno hinário cantado pelo povo de Israel, quando da sua ida às festas em Jerusalém. O salmista, neste texto, nos relata o momento da saída dos peregrinos de seus lares a fim de seguir sua jornada até Jerusalém, para participarem das três festas religiosas anuais, a saber: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculo. Durante a viagem em condições precárias em direção à Jerusalém, lugar de adoração e sacrifício a Deus, os peregrinos cantavam. Demonstravam confiança em Deus. Exaltavam ao Senhor como o protetor nos momentos de dificuldades. Em certo sentido, esse era um momento alegre.

Mas também era uma ocasião de preocupação e aflição, pois esses viajantes teriam de deixar seus lares desprotegidos e suas famílias, além do seu patrimônio. O perigo de sair de casa não era somente para quem ficava, mas também para os viajantes. As estradas por onde os peregrinos passariam eram visadas por ladrões, com inúmeros esconderijos e locais para emboscadas. Sendo assim, o salmista busca proteção no Senhor e põe nele sua confiança desde sua saída até seu retorno. Somente Deus podia protegê-los e garantir uma jornada segura aos peregrinos.

A circunstância em que se encontrava o salmista, também tem sido a nossa situação. A vida do cristão é comparada a uma jornada. Somo peregrinos neste mundo, e estamos a caminho da nova Jerusalém. Muitos são os perigos nesta jornada. São tantas as dificuldades que temos que enfrentar, mas Deus é o nosso socorro. É justamente do próprio Deus que vem o socorro, aquele que pode nos socorrer que tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor.

                                                             I

O salmista inicia, dizendo: “Elevo os olhos para os montes” (v.1a). É uma oração em busca de ajuda, pois o salmista se vê impotente para chegar ao seu destino em segurança por seus meios próprios. Por isso, ele busca por um protetor. Aliás, o fato de Davi ter olhado para "os montes", foi para pensar num possível socorro, numa possível solução para seus problemas. Pode ser que o salmista estava procurando nos montes, quem pudesse oferecer o socorro. Assim, o Deus poderoso que vem do alto, de cima dos montes, poderia ser o que o salmista buscava com sua visão. Sendo assim, ao se deparar diante de perigos e dificuldades, olhou para dentro de si e chegou a uma questão importante: “de onde me virá o socorro?” (v.1b). Onde posso encontrar ajuda? Ele não encontra socorro nos montes. Não é dos montes que ele espera o auxílio. Não seria nos montes que os peregrinos encontrariam ajuda, diante das dificuldades que enfrentariam durante a viagem. Por mais elevado que fosse um monte, dele não poderia vir o esperado socorro.

Também precisamos de ajuda, auxílio, socorro, pois enfrentamos situações difíceis na família, na saúde, no trabalho, no casamento, no relacionamento com pessoas. Nessas horas, costumamos recorrer aos amigos, parentes, irmãos na fé, etc. Mas estes, algumas vezes, por certas razões, não conseguem nos ajudar. Ficamos desesperados e olhamos ao redor e formulamos a mesma pergunta: De onde virá o meu socorro? Para muitas pessoas o socorro vem do mundo e das pessoas; outras procuram nas vãs filosofias, no dinheiro e nos vícios; também têm aquelas que procuram olhar para dentro de seu interior, procurando respostas para seus problemas, ao invés de buscar ajuda no próprio Deus. 

Nesses momentos devemos recorrer ao nosso Senhor e Salvador que Ele nos dará o socorro esperado. Somente o nosso Senhor é capaz de nos tirar das situações difíceis e atender ao nosso pedido de socorro. Foi o que fez Davi. Depois de pensar coerentemente nas possíveis soluções para os seus problemas, Davi chega a uma conclusão magnífica. Ele encontrou uma resposta: "O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra” (v.2). O clamor provém de quem já conhece Deus. Reconhece que Deus “fez a terra”. Ele associa Deus ao ato da criação. Aquele que nos criou também nos sustenta. Ele nos conhece. Cuida e está pronto a nos ajudar. Esse era o seu protetor: o Deus onipotente e soberano.

                                                                  II

Davi confiava nas promessas do Deus onipotente e soberano, o Senhor que fez o céu e a terra. Nessa confiança e com toda a sua convicção, ele afirma: O Senhor não permitirá que os teus pés vacilem.” (v.3a). Esta promessa está firmada na confiança da soberania de Deus. Ele expressa essa confiança para si e transmite aos peregrinos ao afirmar: aquele que tem a firme convicção na confiança no Senhor, os pés não vacilam. O termo traduzido por “vacilar” significa “escorregar, derrapar, cambalear, ser abalado”.  Os peregrinos que subiam os degraus poderiam cair e sofrer uma fratura, ao andar pelos caminhos pedregosos que tinham que percorrer. Mas o Senhor não permitia o tropeçar dos seus pés. Só Deus pode fazer com que nossos pés não fraquejem, não vacilem. Só Deus pode nos firmar em momentos tão difíceis pelos quais temos passado. Nenhum filho de Deus permaneceria de pé, por um momento sequer, diante de abismos, armadilhas, fraquezas físicas e inimigos sutis, se não fosse por causa do fiel amor de Deus, que não permitirá que os pés de seus filhos vacilem. 

Mas o pedido para que seus pés não tropeçassem não era suficiente, pois a preocupação preenchia o longo e demorado percurso. Por isso, comparando o Senhor a uma sentinela, o pedido é que sua proteção fosse constante, não intermitente como acontece a guardas humanos que têm de repousar. Diferente é o Senhor: “não dormitará aquele que te guarda.” (v.3b). O verbo “guardar” – e o substantivo “guarda”, tem o sentido de proteger é usado seis vezes neste salmo. Observa-se que o cuidado é oferecido pelo Senhor: “Por certo o guarda de Israel não dorme” (v.4). O Guarda de Israel é quem cuidará para que não haja tropeço. Ele não dorme. Ele não permite que os seus filhos desviem de seu caminho. Ele não dormirá em nossa defesa, pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

                                                            III

 Deus está próximo de seu povo e demonstra o seu cuidado. Ele é o protetor: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.” (v.5). Deus acompanha os peregrinos, não os deixa, não os desampara. Eles sabiam que o Senhor os acompanharia como se fosse suas próprias sombras, lado a lado em toda jornada. O cuidado se daria em todos os sentidos: “De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. (v.6). Os peregrinos estavam conscientes que tinham que andar pelos caminhos pedregosos. Mas também tinham que enfrentar durante o dia o sol escaldante é ameaçador à insolação e queimaduras. Já à noite, a queda brusca de temperatura também era desconfortável e prejudicial à saúde. É mais plausível que o salmista esteja citando os termos sol e a lua como figuras do dia e da noite, demonstrando assim que Ele os livraria dos perigos do dia e da noite.

Todos nós passamos em nossa vida por momentos difíceis, por problemas, situações desagradáveis que tiram a nossa paz, pois nossa caminhada é feita em meio a curvas, buracos e pedras. Os nossos caminhos são feitos de obstáculos, como pedras, pedregulhos, ressaltos. Essas situações nos levam a buscar uma solução, um socorro que possa nos trazer alívio, paz e vitória. As pessoas costumam procurar em diversos lugares esse socorro. Buscam por pessoas ou coisas que possam socorrê-las, mas quase sempre não o encontram, pois o socorro verdadeiro não existe onde estão procurando. O socorro eficaz está em Deus. Ele está sempre atento, e nos guarda, pois o nosso socorro vem do Senhor.

Enfim, podemos entender que estamos sob os cuidados amorosos de nosso Pai. Ele diz de maneira mais clara: O Senhor te guardará de todo mal. Ele guardará a tua alma” (v.7). A expressão “todo mal” refere-se algo que poderia prejudicar a nossa vida, ou daquilo que pode nos fazer mal para nossa vida. Por isso, não precisamos temer a vida nem a morte; o dia de hoje nem o amanhã; o tempo nem a eternidade, pois o Senhor cuidará daqueles que lhe pertencem. Quer durante o dia ou à noite, no calor ou no frio, a presença do Senhor supre tudo de que precisamos. Não precisamos temer os ataques repentinos em momento algum do dia, pois estamos protegidos “à sombra do Onipotente” (Sl 91). Além disso: “O Senhor guardará a saída e a entrada.” (v.8a). O salmista está se referindo ao percurso total da jornada dos peregrinos, desde a “saída” de casa, até seu retorno. Nossa vida no dia a dia é feita de saídas e chegadas. Durante esse percurso da nossa vida Deus nos acompanha em todos os momentos, desde quando saímos de casa até quando voltamos em segurança. O cuidado de Deus que se mostra tão evidente que o socorro será "para sempre" jamais terá um ponto final.

 Estimados irmãos! Deus conhece muito bem os caminhos pelo qual teremos que trilhar para alcançar o propósito que Ele projetou para nossas vidas, o mais importante é saber que o nosso socorro vem do Senhor, e que Ele continua guardando a nossa entrada, a nossa saída desde agora e para todo sempre. Amém!