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TEXTO: LC. 18.9.14
TEMA: A CONFIANÇA DO HOMEM EM SEUS MÉRITOS
Vivemos
numa sociedade em que o homem gosta de ser aclamado, reconhecido pelo que faz e
de receber aplausos. Enfrenta desafios em busca da fama, do status, da honra,
do poder, do sucesso. O que prevalece é a sua confiança em seus méritos! Esta é
a característica do homem no meio secular e profissional. Em si não está
errado! No entanto, o grande problema é quando transformamos estes méritos no
maior objetivo de nossa vida, e esquecemos de Deus. Brigamos por poder, mérito, reconhecimento e não vivemos o
Evangelho da graça, do mérito de Cristo. Mas Jesus nos exorta quando, assim,
procedemos: "Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder
a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?" (Mateus
16.26).
No
tempo de Jesus, havia certos homens que agiam desta forma, gostavam de expor os
seus méritos. Julgavam
a si mesmo perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos e autojustiça.
Eram egocêntricos, arrogantes e não reconheciam seus erros. Consideravam-se
pessoas puras de coração. Confiavam nas suas proezas e boas obras que
realizavam. Mostravam o quanto estava tão distante de Deus. Homens idênticos aos fariseus
existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos
ao saber que estes tipos de homens estão presentes no contexto da própria
igreja. Hoje, encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder
político, status social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser
aplaudidos por aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos perante Deus
por aquilo que oferecem à igreja.
Diariamente
precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho e de Cristo, não
busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou merecimentos
humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si. A honra e
aplausos são somente para Cristo. Também precisamos olhar para aquele
publicano. Ele se apresenta humildemente diante de Deus, nada tem a oferecer de
justiça própria. Apenas consciente de sua falta, e necessitado da misericórdia
do Senhor. Ele confiou apenas na misericórdia de Deus, e não nos seus méritos.
Com quem você se parece? Um fariseu orgulhoso ou um
publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu não encontra
morada em seu coração? Será que sua
atitude e posicionamento de vida, agradam a Deus? Vamos refletir!
I
A Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que devemos
orar com atitude correta. A mensagem dessa parábola complementa o que foi
transmitido nos versículos anteriores do mesmo capítulo, na Parábola do Juiz
Iníquo, que ensina sobre a importância da perseverança e constância na oração.
Assim, o significado central da mensagem transmitida por ambas as parábolas é
que devemos orar constantemente e com humildade de espírito, pois é a
verdadeira humildade que nos leva à exaltação. E para ilustrar esta questão,
Jesus inicia afirmando que “uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram
justos, e desprezavam os outros.” (v.9). Estes entendiam que haviam cumprido as
exigências da lei de Deus, e, por isso, se consideravam justos perante o Senhor.
No entanto, os outros que não eram justos e não agiam da mesma forma que eles,
eram desprezados. Infelizmente o orgulho, a glória e o desprezo pelos outros
estavam alojados no coração destas pessoas.
Diante desta atitude, Jesus afirma que dois homens
subiram ao templo para orar: um fariseu e um publicano. (v.10). Eram dois
personagens tão contrastantes, contraditórios exteriormente. Estes dois
personagens eram conhecidos entre o povo. O objetivo era o mesmo: vão ao templo
para orar. Dirigir-se ao templo representava colocar-se na presença de Deus. O
fariseu era conhecido como observador da lei. Ele se coloca de pé, ou seja,
toma certa posição para orar, bem como um lugar de destaque onde todos pudessem
vê-lo, e "orava de si para si mesmo". (v.11). Literalmente, esta
expressão significa: "orava estas coisas para si". Isto indica que a
sua principal atenção era dirigida a si mesmo. Não havia demonstração de
reverência a Deus. Não havia manifestação de humildade. Não havia
reconhecimento de sua posição, em relação com Aquele a quem estava se
dirigindo. Em outras palavras, o fariseu estava falando de si consigo mesmo.
Seus elogios eram dirigidos ao seu próprio ego.
A primeira atitude do fariseu em sua oração é
agradecer a
Deus pelo que ele é. (v. 11a). Demostra que era um homem justo, pois
sempre cumpriu a lei, e, por isso, tinha direito à sua gratidão. Na verdade,
tentava mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como Deus era privilegiado
por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. No entanto, as palavras mais significativas na sua oração, ocorre quando se compara
a outras pessoas: “não sou como os demais homens, zombadores, injustos e adúlteros, nem
ainda como este publicano”. (v. 11b). Em suas
palavras, ele elogiou a sim mesmo, e se considerava melhor que outros homens,
melhor ainda que o publicano. E quando viu o publicano orando, também o incluiu
em sua lista de desprezados. Isto podemos observar através do pronome
demonstrativo αυτός (este), que traz a conotação de alguém que demonstra
desprezo por outra pessoa.
Depois que enumerou uma lista de pecados que nunca
cometera, ele apresenta, agora, uma lista de suas virtudes e perfeições. Exibiu
seus grandes feitos como cumpridor da Lei. Na verdade, como um bom fariseu, ele
se esforçou para enfatizar que ele fazia ainda mais do que a Lei mandava:
“Senhor, eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.”
(v.12). Aqui, também merece destaque o pronome pessoal εγώ: eu não sou como os
demais homens... eu jejuo... eu dou o dízimo. Seus atos demonstram que era um
indivíduo egocêntrico. Além disso, também se orgulhava de pagar o dizimo de
tudo o que possuía, até mesmo daquilo que não era exigido.
Será que Deus agiu corretamente para com o fariseu?
Afinal, ele fez a vontade de Deus. Cumpriu rigorosamente a lei. Eram pessoas
devotas. Mas convém examinarmos a oração deste fariseu. Não havia demonstração
de reverência a Deus em sua oração. Não havia petição. O que havia era uma apresentação
de suas virtudes, uma demonstração de hipocrisia, uma apresentação convencida,
orgulhosa, de suas virtudes em relação ao publicano. O que se conclui que a
grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si
mesmo, como méritos seus, e apresentá-los como dignos de justificação. Na verdade, a sua oração não tinha destino
correto. Ele não falava para Deus, mas para si mesmo. Ele elogiava a si mesmo.
Nada pedia a Deus e nada, de fato, agradecia. Era mais do que uma recitação das
supostas qualidades e obras do fariseu, uma tentativa de demonstrar a Deus que
ele merecia a consideração divina.
Outro detalhe importante em sua oração, é que em
momento algum, confessou seus pecados e mostrou arrependimento. Ao contrário
disso, o fariseu parecia tentar mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como
Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. Era
egocêntrico, arrogante e não reconhecia seus erros, pois julgava a si mesmo
perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos, autojustiça, confiança nas
suas proezas e nas boas coisas que realizava, e, por isso, não reconhecia a sua
própria necessidade da graça de Deus. Sendo assim, não achou mal algum em sua
alma, pensava que não necessitava do perdão de Deus, porque se considerava uma
pessoa pura de coração. Mostrou o quanto estava distante de Deus, Mostrou o
quanto adorava a si mesmo e não a Deus. Mas no julgamento de Jesus, ele não foi
aprovado e nem desceu justificado para a sua casa
Homens idênticos aos fariseus existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que estes
tipos de homens estão presentes no contexto da própria igreja. Hoje,
encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder político, status
social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser aplaudidos por
aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos por aquilo que oferecem à
igreja. Diariamente precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho
e de Cristo, não busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou
merecimentos humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si.
A honra e aplausos são somente para Cristo. O que precisamos apenas é confiar
na misericórdia de Deus, e não nos nossos méritos.
II
No entanto, a atitude do publicano é de humildade. Mas
quem eram os publicanos? Os publicanos eram cobradores de impostos, que não
raras vezes exploravam o povo, sendo considerado desprezíveis na época. Ele
também faz a sua oração. Onde e como? Não ao pé do altar, mas de joelhos lá no
fundo de templo onde ninguém poderia vê-lo.
Não desejo ser ouvido por ninguém, além de Deus. Não enumera os seus
méritos, mas ciente de sua indignidade e culpabilidade, demonstrou uma atitude
de humildade. Ele não ousa levantar os
olhos ao céu porque lamenta o seu pecado e reconhece a justiça de Deus. Sua
percepção de Deus e de sua relação com Ele, não lhe permitiria levantar seus
olhos, mas antes baixa sua cabeça. Ele bate no peito em sinal de contrição. Bate, implorando: “Ó Deus, sê propício de mim, pecador!”
(v.13). O publicano nada tem a oferecer de justiça própria. Por isso, a sua
oração é simples. Ele pede apenas compaixão de Deus. Ele confia apenas na
misericórdia de Deus. Esta oração curta, simples, continha todos os
ingredientes necessários para ser ouvida por Deus. Nesta sentença há um
reconhecimento da misericórdia de Deus, um conhecimento do pecado, uma
consciência de que sem o perdão do Pai Celeste, se acharia sem esperança.
Deus, ouviu as
duas orações. Ele, agora, dá o seu parecer: “Digo-vos que o publicano desceu
justificado para a sua casa e não o fariseu.” (v14). A palavra justificar significa
declarar ou tratar como justo. Este publicano foi tanto perdoado como aprovado
por Deus. Ele foi declarado justo por Deus por causa da obra expiadora de
Cristo. Por outro lado, o fariseu não reconheceu nenhum pecado nem pediu
perdão. Não experimentou o perdão e a graça de Deus. Por isso, precisamos saber
que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei. Não é confiando
nas coisas boas que realizamos neste mundo, que seremos justificados perante
Deus. Precisamos, sim, saber que somos pecadores e merecemos a condenação
eterna. Sabendo esta verdade ninguém poderá tomar outra atitude perante Deus,
senão a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador”. Este é o tipo de
oração que será aceitável para Deus. Quando estivermos dispostos a confessar e
abandonar nossos pecados, encontraremos misericórdia.
Olhando para estes dois personagens, surge uma
pergunta: Com quem você se parece? Um fariseu
orgulhoso ou um publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu
não encontra morada em seu coração? Será que com suas atitudes e posicionamentos
de vida, agradam a Deus? Lembre-se: Não é o orgulho, posição, mérito ou ações
próprias que farão mover a justiça de Deus em seu favor. Quantas obras
aprovadas pelos homens que Deus rejeita? Quantas posições honradas pelos homens
que Deus não reconhece? Quantos bons nomes que para Deus são puros e simples
disfarce?
Um jovem, recém-formado em seu curso de Teologia,
chegou ao púlpito, impecavelmente vestido e mostrando-se muito confiante em si
mesmo. Ele começou a pregar o seu primeiro sermão naquela que era a sua
primeira igreja e as palavras simplesmente não saíam. Sentindo-se envergonhado
e derramando lágrimas, ele deixou a plataforma onde estava pregando. Duas
senhoras, já idosas, que estavam sentadas na primeira fila da igreja,
comentaram entre si: Se ele entrasse como ele saiu, ele sairia como ele
entrou. Muitas vezes perdemos grandes bênçãos exatamente por nos julgarmos
autossuficientes e por acharmos que não dependemos de Deus para nada.
O fariseu pensou que poderia se achegar
diante de Deus com todo seu orgulho. Ele pensou que poderia ser justificado por
suas boas-obras. No fim, Jesus diz:” todo o que se exalta será humilhado; mas o
que se humilha será exaltado.” (v.14b).
Essa declaração é uma clara advertência contra a
soberba e o orgulho do homem. Em todas essas ocasiões, a ênfase de Jesus é em
demonstrar a importância de um espírito humilde. Não faltam passagens bíblicas
que reprovam o orgulho humano. Mas Jesus também diz que aquele que se humilhar
será exaltado. Isso significa que aquele que se achega a Deus em humilhação,
confessando seu pecado e reconhecendo que necessita da misericórdia e do perdão
de Deus, receberá a graça divina. Foi exatamente isso que o publicano fez. Em
sua oração ele apenas confessava ser um miserável pecador que necessitava de
misericórdia. Ele humilhou-se a si mesmo, e foi exaltado, saído do Templo
justificado.
Como você tem se chegado a Deus, como o
fariseu ou como o publicano? Você tem
procurando impressionar os homens ou servir a Deus humildemente? Tem confiando
nos seus méritos ou em Deus? Diante desta reflexão, eu
convido a todos a seguir os passos do publicano e dizer com toda a convicção: Ó
Deus, sê propício a mim, pecador! Reconheço que não mereço nada da sua
parte, a não ser castigo, sabendo disso, lhe peço compaixão, misericórdia pelo
os meus pecados. Que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos auxilie, por
sua misericórdia e graça, a termos sempre em mente a atitude de humildade
do publicano. Amém.
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