TEXTO: Sl 111
TEMA: LOUVEMOS AO SENHOR POR SUAS OBRAS MAGNÍFICAS!
O salmo 111 é um cântico de louvor. Ele faz parte de uma trilogia (111,112,113) que nos convida a louvar a Deus por Seu amor e bondade. Ele foi escrito em forma de acróstico, ou seja, são organizados de modo que cada linha, ou cada série de linhas, comece com as letras sucessivas do alfabeto hebraico. Desta forma, foi projetado para caracterizar a poesia no livro, bem como para transmitir a mensagem de que o propósito dos poemas era para encorajar a meditação sobre o louvor e dar-lhe um significado.
Quanto ao conteúdo, o salmista enumera as principais obras de Deus na história de Israel e convida o povo a exaltar a Deus, reconhecendo as suas obras maravilhosas. Ele livrou o seu povo da mão de faraó e do domínio do Egito. Além disso, abriu diante deles o Mar Vermelho, por onde o povo passou e os sustentou por 40 anos no deserto. Portanto, havia motivos para o povo louvar a Deus pelas obras maravilhosas!
Podemos aprender muito com o salmista Davi, expressando a Deus nosso amor. Dando, glória, honra, exaltando o seu nome e adorando à sua pessoa pelo que Ele é, e em agradecimento pelas bênçãos dele recebidas. Agradecer a Deus, lembrando o que Ele fez e faz por nós, ao reconhecermos as suas obras magnificas. Eis um momento maravilhoso para louvarmos ao nosso Deus. E quando louvamos ao Senhor, estamos reconhecendo que os seus feitos em nossas vidas são maravilhosos. Por isso, somos convidados a louvar a Deus em todo tempo. No dia de paz e no dia dos conflitos. Quando há boa saúde e quando a enfermidade bate à porta. Quando o sonho se realiza e quando perdemos algo precioso. Lembrando que somente Deus é digno de louvor.
I
O salmista inicia este Salmo, demostrando um grande anseio de louvor ao Senhor diante de todos: Louvai ao Senhor! (aleluia). É uma forma de externar a sua adoração. Além disso, a determinação de louvar ao Senhor parte do coração do salmista, e se propõe ainda a participar com a congregação e com todos os justos no momento de louvor: “De todo o coração renderei graças ao Senhor, na companhia dos justos e na assembleia.” (v.1). A expressão de todo o coração revela que a atitude do salmista não se tratava de um agradecimento formal, apenas um louvor a Deus, mas se compromete a louvar ao Senhor de todo o coração. Uma verdadeira adoração, que vem do coração, não se isenta de elevar sua voz publicamente, louvando ao Senhor no meio dos seus irmãos, ao demostrar a glória do Todo-poderoso.
Afinal, o que levou o salmista a louvar ao Senhor. Ele explica: “Grandes são as obras do Senhor, consideradas por todos os que nelas se comprazem”. (v.2). O homem tem realizado grandes obras que chamam atenção e provocam espanto e admiração. São megaprojetos em execução no mundo, com construções que possuem orçamentos exorbitantes. Mas jamais se compara com as obras que Deus tem realizado. Não há dúvida, elas são grandes e incomparáveis. Basta olharmos ao nosso redor, e somos levados a refletir sobre a criação do universo. Desde as grandiosas galáxias dos céus até a mais delicada flor, e o menor organismo conhecido ao homem, todas estas obras refletem a magnitude de Deus, pois “em suas obras há glória e majestade”. (v.3a). Glória e majestade só podem ser atribuídas ao único Deus. A glória é exibida através de suas grandes obras, e faz o ser humano se admirar dela, maravilhar-se, assombrar-se. A Bíblia é clara sobre isso: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Sl 19.1). O universo está declarando a glória de Deus e a razão pela qual nós existimos é: vermos o universo, ficarmos maravilhados com ele e glorificamos a Deus, porque as suas obras também majestosas, expressa a ideia da grandeza de Deus, nosso Criador e Senhor. Deus criou o mundo “para que ele seja glorificado”
O salmista apresenta outro atributo de Deus: “a sua justiça permanece para sempre”. (v.3b). O salmista faz uso dessa expressão (צְדָקָה) várias vezes em nosso texto. Ele afirma que esta justiça dura eternamente. Mas já parou para pensar que nada nessa vida é permanente ou dura eternamente? Os nossos momentos mais felizes são apenas passageiros, mas por outro lado os mais tristes também não são eternos. Tudo é momentâneo, isso pode ser frustrante em alguns casos e um alívio em outros. Mas tem algo que permanece para sempre em nossas vidas: a justiça de Deus. Mas, afinal, o que é a justiça de Deus? Na verdade, estamos tão acostumados com este mundo injusto que, às vezes, nem conseguimos pensar o que é realmente a justiça de Deus. A justiça é um atributo de Deus, que significa que Ele é perfeitamente justo. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza de Deus. Não há qualquer injustiça em Deus e em seus feitos, pois Ele é plenamente correto e íntegro. Ele cumpre com sua palavra.
Ao longo de todo Antigo Testamento, Deus sempre foi visto como aquele que exerce a justiça. Essa justiça, no entanto, não deve ser vista somente em seu aspecto jurídico, mas no sentido de ação libertadora de Deus diante do povo que sofria opressão. Ele sempre foi fiel à aliança feita com Israel. Nisso consiste a sua justiça. A justiça de Deus, portanto, é justiça que liberta e dá vida. A justiça de Deus está ligada à sua bondade e misericórdia. Por isso, Deus projetou seus atos de salvação para serem lembrados pelo seu povo: “Ele fez memoráveis as suas maravilhas.” (v.4). Isto significa que o Senhor fez um memorial para que o povo lembrasse de suas obras maravilhosas. Por exemplo, a Páscoa foi instituída como memorial perpétua de Seus maravilhosos atos mediante os quais 1srael foi tirado do Egito (Êx 12.14). Esse conjunto de eventos e dádivas sempre era celebrado como a demonstração do poder de Deus e dos seus propósitos para o seu povo escolhido. Eles revelaram que Ele é o seu Rei, dotado dos atributos reais de glória e majestade. A verdade é que Senhor sempre foi benigno e misericordioso para com seu povo, perdoando, restaurando e preservando-o, quando merecia ser totalmente destruídos.
Israel, agora, não deve apenas se lembrar, mas também proclamar às grandes obras da salvação de Deus. O salmista recorda com gratidão essas obras maravilhosas de Deus, naqueles períodos em que Israel andava como um grupo de refugiados pelo deserto. Deus não desamparou o seu povo: “Ele deu sustento aos que o temem e lembrou sempre da sua aliança”. (v.5). O sustento, provavelmente, se refere ao maná no deserto. Durante a caminhada no deserto, o cuidado de Deus com o seu povo é tal que o leva a fazer ampla provisão para o suprimento de todos. Sua provisão de codornízes e maná no deserto foi uma demonstração da sua fidelidade em cumprir as promessas da aliança. E, assim, ao demostrar o seu cuidado e bondade ao povo, Deus nunca esqueceu da aliança que fez com Abraão e seus descendentes ou a aliança que fez com Israel no monte Sinai.
Lembrando ainda das obras de Deus, o salmista recorda a conquista da terra prometida. Primeiro, o salmista “manifesta ao seu povo o poder das suas obras.” (v.6a). A expressão כֹּחַ מַעֲשֶׂה- “poder se suas obras” - mencionado aqui, foi aquele que foi evidenciado na destruição dos egípcios e na subjugação das nações de Canaã. Após este ato, Deus concretiza o que havia prometido ao seu povo, ou seja, a promessa de uma terra rica e abençoada. E durante centenas de anos os hebreus sonhavam com a realização dessa promessa. Muitos morreram aguardando o cumprimento dela. Mas Deus cumpriu a promessas feita a Abraão, de dar uma terra e descanso à sua descendência, e o salmista vê na posse dessa terra uma dádiva de Deus. O termo נַחֲלָה (herança) é frequentemente usada no sentido de posses, e o significado aqui é que Deus havia mostrado a grandeza de seu poder, dando ao seu povo uma terra abençoada.
II
Como é magnífico as obras do Senhor! São obras que podemos confiar plenamente, visto que Suas obras estão repletas de “verdade e justiça”. Só o fato de ter conduzido seu povo à terra de Canaã, mostrou Sua verdade e justiça, isto é, o Senhor foi fiel às promessas. Nenhum de seus atos realizados pode ser interpretado para sustentar injustiça, fraude, engano, ambição, opressão, pois tudo o que Senhor fez, defendeu e protegeu é a “verdade.” E seus atos, portanto, podem ser considerados como uma expressão do que é verdadeiro e correto. Esta “verdade e justiça” encontramos nos seus preceitos (mandamentos). Eles são, inteiramente, dignos e confiança. Por isso, eles devem ser seguidos com retidão e fidelidade. Eles são a base para uma vida abençoada. São imutáveis e permanecem para sempre. (v.8).
Diante de tantas obras que Deus realizou, demostra o quanto foi misericordioso para com seu povo. E uma das grandes obras de Deus foi o resgate de seu povo da opressão e do pecado, fazendo isso no contexto de sua aliança: “Enviou ao seu povo a redenção; estabeleceu para sempre a sua aliança; santo e tremendo é o seu nome.” (v.9). Redenção significa recuperação de algo ou alguém mediante o pagamento de um resgate. Ele enviou Moisés para resgatar seu povo do Egito. Vários enviou juízes para libertá-lo das mãos de seus opressores. Enviou também profetas para anunciar o retorno do cativeiro na Babilônia (Dt 7. 8; Jr 31.11). Por isso, o Deus que se revelou na história de seu povo, que estabeleceu a sua aliança para sempre é “santo e tremendo”. E foi por meio da aliança que as promessas de Deus se cumpriram na vida de seu povo. Sendo assim, não temos outros deuses diante de nós, porque reconhecemos que Ele é “santo e tremendo”. Isto significa que o Senhor nos mostra que é um Ser que deve ser reverenciado. Além disso, o Seu nome, pelo qual Ele Se revela a nós, também é santo. E nós que usamos o Seu nome, devemos faze-lo com reverência para adora-lo e glorifica-lo através de nossas vidas de santidade para com o Senhor.
Concluindo seu agradecimento pelas obras de Deus, o salmista se expressa, declara que a verdadeira sabedoria começa com o temor a Deus: “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.” (v.10). O termo יִרְאָה traduzido por “temor” traz a conotação de medo, terror, temor, coisa temerosa. Mas quando se refere a Deus, o relacionamento do homem com Deus, significa, respeito, reverência, piedade. É um respeito sincero e profundo pelo Senhor. É a maneira correta de alguém se aproximar de Deus com reverência e respeito. Esse temor é puro e permanece eternamente (Salmos 19.9). Além disso, esse temor é a própria fonte da sabedoria, pois o termo חׇכְמָה (sabedoria) significa a arte de viver a vida na perspectiva da Palavra de Deus. Viver no centro da vontade de Deus, é tomar decisões corretas. E a única forma de chegar a ser verdadeiramente sábio é mediante o temor (reverência) a Deus.
Os primeiros cristãos caminhavam no temor do Senhor (Atos 9.31). A vida diária e a conduta deles eram determinadas pelo temor tinham a Deus. Em suas vidas práticas. eles sempre tinham o Senhor Jesus em suas mentes e andavam com Ele em seus caminhos. Esta deve ser a atitude adequada do cristão em relação ao seu criador. Aquele que teme ao Senhor é sábio e sempre o honrará, sempre dará glória a Ele, sempre andará em seus caminhos, sempre viverá por princípios. Obedecem aos seus mandamentos e são felizes, e vencedores! Tudo prospera na sua casa, no seu trabalho, na sua família. Mesmo vivendo num mundo cheio de aflições e tribulações, os que temem ao Senhor, têm paz e vida com abundancia: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Salmo 128.1,2).
Ocorre que muitas pessoas pensam que pode alcançar sabedoria só pela experiência que dá a vida e o conhecimento acadêmico. Isto significa ter conhecimento intelectual. No entanto, a verdadeira sabedoria é aquela que vem do alto. Ela é pacífica, moderada, cheia de misericórdia, de bons frutos e sem hipocrisia. Quem obedece aos mandamentos do Senhor, é uma pessoa feliz, e será atendida. Se temermos o Senhor, respeitando a Sua autoridade sobre todas as coisas, somos retribuídos com o princípio da sabedoria. O salmista afirma que aumenta o nosso entendimento. A palavra original – שׂכל – é traduzida como “entendimento”, denota ainda compreensão e sabedoria. Isto significa quem segue os preceitos(mandamentos) do Senhor terá maior compreensão. Enfim, faça as coisas relacionadas com temor ao Senhor, agindo com sabedoria para que possa ter bom entendimento dos seus mandamentos. Então, viva o melhor de Deus, sabendo que o louvor do Altíssimo permanece sempre.
Portanto, somos convidados a louvar a Deus em todo tempo. Dando, glória, honra, exaltando o seu nome e adorando à sua pessoa pelo que Ele é, e em agradecimento pelas bênçãos dele recebidas. Agradecer a Deus, lembrando o que Ele fez e faz por nós, ao reconhecermos as suas obras magnificas. Eis um momento maravilhoso para louvarmos ao nosso Deus. E quando louvamos ao Senhor, estamos reconhecendo que os seus feitos em nossas vidas são maravilhosos. Amém!