quinta-feira, 29 de junho de 2023


TEXTO: MT 10.34-42

TEMA: DIFICULDADES E ALEGRIAS NA PROCLAMAÇÃO DO EVANGELHO

Jesus preparou e comissionou os seus discípulos a saírem pelas cidades, proclamando a mensagem do evangelho. Além disso, deu-lhes alguns conselhos e palavras de encorajamento que seriam essenciais, diante das dificuldades que enfrentariam, pois Jesus avisou que encontrariam resistência violenta durante seu ministério. Seriam rejeitados, mal tratados, muitas vezes, até mesmo dentro da própria família, por causa do nome de Jesus. E ainda, deveriam esquecer de si mesmo, perder interesse próprio e viver submisso a Cristo ao carregar a sua cruz.  

No entanto, Jesus não fala somente de dificuldades aos discípulos. Ele fala de recompensa, de alegria e consolo. Ele afirma se eles optarem por comprometer-se com o evangelho, como mensageiro de Jesus, teriam sua recompensa do próprio Cristo. Seriam abençoados não por merecimento, mas, por dádiva de Deus, receberiam as recompensas – da vida eterna  e o galardão, que nunca se perderá.

 Também somos enviados para salvar o mundo, proclamar e ensinar a Palavra de Deus a todos às nações. Ele quer que demos bom testemunho. Glorifiquemos o seu nome. Anunciemos que Ele é  sal da terra e a luz do mundo. Mas precisamos estar conscientes diante das imensas dificuldades que enfrentaremos neste mundo tão hostil, onde seremos  zombados, criticados, desprezados, perseguidos. No entanto, apesar de todas estas dificuldades existentes, Cristo nos encoraja em nossa missão, da mesma forma como agiu com seus discípulos. Ele nos dá força para anunciar a sua palavra, e prometeu estar conosco. Portanto, o desafio é servir e comprometer-se com o evangelho, diante das dificuldades e alegrias.

Jesus inicia a sua mensagem ao afirmar aos discípulos: “não pensem que eu vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer paz, mas espada”(v.34). As palavras de Jesus, a princípio podem nos parecer um dito paradoxal, uma vez que  as Escrituras  citam vários exemplos  que Jesus é o Príncipe da Paz. (Isaías 9.6). Ele é a nossa paz. (Ef.2.14). Os anjos ao proclamar o nascimento do Messias, eles cantaram "Paz na terra". E, em João 14.27, Jesus afirma: "A minha paz vos dou". Ele mesmo disse: que são bem-aventurados os pacificadores. (Mateus 5.9). Em pelo menos três lugares na carta aos Romanos, Paulo falou sobre a paz que Deus nos dá. (5.1; 8.6; 14.17).Portanto, não seria uma contradição o que Jesus estaria ensinando? Como  poderia afirmar que não veio trazer paz, mas espada, instrumento  característico da guerra? Como poderia afirmar que não veio trazer união, mas divisão?

Não há contradição. Lembrando que espada é uma arma tanto ofensiva quanto defensiva, usada para se proteger do mal ou para atacar o inimigo e vencê-lo. Era uma arma poderosa, e por onde ela passava, ocorria uma divisão. Jesus proibiu ao discípulo o uso da espada para defendê-lo contra a turba que veio prendê-lo. E ainda alertou que todos que lançam mão da espada à espada perecerão. (Mt 26.52). Quando Jesus fala de espada, não  está incentivando a violência. Não está enviando seus discípulos ao mundo para a luta em forma de guerra e destruição. Não veio armar seus seguidores para que estes, por meio da força, possam conseguir novos discípulos. A espada como arma de guerra é símbolo da Palavra de Deus. A Bíblia nos ensina que a Palavra do Senhor "é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hebreus 4.12).Quando seria anunciado, ministrado e praticada de forma tão intensa a mensagem de Cristo, resultaria em divisão entre as pessoas. Causariam discussões, debates, discórdias, reações, ódio e perseguições, bem como  sacrifícios dolorosos, inclusive   nas estruturas sociais, políticas e religiosas.

 Portanto, Jesus não veio trazer violência e guerra, mas paz. Mas não a paz  que os  judeus esperavam, e que o mundo tanta almeja, uma paz que simplesmente significasse ausência de guerras no mundo, pois o mundo nos dá uma paz falsa e mentirosa, efêmera, fugaz, passageira. O mundo procura nos enganar, iludir com essa paz. Jesus fala aos seus discípulos de outra paz: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize.”( Jo14.27). E ,ainda, disse: Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo. (Jo 16.33). Portanto, Ele veio trazer ao coração do pecador redimido a paz com Deus. ( Mt 11.29). Por intermédio da cruz somos reconciliados com Deus. Por meio de Cristo há um caminho de aproximação para com Deus. Ele é a Porta, o Caminho para o Pai (Jo 10.7,9; 14.6); por intermédio dele, os homens, embora pecadores, uma vez reconciliados, podem se aproximar “com confiança do trono da graça” (Hb 4.16).

No entanto, apesar da paz de Cristo estar à disposição, não são todos que a vivem e a acolhem. No mundo existem pessoas que não aceitam a mensagem do evangelho de Cristo. Para muitos são loucura. (1 Coríntios 1.18).A verdade é que o mundo está cheio de perversos, de pessoas que têm suas vidas no pecado, sem qualquer arrependimento. Nesse sentido vemos Jesus explicando que essas pessoas se levantarão em oposição àqueles que vivem na paz de Cristo. Elas vão hostilizar a mensagem de Cristo e rejeitá-la. Os servos  de Cristo, que vivem nesse mundo, também serão hostilizados e rejeitados por seguirem a Cristo. Como se observa, a proclamação do evangelho resultaria discussões, sofrimento, perseguição, conflitos e desprezo. Essa divisão é tão profunda que ,muitas vezes, à espada trazida por Cristo rompe até mesmo os laços pessoais mais íntimos: “pois vim causar divisão entre o homem e seu pai; entre a filha e sua mãe e entre a nora e sua sogra." Assim, os inimigos do homem serão os da sua própria casa.” (vv.35 e 36). Jesus aplica uma profecia do profeta Miquéias e indica que por amor a Cristo pessoas seriam perseguidas e desprezadas pelos membros de sua própria casa ( Miqueias 7.6).O profeta está se queixando da corrupção moral que prevalecia em seus dias: amigos infiéis; esposas em quem não se podia confiar, filhos que não honravam os pais, conflitos familiares; os mandamentos do Senhor estavam sendo desobedecido.

No entanto, as orientações  de Cristo vão ainda mais além: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim, não é digno de mim. E quem ama o filho e a filha mais do que a mim, não é digno de mim.” (v. 37). Jesus não está desejando que não amemos nossa família, que desprezemos aos pais e filhos. Mesmo porque temos vários textos que falam da obediência aos pais, do amar ao pai e a mãe: “honra a teu pai e a tua mãe… ” (Êx 20.12; Mt 19.19; Ef 6.2),do amar aos filhos e do próximo. (Lv 19.18; Mt 19.9). Portanto, amar aos pais e aos filhos é da vontade de Deus. No entanto, a nossa família pode tornar-se uma “cruz”. Pode tornar-se um empecilho quando deixamos de buscar a Jesus, nosso Salvador, porque, muitas vezes, colocamos como primeira prioridade a comida, a roupa, o dinheiro, a família, a carreira e  nos esquecemos de Deus. Por isso, Jesus nos desafia a mudar nossas prioridades. Buscar primeiro a Deus, ou seja, a nossa maior preocupação deve ser o nosso relacionamento com Deus. Quando o nosso relacionamento com qualquer pessoa estiver sendo um impedimento, um embaraço em nosso relacionamento com Jesus, a nossa escolha deve ser Jesus. E isto se estende até mesmo em relação às pessoas que mais amamos. Enfim, a família não deveria ser um empecilho na divulgação do Evangelho às pessoas.

Portanto, Jesus deixa explícito quando afirma que não é digno dele todo aquele que ama seu pai e sua mãe mais do que a Ele. Amar aqui significa ouvir, seguir, dar atenção, privilegiar, enfim, ter mais consideração e obedecer. E para ser digno de Jesus, precisamos amar mais a Jesus que os próprios familiares. Mas Jesus  deixa claro que ninguém será digno, se recusar a  tomar a cruz: “E quem não toma a sua cruz e vem após mim,  não é digno de mim.” (v.38). Ele coloca algumas condições e apresenta dois princípios básicos para quem almeja ser um verdadeiro discípulo de Cristo. Primeiro, os discípulos deveriam esquecer de si mesmo; perder a visão ou interesse próprio e viver submisso a Cristo. Segundo, “carregar a cruz” não é de maneira alguma, simplesmente, “sofrer” por sofrer. Mas trata de enfrentar as consequências de seguir a Jesus. Ele ilustra as dificuldades que os apóstolos deveriam esperar no discipulado cristão. Seria árduo e traria sofrimento, tão horríveis como a morte na cruz. Seria inevitável a cruz na vida dos discípulos.

Diante desta grande verdade sobre o "carregar a cruz", Jesus ensina o que, realmente, faz com que uma pessoa seja um discípulo verdadeiro, genuinamente unido a Ele: essa pessoa precisa negar-se a si mesma. No  entanto, aquele que nega ou está ansioso para salvar sua vida, ou seu conforto e segurança neste mundo, diante das perseguições, perderá a vida "eterna”: “Quem acha a sua vida perdê-la-á; quem, todavia, perde a vida por minha causa achá-la-á”(v.39). Evidente que queremos salvar a nossa vida.  Não está errado! Entretanto, o erro se configura quando os bens materiais são colocados antes de servir, honrar e glorificar a Deus. Afinal, vivemos numa época em que as pessoas só pensam em ganhar. Nossa sociedade é capitalista, materialista, consumista e existencialista. O que está no centro de toda a filosofia de vida é o eu, o meu, o que posso ganhar de lucro pessoal. Os nossos tempos estimulam a necessidade de ganhar. Em nome dessa vontade de ter o mundo inteiro, o homem quer viver a sua própria vida. A triste realidade é que pelo fato de muitas pessoas ao salvar sua vida terrena, aproveitando de tudo, perderão a vida eterna, pois preferem trocar os valores eternos pelos prazeres transitórios dessa vida efêmera. Ganhar o mundo e perder a alma é uma péssima decisão!

 Está disposto a perder a sua vida por Cristo, ou ganhar a sua vida neste mundo? Qual a sua decisão? O convite de Jesus continua valendo: venham a mim e sigam-me; sejam meus discípulos e busquem as coisas de Deus em primeiro lugar. As palavras de Jesus nos chamam para uma atitude de vida, de renúncia. Por isso, entrega-se totalmente a Cristo! Essa entrega implica em deixar o que existe de mais precioso em sua vida para seguir a Cristo, para que posso obter a salvação de sua alma. Jesus deixa bem claro: se queremos viver eternamente temos que estar preparados, se for possível  renunciar a nossa vida.

Jesus encerra os seus ensinamentos. Ele não fala somente de perseguição, rejeição, dificuldades, mas também haveria receptividade. Os discípulos seriam recebidos ao levar a mensagem do Evangelho, ou seja, Cristo se manifesta  às pessoas por meio daqueles a quem Ele envia. Ele seria aceito ou rejeitado: “Quem vos recebe, a mim me recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou.”(v.40). Receber Jesus Cristo significa receber Deus e a salvação que ele oferece. Ele vem em primeiro lugar, porque, recebendo-O, recebe-se Deus. Quem cumpre a tarefa do fazer conhecido o nome de Jesus Cristo são os discípulos. Nesta parte dos ensinamentos de Jesus, vemos implícito o “Ide”. Indo precisavam pregar as Boas Novas. Sendo assim, Jesus os encoraja mostrando-lhes que quem os recebe tem a salvação. Por esse motivo, podemos nos colocar no lugar deles e saber que, sempre que fazemos um trabalho de evangelismo, estamos levando não a nossa mensagem, mas Cristo e o Pai.

Quando recebemos e honramos uma pessoa enviada de Deus, Ele nos recompensará devidamente. Jesus prometeu galardoar os seus discípulos tanto no presente quanto no por vir. Ele associou essa recompensa ao sofrimento, aflição, perseguição  pela causa do Evangelho. Sendo assim, esclarece essa questão aos discípulos:  “Quem recebe um profeta, no caráter de profeta, receberá o galardão de profeta; quem recebe um justo, no caráter de justo, receberá o galardão de justo”.(v.41).A palavra galardão de uma maneira geral significa recompensa. É bom deixar claro que esse galardão não tem nada a ver com a salvação. Até porque a salvação não é por obras, mas pela graça e mediante a fé (Efésios 2.8).O verbo “receber” significa aceitar, tomar aquilo , ter algum favor, ser recompensado, ser alcançado e dar recepção a algo. Mas podemos ainda entender que o verbo “receber” literalmente significa receber em casa, hospedar, dar uma refeição, ou atentar ao ensino, ao exemplo de vida.

Portanto, aqueles que receberem um profeta, uma pessoa justa significa receber a mensagem de Deus e tem a promessa da recompensa. A história da viúva que deu a Elias alimento e água, é uma exemplo. Por “receber um profeta”, foi grandemente abençoada. Seu estoque de farinha de trigo e de azeite foi multiplicado por este profeta que agiu sob o espírito de Deus. Evidentemente, a viúva recebeu Elias ‘porque ele era profeta’. Assim, ela recebeu “a recompensa de profeta”. Nos dias de Jesus, se alguém tivesse o privilégio de receber um seguidor dele em sua casa, estava em condição de receber “a recompensa de homem justo”. O visitante sem dúvida partilharia as verdades edificantes sobre a sua fé e os ensinamentos da Palavra de Deus, com seu hospedeiro, assim como fez Jesus. O texto dá uma amplidão a cerca deste princípio, quem recebe um apóstolo, um pastor, um líder…, no exercício do seu ministério ,  recebe o galardão.

No entanto, as palavras de Jesus sugere algo prático. O receber se constitui, exclusivamente, a mesma atitude que o próprio Cristo nos recebeu, e ainda recebe: “E quem der a beber, ainda que seja um copo de água fria, a um destes pequeninos, por ser este meu discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.”(v.42).Os discípulos deveriam se conscientizar da importância dessa prática. Ela era imprescindível durante a perseguição, uma vez que muitos deles necessitavam desse apoio e segurança em suas viagens missionárias de expansão do reino de Deus. A prática da hospitalidade é um importante dentro da igreja. Por meio dela, podemos expressar mais uma maneira de servir ao Senhor. A nossa hospitalidade ajuda os irmãos a cumprirem as suas tarefas, principalmente quando estão viajando a serviço do Senhor..

Com certeza, as recompensas estarão garantidas aos que são hospitaleiros, visto que Deus nunca fica devendo nada a ninguém. Jesus  diz que, quando damos de beber, ainda que seja um copo de água fria, a um pequeninos, aqueles  que são enviados, Ele nunca esquece e garante o galardão. Agora, imagine quando agimos indo além de um copo de água fria, quando obedecemos, andamos em fidelidade, lealdade, unidade e aliança com o nosso Deus. Isto nos motiva ainda mais a enfrentar as perseguições que nos sobrevêm com coragem e alegria. Por isso, mãos à obra, porque sabemos que há grande número de pessoas que ainda não ouviram o evangelho de Cristo. Temos que anunciar. Eis a nossa grande responsabilidade. Somos missionários, chamados e enviados a ser sal da terra e luz do mundo. Quem descobriu uma fonte de água cristalina no deserto não pode deixar de anuncia-lo aos outros que também estão com sede.

Estimados irmãos! Se hoje o nome de Cristo é proclamado nos lugares mais longínquos deste mundo é porque estes discípulos levaram o Evangelho. E a história confirma que muitos apóstolos morreram morte de martírio. E com eles e após eles muitos outros cristãos foram martirizados até a morte. Mas em meio as dificuldades, tristezas e alegrias não negaram a Jesus. Amém.

sexta-feira, 16 de junho de 2023

 TEXTO: SL 91

TEMA A NOSSA A PROTEÇÃO VEM DO SENHOR!

O salmo 91 é considerado um dos salmos mais conhecido nas Sagradas Escrituras. Ele é messiânico, ou seja, é uma profecia que descreve o ministério de Cristo, o seu sofrimento, morte e ressurreição, aquele que antes de ser introduzido no mundo dos homens estava no esconderijo do Altíssimo. É anônimo, ou seja, não se sabe quem foi o seu autor. Ele fala da segurança e proteção que Deus oferece, em meio as aflições, para aqueles que confiam nas promessas do Senhor. No contexto do salmo há diversos termos que o salmista usa, como abrigo, sombra, refúgio, fortaleza, cobrir, escudo e assim por diante, que demostram que Deus é fiel e cuida de seus seguidores. Somos ensinados a entender que a nossa segurança vem do Senhor, e que Ele jamais nos abandona diante dos perigos.

Sempre vamos passar por aflições durante todo o tempo da nossa vida. São aflições que   surgem através de uma doença, desemprego, problemas conjugais, acidentes, mortes, conflitos, ou qualquer outra coisa que nos venham entristecer. São tantas aflições que, muitas vezes, sentimos que jamais conseguiremos vencê-las, pois temos a sensação de que Deus está tão distante. Não está atento aos dramas da nossa vida. Parece que se esqueceu de nós, ou até mesmo não nos ouve mais. Mas saibam que o próprio Jesus também sentiu aflições. Ele soube o que é sofrer.  Experimentou, em vida, o que todos os humanos experimentam. Ele aconselhou os discípulos sobre as aflições: “neste mundo vocês terão aflições.” (João 16.33). De fato, enfrentaram tantas aflições que foram perseguidos, maltratados, crucificados e condenas à morte. Mas nunca deixaram de buscar no Senhor a proteção. Confiaram nas promessas de Deus.

O salmista também viveu momentos de aflições. Ele não ficou preocupado. Não precisou temer "o pavor da noite", nem medo, nem perigo, pois tinha certeza de que Deus poderia fornecer uma habitação segura. Ele teve esta convicção ao afirmar: “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo descansa à sombra do Onipotente”. (v.1). O salmista não está falando de qualquer esconderijo. Não se trata de um lugar físico. Não se trata de esconder-se num esconderijo, onde as pessoas não nos vejam. Mas um lugar que transmite a ideia de segurança e abrigo, longe das ameaças. Um lugar “secreto” na presença do Senhor onde há comunhão entre Deus e seu povo, um momento quando buscamos verdadeiramente a Deus em oração. Enfim, o salmista ainda tem esta certeza quando reconhece a grandeza de Deus ao buscar no Senhor o verdadeiro descanso espiritual.  Ele diz: “Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio.” (v.2). Baluarte traz a ideia de “apoio, de firmeza, de proteção”.

Em que esconderijo você está? Do desânimo?   Da incredulidade?  Do medo? Onde você se esconde? E suas próprias riquezas, na sua força, fama e prestígio social? A verdade é que, quando as pessoas seguem este caminho, elas vivem iludidas e desfrutam de uma falsa segurança, porque estes tipos de esconderijos não são seguros. Mas somente aqueles que descansam no “esconderijo do Altíssimo”, na “sombra do Onipotente” encontram alivio, proteção e segurança diante das aflições. Estarão protegidos contra as armadilhas e doenças mortais. Esta é a conclusão do salmista: “Ele livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escudo.” (vv. 3 e 4). Deus mostra que livrará os seus filhos de todo e qualquer mal: da doença, dos perigos do mundo, e ainda irá nos proteger debaixo de suas asas, como fazem os pássaros com seus filhotes.

Mas quando falamos de armadilha, é preciso lembrar que todos os dias, desde quando levantamos até dormir, o diabo arma laço. Usa os mais diversos tipos de armadilhas nesse mundo para nos destruir, para nos tirar de Deus, para nos trazer infelicidade, para destruir nossa família. Coloca a nossa disposição coisas atraentes, iscas que realmente são agradáveis aos nossos olhos. São armadilhas mortais e muito bem camufladas. E muitos têm caído nestas armadilhas, tornando-se presas de suas artimanhas e cilada enganosas. Como consequência, a comunhão com Deus é afetada.

Neste sentido, é fundamental ficar atento, tomando sempre o cuidado necessário para evitar cair nestas armadilhas. Jesus usou a Palavra de Deus para se defender contra as armadilhas do diabo. É a Palavra de Deus que nos dá a força para enfrentar as realidades e dificuldades da vida, que nos dá esperança e garantia da assistência e presença de Deus. Além disso, precisamos vigiar constantemente. Assim como recomendou Jesus no Getsemani: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26,41). Fujam dos laços do inimigo!

Mas, não há motivos para ter medo, pois o Senhor permanece no controle diante de todas as aflições que os cristãos enfrentam. Na verdade, estão seguros de toda a tentação e assalto de Satanás. Estão protegidos diante de uma segurança constante e contínua de Deus. Situação que ocorre durante à noite quando nos causam sensações de medo e angustia, quando não conseguimos dormir em paz. Da mesma forma, a flecha que é lançada durante o dia e nos causa muitos danos, sofrimentos e perdas. Também estão seguros quando sobrevêm todo o tipo de males e pestes. (vv.5 e 6). Seja qual for o tipo de calamidade que nos assola, somos protegidos pelo Senhor, e por isso, não há motivo para temer.

É importante lembrar que não há nenhum tipo de calamidade que o Altíssimo não possa repelir. Isto demonstra que Deus é poderoso para nos guardar e livrar de todo perigo que nos cerca! O salmista fala deste cuidado protetor que Senhor tem para com aqueles que são seus: “Mil cairão ao teu lado, e dez mil, à tua direita; tu não serás atingido” (v.7). Com estas palavras, o salmista demonstra que, ainda que ocorra infelicidades, calamidades, dor, angústia, cansaço, desilusão, nada disso será atingido, Além disso, aquele que tem Deus como refúgio, caminha sempre sob a proteção do Altíssimo. É o próprio salmista quem afirma: “O Senhor é o meu refúgio”. (v.9a). Apenas Deus deve ser nosso refúgio, e fazer de Deus nosso refúgio é saber que toda a bênção e toda a ajuda vêm do Senhor. Sendo assim, se fizermos do Senhor o nosso refúgio, nenhum mal nos sucederá porque estamos habitando em um lugar de proteção, onde há um relacionamento seguro com o Senhor. Portanto, fazer do Altíssimo a sua habitação e permanecer na presença de Deus, dentro de sua casa, era o que o salmista desejava, onde “nem o mal e a praga chegariam a sua tenda” (v.9b).

No entanto, ainda há outro cuidado em meio as tribulações e perigos do mundo em que vivemos. Agora, o salmista revela as ordens de Deus em benefício daqueles que lhe pertencem. O mal e nem a praga atingirão a nossa casa, porque Deus dá ordem aos anjos para nos proteger e sustentar. Deus coloca seus anjos para cuidar dos justos, protegendo-os cuidadosamente em meio a tanta violência, desastres e catástrofes que o povo de Deus tem enfrentado. É desta forma que salmista se expressa: “Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para não tropeçares nalguma pedra”. (vv.11 e 12). O resultado desse cuidado amoroso é o livramento até mesmo diante dos maiores perigos: “Pisarás o leão e a áspide, calcarás aos pés o leãozinho e a serpente”. (v.13). O Senhor está acampado aonde estivermos, independente das tribulações e perigos do mundo em que vivemos: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que O temem e os livra” (Salmos 34.7).

Ao encerrar o salmo o salmista afirma que a sua proteção provém de um relacionamento que se baseia no amor de Deus. Deus age com amor para com aqueles que o amam. Ele descreve este amor através de determinados verbos, um modo como se Deus estivesse falando com o salmista: “livrarei, protegerei, responderei, estarei (com ele), resgatarei, darei (honra), recompensarei e, de novo, darei (minha salvação)”. Isso gera um relacionamento entre Deus e seu servo, dando acesso para que clame ao Senhor e seja atendido. Revela um relacionamento amoroso que é ir além de simplesmente dar aquilo que falta, mas também abençoar além do esperado. Mas essas promessas maravilhosas são para os que o amam (v. 14), confiam em seu nome (v. 14) e clamam por ele (v. 15).

Estimados irmãos! Diariamente enfrentamos tantas aflições neste mundo. São as dificuldades, os problemas, os sofrimentos que enfrentamos. Mas não estamos sozinhos. Deus está conosco. Ele é O Senhor dos Exércitos que peleja pelo seu povo. É Ele que nos fortalece e nos concede força para vencermos as nossas aflições. Ele coloca à disposição toda a “força do Seu poder”. Só o poder de Deus é que nos sustenta diante das dificuldades da vida. E para ficarmos firmes é preciso nos fortalecer no Senhor, pois o mundo não nos oferece proteção verdadeira. Somente Deus pode nos dar verdadeira proteção. Amém.

 

 


quinta-feira, 8 de junho de 2023



TEXTO: MT 9. 9-13 
TEMA: JESUS VEIO CHAMAR  PECADORES! 

Jesus, não chamou os escribas e fariseus. A sua preocupação, no momento, era buscar e salvar as pessoas que eram desprezadas pela sociedade, que viviam uma vida sem orientação, sem rumo, sem consolo, sem esperança e que viviam no pecado. Ele deixou claro que "veio buscar e salvar o perdido" (Lucas 19.10).Ele ainda diz: “Todo aquele que vem a mim, jamais o lançarei fora.” (Jo 6.37).Como é maravilhoso saber que Jesus vai em busca dos pecadores, oferecendo o perdão para aqueles que se arrependem. Pecador como Davi: “Pequei contra ti, contra ti somente, e fiz o que é mau perante os teus olhos” (Sl 51. 4).Pecador como o publicano que disse:  “Senhor! Sê propício a mim pecador“. (Lc 18.13).Pecador como o malfeitor na cruz, quando diz: “Senhor! Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino.” (Lucas 23.42).

Esta preocupação de Jesus pelos pecadores fica evidente  em nosso texto quando Ele chama Mateus e diz “segue-me”. O coração de Mateus se transformou quando Cristo lhe mostrou o verdadeiro caminho. Ele, agora é um discípulo de Jesus. Quando reconhecemos nossos pecados, Deus está pronto para nos perdoar. Ele não rejeita um coração quebrantado e nem manda embora aqueles que vêm a ele. É o amor de Cristo! Este amor que Ele no oferece, acalma qualquer coração angustiado por causa do pecado. Ele está de braços abertos esperando você, e está chamando pelo seu nome para curar a ferida profunda que está dentro do seu coração.

Jesus começa o seu ministério aqui na terra. Uma das primeiras preocupações é escolher os seus discípulos. Homens que iriam anunciar as boas novas do Evangelho a todas as nações. Homens que seriam embaixadores de Cristo, mensageiros da paz, servos do Senhor, enfim, homens que iriam continuar com sua obra aqui na terra. Mateus é um deles. Assim, afirma o texto: “Jesus viu um homem chamado Mateus sentado na coletoria.” (v.9). Mas afinal quem era  Mateus? Era um publicano, isto é, um funcionário público, mais exatamente, um cobrador de impostos. Essa classe de trabalhadores era desprezada  pelo povo, isto porque, os publicanos não eram bem vistos pelo povo, em face de sua desonestidade e da violência que empregavam para com as pessoas nas suas cobranças de impostos. Para garantirem bom lucro pessoal, tinham liberdade de aumentar as taxas.

 Era uma posição que não agradava a Jesus. E ao observar a situação de Mateus, lhe disse: “Segue-me!”. O verbo ἀκολουθέω significa “ir atrás de alguém”; e no sentido figurado significa “ser discípulo”, “ir em seguimento de alguém. ”Segue-me!” é a voz do Senhor chamando o publicano Mateus para ser seu discípulo. Nestas palavras há algo de especial. É aqui que se revela o amor de Deus para com Mateus. Podemos afirmar que estas palavras significaram para Mateus uma nova esperança, uma vez que era cego espiritualmente. E no fundo do seu coração desejava livrar-se de seus pecados, mas não sabia como consegui-lo. Jesus ofereceu-lhe o perdão, olhou com misericórdia e disse: “Segue-me!”.  Mateus decididamente se levantou e fez a escolha de segui-lo, abandonando sua vida antiga, abarrotada de opressões e explorações. Não perguntou por que, para onde, o que fazer. Deixa a sua profissão e segue a Jesus. De agora em diante será diferente. Ele estaria sempre com Jesus para ter a oportunidade de ouvir de seus lábios os seus ensinamentos. Que posição privilegiada: ser discípulo de Jesus.

Jesus também convida a cada um de nós: “Segue-me!” Esta é a ordem de Jesus. Não queres ser o seu seguidor? Não queres ser discípulo do Filho de Deus? Ele te convida diariamente a seguir o verdadeiro caminho. Ele também diz, crê em mim, segue os meus passos e os meus conselhos. Eu te darei a água da fonte da vida, a vida eterna, porque eu sou o caminho que conduz à vida eterna. Seguir a Jesus não significa ouvir a Palavra de Deus de vez em quando, mas seguir a Jesus quer dizer renunciar a si mesmo. É entregar-se a Deus com todo o nosso coração. Seguir a Jesus implica em primeiro lugar, uma ruptura com o passado. O verdadeiro discípulo de Jesus é aquele que abandona tudo, a fim de pertencer totalmente a seu novo Mestre. Seguir a Jesus implica logo numa participação no trabalho do seu reino aqui na terra. Seguir a Jesus é caminhar em direção de um novo porvir que é a vida eterna.

O coração de Mateus se transformou quando Cristo lhe mostrou o verdadeiro caminho. Ele, agora é um discípulo de Jesus. Sendo assim, quer expressar sua gratidão ao Salvador. Precisa justificar a sua transformação. Precisa apresentar a seus colegas publicanos o seu Mestre. Por isso, oferece um banquete em sua casa. Este banquete deu oportunidade a que, seus amigos ouvissem a Jesus, pois ali também se encontravam, além dos discípulos, muitos publicanos e pecadores. Entretanto, havia outras pessoas neste banquete. Homens que sempre queriam colocar Jesus à prova. Não estavam ali para ouvir a mensagem de Jesus, mas, sim, para observar a atitude de Jesus. Estes eram os fariseus. Eles veem com maus olhos aquilo que Jesus está fazendo, ou seja, comendo com publicanos e pecadores, com pessoas de  má fama.

O fato de Jesus estar ,constantemente, cercado por pessoas humildes, de má fama, sempre escandalizou os líderes religiosos da época, como os fariseus. Ora, esta questão para os fariseus era um escândalo. Talvez, receosos de enfrentar a Jesus, eles resolvem fazer uma pergunta ,diretamente, aos discípulos quando viram  toda aquela cena: “Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” (v.11).Diante desta pergunta, conclui-se que os fariseus eram preconceituosos e discriminavam as pessoas: os samaritanos como hereges, os estrangeiros como impuros, os leprosos como amaldiçoados por Deus. Eram pessoas que desprezavam os cobradores de impostos como traidores e os pobres como ignorantes da Lei.  Desclassificavam as mulheres, as crianças, os presos, os doentes mentais. Hoje, estamos vivendo este mesmo problema em nossa sociedade. Quantas pessoas têm enfrentado em seu dia a dia situações de preconceito e de discriminação. Precisamos ter cuidado para não excluir estas pessoas do nosso convívio, principalmente, da presença de Jesus Cristo.

Jesus derrubou as barreiras preconceituosas e religiosas dos fariseus. Ele mesmo responde a pergunta dos fariseus, Ele afirma: “Os sãos não precisam de médicos, e, sim, os doentes”.(v.12).De fato, se pensarmos em termos da medicina, os sãos não precisam de médicos. Normalmente quem vai ao médico são os doentes. Eles que precisam de tratamento, de uma analise clínica e de remédios. No sentido espiritual, os sãos seriam as pessoas justas, neste caso os fariseus. Eles julgavam-se espiritualmente sãos e sadios. Pensavam estar com sua vida em ordem com Deus. E, por isso, não precisavam de um médico para sua alma, Cristo, o único Médico que pudesse curar a sua enfermidade. Sendo assim, Jesus não pergunta: Onde posso encontrar os ricos, os honrados ou os eruditos? Esses tinham seus confortos e desprezariam suas ofertas. Ele não visitou Herodes ou César. Ele tratou com aqueles que todos reconheciam como miseráveis e perdidos. Este é o principio fundamental de bondade sobre o qual Jesus procedeu.

Portanto, Jesus, o Médico, vai ao encontro destas pessoas doentes e os acolhem, porque precisam dele. Ele, porém, não faz acepção de pessoas, como faziam os fariseus. Mas recebe publicanos e pecadores, e nunca excluiu os escravos, doentes, portadores de deficiências, adúlteros, prostitutas. Conversou com homens ilustres, como Nicodemos e compôs Seu discipulado de homens simples. Ao aceitar as pessoas excluídas, Jesus rompe o círculo de marginalidade e reintegra-as ao convívio diário com outras pessoas. Jesus, como Médico, acolhe as pessoas, oferece a proximidade fraterna e conciliadora em nome de Deus. Ele não os despreza, porque Deus ama todas as pessoas e as quer libertar e salvar. Ele veio buscar e salvar o perdido,  pois  o homem se perdeu desde o jardim do Éden! Ele se afastou de Deus, e a consequência foi desastrosa: o homem separou-se da presença de Deus e estava condenado. Eles, agora precisam do Médico para curar da doença chamado pecado.  

Somo nós sãos? Por certo que não. Necessitamos diariamente do amor e do perdão de Deus, assim como o doente precisa do médico. Na verdade, todos os homens são doentes espiritualmente. São portadores de uma doença que nenhum médico pode curar, a saber: o pecado. O pecado é a nossa separação de Deus, a nossa culpa diante de Deus, o mal dos males. Vivendo nesta miséria, espiritualmente, o homem abandona a Deus e se sente abandonado. Porém, Cristo o chama: “Segue-me.” Chama, a seguir o seu caminho. Mas será que o homem ouve a voz do Senhor? Mateus ouviu e seguiu imediatamente Jesus.

Diante da atitude dos fariseus, homens cheios de preconceitos, Jesus faz uma crítica que ecoa em nossos dias. Ele cita o texto de Oséias 6.6: “Ide, porém, e aprendei o que significa.”(v.13a).A frase “Ide, aprendei…” era uma expressão usada pelos rabinos da época para dizer que a pessoa havia interpretado de forma errada uma passagem ou conceito. De fato, apesar dos fariseus terem profundo conhecimento da lei e todos o rituais, não compreenderam a essência do texto, pois desconheciam o significado da ordem divina. Sendo assim, Jesus ordenou aos fariseus e escribas que aprendessem o significado da ordem: “Misericórdia quero, e não sacrifício.” (v.13b).Os fariseus precisavam aprender, e Jesus os lembra, chama a atenção de que nada adiantava realizar um culto cerimonial que nada têm a ver com a prática misericordiosa, a graça de Deus e seu poder salvador. Deus quer que as pessoas tenham atos misericordiosos e confiem nele.  Se os doutores à época desconheciam o verdadeiro significado do exigido por Deus, será que o homem do nosso tempo conseguiu aprender o que Jesus ordenou? Qual é a misericórdia que Deus exige?

Jesus faz uma aplicação do que havia falado anteriormente, e descreve de modo interessante o Seu próprio objetivo de vir ao mundo. Ele disse: “Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores (ao arrependimento).”( v.13c).Como médico de almas, veio curar doentes espirituais, ou seja pecadores. E o que seria essa cura? O perdão dos pecados, que é concedido exatamente através do arrependimento. Quando diz “vim chamar pecadores ao arrependimento”, significa que Jesus veio propor o perdão, que tornará as pessoas salvas, livres do domínio do pecado. E quanto aos justos - o que dizer deles? Jesus simplesmente afirmou que não veio chamar justos ao arrependimento. Ele não veio para esses, porque esses já se justificam, já se elevam, já se colocam acima dos outros. Esses são comportamentos próprios dos fariseus, dos hipócritas da época de Jesus.

Estimados irmãos! Não pense que o simples fato de ser religioso, o torna uma pessoa aceitável a Deus. Deus não está atrás de rituais, serviços religiosos, liturgias, desses homens, como os fariseus. Jesus chama aos pecadores. Assim, como fez com Mateus. Ele esteve em sua casa e participou de um banquete, o acolheu, o amou e perdoou. Jesus nos chama ao arrependimento, nos resgata rumo a uma vida eterna de comunhão com Deus. Quando reconhecemos que precisamos de Deus, o Espírito Santo nos traz o verdadeiro arrependimento em nosso coração. Amém!

quarta-feira, 7 de junho de 2023

 TEXTO: SALMO 100

TEMA: COMO DEVEMOS ADORAR DEUS?

Hoje, milhares de pessoas no mundo entram, semana após semana, nos locais de culto, onde cantam louvores a Deus, recebem a instrução da Palavra de Deus, comungam junto ao altar, e encontram auxílio e força para a vida diária. Diante desta busca pela casa do Senhor, perguntamos: Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo? Um conjunto de atos mecânicos, repetidos, sem sentido, uma mera rotina que nada contribui para a edificação, nem para a glória de Deus? Além disso, o culto para algumas pessoas é apenas uma reunião de membros na congregação. Outras usam o culto apenas para se encontrar com os amigos e discutir as últimas novidades. E tem aquelas que vão ao culto simplesmente para conversar, como se estivessem em suas casas e muitas destas conversas são frívolas e inapropriadas para um ambiente cristão. E fim, falta alegria, ânimo; palavras de compreensão e entendimento. Muitos cristãos não se preocupam de darem bom testemunho se colocando em intrigas, contendas, soberbas e coisas que Deus não se agrada.

Precisamos, entender que o verdadeiro culto é muito mais profundo. O verdadeiro culto envolve a nossa vida e a nossa entrega diária a Deus. O culto autêntico tem como base a nossa disposição voluntária de adorarmos a Deus. E isto não necessariamente na igreja, mas em todos os lugares. Podemos adorar a Deus em nossas casas, no caminho para o trabalho, andando, levantando, quando vamos dormir ou ao fazermos alguma atividade doméstica. Mas como devemos adorar a Deus? O salmista apresenta duas formas: Em primeiro lugar, somos chamados a adorar ao nosso Deus com alegria. Em segundo lugar, somos chamados para agradecer ao nosso Deus.

 Estimados irmãos! Os israelitas saiam de seus lares a fim de seguir sua jornada, para participarem das festas religiosas. Durante a viagem enfrentavam condições precárias em direção à Jerusalém, lugar de adoração e sacrifício a Deus. Apesar das dificuldades, os peregrinos cantavam, demonstravam confiança em Deus e exaltavam ao Senhor como o protetor nos momentos de dificuldades. Em certo sentido, esse era um momento alegre. Era a alegria em saber que estavam indo em direção ao templo de Jerusalém, com o objetivo único de adorar a Deus. O salmista estende também o convite a todos os povos: "Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras" (v.1). É uma ordem vibrante para louvar em público todos os moradores da terra. É uma ordem que se dirige não apenas a Israel, mas a toda a terra. Há um chamado universal que não prevê divisões étnicas, mas atinge a todos, judeus e gentios. Este chamado é uma demonstração de reconhecimento da soberania universal do Senhor, um Deus de toda a Terra e um Senhor disposto a receber adoradores de todas as partes para celebrar com grande alegria.

No entanto, a maior alegria era buscar o próprio Deus e se colocar diante Dele como um adorador no Templo, “servindo com alegria.” (v.2a). Mas o que é servir a Deus? Servir a Deus significa se colocar debaixo da autoridade de Deus, dedicar nossa vida a Ele, procurando fazer sua vontade e obedecer a seus mandamentos, trabalhar para o Senhor com nossos dons. O sentimento de servir a Ele é muito diferente daquele manifestado quando servimos aos outros. Para alguns servir aos outros tem algo em troca, uma recompensa que poderá trazer-lhe benefícios, quando o fazem para a sua própria glória.

No entanto, todo nosso serviço, seja louvor dirigido a Deus ou bondade estendida às pessoas ao nosso redor, deve ser oferecido com alegria. Servi ao Senhor com alegria – Eis a chave para o cumprimento de nossa missão no mundo. O povo de Israel alegrava-se em servir ao Senhor com grande alegria (2Cr 30.21; Ne 8.17). Em especial, o salmo 4 nos diz: "Puseste alegria no meu coração, mais do que no tempo em que se lhes multiplicaram o trigo e o vinho" (v.7). Com grande entusiasmo também lemos muitíssimas passagens bíblicas que nos mostram o povo de Deus que servia com grande alegria. Uma das cenas mais marcantes das Escrituras, ocorreu quando o grande líder do povo de Deus, Josué guiou vitoriosamente o povo para dentro da terra prometida. Josué convidou o povo a reafirmar a sua fidelidade ao Senhor, e, para isso, ele dá o primeiro passo, dizendo: “Eu e a minha casa serviremos ao Senhor”. O povo, movido pela graça de Deus, responde: “Nós serviremos ao Senhor, pois Ele é o nosso Deus”. 

Chegando à casa do Senhor com alegria, o povo de Israel dava uma demonstração de agradecimento a Deus. Ao entrar nos átrios com ações de graça, as tribos do Senhor traziam as suas ofertas como agradecimento a Deus. Manifestavam seu louvor através dos cânticos. Hoje, milhares de pessoas no mundo entram, semana após semana, nos locais de culto, onde cantam louvores a Deus, recebem a instrução da palavra de Deus, comungam junto ao altar, e encontram auxílio e força para a vida diária. Diante desta busca pela casa do Senhor, perguntamos: Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo? Um conjunto de atos mecânicos, repetidos, sem sentido, uma mera rotina que nada contribui para a edificação, nem para a glória de Deus? Além disso, falta alegria, ânimo, palavras de compreensão, entendimento.

Portanto, demonstrar alegria, deve ser a nossa primeira reação quando vamos à casa do Senhor: “Entrai em sua presença com brado de júbilo”. (v.2b). O conceito de entrar em sua presença não admite uma ação mecânica, nem envolve somente o comparecimento geográfico. Por isso, a ordem é servir ao Senhor com alegria. É uma alegria que somente os filhos de Deus podem desfrutar. É a alegria, na certeza, que temos um Deus bondoso e de misericórdia. Prestar a Deus adoração alegre nos fortalece: a alegria do Senhor é a nossa força (Ne 8.10). Em Paulo notamos a manifestação desta alegria, quando ele diz em Fp. 4.11: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”. E ainda no cap. 4.4, Paulo admoesta: “Alegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos”.

No entanto, ao entrar no santuário de Deus, com cânticos de gratidão e louvor, é preciso “saber que o Senhor é Deus”, (v.3a). Isto é motivo para estarmos alegres. A ideia da palavra “saber” está totalmente relacionada a conhecer, confessar que o Senhor é Deus. Conhecer a sua história, sua mensagem, seus grandes feitos realizados pela humanidade. É, portanto, uma confissão de fé. Todas essas informações estão contidas nas Escrituras. O conhecer a Deus através de sua palavra faz com que entendamos a necessidade de sermos gratos pelos seus feitos e pela sua maravilhosa graça. Só podemos servir ao Senhor com alegria e viver para a sua glória se soubermos quem Ele é.

Mas você sabe quem é Deus?  Quem você está adorando? Deus é aquele que sabe de todas as coisas, está em todos os lugares ao mesmo tempo. Criador de todas as coisas. É espírito, infinito, eterno e imutável em seu ser, sabedoria, poder, santidade, justiça, bondade e verdade. Quando Moisés é chamado pelo Senhor para libertar o seu povo do Egito, ele pergunta ao Senhor qual o seu nome. "Então disse Moisés a Deus: Eis que quando eu for aos filhos de Israel, e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós" (Êx 3.13,14). Moisés precisava de uma referência sobre quem era Deus, para que, então, pudesse fazer aquilo que Ele lhe ordenava.

O salmista sabia quem era Deus. Não coloca em dúvida a divindade do Altíssimo.  Adorava ao único Deus verdadeiro. Aqui está a resposta: “foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo e rebanho do seu pastoreio”. (v.3b). Por isso, havia motivos para o salmista louvar a Deus, um reconhecimento pelo que Deus realizou de forma extraordinária em sua vida. Na verdade, o ser humano foi criado para louvar o nome de Deus e tudo o que Ele criou. Toda a criação deve louvar ao Criador. Lemos em1 Crônicas 16.25: “Porque grande é o Senhor, e mui digno de louvor, e mais temível é do que todos os deuses”.

Portanto, Deus tem o total direito de receber a honra e a glória. Por isso, temos muitos motivos para exaltar o nome do Senhor não apenas por aquilo que Ele nos deu, nos dá, mas, acima de tudo, por aquilo que Ele é. O salmista apresenta três características de Deus que com certeza nos fazem ficar constrangidos com tamanha grandeza e nos dão os motivos pelos quais devemos sempre praticar a gratidão. O primeiro motivo é a bondade de Deus. “Porque o Senhor é bom” (v.5a). A bondade de Deus é proeminente nos primeiros capítulos da Bíblia. Repetidamente, Deus pronunciou “boa” cada coisa que Ele criou. Ela é uma preciosa qualidade de Deus que transparece em todas as relações com seus servos. Ela percorre toda a história, pois faz parte dos seus atributos, isto é, Deus é a bondade plena em si mesmo. Ela continua se manifestando em todos os momentos da vida humana. Ele é benigno e compassivo para conosco. Ele entende suas mãos para nos ajudar. Se não tivesse sido assim, a humanidade teria perecido há muito tempo (Lm 3.22).

O segundo motivo: “O Senhor é misericordioso para sempre” (v.5a). Há muitos textos bíblicos que descrevem a grande misericórdia de Deus. Jeremias a descreve assim: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3.22, 23). A maior revelação da misericórdia de Deus está fato histórico da morte de Jesus em nosso lugar. Foi por misericórdia e amor para com o homem que Cristo morreu na cruz para nos salvar. O Senhor usa sempre de misericórdia para conosco, dá-nos sempre uma nova oportunidade para começarmos tudo de novo.

Terceiro motivo: Senhor é fiel. O salmista aponta as promessas de Deus e a certeza de que ele sempre cumpre o que diz: “Sua lealdade é para sempre e a sua fidelidade de geração em geração” (v.5b). A lealdade, ou o “amor leal” de Deus, assume uma forma especial dentro do seu relacionamento com Israel. Significa que as alianças que fez com seus servos, como Abraão e Davi não podem ser ignoradas por Ele. Por isso, em amor pelos servos com quem se comprometeu voluntariamente, o Senhor cumprirá cada palavra que disse e será fiel mesmo depois de muito tempo e muitas gerações terem passado – o que inevitavelmente produz esperança firme em seus servos e, consequentemente, uma gratidão verdadeira que os leva à adoração.

Estimados irmãos! Quando uma pessoa entende que adorar a Deus é ter uma vida de íntima comunhão com Ele, durante todos os momentos, do nascer ao pôr-do-sol, negando o conformismo do mundo e agindo conforme as Santas Escrituras, levando o exemplo de Cristo para todos para todas as nações, está oferecendo verdadeira adoração e Culto ao Senhor. Por isso, Ele nos convida a estarmos diante dele com alegria, com cânticos. Que tenhamos um coração, com um contínuo sentimento de gratidão e celebremos com ações de graças sempre, proclamando em alta voz: “A ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre.” (Ef 3.21).Amém!