quarta-feira, 13 de setembro de 2023

TEXTO: SL 27

TEMA: COLOQUEMOS A NOSSA CONFIANÇA NO SENHOR!

 Quando falamos de confiança, precisamos nos questionar: Onde estamos colocando nossa confiança? Nas ideologias? Nas riquezas? Nas nossas forças? Na verdade, o que se observa neste mundo moderno é que a maioria das pessoas tem depositado a sua confiança em qualquer outra coisa, menos em Deus. Nos dias do salmista, as pessoas confiavam nas suas próprias forças, na grandeza dos seus exércitos, na quantidade de suas armas, nos seus cavalos. Davi poderia ter depositado toda a sua confiança nestas coisas, mas, escolheu confiar somente no Senhor. Ele expressa esta confiança no Senhor quando tinha que enfrentar as batalhas durante a sua vida. Nestas circunstâncias, ele sempre recorria à segurança, poder e vitória vindas do Senhor. Era um homem de fé genuína, confiante nas promessas do Senhor.

E você, tem confiado somente em Deus? Tem dado exemplo de fé e confiança em Deus? Lembrando que a nossa confiança não está em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas sim em Deus. Deus é a nossa fortaleza. Somente Ele, com sua infinita sabedoria e misericórdia, poderá nos garantir a paz, mesmo em meio às provações e correria da vida moderna. Somente Ele poderá iluminar as trevas de nossos pecados e apontar saídas para todos os desafios.  Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que enfrentamos neste mundo.

                                                              I

Davi estava sofrendo por causa da fúria e das tramas dos seus inimigos. Seu filho Absalão se tornou o grande inimigo de Davi. Situação que deixou Davi tão apático diante daquela circunstância, e se mostrou temeroso e inseguro. Não havia pretensão de domínio e força para lutar. Amedrontado com a situação que tinha à sua frente, ele demonstrou medo. Na verdade, Davi teve muitos medos ao longo de sua vida. Mas diante de seu medo, a sua confiança não estava na força do seu braço nem no poderio de seus guerreiros. Sua confiança estava depositada em Deus, que sempre foi a sua rocha, o seu escudo e a sua fortaleza. Sendo assim, ele afirma: O Senhor é minha luz e minha salvação. O Senhor é a fortaleza de minha de minha vida.” (vv.1-3). Deus é luz, salvação e fortaleza para Davi. Essa realidade é tão poderosa que ele exclama: “por que ter medo?”  (v.1).

O medo faz parte da vida do ser humano.  Ele remonta-nos a Adão e Eva. Depois de desobedecerem a Deus, e de Deus os ter chamado, Adão respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. (Gn 3.10). São tantas fobias que estão presentes na vida do ser humano que tem levado ao desespero e sofrimento. Mas, afinal, o que é o medo? Medo é um sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário. Ele é um sentimento que está presente na vida das pessoas. Você tem medo de alguma coisa? O que pode lhe deixar com medo? Seria o futuro? A área financeira? Seria medo da morte? Da violência e injustiças que vemos todos os dias na TV? De atravessar uma rua movimentada? De uma tempestade? De ser assaltado? O que lhe deixa com medo?

É justamente nesta situação de medo que Davi busca Deus. Demonstra a sua confiança e ânimo, quando diz que o Senhor é a sua luz, salvação e fortaleza. Ele apresenta as características de Deus e se apropria de seus benefícios para a sua vida. Confiava no Senhor que é a sua luz. A luz que resplandeceu em sua vida. Confiava no Senhor que é a sua salvação. Naquele que livra de situações de perigo, opressão e sofrimento. Confiava no Senhor que é a sua fortaleza. Naquele é forte refúgio para os que estão sendo perseguidos pelos inimigos: “Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança”, declara o salmista no verso 3. Como se observa, o medo deu lugar ao sentimento de segurança na vida do salmista.

Diante da dimensão de nossos medos, problemas e tribulações, que são densos, quando não conseguimos enxergar absolutamente nada diante de nossos olhos, ou até mesmo, discernir onde estamos, e o que está acontecendo em nossa vida, eu pergunto: temos confiado no Senhor? Onde está a nossa esperança? Nas ideologias? Nas riquezas? Em si mesmo? Verdade é que muitas pessoas tem colocado a confiança em si mesmo, nas riquezas, em coisas que são perecíveis, ou em qualquer outra coisa, menos no Senhor. Mas não esqueçam:  nossa confiança deve estar depositada no Senhor, pois ele nos garante firmeza inigualável, força, paz, persistência e certeza necessárias para seguirmos em frente. Com a confiança no Senhor permaneceremos firmes diante dos problemas e dificuldades, pois temos a certeza de que Ele sempre responderá às nossas súplicas, às vezes, de um modo diferente o que esperávamos, mas sempre responderá.

Confiando no Senhor, o salmista demonstra o seu maior desejo. Ele pede ao Senhor uma coisa que tinha muita necessidade. O que Davi queria?  Morar na Casa do Senhor: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. (v.4). Davi não queria apenas um livramento do problema. Não almejava se esconder debaixo das cortinas da tenda. (tabernáculo). Também não desejava entrar na Casa do Senhor para realizar um dever social, religioso, ou para rever amigos. Mas a Casa do Senhor era o melhor lugar onde ele poderia estar.  Sentia-se feliz, alegre, seguro, protegido, e podia descansar tranquilamente. E os motivos de se assentar diariamente na Casa do Senhor são expostos: “contemplar a beleza do Senhor”. A palavra “contemplar” implica a ideia da busca de um relacionamento íntimo com Deus; transmite a ideia de fixar o olhar. E para onde se concentrava seu olhar? Na beleza de Deus, ou literalmente, no seu encanto. Portanto, Davi queria meditar no templo do Senhor. Meditar sobre quem é o Senhor e manter comunhão com Ele. Davi tinha tanto carinho pela Casa do Senhor que certa vez exclamou: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!” (Sl 84.1).

O que você tem pedido ao Senhor em suas orações? Se você tivesse que pedir apenas uma única coisa para Deus, o que você pediria? Talvez esteja pedindo muitas coisas, mas esquecendo da principal. “só uma coisa é necessária...”. E o que é necessário? Estar na Casa do Senhor contemplar a Sua beleza e meditar no templo do Senhor. Este deve ser o nosso maior desejo, mais do que qualquer outra coisa nesta vida. Você não gostaria de usufruir das bênçãos maravilhosas oferecidas por Deus? De contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo? De manter seu encontro com toda a congregação perante o Senhor, onde se evidência e se fortalece a comunhão entre irmãos na fé? Lembre-se: você é parte integrante da Casa do Senhor. Sem a sua presença e participação, com os demais irmãos na fé, que se reúnem regularmente para ouvir o Evangelho, não existe comunhão e trabalho.

Davi não almejava se esconder na Casa do Senhor como se fosse uma fortaleza, que consistia de muralhas e portas resistentes. O que ele almejava era a proteção divina, de estar debaixo do cuidado do Senhor. Ele afirma que é na Casa do Senhor, no meio de Sua presença, que encontraria paz de espirito que tanto almejava: “Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha”. (v.5). O termo pavilhão refere-se a um refúgio, um lugar de proteção. Já o termo recôndito é um lugar mais profundo, íntimo, reservado, baseia-se num relacionamento ligado por afeição e confiança ao Senhor. Sendo assim, o tabernáculo de Deus seria o refúgio, o lugar seguro, que permitiria tranquilidade na vida de Davi, lugar de adoração, pois era onde o Senhor se manifestava.

Infelizmente, vivemos numa época em que muitos cristãos têm perdido a vontade de buscar a presença do Senhor. Quão difícil em nosso tempo de tanta correria é encontrar pessoas na busca pela Casa do Senhor.  Muitos abandonam a Casa do Senhor, deixando de frequentá-la, de se interessar por ela e de zelar pelo seu sustento. Têm perdido a vontade de orar, ler a Bíblia, cantar louvores, glorificar a Jesus Cristo na Casa do Senhor. Na verdade, há um esfriamento espiritual na vida de muitos cristãos.  Como prova disto, encontramos igrejas vazias pessoas “frias” espiritualmente, materialistas, dando mais valor aos negócios do que ir à Casa do Senhor. Precisamos buscar a presença do Senhor constantemente e nunca dispensar a comunhão com Deus e a santificação. Ele é o nosso abrigo e proteção! Se vivemos na Casa do Senhor todos os dias, contemplando a Sua beleza, vamos desfrutar de muitas bênçãos que Ele nos oferece: felicidade, alegria, paz, consolo, comunhão e tantas outras que recebemos, quando dispomos a buscar a face de Deus, unidos em adoração com outros membros do corpo de Cristo.

Essa visão, exposta por Davi, é tão reconfortante que ele faz questão de demostrar sua gratidão, diante da atuação de Deus em seu favor. Ele afirma: “Que eu ofereça, no seu tabernáculo, sacrifícios de alegria; que eu cante e faça músicas ao Senhor”. (v.6b). Aqui está um aspecto importante da vida de Davi. Ele oferece a Deus sacrifício de júbilo – ele canta louvores a Deus, ele se sente alegre por estar na Casa do Senhor. Esta é uma forma de agradecimento ao Senhor, diante das vitórias sobre seus inimigos. Por isso, ele declara seu propósito de oferecer sacrifícios de gratidão ao Senhor.

                                                                     II

Há uma mudança drástica a partir do versículo 7. Toda aquela confiança desaparece. Encontramos um Davi fraco na fé.  As exuberantes expressões de segurança subitamente dão lugar aos lamentos e humildes súplicas do salmista diretamente a Deus. Ele clama para ser ouvido, deseja misericórdia e resposta: “Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me.” (v.7). Ouve, Senhor, a minha voz. Este é o clamor do salmista, um clamor confiante em Deus em que ele suplica misericórdia, compaixão, piedade. No Salmo 51, ele também clama desesperado de alguém que precisa de ajuda. Alguém que é defrontado com seu próprio pecado e não consegue se livrar dele sozinho: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.” A primeira coisa que ele faz é se voltar como miserável para a misericórdia e o amor de Deus, pois Deus nunca o desamparou.

Todos nós, em algum momento da vida, podemos nos identificar com o sofrimento do salmista. Constantemente também passamos por grandes tribulações, profundezas espirituais, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão e a nossa negligência espiritual. Talvez seja o momento em que precisamos clamar, insistir, perseverar em nossas orações ao Senhor. Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o Senhor, o único que pode nos salvar, e clamar por socorro, pois temos um Deus em quem nós podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Por isso, clame pelo socorro do Senhor e Ele te ouvirá e virá ao seu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em sua vida.

Davi conta que do seu íntimo surgia um convite divino que lhe apontava o caminho da presença do Senhor. Ele afirma que, agora, a porta foi aberta para ele buscar a Deus. Ele afirma: “Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. (v.8) A palavra hebraica פָּנִים (face) no Antigo Testamento é frequentemente traduzida como "presença". Buscar a face do Senhor significa procurar estar na Sua presença, conhecer a Sua força, o Seu auxilio e ser aceito por Ele. Quando nos aproximamos de Deus em oração, estamos buscando a Sua presença. A caminhada cristã é uma vida dedicada a buscar a presença e o favor de Deus. Sendo assim, o Senhor quer que de forma humilde e com confiança busquemos a Sua presença em nossas orações.

Em obediência à ordem de buscar a face do Senhor, o poeta ora: “Não escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo...” (v.9). Neste momento o salmista suplica para que Senhor não afaste a sua face, como uma rejeição à sua súplica. Não o deixe desemparado. Meu pai e minha mãe me desampararam [mas] o Senhor me acolherá ( v.10). Embora ele seja como uma criança abandonada, o Senhor o adotará e cuidará dele. Agora, Davi pede orientação e proteção ao Senhor: "Ensina-me... guia-me... não me deixes". (v.11). Davi gostaria de encontrar o caminho que conduz à presença do Senhor. Às vezes. temos uma série de caminhos possíveis diante de nós e ficamos incertos sobre qual é o melhor; outras vezes temos a impressão de que não temos nenhuma saída. É o momento de pedir orientação ao Senhor para que Ele nos mostre o verdadeiro caminho. Se quisermos confiar-nos a um guia seguro no nosso caminho, lembremo-nos de que Jesus disse de si mesmo: “Eu sou o Caminho…” (Jo 1.6). 

A convicção e a esperança renascem da fé confiante do salmista. Em vez de entregar-se ao desespero, ele manteve sua confiança na bondade do Senhor na terra dos viventes. O versículo 13 apresenta a convicção: "Eu creio": “Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.” Eu sei que verei no futuro a bondade de Deus. Esta confiança se manifesta na expressão טוּב יְהוָה (bondade do Senhor), que significa o sustento, a preservação do Senhor e em várias bênçãos sobre toda a humanidade. E a expressão אֶרֶץ חַי (terra dos viventes) significa simplesmente esta vida. Davi estava passando por uma prova, mas tinha a confiança de que nesta vida presente Deus o ajudaria a sair do apuro através da sua bondade. Ele mesmo foi quem disse no salmo 23: ''Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.''

Outra convicção que o salmista possuía, encontra-se nas palavras: קָוָה יְהוָה (espera pelo Senhor). (v.14a). Esta é uma advertência ao próprio salmista. Ele é encorajado a não se desesperar, mas “esperar no Senhor”. Ele sabia por experiência o que significava “esperar ao Senhor”. Ele passou muitos anos esperando ser coroado rei e fugindo da ira de Saul. E, em outro salmo, ele nos encoraja com estas palavras: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim quando clamei por socorro, colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos” (40.1-2). Sendo assim, o alvo de sua resignação pessoal e de absoluta confiança é o Senhor. Ele deposita todas as suas inquietações, a sua confiança, independentemente de qualquer coisa que aconteça, no Senhor.

Precisamos aprender a esperar pelo Senhor. No entanto, nesse mundo pós-moderno, onde o instantâneo cada vez mais faz parte da vida das pessoas, ninguém gosta de esperar na fila do supermercado, do banco, hospital, trânsito. A impaciência e o hábito do imediatismo nos fazem sempre ansiar por uma solução rápida por tudo que almejamos. Mas a questão é que somos exortados a “esperar pelo Senhor”. Esperar tem grande importância na vida com Deus. Esperar no Senhor é decidir caminhar na direção que Deus tem para nós. Na verdade, a nossa capacidade de esperar está em grande parte relacionada com o quanto confiamos no Senhor. Quando confiamos no Senhor com todo o nosso coração, Ele nos dará direção certa. Por isso, devemos esperar no Senhor em meio ao sofrimento sem desistir, aguardando o tempo da resposta de Deus.

O salmista também é convidado ater “bom ânimo, e fortificar o seu coração”. (v.14b). Mas que é bom ânimo? Sempre haverá momentos em nossas vidas em que deveremos encarar nossos maiores medos. Para muitos de nós, isso acontece todos os dias, quando nos levantamos de manhã para enfrentar as muitas provações e dificuldades da vida. Você é capaz de esperar sem reclamar e murmurar? Quando as coisas não caminham do jeito que você espera?  Quer aprender a esperar em Deus e a manter o ânimo, enquanto espera? Então vamos pedir a Deus que nos de sabedoria e nos ajude a praticar estes princípios a cada dia de nossas vidas. Aprenda a esperar no Senhor e manter o ânimo enquanto esperamos as bênçãos do Senhor.

Ao após a nossa reflexão sobre este salmo, conclui-se que a circunstância em que se encontrava o salmista, também tem sido a nossa situação. A vida do cristão é comparada a uma jornada. Somo peregrinos neste mundo, e estamos a caminho da nova Jerusalém. Muitos são os perigos nesta jornada. São tantas as dificuldades que temos que enfrentar, mas Deus é o nosso socorro. É justamente do próprio Deus que vem o socorro, aquele que pode nos socorrer que tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor. É maravilhoso ser protegido pelo Senhor! Esta proteção ocorre na vida daqueles que confiam no Senhor. No dia a dia da vida, em meio às lutas e problemas, nos momentos mais duros e cruéis, somos protegidos pela mão do Senhor. Ele nos protege das armadilhas de Satanás, de doenças, enfermidades e epidemias, de violência, acidentes. De fato, quem confia no Senhor pode passar por momentos de segurança.

Precisamos aprender a confiar em Deus. Confiar em Deus é uma atitude que temos de tomar todos os dias, ou melhor, ela deve estar impregnada em nossa mente, ainda que não enxerguemos propósitos nas circunstâncias que enfrentamos, nem nos desafios que somos obrigados a passar. Confiar significa ter fé, esperar, ter esperança em algo ou alguém, ter confiança.  Deus é digno de nossa confiança. Ao contrário dos homens, Ele nunca deixa de cumprir as Suas promessas. Você já parou pra pensar o quanto Deus age, mostrando seu amor e sua bondade em sua vida? Amém.

         TEXTO: MT. 18.21-35 

         TEMA: SAIBAMOS PERDOR NOSSO IRMÃO

No contexto anterior da parábola, Jesus havia ensinado sobre como tratar os irmãos que pecam contra nós, ou seja, o tratamento que deve ser dispensado a um irmão culpado (18.15-20).O objetivo era conscientizar os discípulos sobre o dever de perdoar os irmãos com amor e misericórdia, buscando a reconciliação e o perdão. Diante disso, o apóstolo Pedro perguntou a Jesus sobre quantas vezes se deve perdoar a um irmão culpado. Foi nesse ponto que Jesus introduziu a Parábola do Credor Incompassivo. Portanto é um parábola que revela a importância da misericórdia e do perdão.

Baseado neste assunto, o seguinte tema serve como base da nossa meditação: “Saibamos perdoar nosso irmão.” E como estrutura deste tema, vamos refletir sobre dois pontos: primeiro, porque Deus perdoou a nossa dívida, quando enviou seu Filho que morreu na cruz por nós. Ele não apenas perdoou, mas também oferece o perdão a todos nós, independentemente, de nossas transgressões. Seu exemplo nos ensina que não importa o quão grande sejam nossos erros, seu amor é maior e seu perdão está sempre disponível para aqueles que buscam verdadeiramente.  Segundo, porque  movido pelo amor que Deus demonstrou através de Cristo na cruz, um perdão pleno, gratuito e eterno, oferecido a todos quantos se arrependerem e creem no evangelho, os cristãos devem perdoar o seu irmão.  Não deve retribuir, pagando em dobro a ofensa. Ele deve perdoar não sete vezes, nem uma única vez, mas sempre.

                                                      I

Em conformidade com o ensinamento de Jesus sobre a disciplina na igreja, Pedro aproximou-se de Jesus e perguntou: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes?” (v.21). Podemos observar, claramente, que existia uma dúvida no coração de Pedro em relação ao perdão para com o próximo. No seu entender  o perdão era condicional, ou seja, pensava que devia colocar condições para perdoar. Esta dúvida de Pedro surge no seguimento do que Jesus tinha dito anteriormente. Ele ouviu sobre a ovelha reencontrada e sobre a necessidade de os irmãos se reconciliarem. Diante de todos estes assuntos ,ficou em dúvida e perguntou a  Jesus: Senhor, quantas vezes devo perdoar a meu irmão, se ele continuar me ofendendo?  Devo perdoar sete vezes? Devo dar sete oportunidades?

Jesus, então, responde: "Não te digo que perdoes até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (v.22) Jesus fez uma conta interessante ao usar o número sete como símbolo da perfeição. Esse número aparece 300 vezes nas Escrituras. O maior número de ocorrências são registradas em Apocalipse. Mas qual o significado que Jesus queria transmitir a Pedro? Vamos analisar o contexto histórica da questão. Os rabinos tinham uma concepção de que se uma pessoa pecasse contra alguém uma vez, deveria perdoar. Se ela pecasse  duas vezes, também deveria perdoar . Se ela pecasse três vezes, ainda assim deveria perdoar. Se ela pecasse  quatro vezes, retribua-lhe na mesma moeda. Eles achavam suficiente perdoar uma pessoa três vezes. Depois disso, a justiça exigia retribuição. Ora, Pedro, não diz três, ele vai mais longe: ele pergunta se são sete vezes suficientes para podermos julgar o nosso irmão.  Pedro pensava que perdoar a um irmão sete vezes era ficar muito próximo da perfeição divina, pois o sete era o número da perfeição. Seria o numero perfeito de vezes a perdoar alguém. Na verdade, ele levou o perdão muito além da limitada ideia dos fariseus. Para o apóstolo Pedro, sete, era mais que o dobro das vezes que os rabinos estavam dispostos a perdoar.

Jesus adiciona uma multiplicação ao número sete para demonstrar a Pedro que precisaria ir muito mais além no exercício do perdão. Ele não estabelece um limite para perdoar. A expressão setenta vezes sete proferida por Jesus significa tantas vezes quantas forem necessárias. Quem perdoa de fato não conta. O que devemos fazer é perdoar e esquecer sem guardar qualquer ressentimento e sem qualquer tentativa de vingança contra nossos ofensores. Pedro precisava entender esta verdade vital: o perdão não é medido pelo número de vezes que alguém nos ofende. Jesus. em outras palavras. estava tentando mostrar a ele que o perdão deve ser incondicional e infinito. Ao ouvir aquelas palavras, ministradas por Jesus, sentiu a importância da necessidade de se perdoar e pedir perdão.

Para melhor esclarecimento a respeito do perdão, Jesus conta uma parábola que certamente iria de uma vez por todas, esclarecer as possíveis dúvidas existentes em seu coração. Jesus fala que o reino dos céus pode ser comparado a um rei que  possuía muita terra, e alguns administradores com a tarefa de cuidar de seus bens. Um destes administradores ficou muito endividado com o rei. Ele resolveu “acertar contas” com o servo. No entanto, o servo não tinha as mínimas condições para prestar contas. Sua dívida é de “dez mil talentos”. Talento era uma unidade de peso usado para designar grandes quantidades de ouro ou prata. O talento usado nos tempos do Novo Testamento pesava 58,9 kg.  Este servo devia 10 mil talentos, era um débito impossível de ser pago, o que exigia um perdão do rei.

O rei muito severo ordenou que o devedor e sua família fossem vendidos para pagar a dívida. Assim diz o texto: “Não tendo ele, porém com que pagar”, (v.25) o rei exigiu o pagamento de acordo com as circunstâncias do indivíduo. Por isso, deveria vender a sua família, como escravos para pagamento das divididas. (Amós 2.6; 8.6 e Neemias 5.4,5.). Mas o servo, “prostrando-se reverente, rogou: “Sê paciente comigo e tudo te pagarei”. (v.26). A expressão “sê paciente” apresenta a ideia de um pedido de prazo referente a sua dívida. Às vezes, o vocábulo também significa simplesmente uma paciência prolongada, longanimidade. 

Depois de ouvir as súplicas por misericórdia, o rei, movido de íntima compaixão pelo devedor, decide libera-lo em paz, perdoando toda a dívida:” O senhor daquele servo compadecendo-se, mandou-o embora  e perdoou-lhe a divida”.(v.27).O verbo σπλαγχνίζομαι no grego significa ser movido pelas entranhas, pois se achava que as entranhas eram considerados como sede das emoções. Neste sentido as pessoas eram movidas  pela compaixão e misericórdia. Já o verbo ἀφίημι ,traduzido como perdoar. traz um conotação judicial, que tem o sentido de: soltar, libertar, fazer alguém livre. O termo δάνειον significa literalmente "empréstimo". Isto significa que aquele senhor teve  misericórdia e  perdoo seu empréstimo. Este empréstimo foi imensamente acrescido de juros, os quais eram enormes em muitas culturas do oriente. que era impagável. Fato do empréstimo não poder ser pago foi o fator que levou o rei a usar de misericórdia e perdoar. Foi beneficiado através do perdão dado pelo rei: ele e a sua família ficaram livres de ser vendidos como escravos. O rei não se ressentiu pelo prejuízo assumido, nem ameaçou vingança em ocasião oportuna.

A nossa dívida espiritual também era enorme e altíssima. Ela atingia a casa dos dez mil talentos, ou seja, é incalculável. Nossa dívida foi tão grande que não podíamos pagá-la, mesmo que tivéssemos que usar todos os nossos recursos, poderes e obras, nós não teríamos condições para pagar a nossa divida. Somente pela graça de Deus, através de seu Filho Jesus, que conquistou na cruz, é que recebemos o perdão de todas as nossas faltas, dívidas, transgressões e pecados.  Sendo assim, o sacrifício de Cristo não apenas nos garantiu o perdão de Deus, mas Ele continua nos perdoado. Portanto, peça perdão, arrependa-se  perante ao único que pode apagar os seus pecados. A Bíblia nos orienta a confessarmos o nosso erro a Deus: “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.” (1 João 1.9)

                                                              II

O servo saiu da presença do rei e foi ter com um de seu conservo que lhe devia um pouco, apenas cem dentários. Dentário era um sistema monetário que circulava durante o Império Romano. Era o valor que recebia um trabalhador por um dia de trabalho na época, no tempo de Jesus (Mateus 20.2,13).  Na taxa de câmbio daquele tempo seriam necessários 6.000 dentários para igualar a apenas um talento. O homem levaria 19 a 20 anos para ganhar somente um talento. Simplesmente não havia meio para que essa dívida jamais fosse paga.

É difícil  de  entender esta situação: um servo que fora perdoado, se recusou a perdoar um dos seus conservos. Ele tratou o seu conservo sem qualquer respeito e amor, como se não fosse pessoa digna de consideração. Assim expressa o texto: “Agarrando-o, o sufocava”. (v.28). O verbo está no imperfeito e indica uma ação contínua, ou seja, o homem persistia em maltratar o outro miseravelmente até que pagasse o divida. Mas, ele caindo-lhe ao pés, implorava: “ Sê paciente comigo, e te pagarei.” (v.29). O tempo imperfeito no grego, traduzido como implorava, indica também uma ação contínua, ou seja, o conservo continuava a implorar diligentemente, mas em vão. Implorava, demonstrava a mesma atitude de humildade, usava as mesmas palavras, tinha a mesma necessidade de misericórdia, e certamente não tinha menor direito ao perdão. Assim diz o texto: “Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida.”(v.30) Recusou de forma persistente a respeito dos pedidos do conservo. Chegou ao extremo de lançar o conservo na prisão. A sua atitude demonstra que esquecera totalmente do perdão recebido.

O rei ficou sabendo deste acontecimento, através dos amigos do conservo, que narram a história de forma intensiva. Ao saber desta história mandou chamá-lo e lhe disse: “Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti?" (v.32 e 33). “Servo malvado”. Esta é a forma como expressa o rei ao servo ingrato.  Ele se tornou um servo maldoso, egoísta e imoral, não soube compreender o perdão, não soube expressar a sua gratidão. A sua atitude de colocar o conservo no cárcere foi um ato de ingratidão.  Sendo assim, a primeira atitude do rei foi anular tudo que tinha feito em favor do servo, ou seja, invalidou o perdão que havia concedido. Agora, só lhe restou o castigo. O rei ficou indignado com a atitude do servo. Ele desabafou a sua indignação. Desta vez o servo não tinha esperança. Diante de sua atitude foi entregue aos verdugos:  “E, indignado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse tudo o que lhe devia”.(v.34).Os verdugos eram indivíduos responsáveis por aplicar penas corporais e psicológicas com a finalidade de afligir o torturado e fazer-lhe sofrer pelo crime que cometeu.

As nossas atitudes não são diferentes. Todos nós nos encontramos na situação daquele homem. Temos recebido compaixão de Deus e o seu perdão, através de Cristo. E quais são as nossas atitudes? Queremos receber o perdão quando erramos, mas nem sempre oferecemos o perdão quando requerido de nós. Observa-se que muitas pessoas têm dificuldade em perdoar, guardando mágoa, ressentimento, raiva, por semanas, meses, anos e alguns pela vida toda. Lembrando que o homem que se recusa a perdoar, a ter compaixão para com seus semelhantes, mostra uma ingratidão. Está desconsiderando o perdão de Deus. Quem assim procede, Deus retira seu perdão do qual necessitamos para alcançar a vida eterna. Cristo nos exorta severamente, sob pena de perdermos a graça de Deus. Isto Jesus expressa nas palavras: “Assim também meu Pai celeste vos fará se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão. (v. 35). Cristo ainda afirma: “Porque, se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mateus 6.14 e15).

Portanto, movido pelo amor que Deus demonstrou através de Cristo na cruz, um perdão pleno, gratuito e eterno, um exemplo de sua infinita graça e amor por nós, oferecido a todos quantos se arrependerem e creem no evangelho, os cristãos devem perdoar o seu irmão. Não devem retribuir, pagando em dobro a ofensa. Não devem perdoar sete vezes, nem uma única vez, mas sempre. O exemplo de Jesus nos mostra que o perdão não é uma tarefa fácil, mas é possível quando permitimos que o amor e a compaixão guiem nossos corações. Ele nos ensina a olhar além dos erros e falhas dos outros, e ver a humanidade em sua essência com todas as suas imperfeições. Enfim, Ele nos convida a estender a mão da misericórdia e do perdão, mesmo quando somos feridos. Seu exemplo nos ensina que não importa o quão grande sejam nossos erros, seu amor é maior e seu perdão está sempre disponível para aqueles que buscam verdadeiramente.    “Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo.” (Efésios 4.32).

Se de nossa parte não queremos perdoar ao nosso irmão, como poderemos esperar o perdão de Deus? Que nós saibamos perdoar o nosso irmão diariamente em nossa vida, assim como Cristo nos perdoa. Amém.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

 TEXTO: SL 32

TEMA: É FELIZ AQUELE QUE CONFESSA SEUS PECADOS

O salmo 32 foi escrito após Davi ter cometido grave pecado com Bate-Seba. É um salmo de arrependimento, confissão, perdão, reconciliação. É um testemunho de Davi do perdão que recebeu mediante sua confissão de pecados e dos efeitos que o perdão divino teve sobre sua vida. Ele experimentou a alegria da reconciliação! Tornou-se um homem feliz e abençoado por Deus.

Mas quem é o homem feliz? O homem feliz é o homem que foi perdoado.  Aquele a quem Deus encobre o pecado, não querendo ver, recordar ou conhecê-lo. Ele torna-se feliz porque seus pecados foram apagados e nada mais existe para condená-lo. Ora, se não há mais transgressão, pecado, iniquidade e engano, o homem está liberto e será realmente feliz. Esta é a verdadeira felicidade de que nos fala a Bíblia.

Portanto, todos nós precisamos pedir perdão a Deus pelos nossos pecados e quando o fazemos sentimos a alegria de sermos perdoados e reconciliados! Através de Jesus, temos a certeza de que "se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar..." (I João 1.9). Por isso, a verdadeira felicidade do cristão, a sua maior alegria e consolo é receber de Deus o perdão dos seus pecados.

                                                              I

Davi ressalta que as suas transgressões e os seus pecados foram perdoados e que, portanto, poderia ser feliz. Assim, ele finalmente pôde dizer com toda confiança: “Bem-aventurado aquele cuja iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR não atribui iniquidade, e em cujo espírito não há dolo”. (vv.1e2). Interessante que nestes dois versículos, o salmista apresenta quatro palavras que descrevem a sua situação: a primeira palavra é transgressão, que significa rebelião contra as leis de Deus; a outra palavra pecado, que significa uma ofensa a Deus; a terceira palavra é iniquidade, que quer dizer perversidade, injustiça. E temos a quarta palavra que é dolo, ou engano que significa traição. O estudo dessas palavras reflete a profundidade do seu pecado diante de Deus.

Ao pecar contra Deus, Davi havia cometido rebelião, pois praticou aquilo que lhe era proibido. Ele rompeu com o SENHOR.  Ele pecou, errou o alvo, se desviou do centro da vontade de Deus, deixando de fazer o que lhe era agradável. Mas, agora, ele celebra e partilha com outros a sua alegria. Ele é um homem feliz, pois a sua transgressão foi perdoada. É feliz porque, embora, tenha se rebelado, desobedecido e se afastado de Deus, o SENHOR ainda ofereceu Seu gracioso perdão. Como Deus é rico em perdoar! Aceita o pecador arrependido! Movido por Sua imensa misericórdia, Deus perdoa, apaga, esquece e cancela os nossos pecados.

Mas vamos entender toda a trajetória da vida do salmista! Ela começa quando o salmista confessa a situação que vivia diante do pecado. O texto revela que ele vivia aflito: “Enquanto calei os meus pecados, envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia” (v.3). Esse silêncio significa ausência de confissão do pecado. Entretanto, se Davi guardou silêncio sobre o pecado, o próprio pecado, por sua vez, gritava em seu interior e o fazia sofrer diariamente. Ele chorava e se lamentava “todos os dias” a ponto de sentir seu corpo fraco e debilitado, diante dos efeitos do seu mau procedimento. Ele descreve, como se seus ossos sofressem um desgaste. É um preço muito alto para esconder a sua iniquidade! Na verdade, Davi estava com a consciência pesada, ele afirma: “Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim; e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (v.4). Sendo assim, já não suportava mais, não conseguia dormir, não conseguia se alimentar, não tinha mais alegria em seu coração.

A vida de Davi foi marcada por uma má escolha que o levou a cair em pecado. O pecado lhe trouxe tanta amargura, tristeza e agonia. Ele entrou em pânico e desespero com receio de ter sido abandonado por Deus. Era a lembrança da culpa que tanto o atormentava, mas que lhe parecia ser a mão de Deus, porque era Deus mesmo que conservava essa memória diante dele. E diante desta situação, perdeu as forças vitais, e se sentiu em sequidão. Mas diante de seu pecado, havia um caminho para Davi: o perdão. E o ponto de partida é o arrependimento. Ele sabe que só Deus pode restaurar a sua vida. Ele sabe que Deus é benigno, misericordioso e perdoador. Davi sabe que Deus não rejeita quem tem o coração quebrantado. Por isso, ele pede perdão a Deus, uma vez que a sua situação chegou ao extremo e se tornou insustentável. No salmo 51, Davi demonstra todo o seu sofrimento. Este salmo é o registro da agonia da alma de Davi, após o seu terrível crime de adultério e assassinato.

                                                                     II

Que situação horrível estava vivendo Davi. Talvez muitos estejam nesta situação neste momento. O que precisamos fazer é chorar pelos nossos pecados. Afinal, todos nós já choramos motivados por alguma coisa ou acontecimento nesta vida. Mas por que devemos chorar continuamente por nossos pecados? Porque ainda somos pecadores e, por isso, a Bíblia nos recomenda a fazê-lo. O apóstolo Tiago encoraja os crentes a chorar por seus pecados dizendo: (Tg 4.8-10).  O próprio Senhor Jesus chorou pelo pecado. Chorou diante do túmulo do seu amigo Lázaro (Jo 11.35). Não simplesmente por seu amigo ter falecido porque ele sabia que estava lá para ressuscitá-lo, mas porque estava diante da terrível consequência do pecado: a morte. Ele também chorou diante da cidade de Jerusalém por causa do sofrimento que viria sobre ela por tê-lo rejeitado como o Cristo (Lc 19.41-44). Este mesmo que chorou pelos pecados, proferiu as seguintes palavras: “Felizes os que choram". E acrescentou a promessa: “... porque eles serão consolados”! Essa é a razão da felicidade dos que choram por seus pecados.

Davi confessa a Deus seu pecado: “Confessei a ti o meu pecado” (v.5a). Diante disso, Deus poderia castigá-lo. Mas Deus demonstrou seu grande amor. Ele foi realmente perdoado. Tão logo confessou o seu pecado ao Senhor, Davi pode dizer: “… tu perdoaste a maldade do meu pecado” (v.5b). A tumultuada vida que vivia, dá lugar a bonança gerada pela certeza do perdão divino. Pelo jeito, não foi apenas a culpa que Deus levou, mas os próprios efeitos dela sobre a vida de Davi, fazendo com que, junto com o perdão, viessem também o alívio e o bem-estar.  Perdoados e justificados pela fé temos paz com Deus, (Rm 5.1). Lemos em Provérbios 28 13: “O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28.13).

Quantas vezes, nós não agimos assim? Falhamos, mas não queremos assumir os nossos erros! Muitos tentam encobrir os seus erros e pecados resistindo à voz da sua própria consciência, cauterizando a sua mente, entregando-se ao domínio do pecado. Riem e se divertem com o pecado. Lembrem-se aqueles que não se arrependem, não receberão o consolo de Deus, mas haverão de lamentar e chorar por toda a eternidade no inferno, um lugar de tormentos onde só haverá choro e ranger de dentes. Mas ainda há tempo! Ele nos convida, pois somente em Cristo há consolo e esperança para o pecador arrependido, que chora amargamente por seus pecados. Ele mesmo nos prometeu: “Felizes os que choram, porque serão consolados". Eis o momento oportuno da salvação. Cristo está chamando os pecadores ao arrependimento. Reconheçam seus pecados! Chorem por eles! Abandonem os e venham a mim, pois eu posso dar o perdão, o consolo e a vida eterna, disse Jesus.

Davi foi perdoado e purificado pelo sangue do Filho de Deus. Agora, pode enxergava o que jamais via antes na sua incredulidade. Agora, pode se refugiar em Deus como o seu esconderijo diante das tribulações. Agora, Deus continuava a oferecer ao salmista a graça e misericórdia nos momentos de grandes calamidades: “quando transbordarem muitas águas, não o atingirão”. (v.6) Sendo assim, o salmista estava preparado para enfrentar as anormalidades desta vida. Quantas bênçãos maravilhosas recebemos do SENHOR, decorrentes do perdão! Deus promete abrigo seguro, junto àquele que anda em retidão na sua presença. Davi disse: “Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e me cercas de alegres cantos de livramento.” (v.7). Trata-se de uma atitude de produzir cantos alegres em louvor a Deus por uma obra de libertação. Davi passou da lamúria à exultação. Ele não se sente mais como um servo ingrato e rebelde, mas como um filho amado pelo Pai.

                                                                         III

O salmista Davi apresenta a vida feliz do homem perdoado. Então, vejamos: Primeiro, a vida feliz é uma vida de instrução. “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas vistas, te darei conselho” (v.8). Davi, agora, está pronto para receber instrução do Senhor, pois sabia da dor de estar contaminado pelo pecado e do alivio que veio de Deus, através do arrependimento. E o mais surpreendente nesse processo é que a ação de instruir e guiar, fator fundamental para a santificação da vida do pecador, é uma iniciativa do próprio Deus. Ele é quem, tomando o servo pela mão, o conduz no caminho correto, conforme as Escrituras. Deus também nos diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir!” Os filhos de Deus recebem instrução e orientação do caminho que devem seguir, ou nos adverte dos perigos do caminho errado.

Segundo, a vida feliz é uma vida de obediência: “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. (v.9). Cavalo e mula. Duas figuras interessantes. Davi nos aconselha que não devemos imitar o comportamento dos animais, que tem muita força, mas só obedecem por causa do freio e cabresto. O cabresto é uma corda com o formato da cara da mula que se coloca na cabeça para puxá-la e o freio é uma peça de metal que vai presa na boca do animal. Só obedecem por meio de força e da dor. A palavra-chave é "obedecem". Os animais obedecem apenas quando são dominados por freios e cabrestos. Davi nos mostra que devemos ser obedientes de coração sem precisar de castigos ou ameaças. Uma pessoa que foi perdoada é feliz obedece voluntariamente, sem constrangimento, sem obrigação. Os cristãos sabem que a Lei de Deus foi dada para ser obedecida e não para ser discutida e negada. Eles obedecem aos mandamentos de Deus. São conduzidos pela voz interior da mente de Cristo que nele habita (1Co 2.13).

Terceiro, a vida feliz é uma vida de confiança. “Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a misericórdia o assistirá “(v.10). É extremamente confortador saber que, numa época quando as instituições seculares estão fracassando e as promessas humanas falhando cada vez mais, podemos depositar toda a nossa confiança no Deus eterno, pronto a cumprir a sua palavra fielmente. Nossa confiança será depositada no Senhor que é cheio de misericórdia. Essa será o caminho da pessoa que foi perdoada e é feliz: ela viverá sempre confiando em Deus, não importam as circunstâncias. Na alegria, na provação, na dor, sempre pode confiar que Deus o ajudará e nunca será desamparado. A vida do ímpio será de sofrimento sem escape, mas a vida do justo será de confiança, misericórdia e consequentemente gratidão.

Finalmente, a vida feliz é cheia de alegria. “Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois retos de coração” (v. 11).  Há três verbos, que fecham o salmo com chave de ouro: alegrai-vos, regozijai-vos e exultai. Este é o convite, é o imperativo que nos indica como será a vida feliz da pessoa que foi perdoada. Como disse o apóstolo Paulo, repetindo estas palavras: "Alegrai-vos no Senhor, outra vez vos digo: alegrai-vos”. Depois de tudo o que se passou na vida, de como ele foi perdoado e transformado, só pode ser esta a sua vida: alegria, regozijo e felicidade.

Estimados irmãos! Busquem a Deus e confessem seus pecados. Façam como Davi! E sejam feliz! Amém!