segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

 TEXTO: JR 31.31-34

TEMA: DEUS ESTABELECEU UMA NOVA ALIANÇA ATRAVÉS DE CRISTO

Alianças, concertos ou contratos estão presentes no âmbito militar, comercial, político e religioso. São coisas comuns entre os homens em todas as épocas e em diferentes sociedades. O casamento é um exemplo de aliança. Ele é considerado uma aliança, pois se utiliza uma aliança para simbolizar a união, um acordo de fidelidade e amor mútuo entre um casal. Assim, aliança é uma lembrança do pacto entre o marido e a esposa. Ambos assumem um compromisso. Cada parte, mesmo diferentes entre si, tem coisas a observar, cumprir ou realizar.

Mas quando analisamos aliança no sentido bíblico, estabelece uma relação com Deus e com seu povo. E olhando para o Antigo Testamento, podemos notar que Deus firmou diversas “alianças” com seu povo.  Fez aliança com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, e muitos outros. Deus ao realizar estas alianças, sempre foi fiel às suas promessas, mas o povo, muitas vezes, foi infiel, quebrando a aliança, adorando ídolos, distanciando-se totalmente da vontade do Pai. Diante do desrespeito e da desobediência das alianças firmadas com seu povo, as consequências foram trágicas.

Apesar das sucessivas rebeliões e quebra das Suas sucessivas alianças, Deus desenvolve um projeto de uma nova aliança entre Deus e o seu povo. Uma aliança que se concretiza em Jesus. Ele veio ao mundo para renovar os corações dos homens, oferecendo-nos vida, perdão e salvação. E nós, cristãos, efetivamente, participamos desta nova aliança firmada por Deus. Através da fé no Salvador, que o Pai coloca em nossos corações, passamos a fazer parte do seu povo. Precisamos ter cuidado para não quebrar esta aliança que Deus fez conosco através de Cristo.

Estimados irmãos! O profeta Jeremias viveu numa vila perto de Jerusalém, por volta de 600 a.C. Ele foi chamado por Deus para ser profeta quando era ainda muito jovem, e trabalhou por cerca de 40 anos. Foi chamado de “profeta chorão”, porque sentiu como ninguém a infidelidade do povo de Deus, e isso o entristeceu muitíssimo. Ele presenciou o castigo que o povo de Deus sofreu por causa da sua infidelidade, e foi nesse contexto difícil que Deus lhe revelou a promessa da nova aliança.

No entanto, antes de o profeta proferir estas palavras sobre a nova aliança, Deus já havia firmado diversas alianças. Ao longo da história, identificamos muitas oportunidades em que Deus se mostrou para os homens e convidou-os para estabelecer com Ele uma aliança que demonstrasse os Seus propósitos em relação à sua criatura. Vejamos alguns exemplos:  Deus fez aliança com Adão e Eva no Éden. Deus deu para eles a terra, pleno domínio sobre os animais e fartura de alimento. Deus fez aliança com Noé. Estabeleceu uma aliança, declarando que não mais destruiria toda carne pelas águas do dilúvio e que não mais haveria dilúvio como juízo, para destruir a terra. Deus fez aliança com Abraão. Deus fez aliança com Isaque e Jacó, reiterando a promessa feita a Abraão.  Deus também fez aliança com Moisés, no monte Sinai. Era uma aliança significativa que tinha como objetivo convocar o povo para renovar e relembrar os termos do concerto com Abraão, Isaque e Jacó. E o povo concordou com a aliança quando disseram: "Tudo o que o SENHOR falou, faremos" (Êxodo 19.8).

Através das alianças realizadas, Deus se compromete ajudar, libertar e modo especial proteger o seu povo da escravidão e dos inimigos, e o povo promete obediência e lealdade ao seu Deus no cumprimento do decálogo e também no cumprimento das normas e recomendações prescritas na Torá. A única coisa que Deus espera de seu povo é que “guarde a aliança”. Ela é o símbolo do relacionamento de amor entre ambos. O salmista expressa a vontade de Deus “Se os teus filhos guardarem a minha aliança e o testemunho que Eu lhes ensinar, também os seus filhos se assentarão para sempre no teu trono. " (Sl 132.12). Esta era a condição implícita na promessa – de que eles deveriam guardar a lei de Deus, e servi-lo e obedecê-lo. Deus se alegra com seus filhos, com o seu povo que vive em aliança com Ele, que respeita essa aliança, que é fiel e que obedece aos princípios e exigências dessa aliança!

Mas o que acontece quando um acordo não é cumprido? Quando os acordos não são cumpridos, não há satisfação entre as partes envolvidas. Há tristeza e rompimento. Pode trazer punição para a parte que causou o rompimento. Citamos o exemplo do casamento. Quando um cônjuge trai a confiança do outro, ele destrói o casamento. Esta ruptura traz sérias consequências entre ambas as partes. Da mesma forma, quando um acordo comercial também é quebrado, isso traz implicações legais, batalhas judiciais para cobrar indenizações. Quando um amigo trai a confiança do outro, rompeu-se o acordo. Não somente a confiança, mas o fim da amizade.

Quando analisamos aliança no sentido bíblico, o povo de Israel quebrou essa aliança. Foi infiel ao SENHOR. Foi influenciado por povos pagãos. Cultuo outros deuses, caiu na idolatria e se prostituiu. Ao trair o SENHOR, distanciou-se totalmente da vontade do Pai. Não conseguiu manter-se fiel ao SENHOR. Jeremias apresenta como causas. É impressionante a descrição que o profeta faz: o desprezo pelas reuniões sagradas, prevaricações, pecados graves, imundícias, corrupção, principalmente, por parte dos líderes. Confiança em promessas e acordos humanos e políticos, ao invés de confiarem em Deus. Era uma situação horrível na vida do profeta. O povo quebrou com a sua desobediência e infidelidade a aliança de Deus. Não cumpriu com aliança. Como nós quebramos a aliança que Deus fez conosco? Quebramos quando não confiamos em Jesus Cristo, no que ele fez por nós e, então, passamos a confiar em nós mesmos, nas nossas obras, na nossa capacidade, nos nossos esforços. Da mesma forma, quando não vivemos de acordo com a vontade de Deus. Como nós nos mostramos infiéis a Deus, hoje? Esta é a triste realidade!

Jeremias atribuiu ao povo a culpa pela destruição que lhe sobreveio. Como o povo não se arrependeu de seus pecados e de suas iniquidades, veio sobre ele o juízo divino. Jerusalém é destruída, e o povo é levado ao exílio. Distante da Pátria, o povo chora. Mas Deus sempre prosseguiu na execução do Seu plano de salvação ao seu povo. Oferece novas oportunidades. E diante do sofrimento, surge uma mensagem do SENHOR para os exilados e remanescentes. Deus profetizou que firmaria uma nova aliança para o povo. Esta mensagem da nova aliança para o povo é consoladora. Sendo assim, o profeta apresenta o conceito exclusivo de uma nova aliança que Deus estabelecerá com seu povo. Mas qual é o significado da nova aliança e quando começaria? Qual é o conteúdo? Qual é a diferença? Qual é a semelhança?

O SENHOR apresenta esta nova aliança: "Eis aí vêm dias, diz o Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá” (v.31). Ele apresenta o tempo, o autor, nome desta aliança e os participantes desta “nova aliança”. Eis o procedimento: “O SENHOR firmará uma nova aliança.” Uma tradução literal seria: “fazer um pacto, cortar aliança,” pois o verbo no hebraico (כָּרַת) significa cortar, arrancar, eliminar, dividir. Este é um processo pelo qual Deus fez um concerto com Abraão. Ele é chamado de “cortar”. É uma expressão oriunda dos povos antigos. Entre estes povos   antigos no ato da compra de um terreno, casa, animais havia um contrato entre duas pessoas. Era uma prática dividir um animal em duas partes. Durante a cerimônia deveriam pronunciar um juramente confirmando o acordo. O sangue do animal sacrificado testemunhava o acordo. Assim era selada a aliança.

Portanto, a nova aliança estava próxima de se realizar. Novo tempo se aproximava: “Eis aí vêm dias”. Não é mais tempo de se lamentar. É tempo de esperar pela restauração. De modo geral, a nova aliança se refere à chegada do Senhor, a era messiânica. Ela recebe uma dimensão escatológica. Ela é para o novo Israel espiritual.  No entanto, a nova aliança será diferente: “Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR”. (v.32).  Ela não será como a antiga, que Deus fez com os israelitas quando os tirou da terra do Egito. Ora, a antiga aliança era baseada na Lei, em méritos e obras, susceptível de infrações, e não foi inteiramente cumprida, não deu vida a antiga aliança, diz o SENHOR: “eles a anularam.”

No entanto, a nova aliança que o SENHOR haveria de firmar com a casa de Israel, apresenta características diferentes. Vejamos a primeira característica: Assim diz o SENHOR: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis [...] no coração lhas inscreverei.” (v.33a). O termo coração significa ser interior, mente, vontade, inteligência. Estas palavras representam a motivação completa das ideias, da vontade, das emoções e do espírito humano. Enquanto que na antiga aliança a lei deveria ser aprendida e ensinada, escrita nos beirais da porta e nos portões, amarrada nos braços e na testa (Dt 6.7-9), a nova aliança será escrita por Deus nos corações.  E será no íntimo de cada membro do povo que o SENHOR vai intervir no sentido de gravar as suas leis e preceitosPor lei entende-se a Tora, já conhecida desde a aliança do Sinai.  Portanto, essa nova aliança transformaria o ser humano desde o mais íntimo do seu ser. (Jr 24.7). Também não seria gravada em pedra, como ocorreu com Moisés, mas sim, no coração e mente dos que a aceitassem. Não haveria como esquecer esta aliança, pois o próprio Deus a imprimiu na mente de quem a aceitou! Da mesma forma, não haveria maneira de deixar de amar essa aliança, pois o Senhor a escreveu no próprio coração de quem a acolheu!

A nova aliança reflete em nossa vida. A mudança deve acontecer em nosso coração.  É preciso tirar tudo o que não presta, que está estragado e colocar algo novo em nossa vida. Esta mudança em nosso coração apenas o Espírito Santo é capaz de realizar.” Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. O Espírito Santo é que nos converte, regenera e arrancar o nosso “coração de pedra” e coloca um coração cheio de fé, amor, bondade e compaixão. Então, sim, teremos paz com Deus. E tendo paz com Deus, seremos criaturas felizes e alegres, e já nenhuma tribulação, ou angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada nos separara do amor de Deus. Com o coração purificado, saberemos amar a Deus e nele permanecer fiéis até a morte. Saberemos andar em seus estatutos, guardar e observar a sua palavra, e poder estar em constante comunhão com o nosso Deus. Como está o seu coração? Como está a sua vida?  Deixe Deus renovar seu coração, seu espírito, e com toda a certeza você terá uma feliz e abençoada vida com a presença do Senhor Jesus em tua casa, família e na vida profissional.

Outra característica encontra-se no versículo 34. Ela é baseada em três clausas: A primeira: “ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão.” (v.34a).  O SENHOR afirma que, agora, ninguém precisaria de um instrutor para ensinar ao próximo. Segunda: “Aprende a conhecer o Senhor, porque todos me conhecerão, grandes e pequenos” (v.34b). O SENHOR afirma que todos O conhecerão. Toda a casa de Israel, todos os filhos e filhas de Deus, jovem ou mais velho, saberão quem é Deus. Conhecê-Lo, como de fato Ele é, exigia nada menos do que a Sua presença no coração das pessoas. E com esse novo tipo de relação, o SENHOR não será mais um “desconhecido” para o seu povo. Terceira clausa: “pois a todos perdoarei as faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados.” (v.34c). Fica claro que a nova aliança é baseada num ato de perdão. Um ato de perdão pelo qual o SENHOR Deus é o responsável. Ele age e muda o nosso coração, nossa mente. Agora, não haveria mais condenação por causa do pecado. Eles, os pecados, seriam completamente esquecidos por Deus. Havendo, agora, reconciliação, perdão e nova vida. O SENHOR não se lembrará mais de qualquer iniquidade.

Estimados irmãos! Esta nova aliança se concretizou na Pessoa do Senhor Jesus Cristo, que veio a este mundo para estabelecer a paz entre Deus e a humanidade. Ele sofreu na Cruz, onde foi executado por nossos pecados. Ele recebeu em Seu corpo todos os nossos delitos e transgressões e com o Seu precioso sangue nos libertou da condenação eterna! E tudo isso, Ele nos oferece de graça no nosso batismo, no ensino claro da sua Palavra e na celebração da santa ceia. E o que Cristo espera de nós? Fé e gratidão! Por isso, neste período de quaresma, quando estamos acompanhando a caminhada de Jesus para Jerusalém, mais uma vez, é um momento para reconhecer e confessar que Jesus Cristo é a Nova Aliança de Deus, assinalada, selada, e entregue por nós no sangue do Cordeiro.

Estimados irmãos! Com um coração transformado, cada cristão poderá viver na fidelidade à Aliança, na obediência aos mandamentos, no respeito pelas leis, no amor ao SENHOR. Só podemos entender a nova aliança, olhando para Jesus na cruz. Amém.

TEXTO: NM 21.4-9

TEMA: OLHEMOS PARA JESUS NA CRUZ!

 Estamos na época da quaresma e dentro de alguns dias estaremos celebrando a morte e ressurreição de Jesus. Estaremos lembrando a caminhada de Jesus e seu sofrimento ocorrido na cruz. Refletindo sobre o nosso olhar para Jesus na cruz. Mas não basta apenas olhar, precisamos entender e crer o que estamos olhando. No tempo de Jesus, uns olharam e sentiram compaixão de Jesus; outros olharam com indiferença; enfim, tem aqueles olharam com zombaria. Como você olha Jesus na cruz? Crendo Naquele que assumiu todos os nossos pecados e fracassos para que pudéssemos ser perdoados? Crendo Naquele que sofreu a morte para que nós tivéssemos vida e salvação na cruz?

                                                             I

 Deus havia livrado Israel da escravidão e dos exércitos do Faraó, e o fizera atravessar o Mar Vermelho. Ele guiou o seu povo através do deserto. Quando faltou água, Deus providenciou. Quando houve fome, enviou o maná e codornizes. Assim, ao longo dos anos, Deus tinha demonstrado seu amor e cuidado pelo povo, conduzindo-o à terra prometida. Mas os anos passavam e a promessa de chegar à terra prometida não se realizava. Além disso, devido à incredulidade e rebeldia, o Senhor havia estabelecido um novo plano de percurso. O povo de Israel seguiu um caminho tortuoso em direção a terra de Canaã. Seu caminho o levava por regiões desertas, pedregosas e também por território ocupado por cananeus.

 Da mesma forma, a nossa caminhada de vida se dá através de muitos desertos. Existem travessias perigosas, dias de angústia e medo. Muitas vezes, desanimamos de nossas esperanças, pois parecem distantes demais. No entanto, passar por dificuldades fazem parte de nossas vidas. Mas Deus tem nos acompanhado, caminhando conosco. Ele nos tem dado o pão de cada dia. Ele tem feito maravilhas em nossas vidas, desde o nosso nascimento. O Salmo 145.9 diz isto com clareza: “O Senhor é bom para todos e as suas ternas misericórdias permeiam todas as suas obras”.

No entanto, apesar do Senhor ter demostrado seu grande amor ao seu povo, os hebreus questionaram e se revoltaram contra Deus. Eles ficaram desanimados e impacientes diante da fome e da sede. Toda esta questão gerou debilidade e insatisfação geral. Enfim, o povo perdeu a paciência, esqueceu-se de tudo que Deus já havia feito, e se revoltou contra ele e contra a liderança de Moisés: “Por que nos fizestes subir do Egito, para que morramos neste deserto, onde não há pão nem água?” (v.5a). Quantas reclamações, murmurações, obstinação, rebeldia, inconstância de infidelidade de um povo que não guardava a aliança de Deus e não andava na sua Lei. Esqueceu-se das obras e das maravilhas que o Senhor lhe mostrara. Descontentes com Deus, o povo reclamava do alimento sobrepujava no deserto. Para o povo era uma comida não substancial: “E a nossa alma tem fastio deste pão vil” (v.5b). Ou “Estamos enfastiados desse alimento de penúria”. Esse alimento a que se referiam era o maná, o alimento que Deus lhes dava para matar - lhes a fome no deserto. É triste quando um povo chega a um extremo de considerar a alimentação de Deus de pão desprezível, comida miserável.

 Diante das reclamações, Deus ficou extremamente decepcionado com o seu povo. Ele manifesta a sua ira diante da ingratidão do povo,  e as consequências foram imediatas. Ele manda entre o povo serpentes abrasadoras. Tais serpentes picam muitas pessoas, levando-as à morte: Então, o SENHOR mandou entre o povo serpentes abrasadoras, que mordiam o povo; e morreram muitos do povo de Israel.” (v.6). Deus mandou “serpentes abrasadoras”. Esta expressão significa “queimar, arder”. Ardente devido à sua cor, ou pela fúria, ou pelo efeito de suas picadas, inflamando o corpo, causando-lhe ,imediatamente, uma febre alta, queimando-o com uma sede insaciável. Aqueles que eram picados morriam ,rapidamente, ao que parece, era uma morte dolorosa. Então, o povo de Deus se depara nesta hora com uma situação inesperada.

Nos dias atuais é muito comum as pessoas reclamarem, quando as coisas não vão bem. Reclamam de produtos com defeito, mau atendimento, serviços decepcionantes, atrasos de entregas. Reclamam do clima, das contas, dos preços, da vida. O mais sério e triste é quando reclamamos perante Deus, quando a vida não vai bem ou algo não acontece como queremos. É o emprego, a família, a situação financeira… tudo é motivo para a lamentação e nada parece estar bom. Este tipo de comportamento desagrada, sobremaneira, a Deus. A Palavra de Deus recomenda: "Fazei tudo sem murmurações nem contendas, para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo…" (Fp 2.14-16).

                                                             II

 Aquela tragédia despertou no povo o sentimento do seu pecado. Percebeu o erro cometido e clama a Moisés para que ele ore a Deus: “Pelo que o povo veio a Moisés, e disse: Havemos pecado, porquanto temos falado contra o Senhor e contra ti; ora ao Senhor que tire de nós estas serpentes.” (v.7). Moisé, então, ora ao Senhor.Como mediador entre Deus e a povo, Moisés ocupa uma função profético-sacerdotal. Sua tarefa  é tentar mudar a postura de Deus. Então,providenciou a solução mais simples e que exige somente fé. Sendo assim, recebe a ordem de fazer uma serpente de bronze (cobre, metal, latão)  como sinal de vida,e colocasse sobre uma haste: "Disse o Senhor a Moisés: Faze uma serpente abrasadora, põe-na sobre uma haste, e será que todo mordido que a mirar viverá" (v.8).

 A recomendação era para que o povo olhasse para a serpente. Deus não falou para cultuar a serpente nem lhe queimar incenso como se fazia na época de Ezequias (2 Rs 18.4). A recomendação era apena olhar para aquela serpente,  Mas não era apenas um olhar vago e superficial.A palavra traduzida como "mirar" significa examinar, isto é, olhar atentamente, observar, considerar, olhar (com atenção), considerar, ter respeito, perceber. Portanto, olhar para aquela serpente era um ato de fé, não na serpente, e sim em Deus. Sendo assim, os que olharam para a serpente de bronze receberam a promessa de vida, e não de morte; os que não acreditaram, morreram ao se recusarem a olhar.

 Esse episódio aponta diretamente para Cristo. A imagem suspensa da serpente de metal faz-nos lembrar do sacrifício de Jesus Cristo realizado na cruz. Nós seremos salvos se olharmos para Jesus Cristo, erguido na cruz do Calvário. Quando olhamos para o Cristo crucificado, damos mais sentido às nossas cruzes de cada dia, os nossos sofrimentos, as nossas dores, a tudo aquilo que temos de passar na vida como consequência da nossa existência. Por isso, não há outra salvação para os homens senão olhar para Cristo na cruz. Jesus, durante seu encontro com Nicodemos lembra este acontecimento. “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, da mesma forma importa que o Filho do homem seja levantado…” (João 3. 14). Nicodemos pergunta: “Como pode suceder isso?”. Só pela obra salvadora de Jesus Cristo, que foi glorificado na cruz, é que se pode experimentar o novo nascimento e entrar na vida eterna. Somente crer Naquele que assumiu todos os nossos pecados e fracassos para que pudéssemos ser perdoados. Naquele que sofreu a morte para que nós tivéssemos vida e salvação na cruz. Este deve ser o nosso olhar.

 Como você olha Jesus na cruz? Seu olhar tem sido disperso, distante e frio em relação a Jesus Cristo? Uma vista superficial, rápida, fria, indiferente, odiosa ou esperançosa, alegre, amorosa? A reação das pessoas que estavam no Calvário, contemplando a morte de Jesus na cruz, era apenas um simples olhar diante do sofrimento. Uns olharam com zombaria; outros olharam e sentiram pena de Jesus.  As mulheres choravam por tudo o que estava acontecendo com Jesus. As autoridades zombavam da crucificação de Jesus. Os soldados viram naquele momento mais um preso sendo crucificado como muitos já haviam sido. A verdade é que muitas pessoas não dão a menor importância para a crucificação de Jesus. Para estas pessoas não faz diferença em nada em suas vidas.

Estimados irmãos!, Olhemos para Jesus, pois dele vem a salvação. Ele tem algo a nos dizer:   Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (João 3.16). Portanto,olhemos para aquele que assumiu todos os nossos pecados e fracassos para que pudéssemos ser perdoados. Aquele que sofreu a morte para que nós tivéssemos vida e salvação na cruz. Façamos como o autor aos Hebreus:   “Olhando firmemente para o Autor e Consumador da Fé, Jesus... (Hb 12.2). Amém!

domingo, 25 de fevereiro de 2024

TEXTO: JO 2.13-22 (23-25)

TEMA: JESUS DÁ SENTIDO À VERDADEIRA ADORAÇÃO

Milhares de pessoas no mundo entram, semana após semana, nos locais de culto, onde cantam louvores a Deus, recebem a instrução da palavra de Deus, comungam junto ao altar, e encontram auxílio e força para a vida diária. Diante desta busca pela casa do Senhor, perguntamos: Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo? Um conjunto de atos mecânicos, repetidos, sem sentido para o adorador, senão o cumprimento de uma mera rotina que nada contribui para a sua edificação, nem para a glória a quem ela é dirigida? Esta adoração Deus não se agrada.

Jesus demonstrou à prática da verdadeira adoração ao entrar no templo em Jerusalém. Com autoridade, expulsou os vendedores, e transformou aquele ambiente sagrado num centro de adoração, pois Jesus é a verdadeira adoração. Ele é o templo vivo de Deus. O gesto de Jesus é apresentado como uma nova compreensão de culto a Deus, baseado na obediência ao Pai. Ele mostrou que o lugar da verdadeira adoração de Deus, não será mais o templo de Jerusalém, comprometido com os poderes do mundo, mas o templo do seu corpo martirizado e glorificado. Ele nos comprou, não com dinheiro, mas com o seu precioso sangue.  Agora, passamos a ser parte do corpo de Cristo e nos tornamos templo também da presença do Espírito Santo.  Em função disso, toda a forma de conduta que não seja apropriada para o templo de Deus, deve ser eliminada, pois o Espírito de Deus habita em nós.

 A cidade de Jerusalém era o centro para qual convergia toda a vida religiosa do povo de Israel. Era o lugar onde realizavam grandes festas religiosas. E nestas ocasiões vinham fiéis de longe trazendo ofertas e incenso para casa do Senhor. Animais (bois, ovelhas e pombas) eram oferecidos no templo, e convenientemente passaram a ser vendidos naquele local. Alegria de poder estar junto, participar da comunidade reunida em torno de Deus e Deus com seu povo, nem à distância os detinham, pois, enquanto iam caminhando as suas forças aumentavam.

Havia alegria por parte do povo, que mais uma vez tinha a oportunidade de se dirigir ao templo de Jerusalém e ter momentos de comunhão com Deus, porque, ali no templo, em Jerusalém, Deus revelava-se, oferecia o perdão, renovava e reafirmava sua aliança e sua promessa de salvação. Enfim, para os israelitas o templo representava a presença de Deus, e se alegravam quando podiam participar de cultos e das festas religiosas. Era centro de atração. Era um marco da presença de Deus, o Santuário por excelência do povo de Deus.  

Infelizmente, ali se instalou um comércio onde pessoas inescrupulosas, inclusive entre as autoridades religiosas, exploravam os visitantes do templo. O alpendre do templo havia sido transformado numa verdadeira casa de câmbio e num mercado. Mesas de cambistas espalhavam-se por todos os lados, entremeados por gaiolas daqueles que vendiam pombos para os sacrifícios. Tudo isso trouxe uma mistura entre o santo e o pecaminoso.Tanto os vendedores de animais, como os cambistas, estavam se aproveitando destas coisas santas para fazerem negócio, estavam procurando lucrar com o sagrado. Podemos imaginar a gravidade da situação que estava acontecendo no templo.

Jesus ao contemplar aquela situação, expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas. Jesus sabia que esse comércio não tinha a finalidade da comunhão com Deus no templo. Pelo contrário, só atrapalhava quem realmente queria adorar a Deus. Sendo assim, Jesus toma uma atitude severa, demonstrando autoridade. Ele toma um azorrague de cordas, símbolo de autoridade e não de agressão, expulsa os vendedores e declara o templo a casa de seu pai, ao afirmar: “não façais da casa de meu pai casa de negócio.” (v.16). Mateus acrescenta algo mais: “vós, porém, a transformais em covil de salteadores” (21.13). Na verdade, o templo havia deixado de ser o local sagrado para se tornar um lugar de comércio. Os sacrifícios ao Senhor havia sido totalmente deturpado com o passar dos anos e com a interpretação errônea da Lei

O texto leva-nos a refletir e questionar sobre a prática da igreja hoje. Ela não é diferente.  Na atual conjuntura em que vivemos a prática do comercio na igreja (templo) é comum. A igreja transformou-se num ambiente onde se vende de tudo como relíquias das mais variadas; curas e milagres em troca de dinheiro; anúncios de prosperidades; enfim, uma infinidade de produtos para alcançar a salvação. Na verdade, vivemos em uma época na qual a fiel pregação das Escrituras não encontra mais espaço dentro de algumas igrejas de nossos dias. Elas perderam a essência do Evangelho para vender uma imagem de relevância à sociedade.

Jesus encontrou no templo muita falta de reverência de amor a Deus. Encontrou muitos aproveitadores de oportunidades para negociar e transformar o lugar de reuniões de adoração e louvor. Encontrou um ambiente de vendedores, quando deveriam ouvir a gloriosa e bendita Palavra do Senhor, num culto santo de honras e glórias. No entanto, Jesus muda completamente o sentido da verdadeira adoração. Ao expulsar aqueles comerciantes, Ele reafirma que o templo era a casa de oração. Ele resume toda a atividade de adoração, que deveria ocorrer no templo. Reafirmando, dando sentido, vida, transforma o templo num verdadeiro lugar de adoração. Ele faz uma limpeza, onde somente a graça, a misericórdia, a bondade e o amor de Deus devem permanecer. O profeta Isaias disse que a casa de Deus será chamada Casa de Oração para todos os povos, um lugar de santificação, de louvor, de adorar e sentir a presença de Deus, lugar de honra ao Criador: “Também os levarei ao meu santo monte, e os alegrarei na minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no meu altar; porque a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos. (Isaias 56.7). 

Ao observar a reação de Jesus diante dos vendedores e cambistas que estavam no templo, os discípulos lembram do Salmo 68 de Davi: “O zelo da tua casa me consumirá”. (v.17). A palavra zelo significa paixão/amor; cuidar de algo ou alguém, ter consideração pela coisa ou pela pessoa. No tempo de Davi eram tantas as funções realizadas no templo que foi preciso de muita gente. Havia muito serviço, e todos trabalhavam com dedicação e zelo. Por isso, o salmista fala do “zelo” pela casa de Deus. Era desta forma que Jesus queria que o povo de Jerusalém tivesse preocupação, valorização, cuidado na conservação da casa de Deus. Quem realmente é dedicado ao ministério que exerce, sabe quanto esforço é necessário para fazer o melhor. São anos de preparação e horas de planejamento para qualquer atividade. Todo este zelo mostra o amor ao que faz sabendo que “no Senhor o vosso trabalho não é vão” (I Coríntios 15.58).

Também hoje precisamos dar sentido à verdadeira adoração que se realiza na casa de Deus. E o verdadeiro sentido é este: A casa de Deus deve ser reservada exclusivamente para o culto e para a oração. Nele o Senhor vem ao nosso encontro para derramar suas bênçãos sobre nós através da Palavra e dos sacramentos. É lugar onde outros poderão encontrar a Deus a partir de nosso testemunho em palavra e ação. Mas jamais a casa de Deus deve ser transformada em tenda de negócios, um lugar de manifestação, de egoísmo e da corrupção humana. A nossa alegria será completa, e nosso coração estará aberto para a mensagem que o Senhor nos quer anunciar. Então, voltaremos para o lar com o coração carregado de bênçãos. E assim que a casa de Deus deve ser encarada por nós.  O apóstolo Paulo descreve perfeitamente a verdadeira adoração em Romanos 12.1-2: "Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus".

No entanto, os judeus que vira Jesus expulsando os mercadores do templo, não queriam realmente sua presença, e ainda questionam, dizendo: Quem é este? Porque procede desta maneira? Com que autoridade? O fato de Jesus ter expulsado os vendedores do templo, ele o faz com autoridade. E com esta autoridade, respeitada por todos, Ele interfere na preparação do culto. Eis a razão porque pedem um sinal. Eles pedem um sinal que provasse com que autoridade Jesus havia agido. Pedem um sinal que justificasse a sua atitude. O sinal é dado. Que sinal é este? É o sinal que fala da sua morte e ressurreição, da sua pessoa e missão; é uma demonstração de sua glória; aliás, todo o acontecimento é transformado em sinal, na pessoa de Jesus e toda atenção deve ser concentrada nele. Jesus diz: “Destruí este santuário, e em três dias o reconstruirei”. (v.19).

Os judeus não entenderam as palavras enigmáticas de Jesus. Por isso, argumentam dizendo: “Em quarenta e seis anos foi edificado este santuário, e tu, em três dias, o levantarás?” (v.20). Para compreender o que Jesus disse são necessárias algumas observações importantes: Em primeiro lugar, que santuário é este? Jesus falava de sua morte e ressurreição, e o santuário a que se refere era seu corpo. Com a destruição deste santuário, Jesus veio inaugurar uma nova ordem na religião. Nele está presente o Deus vivo e eterno. Agora, o centro da adoração não é mais um local sagrado e sim “sua pessoa”. Aquele templo de pedras e o culto-sacrificial tornou-se obsoletos. Em segundo lugar, com sua morte na cruz houve mudança em relação ao templo e a forma de culto. Sua ressurreição era a garantia suprema de que era verdade tudo que ele falava, ensinava e fazia. Os discípulos mais tarde vieram e crer nesta verdade. Enfim, Jesus Cristo nos comprou, não com dinheiro, mas com o seu precioso sangue, e se ele nos comprou pertencemos exclusivamente a Ele. Passamos a ser parte do corpo de Cristo e se tornar um templo também da presença do Espírito Santo. Em função disso, toda a forma de conduta que não seja apropriada para o templo de Deus, deve ser eliminada. Afirma Paulo: "Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado." (I Co 3.16,17).

Portanto, o culto autêntico (Rm 12.1-2), compatível com a nova aliança celebrada no amor, já não necessita de templo de pedras, mas apenas de corações sinceros que busquem e adorem a Deus em espírito e em verdade (Rm 4.23). Aquele templo de pedras, imponente e faraônico, ao invés de aproximar, distanciava as pessoas de Deus; por isso, deveria ser destruído. Enquanto isso, um templo novo e definitivo estava para ser inaugurado, devido  à Sua ressurreição (vv. 21-22), como vitória definitiva da vida sobre a morte. A vida em plenitude, o culto por excelência agradável a Deus, se tornaria acessível a todos, sem mais a necessidade de sangue de animais e ofertas, mas a partir do coração de cada um.

Ao finalizar o texto, os sinais e gestos proféticos que Jesus realizava, chamavam a atenção, afinal muitos em Israel esperavam por um messias corajoso para reformar a religião e a vida social do país. Por isso, muitos “creram nele” (v. 23); porém, não bastava somente crer. Era necessário viver uma adoração a Deus em espírito e em verdade,pois a religião da superficialidade era aquela que Jesus não se agradava. Além disso, Jesus conhece o ser humano, percebe o quando havia conversão verdadeira ou não (vv. 24-25). A verdade é que o cristinismo  não comporta uma adoração superficial.

Estimados irmãos! Será que Deus está se agradando da forma de adoração que estamos vivendo? Usando o templo para servir os nossos interesses? Estimular o simples cumprimento de uma tradição herdada? Precisamos, sim, servir a Deus “em espírito e verdade”. Amém!

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

TEXTO: GN 22.1-18

TEMA: NÃO TEMAS, DEUS PROVERÁ!

 Entre as duras provas que Abraão passou, sem dúvida alguma, a mais difícil foi a do pedido feito por Deus para que sacrificasse seu filho no monte Moriá. Como foi  difícil cumprir  aquela ordem do Senhor, ao oferecer como sacrifício seu único filho.Mas ao executar a ordem do Senhor, ele tinha uma certeza na sua mente: o Senhor providenciria tudo que fosse necessário para realizar aquele sacrificio. E no momento mais angustiante de sua vida, firmou-se  na certeza que Deus mesmo havia de prover o cordeiro para o holocausto. Ele mostrou totalmente confiante de que o Senhor daria uma solução.  

Não obstante, a declaração “Deus proverá”  nos ajuda a compreender algumas verdades sobre a provisão do Senhor. Há três lições  que precisamos aprender neste texto sobre a provisão de Deus, e,por isso,não precisamos temer : primeiro, Deus proverá aqueles que  confiam  e que obedecem a suas instruções. Reconhecem que Ele é o Senhor e que estão prontos para obedecer aos Seus mandamentos. Estão prontos para ouvir o chamado de Deus com disposição e  prontidão, respondendo “eis-me aqui”. Segundo, Deus proverá no tempo certo. Ele sabe o momento exato para que as coisas aconteçam em nossa vida. Às vezes, não sabemos esperar e queremos algo antes do tempo. A Palavra de Deus nos ensina que precisamos aprender a esperar em Deus, esperar pelas promessas, pela vontade de Deus na nossa vida. Esperar para que tudo aconteça no seu devido tempo. Enfim,Deus conhece todas as nossas necessidades. Sempre que buscamos a Deus de alguma coisa, ou solução de algum problema, Ele sabe de antemão do que precisamos. Quer sejam físicos ou espirituais. “Deus proverá.” É evidente que  proverá aquilo que mais precisamos. O que é mais necessário para a nossa vida.

Quando falamos que o Senhor proverá, temos a certeza de que Ele ouvirá o nosso pedido, a nossa oração, a nossa necessidade. Proverá todas as bênçãos que necessitamos, todas as soluções para os nossos problemas, toda paz que queremos, todo amor que almejamos, toda felicidade que planejamos, toda alegria que precisamos. Não temas, Deus proverá!

Abraão é mencionado com frequência na Bíblia. O livro de Gênesis registra a história de sua vida com muitos detalhes. Ele nasceu em Ur, uma cidade no sul da Babilônia, mas durante a maior parte de sua vida viajou como um peregrino por diversas regiões.Ele cumpriou com as palavras do Senhor, pois diante si havia um grande promessa: “ Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei;  de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma bênção!Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12.1-3). Esta promessa foi o início do relacionamento especial de Deus com os descendentes de Abraão, o povo de Israel.

No entanto, o  que é  surpreendente, é que Abraão ainda não tinha filhos para ser pai de uma grande nação. Ele até tentou resolver o problema sozinho, casando-se com uma de suas servas e tendo um filho com ela. Fato que se tornou algo dramático na vida de Abraão, e até lamentou: “A mim não me concedeste descendência, e um servo nascido na minha casa será o meu herdeiro.” (Gn 15.3).Em outras palavras isto significa: oh! Deus! Eu sei que tu concedes filhos aos pais, mas até agora eu não recebi esta bênção. Mas em várias ocasiões, Deus o reassegurou de Sua promessa. No momento oportuno, Deus cumpriu  e Sara, apesar de sua velhice, teve um filho no qual chamou de Isaque, e Abraão tornou-se pai. À medida que Isaque foi crescendo, Abraão tinha muito cuidado em ensinar a Isaque tudo que ele sabia sobre Deus. Ensinou-lhes a maneira de adorar Deus e de obter seu perdão através do sacrifício.Seria maravilhoso se cada pai tomasse como exemplo, Abraão. Um pai que foi perseverante, fiel, obediente e soube confiar nas promessas de Deus. Seria maravilhoso se cada pai cumprisse com sua tarefa de conduzir seus filhos no caminho que leva a Deus e as atividades da igreja. Estudando em casa as Escrituras através de devoções e estudos bíblicos.

Contudo, passado algum tempo, Deus pôs Abraão à prova, dizendo-lhe:  “Abraão! Este lhe respondeu: Eis-me aqui!” (v.1). A Bíblia relata que Deus chamou pessoas para servirem  em seu reino. Muitas pessoas ouviram este  chamado de Deus e dispuseram a fazer a  Sua vontande, respondendo: “Eis-me aqui!” Isso aconteceu com  Moisés: “Vendo o Senhor que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e disse: Moisés! Moisés! E ele disse: Eis-me aqui!" Isaias, quando ouviu a voz de Deus que dizia: “a quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, e respondeu “eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8).A expressão é uma resposta que indica disposição para atender ao chamado de Deus; de submissão e entrega total a Deus, reconhecendo que Ele é o Senhor e que estamos prontos para obedecer aos Seus mandamentos. Ocorre,que muitos ao ouvirem o chamado de Deus, fingem que não ouviram ou não entenderam. Ficam quietos, procuram se esconder e respondem com má vontade. Como seria maravilhoso se ouvissímos o chamado de Deus com disposição e  prontidão, respondendo “eis-me aqui”, estou disposto para fazer a tua vodade!

Abraão respondeu ao chamado de Deus com prontidão: “Eis-me aqui, Senhor”. Sua resposta denota respeito para com quem chama,pois a sua intenção é se colocar à disposição e obediêncer a ordem do Senhor . Ele deveria sacrificar em holocausto o seu único filho Isaque, o filho da promessa, o filho a quem muito amava: “Toma teu filho, teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá; oferece-o ali em holocausto, sobre um dos montes, que eu te mostrarei,” ( v.2).Ele tinha diante de si uma prova muito difícil. A princípio essa ordem parece que foge do controle da razão, porque sacrificar vidas humanas, seria algo inaceitável para Abraão.Deus nunca havia pedido sacrifícios humanos anteriormente. Por que razão Ele agiria como os falsos deuses cultuados por aqueles povos? E ainda considerando que Isaque era o filho único de Abraão, prometido para ser o primeiro de uma grande descendência, por que matá-lo? Ou então poderia oferecer ovelhas, bois ou até mesmo sacrificar um dos seus servos em lugar de seu filho. Era uma boa oportunidade para Abraão dizer não ao pedido de Deus.Mas Abraão não discute com Deus, não pergunta e não murmura. Embora, com seu coração dilacerado pela dor, está disposto a cumprir com a vontade de Deus.

A reação de Abraão é impressionante.Não ficou argumentando ou negociando, mas partiu imediatamente para sacrificar seu filho. Como um pai zeloso e servo fiel, O verso 3 afirma que na manhã seguinte, ele se levantou de madrugada, preparou o seu jumento e a lenha, tomou Isaque e dois de seus servos, e partiu para Moriá.Compreendemos a dor de Abraão ao se dirigir para Moriá. Ninguém gostaria sentir esta dor. Viver os momentos difíceis que passou Abraão. Somente ele e Deus sabiam o propósito da viagem. Quem não sabia era Isaque.  Nem sempre compreendemos, porque Deus permite que aconteçam coisas difíceis em nossa vida. É porque Deus não nos ama? Não! Deus nunca deixa de nos amar. Algumas vezes, é por amor que Ele permite coisas difíceis em nossa vida. Mas Deus nos dará coragem para enfrentar estas provas,pois as coisas difíceis farão com que confiemos em Deus cada vez mais

Ao terceiro dia Abraão conseguiu avistar o lugar que Deus havia lhe falado.(v.4). A partir dali, ele seguiu o caminho apenas com Isaque. Seguiu com prudência as orientações do Senhor. Ele pede  que seus servos permaneçam acampados e ele e Isaque seguem para cumprir a vontade de Deus: Então disse aos servos: — Esperem aqui com o jumento. Eu e o rapaz iremos até lá e, havendo adorado, voltaremos para junto de vocês.”(v.5).Os verbos usados ir, adorar, retornar mostram uma grande determinação por parte daquele que fala, uma demostração de fé. É como o profeta afirmasse: “Estamos decididos a ir, determinados a adorar, e com certeza voltaremos”. Ele realmente acreditava que voltaria com o seu filho.  Somente dessa maneira pôde seguir em frente com a difícil tarefa que Deus lhe designara. Pegou a lenha para o holocausto e a colocou nos ombros de seu filho Isaque, e ele mesmo levou as brasas para o fogo, e a faca. E  seguiram caminhando juntos. (v.6).

No entanto,em um determinado momento Isaque questionou Abraão sobre onde estava o cordeiro para o holocausto, já que eles estavam carregando somente a lenha, o fogo e o cutelo.Isaque ainda não sabia o que Abraão pretendia fazer,por isso,pergunta: “Meu pai! As brasas e a lenha estão aqui, mas onde está o cordeiro para o holocausto? " (v.7).É de se imaginar como deveria ter ficado o coração de Abraaão,diante de uma pergunta tão dolorosa.Mas ele responde:"Deus mesmo há de prover o cordeiro para o holocausto, meu filho" (v.8). A resposta de Abraão foi uma profunda declaração de fé: “Deus proverá”. Essas palavras maravilhosas mostram a fé que Abraão tinha em Deus. E é justamente através desta fé que Abraão estava pronto para sacrificar o seu único filho, a cumprir com sua missão, e Deus lhe deu força e coragem para enfrentar tal situação. Por isso, podemos dizer que Abraão foi um herói, um gigante na fé! Um servo  que partiu confiante em Deus em direção a Moriá. Demonstrando, assim, a sua fidelidade, a sua obediência as ordens de Deus, mesmo sabendo que através de seu filho haveria de nascer o Messias, que ser o pai de uma grande nação.

Ao chegarem ao lugar,conforme Deus havia designado, “ali Abraão edificou um altar e  sobre ele dispôs a lenha, amarrou Isaque, seu filho, e o deitou no altar, em cima da lenha.”(v.9). Neste momento, Isaque já sabia que ele seria a oferta entregue em sacrifício. Certamente, o jovem poderia ter fugido de seu pai,mas não fugiu. Ele  concordou em fazer a vontade de seu pai. E quando  Abrão estava preste a realizar o sacrificio”(v.10), no último momento, Deus bradou dos céus a Abraão. Ele o chamou pelo nome duas vezes: “Abraão! Abraão! Ele respondeu: Eis-me aqui!” (v.11),Como resposta, resultado da sua obediência e confiança na promessa de Deus, Abarão ouve as seguintes palavras: “Não estendas a mão sobre o rapaz, e nada lhe faças, pois agora sei que temes a Deus, por quanto não me negaste o filho, o teu único filho.” (v.12). O uso da expressão temes a Deus significa que Abraão tinha fé em Deus.  Essa, possivelmente, foi a maior demonstração de fé que alguém já deu até hoje. O Senhor não deixou Abraão matar o filho, e justificou-o pela fé. Uma fé autêntica  e verdadeira  que não questiona, racionaliza. Uma fé que aceita e confia plena e absolutamente na ação de Deus.

Abraão tinha certeza de que de alguma forma Deus haveria de providenciar, um  cordeiro para substituir a morte sacrificial de seu filho.Isto torno-se tão significativo para Abraão,quando “ergueu os olhos , viu atrás de si um carneiro preso pelos chifres entre os arbustos; tomou Abraão o carneiro e o ofereceu em holocausto, em lugar de seu filho.”(v.13).No momento crucial, quando Isaque estava prestes a ser sacrificado, Deus intervém e fornece um cordeiro para substituir Isaque como oferta. Ele realmente, deu o que era necessário. Mas não só providenciou o carneirinho para ser sacrificado em lugar de Isaque, mas também deu o que era preciso para toda a humanidade pecadora. O Pai  sacrificou o seu próprio e único Filho na cruz em favor de todos nós.  Jesus Cristo,  veio como o Cordeiro de Deus para tirar o pecado do mundo.Assim como Deus providenciou um cordeiro para Isaque no último momento, Ele providenciou Jesus como o sacrifício perfeito para a salvação da humanidade. Ele se ofereceu voluntariamente como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.Morreu em nosso lugar para que pudéssemos viver.

Após o sacrifício de Isaque ser interrompido por Deus, uma nova confirmação da aliança é feita com Abraão. Deus reitera Sua promessa quando afirma: “Jurei, por mim mesmo, diz o Senhor, porquanto fizeste isso e não me negaste o teu único filho.” (v.16). O juramento divino é uma demonstração  da fidelidade de Deus em relação às Suas promessas. O próprio Deus se compromete a cumprir  estas promessas feitas a Abraão anteriormente. Agora, nada poderia impedir que Israel se tornasse uma grande nação e receberia muitas bênçãos. O que assegurou tudo isto foi a conbinação de fé e  obediência por parte de Abraão. E a linguagem desta bênção combina a essência das bênçãos anteriores pronunciadas sobre o patriarca, sob três ênfases: primeiro Deus haveria “de abençoar e multiplicar.”(v.17a). Deus estabeleceu uma aliança eterna com Abraão, prometendo lhe dar muitos descendentes.

Segundo, a semente de Abraão seria comparado “com as estrelas dos céus e a areia que está na praia do mar.” (v.17b). Esta comparação demonstra  que a descendência de Abraão seria grande. Terceira, a semente de Abraão possuiria “a porta dos seus inimigos.” (v.17c).  No passado, a proteção de uma cidade era estabelecida pelos muros ao seu redor e no muro havia portas. Quando um inimigo queria invadir, logicamente, procurava possuir as portas, porque dominando as portas dominaria uma cidade, se tivesse acesso as portas, teria acesso a cidade. Portanto, possuir os portões é possuir as cidades e países de seus inimigos.Deus prometeu  através de Abraão a promessa do domínio das portas  à sua descendência contra seus  inimigos. Isto significa que os filhos  de Abraão deveriam ser vitoriosos sobre seus inimigos.

Enfim,  “nela serão benditas todas as nações da terra.”(v.18).Essa foi a maior promessa que Deus fez a Abraão – ser uma bênção para todos os povos .  Deus abençoaria não somente Abraão, mas também todos os seus descendente ao longo da história, que  culminará em Cristo,pois Deus revelou Seu plano para salvar o mundo. Jesus, o Salvador do mundo, descendente de Abraão. veio para salvar todas as pessoas do pecado.  Ele veio para estabelecer uma nova aliança entre Deus e os homens. Seu sangue derramado na cruz foi o sinal dessa nova aliança (Mateus 26.28). Agora, todos podem ter acesso a Deus e se tornar Seu povo, sem as regras da Lei de Moisés. Deus sempre deixou isso claro ao longo de todo o Antigo Testamento (Gn 14.18; Êx 12.48-49). Como é maravilhoso saber que após muitos anos  essa promessa se estende ao longo da história, e que seremos abençoados e o Senhor proverá todas as bênçãos que necessitamos, todas as soluções para os nossos problemas, toda paz que queremos, todo o amor que almejamos, toda felicidade que planejamos, toda alegria que precisamos.

Portanto, sigamos o exemplo de Abraão, mantendo nossa fé inabalável na fidelidade de Deus e na realização de Suas promessas, mesmo nos momentos mais difíceis. Saibamos ouvir o seu chamado  com disposição e  prontidão, respondendo “eis-me aqui”. Saibamos entender  que  Deus proverá no tempo certo. No momento exato para que as coisas aconteçam em nossa vida. Enfim,saibamos entender que Deus “proverá” aquilo que mais precisamos. O que é mais necessário para a nossa vida. Amém!