sábado, 16 de novembro de 2024

 TEXTO: SL 85

 TEMA: MOSTRA-NOS SENHOR A TUA MISERICÓRDIA!

O salmo 85 é uma oração de pedido de socorro, de restauração, de livramento, súplica de retorno ao Senhor. Em sua oração, em espirito e humildade, o salmista súplica às misericórdias de Deus. Ele traz à memória os grandes feitos do Senhor, realizados ao longo da história de Israel sobre as misericórdias de Deus. Foram bênçãos indizíveis que Deus concedeu ao povo arrependido. No presente, o salmista também súplica às misericórdias de Deus: “Mostra-nos Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua Salvação”. Deus concede as misericórdias e salvação, mas a partir do momento em que houvesse contrição e arrependimento. Este pedido do salmista se concretiza. Deus abençoou ricamente seu povo. Agora, ele exalta ao Senhor e descreve as bênçãos recebidas.

Precisamos também diariamente dizer: “Mostra-nos Senhor a tua misericórdia!” O que seria de nós se o Senhor não fosse benigno e misericordioso para conosco? Se não nos perdoássemos cada dia? Por isso, é necessário lembrarmos das inúmeras vezes que Deus manifestou as suas misericórdias por nós. A começar por ter enviado seu filho para morrer por nós. Além disso, Deus realizou muitas intervenções em nossas vidas, conduzindo cada um de nós à salvação, proporcionando livramento, suprimento, cura, bem-estar, entre muitas outras coisas. E como é maravilhoso saber que as misericórdias do Senhor se renovam a cada manhã.

Mostra-nos Senhor a tua misericórdia! Primeiro, porque todos nós precisamos das misericórdias do Senhor. Somos dependentes em cada momento de nossa vida, sem as misericórdias, nada seriamos, nada poderíamos fazer, nada conseguiríamos realizar, e vencer as batalhas que travamos diariamente contra as hostes do mal. Enfim, porque as misericórdias são inesgotáveis. Elas se renovam cada manhã. Podemos iniciar um novo dia por causa do amor, misericórdia, compaixão e fidelidade que o Senhor renova sobre nossas vidas todas as manhãs.

O salmista percebe o quanto Deus demostrou a sua bondade ao povo. Esta bondade de Deus se manifestou na história de Israel. Foram muitas bênçãos extraordinárias concedidas ao povo, trazendo-lhe a correta direção por meio da contrição e, também, a esperança de ser perdoado e restaurado. Tal bondade se percebe nos primeiros versículos. Havia fartura na terra. (v.1). Deus havia concedido o perdão. (v.2). Deus havia concedido o livramento. (v.3). Diante desta bondade, o povo de Deus pode regozijar-se, pois a iniquidade fora perdoada e os pecados cobertos. A indignação de Deus fora removida e o ardor da sua ira afastado. Favorecimento, restauração, perdão, encobrimento dos pecados, retenção da ira divina, desvio de furor, foram ações tomadas por Deus em favor de seu povo. Sendo assim, o salmista se alegra, porque Deus perdoou o Seu povo, cancelou os seus pecados, e cessou a Sua ira.

Ao mesmo tempo em que o salmista orava, agradecendo a Deus pelas ações da bondade de Deus realizadas no passado, no presente, ele pede ao Senhor que restabelecesse completamente e retirasse a Sua ira sobre o povo: “Restabelece-nos, ó Deus da nossa salvação e retira de sobre nós a tua ira”. (v.4). Estarás para sempre irado contra nós? Prolongarás a tua ira por todas as gerações? (v.5). Neste pedido, a sensação do salmista é que a dor do sofrimento decorrente da ira divina dura por muito tempo. O povo já havia sentido esta ira antes da sua reconciliação. Agora, ela ainda era evidente e parecia não ter fim. Da entender que Deus continuava julgando o seu povo. Além disso, o povo não tinha forças para mudar a situação que estava vivendo, pois quando o povo voltou do exílio da Babilônia para Jerusalém, era um período de sofrimento e tribulação. Voltaram e encontraram uma cidade arruinada, sem estrutura, um desolamento total. Esta situação causou a morte espiritual, incredulidade e falta de esperança na vida povo. E, para manter uma vida renovada, o salmista, reconhecendo o grande amor de Deus, confiando no Senhor, sabendo que será atendido pela misericórdia e fidelidade de Deus, o salmista faz um pedido: “Mostra-nos Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua Salvação”. (v.7).

Todos nós temos recebido muitas bênçãos de Deus em nossas vidas. São as misericórdias de Deus que se renovam cada manhã. Deus tem realizado coisas grandiosas. Aliás, a nossa vida é constituída de coisas grandiosas. Deus enviou Seu Filho Jesus Cristo, morreu na cruz para nos salvar; as nossas lágrimas, a nossa dor, todo o sofrimento, Deus realiza coisas grandiosas.  Por isso, nosso louvor e nossa alegria são motivados por estas grandes obras que Deus realiza. Precisamos aprender na vida que Deus fez, faz e fará coisas grandiosas por nós. Que coisas você gostaria que Deus fizesse por você? Quais são as coisas grandiosas que Deus tem realizado em sua vida?

Ao mesmo tempo em que o salmista orava, agradecendo a Deus pela restauração, pelas ações da bondade de Deus realizadas no passado, ele pede a Deus que restabelecesse completamente e retirasse a Sua ira sobre o povo. (v.4). O motivo principal da ira de Deus, era que seu próprio povo, constantemente, quebrava a aliança que ele fez com eles. Eles adoravam a ídolos, misturavam falsos deuses com a adoração ao Senhor. Diante desta situação, o salmista apresenta uma pergunta retórica visto que Deus se prontificou, na aliança mosaica, a retribuir a confissão de pecados com o desvio da sua ira e com a renovação das bênçãos (Lv 26.40-45): Estarás para sempre irado contra nós? Prolongarás a tua ira por todas as gerações? (v.5). Para o salmista a dor do sofrimento é decorrente da ira divina. A ira de Deus ainda é evidente e parece não ter fim.  

No entanto, Deus sempre demostrou paciência, amor e prontidão em perdoar o seu povo. Por isso, reconhecendo o grande amor de Deus, confiando no Senhor, sabendo que será atendido pela misericórdia e fidelidade de Deus, o salmista faz um pedido.  Não orava como quem duvida, pois tinha a plena certeza de que o Senhor ouviria as orações de Seu povo e que voltaria a lhes falar de paz. Uma oração de quem confia por ter visto a libertação; uma oração de quem reconhece que precisa de Deus; uma oração de quem olha para o seu problema e vê a solução que Deus providencia como já fez no passado: Mostra-nos Senhor, a tua misericórdia e concede-nos a tua Salvação. (v. 7). O salmista clama a Deus por restauração. Que Deus se lembre novamente de sua bondade ao povo. Este pedido lembra o poder e a soberania de Deus. Esse pedido para que Deus se lembre é uma renovação da aliança de Deus com seu povo.

 Diante de seu pedido a Deus, o salmista ouve a mensagem divina em resposta a oração do povo. (v.8a). Ele entendeu que Deus não é cruel. Ele é justo e se preocupa com a situação de seu povo. Entende que Deus tem uma mensagem de paz ao povo, pois Deus é misericordioso e perdoa as transgressões. A misericórdia divina, que Deus mostrou ao longo da história, resplandece-se na vida de Jesus. Em sua infinita bondade, Deus enviou o seu Filho e habitou entre nós. Ele morreu e perdoou os nossos pecados. O salmista vislumbra esta verdade, Ele profetisa, de forma maravilhosa, a respeito do Salvador. Esta mensagem torna-se transparente quando o salmista afirma: Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram” (v.10). Parecia haver um afastamento entre justiça e misericórdia, entre justiça e perdão, mas na cruz de Cristo é cenário onde houve esse bendito encontro da justiça e da paz Elas se beijaram, isto é, a justiça e a paz deram as mãos, selando a nossa eterna redenção. A justiça foi feita, pois Deus puniu nosso pecado em seu Filho. E, assim, podemos dizer que a paz e justiça se encontraram no amor de Deus revelado na obra de Cristo,

Todos nós precisamos das misericórdias do Senhor. Somos dependentes dessas misericórdias em todo momento da nossa vida. Nada poderíamos realizar sem as misericórdias de Deus. Imaginem, sem as misericórdias, como venceríamos o pecado? Como vencíamos as batalhas que travamos diariamente contra as hostes do mal? Contra o nosso inimigo que está ao nosso derredor rugindo como um leão, e pronto para nos atacar? Por isso, precisamos também em nossas orações, suplicar ao Senhor: Mostra-nos Senhor a tua misericórdia! O profeta Jeremias orou muitas vezes e suplicou ao Senhor por misericórdia. Lembrou que as misericórdias do Senhor são as causas de não sermos consumidos, porque elas não têm fim. Elas renovam-se cada manhã. Estas palavras nos encorajam e nos alegram, pois, o Senhor renova a Sua misericórdia sobre nossas vidas todas as manhãs. Deus nos dá diariamente, mais uma oportunidade para que possamos declarar o nosso amor, gratidão e temor a Ele.

O salmista ao encerrar a sua oração, ao descrever a circunstância maravilhosa depois da reconciliação do povo arrependido com seu Deus misericordioso, ele exalta ao Senhor. Ele lança mão das qualidades advindas da comunhão, mescla-as ao efeito físico que terão na agricultura de Israel: “Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar.”  (v.11): A fidelidade brotará da terra e a justiça dirigirá o olhar desde os céus. O salmista associa o desfrute dessas bênçãos ao retorno da comunhão pelo perdão dos pecados. Feita essa conexão de ideias, o salmista deixa claro qual será o resultado agrário, mostrando, por meio da palavra “também”, a íntima ligação que há entre o perdão e o retorno da provisão divina (v.12): “Também o Senhor dará o que é bom, de modo que a nossa terra dará sua colheita”. Esse não seria o único benefício a ser desfrutado pelos arrependidos. O Senhor restabeleceria sua caminhada junto com o povo como um desbravador que abre um caminho seguro, do mesmo modo que fez no deserto ao guiar a multidão até Canaã: “A justiça irá à sua frente e suas pegadas abrirão caminho”. (v.13).  

Estimados irmãos! Todos nós temos recebido muitas bênçãos de Deus em nossas vidas. São as misericórdias de Deus que se renovam cada manhã. São coisas grandiosas! Se vocês se sentirem fracos ou desanimados, lembrem-se das misericórdias do Senhor que duram para sempre e se renovam a cada amanhecer. Lembrem-se que Ele é aquele que estende graça e bondade. Que o Senhor nos abençoe com Sua bondade, fidelidade e misericórdia a cada manhã, a fim de que sejamos dignos de receber as bênçãos maravilhosas que Ele tem preparado para mim e para você. Amém!

 TEXTO:SL 66

TEMA:LOUVEMOS A DEUS POR SEUS GRANDES FEITOS

O Salmo 66 é um hino de gratidão a Deus por seu livramento. Não sabemos o autor, nem a circunstância da sua composição. Mas pelos exemplos, expressões e estilo citados, é possível que seja de Davi. O Salmo oferece uma grande contribuição à nossa compreensão do valor do louvor bíblico. No decorrer do Salma, o poeta fala de um louvor descritivo, exaltando a Deus pelo que é e pelo que faz, bem como um louvor declarativo, adorando a Deus por determinadas respostas específicas às suas orações. Ele coloca diversos motivos que nos levam a reconhecer a grandeza de Deus. Ele mesmo reconhece as grandes obras de Deus do passado, tais como a abertura do Mar Vermelho nos dias de Moisés e a travessia dos israelitas no Rio Jordão nos dias de Josué. Israel se alegrou sobremaneira no Senhor, em ambas as ocasiões.

O salmista passou por uma grande crise, a qual ele chama de “minha aflição” que o levou a fazer voto, e clamar a Deus em oração. Pelo modo como se expressa no salmo, é provável que tenha sido uma crise nacional, afligindo todo o povo. Entretanto, essa crise havia cessado por uma ação poderosa do Senhor. Diante da grande libertação, toda a nação está tremendamente feliz e o salmista se vê, não apenas devedor, mas desejoso de oferecer a Deus todo louvor e agradecimento com toda sua força. Sendo assim, ele convida a todos, não apenas o povo de Israel, mas os povos que habitam todas as terras se unirem a louvar ao Senhor por suas obras: “Aclamai a Deus, toda a terra. Salmodiai a glória do seu nome, dai glória ao seu louvor” (vs.1 e 2).

Essa atitude do salmista, em demonstrar sua gratidão, aclamando, glorificando, enaltecendo o poder de Deus, tem um motivo: “quão tremendos são os teus feitos!” (v.3a). A palavra “tremendos” significa que seus atos são tão grandes que eles causam espanto e admiração. As obras de Deus causam sensação de assombro e admiração (Salmo 19.1,2). Diante desta grandiosidade do poder de Deus, todos os povos da terra são convidados a salmodiar a glória do nome do Senhor, prostrando-se perante Deus. (v.4). O termo “prostrar”, “curvar” significa render honra prestar reverência e homenagem a alguém em admiração e reconhecimento de sua posição hierárquica superior. Esta honra até mesmo os inimigos se mostram submissos à grandeza divina: “Pela grandeza do teu poder, a ti se mostram submissos os teus inimigos”. (v.3b).

Também somos convidados a exaltar e proclamar os grandes feitos de Deus, pois são impressionantes em nossas vidas. Deus nunca está distante. Ele ouve nossas súplicas e não afasta de nós o seu amor. Olhando para o passado, lembramos quão bom o Senhor tem sido em nossas vidas. Ele manifestou a sua graça ao longo da história, e continua a manifestá-la até hoje. Isto se verifica nas bênçãos materiais e espirituais, no cuidado e proteção, no conforto diante de uma enfermidade ou aflição, na direção da vida, mas principalmente da salvação do homem através de Jesus Cristo. Por isso, este é o momento de reconhecimento do homem para com Deus, agradecendo pelas bênçãos recebidas. Como Paulo escreveu aos Tessalonicenses: “Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus” (I Ts 5.18).

No versículo 5, o salmista estende o convite a todas as nações para adoração a Deus: “Vinde e vede as obras de Deus: tremendos feitos para os filhos dos homens”. “Vinde e vede” é um convite para reconhecer as obras maravilhosas manifestadas junto ao povo de Israel. Quais são estas obras? O salmista relembra feitos grandiosos de Deus a fim de comparar a atuação do passado com a que ele presenciou com seus olhos no momento. O texto relembra dois fatos impressionantes: “Converteu o mar em terra seca atravessaram o rio a pé; ali, nos alegramos nele.” (v.6). Essa é uma clara menção do poder de Deus demonstrado nos feitos miraculosos ao abrir o mar Vermelho para que o povo pudesse passar. (Ex 14.15-31), e parar o curso de água do rio Jordão para Israel iniciar a conquista de Canaã (Js 3.12-17). Quanta alegria houve em Israel naqueles dias! O povo exultou no Senhor, cujo poder e domínio nunca terminam.

Esta grandiosidade de Deus demonstra que o universo é governado pelo Criador e todas as coisas existentes cumprem o seu desejo. Ele tem um propósito para a humanidade e cumprirá os seus desígnios. O salmista resume este pensamento ao dizer: “Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações não se exaltam os rebeldes.” (v.7). Na verdade, Deus é o controlador da história e das nações: “Teus olhos vigiam as nações” É interessante que a recordação dos seus feitos do passado é um dos instrumentos que o povo de Deus sempre utilizou para enfrentar os problemas do presente. O que realizou no passado serve de parâmetro para que o povo reconhecesse a grandiosidade das obras de Deus. Jeremias em suas Lamentações relembra os acontecimentos do passado: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (3.21). O profeta estava lembrando, recordando, trazendo de volta algo que poderia dar esperança. Estava recordando a grandiosidade que Deus tinha demostrado ao seu povo no passado.

Assim, deve ser a vida do cristão. Olhar diariamente as bênçãos recebidas, reconhecendo que elas vêm do Senhor, e dando graças a ele por tão grande amor. Ao contemplar estas bênçãos maravilhosas, perguntamos: O que Deus tem feito em nossas vidas? O que ainda fará no futuro? Ele tem realizado grandes feitos em nossas vidas e continua realizando! Esta confiança deve nos ajudar nos momentos em que nos sentimos incapazes de superar um problema que nos aflige. Devemos contemplar o Senhor, suas obras, sua Palavra, seus feitos, sua memória viva em nossa história. Olhar para Deus nos lembra de que, não importa a origem ou causa de nossa aflição, o final último de nossa vida está em Deus e em suas promessas de aliança e resgate.

Ao lembrar toda a grandiosidade das obras de Deus, o salmista convida a todos a agradecer a Deus: “Bendizei, ó povos, o nosso Deus, fazei ouvir a voz do seu louvor”. (v.8). Bendizer significa reconhecer, elogiar. Já o termo louvor significa glória, cânticos de louvor, exaltar. Portanto é um convite para louvar e adorar, reconhecendo a magnitude de Deus por suas obras e feitos. Lembrar que Deus “preserva com vida a nossa alma e não permite que nos resvalem (escorregar) os pés”, (v.9), mostrando assim o seu cuidado, proteção e condução no nosso caminhar. Lembre-se: só Deus pode fazer com que nossos pés não fraquejem, não vacilem. Só Deus pode nos firmar em momentos tão difíceis pelos quais temos passado. Nenhum filho de Deus permaneceria de pé, por um momento sequer, diante de abismos, armadilhas, fraquezas físicas e inimigos sutis, se não fosse por causa do fiel amor de Deus, que não permitirá que os pés de seus filhos vacilem. Portanto, temos muitos motivos para louvar, adorar e render graças ao Senhor.

O salmista ainda, no reconhecimento dos feitos e propósitos de Deus, O bendiz também nas tribulações, nas lutas, na angústia, nas lágrimas, na dor, afirmando, “pois, Tu, Ó Deus, nos provaste” (v.10a). O salmista entendeu o propósito de Deus através das provações. Ele admite que a provação é algo essencial na vida do povo, por causa dos pecados em Israel. O povo precisava ser lapidado, transformado, regenerado, purificado pelo próprio Deus: “acrisolaste-nos como se acrisola a prata” (v.10b). Outra tradução seria: “Tu nos purificaste assim como se purifica a prata”.  O verbo acrisolar significa tirar as impurezas, aperfeiçoar, apurar, dar qualidade. Como todo o metal, a prata precisa ser lapidada para que tenha algum valor comercial. Para que isto ocorresse, colocava-se a pedra bruta de prata no crisol, submetendo-a a altíssimas temperaturas. O crisol é um vaso de fundir metais, como prata e ouro.

Deus fez isso com Israel. Colocou Israel no fogo para retirar as impurezas e deixar o povo mais puro, e esse processo se repetiu várias vezes, porque Deus não queria ver seu povo destruído, mas purificado. Por isso, Deus havia colocado seu povo em situações tão difíceis que não podia resolver sem o auxílio do Senhor: “Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas”. (v.11). “fizeste que os homens cavalgassem sobre nossas cabeças”. (v.12a). Era como se tivessem sido obrigados a passar por chamas ardentes e inundações furiosas: “...passamos pelo fogo e pela água...” (v. 12b). Apesar disso, Deus não permitiu que o povo fosse derrotado. Pelo contrário, trouxe-o para um lugar espaçoso, ou seja, uma terra onde havia amplos rios, nascentes e córregos, produzindo fertilidade e abundância.

O mesmo acontece conosco. Encontramo-nos numa época de tantas provações. Deus nos dá diversas provas e literalmente nos coloca no fogo para nos acrisolar. E quando passamos por essas provações, ficamos sem alegria, sem paz e em desespero. São situações que nunca pensávamos em viver, e parecem que nunca terão fim. É nessas horas que os questionamentos a Deus começam a surgir:  Que Deus é esse que deixa seus filhos desemparados? Que Deus é esse que não tem piedade com aqueles que sofrem? Mas se você anda nesse vale de lagrimas, diante de situações adversas, como enfermidade, problema financeiro, crises, relacionamentos. Lembre-se que os filhos de Deus ao longo da história enfrentaram as mesmas circunstâncias e sempre foram amparados pelo Senhor.

A Bíblia, possui muitos exemplos de pessoas que passaram por provações, e enfatiza o objetivo das provações: servem para nos fortalecer, aperfeiçoar e purificar e ajudar a crescer espiritualmente. O livro de Provérbios, por exemplo, afirma: “Assim como o ouro e a prata são provados pelo fogo, o bom nome de uma pessoa também pode ser posto à prova...” (Provérbios 27.21). Pedro afirma:  “para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.(1 Pedro 1.7).Lemos em Zacarias: " Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O Senhor é meu Deus." (13.9).

No entanto, ainda, que a provação em si seja algo difícil, o resultado dela é motivo de alegria e gratidão a Deus. O que fazer, então, quando somos assolados pelo sofrimento?  Tiago disse: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4). A ordem de Tiago é para que nos alegremos face às várias provações a que estamos sujeitos neste mundo. É preciso se manter íntegro e fiel a Deus diante das provações, pois, somente Ele pode nos tirar de um lugar de morte e nos posicionar em um lugar espaçoso, onde passamos encontrar esperança, fé, amor e salvação em seu Filho Jesus Cristo.  É certo que as tribulações continuarão fazendo parte da nossa vida até a volta de Jesus. Mas não podemos nos esquecer por mais difícil que seja a situação, confie que Deus. Ele derramará muitas bênçãos sobre sua vida no momento certo.

Mesmo diante das provações, o salmista agradece a Deus ao realizar a sua oferta. Ele não faz de uma forma mecânica, ao contrário ele o faz de todo o coração. Ele afirma: “Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos.” (v.13). Com isso, o salmista afirma sua fidelidade no relacionamento com Deus, fato evidenciado no culto público e no cumprimento dos compromissos que ele assumiu com o Senhor. Ele também diz: “Oferecer-te-ei holocaustos de vítimas cevadas, com aroma de carneiros; imolarei novilhos com cabritos.” (v.15). A princípio, essa lista de sacrifícios parece não dizer muito. Mas, ao identificar os elementos presentes no texto, é possível notar, na primeira parte, a menção de “holocaustos” – ofertas totalmente queimadas. Na segunda, a menção de um novilho oferecido com cabritos remete às “ofertas pacíficas” – ofertas que, depois de oferecidas a Deus, eram comidas pelos sacerdotes e pela família do ofertante – das tribos israelitas na consagração do tabernáculo. Assim, pela lista de sacrifícios propostos, o salmista garante que adorará o Senhor no culto público com “coração grato, alegre e dedicado”. Era algo grandioso que o salmista estava realizando ao Senhor.

Assim, após a oferta de agradecimento a Deus, atitude do salmista é um desejo de testemunho a respeito do Senhor. Ele faz um convite aberto e amplo, dizendo: “Vinde, ouvi, todas vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele feito por minha alma.” (v.16). O salmista quer anunciar as grandezas de Deus. No início do Salmo, ele lembrou:” “Vinde e vede” (v.5) Agora, lembrou dos feitos grandiosos de Deus a fim de comparar a atuação do passado com a que ele presenciou com seus olhos. Tendo recordado os milagres do passado, o salmista anuncia a resposta positiva do Senhor aos seus clamores: “Entretanto, Deus me tem ouvido e me tem atendido a voz da oração.” (v.19). Esse é um fato que não pode ser escondido diante da gratidão que o escritor do salmo sente: Deus ouviu a sua oração.

Deus ouve e atende as nossas orações. Esta é a grande verdade que todo o cristão precisa compreender. Deus diz para Jeremias 33.3 "clama a mim e responder-te-ei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas..." Que bom que temos um Pai amoroso que cuida de nós e atende as nossas orações. E ele faz isso tão somente por causa de seu grande amor para conosco. Deus ouve e atende as nossas orações feitas com fé, em nome de Jesus. Mesmo que a resposta seja “não”, ele sabe sempre o que é bom para nós. E, no seu amor, nos dá tudo o que é necessário para a nossa salvação. Se você tem pedido alguma coisa a Deus, ouça a sua resposta em seu coração, acalme-se creia que Ele sabe o que faz. Deus tem o controle do tempo, do modo, da situação, de sua vida. Ele sabe o que é melhor para você.

O salmista termina o salmo, afirmando esta grande verdade. Ela fala da resposta divina aos seus clamores e louva seu nome: “Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça.” (v.20).  O encerramento do salmo faz transparecer a razão pela qual Deus atende a súplica de homens pequenos e falhos: “Pois não rejeitou a minha oração, nem afastou de mim o seu amor”. Esse “amor” pode ser traduzido como “graça”, “bondade” ou “misericórdia”. Mas sua ênfase é sobre a ideia de um “amor fiel” que não abandona os seus. É o amor que, movido por graça plena, busca o benefício alheio mesmo se – ou principalmente se – esse benefício não pode ser retribuído à altura. Essa é a razão da resposta positiva de Deus libertando a nação do salmista e o motivo pelo qual este depende de Deus para ouvi-lo e para abençoá-lo. Esse é um dos maiores motivos de gratidão que podem existir diante de Deus.

Estimados irmãos! Vamos mostrar a Deus toda a nossa gratidão e louvor diante de seus grandes feitos em nossas vidas! Melhor ainda é fazê-lo de todo o coração em todo o tempo e não apenas quando Deus tem de corrigir os nossos erros. Que possamos, ó povo de Deus, viver constantemente em estado de adoração e gratidão ao nosso Deus. Amém.

 

TEXTO: LC 19.28-40

TEMA: SAUDEMOS O NOSSO REI JESUS!

Neste fim de semana, a Igreja Cristã celebra  o primeiro domingo no Advento. Período que antecede o Natal. Tempo no qual nos orientamos nas promessas bíblicas de que Jesus Cristo voltará para o julgamento e o estabelecimento definitivo do seu reino. O texto base para a nossa meditação se encontra em Lucas 19.28-40. O texto fala do momento quando Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, sendo desprezado pelos fariseus, mas aclamado pelo povo, saudado com vestes estendidas em seu caminho e ramos que lhes eram lançados como saudação.

Em muitos lugares na antiguidade, era costume cobrir com ramos o caminho à frente de alguém que merecesse grandes honras. Essa era a maneira comum que os súditos prestavam honra a um rei quando se aproximava de uma cidade montado num cavalo. Em nosso texto, acontece algo idêntico. Jesus entra em Jerusalém onde é aclamado pelo povo ao saudar com vestes estendidas em seu caminho e ramos que lhes eram lançados como saudação. Ele entra triunfalmente em Jerusalém, não como um rei guerreiro,  mas como um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja. Aquele que veio libertar a humanidade do pecado, da morte e condenação eterna. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual.

Estimados irmãos! Toda esta história, começa quando Jesus estava a caminho, rumo à grande cidade de Jerusalém. Não era a primeira vez que Ele ia a esta cidade. A Escritura registra seis visitas que Jesus fizera antes de sua entrada em Jerusalém pela última vez. Entretanto, esta entrada em Jerusalém, era uma ocasião especial. Jesus entraria para iniciar o seu sofrimento, a finalidade principal de seu reino. Entraria para salvar a cidade e seus moradores, chamando-os ao arrependimento. Por esta razão, Jesus faz sua entrada publicamente na cidade, fazendo com que o povo aclamasse e falasse da grande missão que o levava até ali. 

E de acordo com a finalidade e a importância de sua presença em Jerusalém, ao contrário das vezes anteriores, cogita de preparativos especiais para sua entrada. Antes de chegar à Jerusalém, Jesus escolhe dois discípulos para enviá-los a Betfage. Neste lugar os discípulos encontrariam um jumentinho. E a ordem de Jesus era muito simples: “soltai-o e trazei-o” (v.30). Jesus dá uma demonstração de seu poder. Não hesita em mostrar aos discípulos quem Ele era. Mostra através de suas palavras a sua autoridade, pois é o Senhor quem fala e autoriza. Por isso, não há qualquer questionamento da parte dos discípulos. Eles simplesmente obedecem à ordem do Senhor. Mas algumas pessoas questionaram: “Por que o soltais?”. (v.33) Os discípulos responderam: conforme as instruções de Jesus. O evangelista descreve de forma enfática: O Senhor precisa dele. (v.34).   Literalmente: “O Senhor necessita deles”. E de fato, tudo ocorreu como Jesus tinha dito.

Os discípulos encontraram os animais e, sem problemas os trouxeram. Colocaram em cima dele as suas vestes e Jesus montou. Jesus se prepara para entrar em Jerusalém de forma humilde, manso, brando, pacifico. Esta foi a maneira como Jesus entrou em Jerusalém.  Não como os grandes reis e conquistadores triunfantes depois de uma batalha, ou de um cortejo real cheio de luxo mostrando seus escravos e conquistas. Não como um conquistador militar ou libertador político. Mas se apresenta como um Rei, um Rei que está acima de todos os reis, um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja, porque foi anunciado pelo profeta Zacarias: “Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” (9.9). Jesus se apresenta ao povo como um Rei. Mas um Rei que está acima de todos os reis e de todos os senhores da terra, uma Rei soberano e absoluto. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual.

Aquela entrada triunfal era um momento de jubilo, alegria e de louvor ao Senhor. Os discípulos e numerosa multidão rendiam homenagens espontâneas a Jesus, que se encaminhavam triunfalmente a Jerusalém, preparando-lhe uma passagem ou caminho com as próprias vestes e com ramos que cortavam de árvores e espalhavam pelo caminho. Era o delírio da multidão gritando, exaltando, clamando em alta voz em reconhecimento ao Salvador: “Bendito é o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e nas maiores alturas!” (v.38). O salmista também proclama estas palavras: “Bendito é o que vem nome do Senhor!” (118.26a). O evangelista Marcos afirma: Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor! (11.9). Mateus afirma: “Bendito o vem em nome do Senhor. Hosana nas maiores alturas.” (21.9). Bendito o Messias, bendito o Rei de Israel, bendito o Filho de Davi. Significa salve-nos, por favor, te imploramos. Era um grito de exaltação, exclamação de louvor a Deu, entoado em reconhecimento ao messianismo de Jesus em sua entrada em Jerusalém. Naquele momento, o anseio do povo se transforma em esperança ao receber o Rei Salvador, que vem para sofrer, morrer e ressuscitar.

No entanto, esta atitude do povo e dos discípulos não agradou aos fariseus. Eles pediram a Jesus que os repreendessem, pois ficaram incomodados diante do louvor direcionado a Cristo. E querem uma resposta. No entanto, a resposta de Jesus os surpreende: “Asseguro-vos que, se eles se calarem, as próprias pedras clamarão.” (v.40). Nada adiantaria calar a voz da multidão e dos discípulos que estavam dando testemunho do Messias, uma vez que para Jesus as suas aclamações não deveriam ser suprimidas, era apropriado que eles celebrassem a sua vinda. Conhecessem o Rei que nasceu na humilde estrabaria e morreu por nós, entregando-se humildemente naquela cruz, ao suportar toda ignomínia, toda humilhação, todas as chicotadas, blasfêmias, acusações, provocações, traições, abandono, os pregos, a coroa de espinhos, na cruz, tudo para nos salvar. Aquele que foi enfaixado em panos e colocado numa sepultura. Mas ao terceiro dia ressuscitou porque é Senhor sobre a vida e a morte.   É o Rei do poder, da glória, santidade e justiça. É o rei que governa este mundo turbulento em que vivemos.

Em todo este episódio fica muito claro que, não podemos nos calar diante de tão grande acontecimento. Caso isto ocorra, Deus dará até às pedras uma voz, para que o advento do Messias seja devidamente comemorado. Isso pode significar que Deus, levantará outros para glorificar seu nome. Suscitará louvor de formas diferentes, mas não ficará sem o louvor da sua glória. Somos,portanto, verdadeiras pedras vivas, edificadas como casa espiritual sobre Jesus, a principal pedra de esquina, para que anunciar as grandezas daquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz. Pedro afirma:  “Chegando-vos para ele, a pedra que vive rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmas, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pedro 2.4-9).

Portanto, devemos saudar Jesus com o mesmo entusiasmo, alegria e louvor. Juntar as nossas vozes e cantar: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor! Ele quer entrar em nosso coração, em nossos lares e em nossa congregação, derramando copiosas bênçãos sobre nós. Ele está à porta e bate. Está de braços abertos, oferecendo-nos perdão para todos os nossos pecados, dando-nos vida e salvação. Como recebemos o nosso Rei Jesus neste periodo no Advento? Como será a nossa saudação? Com corações arrependidos e confiantes em Jesus? Colocando tudo o que somos e temos ao seu serviço?

Estimados irmãos! Este é o Rei que devemos dar a nossa honra, glória e louvor. Por isso, vamos saudar o Filho de Deus! Ele merece o nosso louvor, honra e gloria. Ele nos salvou. Vamos abrir as portas dos nossos corações para a entrada de Cristo nesta época de Advento e sempre!Amém!

 

 

 

 TEXTO: SL 25

TEMA: COLOQUEMOS A NOSSA CONFIANÇA NO SENHOR!

O Salmo 25 é atribuído a Davi. É um dos nove Salmos acrósticos, hinos que utilizam as letras do alfabeto (22 na língua hebraica) na sequência para iniciar cada verso, linha ou estrofe. O contexto deste salmo nos mostra que Davi vivia momentos de tristezas, preocupações,  angústias,aflições,bem como se sentia  cercado  de perigos  e ameaça. Sendo assim, ele precisa encontrar o caminho certo que o leve com segurança ao seu destino. A quem ele pode pedir ajuda? Em quem ele pode confiar? Consciente da própria fragilidade, ele clama ao Senhor, ao Deus de Israel, que nunca abandonou seu povo, pelo contrário, o guiou na longa jornada através do deserto até a terra prometida. Esta lembramça renasce no salmista a esperança do socorro. Confia plenamente na suas promessas e no seu grande amor.

Quando falamos de confiança, precisamos nos questionar: Onde estamos colocando nossa confiança? Nas ideologias? Nas riquezas? Nas nossas forças? Na verdade, o que se observa neste mundo moderno é que a maioria das pessoas tem depositado a sua confiança em qualquer outra coisa, menos em Deus.  Davi poderia ter depositado toda a sua confiança nestas coisas, mas, escolheu confiar somente no Senhor. E você, tem confiado somente em Deus? Tem dado exemplo de fé e confiança em Deus? Lembrando que a nossa confiança não está em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas sim em Deus. Deus é a nossa fortaleza. Somente Ele, com sua infinita sabedoria e misericórdia, poderá nos garantir a paz, mesmo em meio às provações e correria da vida moderna. Somente Ele poderá iluminar as trevas de nossos pecados e apontar saídas para todos os desafios.  Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que enfrentamos neste mundo.

Davi inicia a sua oração invocando a presença do Senhor. Durante toda a sua vida, quando se via em meio às dificuldades, adversidades e desafios,ele orava a Deus.Em sua oração,pede ao Senhor que elevasse a sua alma à sua presença, porque o seu coração estava abatido: “A ti, Senhor, elevo a minha alma.” (v.1). A expressão “elevo” significa levantar, aceitar, exultar. Elevar a alma ao Senhor é a maneira de andarmos ao seu lado, procurando descobrir e fazer a sua vontade em nossas vidas. Elevar a alma é agir corretamente, caminhando com segurança por estarmos na presença de Deus. E aquele que eleva a sua alma ao Senhor jamais ficará decepcionado, nunca será envergonhado.

Davi , diante da situação que estava vivendo,resolve colocar sua esperança em algo bem maior do que ajuda dos homens.Ele colocou sua confiança em Deus: “Deus meu, em ti confio.”(v.2a). Quantas vezes deixamos de confiar em Deus,pois tentamos resolver os nosso problemas baseados nas nossas forças.Quantos vezes  desejamos viver a vida, ao enfrentar situações, caminhar pela estrada da nossa existência, como se pudéssemos dar conta, por nós mesmos, dos nossos problemas.Então,descobrimos que este não é o melhor caminho que conduz à presença de Deus.O melhor  é confiar em Deus,como fez Davi. Uma das necessidades de Davi era de não ser envergonhado diante de seus inimigos: “não seja eu envergonhado, nem exultem sobre mim os meus inimigos.”(v.2b). Essa deve ser uma experiência terrível, ser apanhado em um ato errado, pecaminoso e ser exposto publicamente entre às pessoas.

Davi não queria passar por este tipo de situação,  de ser envergonhado. É, por isso, pode dizer no versículo 3: “Com efeito, dos que em ti esperam, ninguém será envergonhado; envergonhados serão os que, sem causa, procedem traiçoeiramente”. Ele afirma desta forma, porque não confiava nas suas próprias forças, no seu poder político, nas suas riquezas, mas  depositava a sua confiança no Deus misericordioso, amoroso, bondoso, verdadeiro, criador de todas as coisa. A confiança de Davi em Deus era plena, pois tinha absoluta convicção, fé, de que somente o Senhor podia livrá-lo das armadilhas, perdição, emboscadas, da morte, do pecado, das trevas.Por isso,  preferiu manter seus olhos elevados na expectativa de que receberia,ajuda do Senhor através de sua oração.

Em meio às dificuldades, adversidades e desafios, o salmista  suplica ao Senhor: “Faze-me, Senhor, conhecer os teus caminhos.”(v4a). Na verdade, há uma imensa vontade do salmista de andar nos caminhos humildes de Deus, de amor e fidelidade diante das suas aflições. Mas, afinal, que caminho Davi queria conhecer. É evidente que os termos “caminhos” e “veredas” não se referem à questão geográfica, mas se referem aos ensinos e orientações de Deus que Davi almejava seguir e andar em conformidade com a verdade. Ele age desta forma, porque sabia que vivendo no pecado, era impossível seguir este caminho. O fato é que  Davi percorrendo uma sucessão de maus caminhos equivocados, sem rumo e sem destino, não podia estar em comunhão com o Senhor. E por falta de vigilância, caiu em adultério e cometeu homicídio, desagradando gravemente ao Senhor. Mas ele entendeu ainda que era precisa encontrar o caminho certo, que o levasse com segurança ao seu destino: a presença do Senhor. Não queria apenas conhecer os caminhos ,mas pediu ao Senhor que o “ensinasse sobre as suas veredas.”(v4b), que andasse num caminho reto,aprumado,que não permitisse andar em caminhos que o levasse  à ruína, mas ao ensina da Lei.

Precisamos também pedir ao Senhor que nos ensine a conhecer os seus caminhos! Os caminhos que nos conduz à sua presença, pois vivemos num mundo emaranhado de caminhos bons e ruins. E, muitas vezes, trilhamos caminhos equivocados, que no começo parece ser o rumo certo, conduzindo para a vitória. No entanto, ficamos desapontados quando damos conta de que aquele caminho, atraente e promissor, tornou-se perigoso, confuso, prejudicial. Estes não são os caminhos que conduz à presença do Senhor. Mas para conhecer estes caminhos é preciso mudanças na nossa vida, pois o nosso coração precisa de limpeza. Precisa ser trocado, pois ele é egoísta, mundano, influenciado pelo pecado, e  não pode ouvir a voz de Deus, seguir suas orientações e o caminho que Ele nos propõe a seguir. Quer andar nos caminhos do Senhor? Quer deixar de viver uma vida injusta? Quer andar nos caminhos de integridade, de obediência? Quer fazer a vontade de Deus?  Só existe um caminho: siga ao Senhor!

O salmista ainda esclarece que para andar nos caminhos do Senhor, requer um espírito submisso aos seus ensinamentos (Lei),como indicam os verbos no imperativos do versículo 5: “Guia-me na tua verdade e ensina-me, pois tu és o Deus da minha salvação, em quem espero todo o dia." Davi tinha a necessidade de conhecer a verdade de Deus. Essa verdade revela o Deus que ajuda, socorre, aqueles que nele esperam (v.3), entre os quais está o salmista. A sua esperança é persistente, constante e incansável, durante o “dia todo” , esperando o socorro do Senhor. A linguagem é a de um coração profundamente impressionado com a sensação da misericordia e da bondade de Deus. : “Lembra-te, Senhor , das tuas misericórdias e das tuas bondades, que são desde a eternidade.”(v.6). O verbo lembrar significa recordar , trazer a mente, fazer um memorial. Davi lembra de dois atributos divinos que fazem parte da aliança de Deus com o seu povo, as suas misericórdias e o seu amor verdadeiro. São palavras que expressam a atitude de forte compaixão e do amor de Deus,e que se concretiza no perdão e na salvação de seu povo. Davi neste momento,ao orar ao suplicar esses atributos ao Senhor,Ele está consciente de que não pode existir nenhum andar nos caminhos do Senhor, sem a bondosa, ajuda dele e sem sua graça e misericórdia.

Acima de tudo, o “lembrar” do salmista inclui o perdão dos seus pecados: “não se lembre dos meus pecados da  mocidade, nem das minhas transgressões. (v.7a). O  salmista suplica ao Senhor que não se lembre de seus pecados do passado. Não se lembre dos pecados da sua mocidade, nem das transgressões. Sendo assim, ele ora a Deus para que todas as ofensas desse período de sua vida, possam ser perdoadas e esquecidas. Portanto, ao examinar sua própria vida, o autor do salmo viu que as misericórdias de Deus eram incessantes e constantes para com ele desde os primeiros anos.Não somente ao salmista, mas a todo o povo, proporcionado muitas dádivas . No seu entender, esses atos de misericórdia e bondade nunca falharam. Deus é sempre bom. amoroso,misericordioso.

Quanta vezes também suplicamos como o salmista:”Lembra-te, Senhor , das tuas misericórdias e das tuas bondades...não se lembre dos meus pecados da  mocidade, nem das minhas transgressões.” Suplicando ao Senhor que vem nos socorrer quando enfrentamos a angustia e ador, quando as tentações nos assaltam ou quando sofrimentos nos sobrevêm por causa de enfermidades e preocupações pela subsistência da vida em tempos difíceis e pelo perdão dos nossos pecados,pois o pecado destroe o nosso relacionamento com Deus. Lembra-te! É uma  ação que tem como pressuposto o passado. Não há como lembrar-se sem olhar para trás e ver a ações de Deus em nossa vida.É isso o que devemos fazer também todos os dias. Precisamos nos achegar a Deus, nos humilharmos para alcançarmos o perdão de nossos pecados pois, enquanto não fizermos isso, não poderemos ter nenhuma paz, nenhum alívio para a nossa alma.

O salmista clama pelo perdão divino e reconhece que o Senhor é um guia fiel e gracioso Ele apresenta dois adjetivos do caráter sublime do Senhor.“Bom e reto é o Senhor.”(v.8a). Ambos os adjetivos aparecem unidos, indicando a bondade e retidão que Deus revela em sua Lei e espera que os homens as pratiquem como aquilo que é “bom” e “reto” aos olhos do Senhor. É o próprio Senhor  quem estabelece do que é reto e justo para o seu povo e a humanidade. Por isso, sempre que pecamos, devemos nos achegar a Deus com um coração contrito, arrependido, humilhado, e desejoso do perdão. Ele nos ouve e nos perdoa, pois é compassivo e misericordioso para conosco. Ele nunca nos esquece.  

E uma das formas de Deus nos mostrar a sua bondade é pelo fato Dele  “apontar o caminho aos pecadores” (v.8b),e nos guia na justiça neste caminho, pois o Senhor é o próprio caminho. (v. 9).Ele também nos orienta  pelas “veredas do Senhor que são misericórdia e verdade.” (v.10a). Nessas veredas, Deus demonstra seu caráter de “misericórdia e verdade” , dois termos que aparecerem juntos, que indicam o amor misericordioso e compromisso fiel de Deus para com os seus, expressos em salvação  e cuidado protetor. Isto é para os que guardam a sua aliança e os seus testemunhos.” (v.10b).De fato, quando pertencemos ao Senhor, o nosso objetivo é guardar a sua aliança,pois as veredas do Senhor são caracterizados por sua aliança de amor e sua fidelidade para com aqueles que guardam. Ao fazermos isso, o Senhor nos guia com segurança através do mundo de perigos em direção ao seu objetivo final.

O que se observa é que o salmista adquire uma nova confiança ao refletir sobre o nome do Senhor. Ele demonstra  uma expressão de confiança: “Por causa do teu nome, Senhor , perdoa a minha iniquidade, que é grande.”(v.11).Sem condições em si de alcançar o perdão divino, o salmista clama para que o Senhor lhe conceda  a graça com base em seu próprio nome. O “nome”  aponta para a existência, caráter e reputação do Senhor,bem como a revelação  de sua glória na Criação e Redenção (Sl 8.1; 124.8; Êx 19.5-6). Foi com base em seu nome que o Senhor salvou e confirmou sua aliança com Israel (Êx 3.14ss; 6.2-8). Trouxe de volta o seu povo quando se desviou da sua verdade. É por causa da sua bondade que o salmista almeja do Senhor o perdão de seus pecados. Por maior que seja seu pecado, o perdão de Deus, “por causa de (seu) nome”, é maior. O nome do Senhor abrange mais do que apenas sua bondade. Representa tudo o que Ele é. Por isso, Davi se dirige ao Senhor desta forma, porque ele sabe que a sua sua iniquidade “ é grande”. Isso significa que ninguém além de Deus pode tirá-lo. E assim é, pois a iniquidade pode ser grande, o perdão de Deus é maior (Sl 103.3; Sl 103.10-12).

Depois de entender a grandeza de seus pecados e da necessidade de perdão, o salmista  agora menciona com que tipo de homem Deus tratará:  “Ao homem que teme ao Senhor,   ele o instruirá no caminho que deve escolher”(v.12). Mas quem é o homem que teme ao Senhor?  É aquele que atende aos seus requisitos, isto é, reconhece que o Senhor é santo, todo-poderoso, reto, puro, onisciente, sábio. Ao olhar a Deus à luz disto, vemo-nos como somos: pecadores, débeis, frágeis e necessitados. Quando reconhecemos quem é Deus e quem somos, caímos humilhados a seus pés. Ele ensinará, irá nos guiar e instruir-nos no caminho que devemos seguir ou, em outras palavras, da maneira certa. Como é maravilhoso saber que o Senhor sempre nos orienta pelo Espírito de sabedoria a escolhermos o caminho certo. Mas esta instrução só pode ser desfrutada pelo “homem que teme ao Senhor”.

Portanto, o salmista apresenta quatro benefícios específicos  que são prometidos ao homem que teme ao Senhor. Primeiro, ele será ensinado no caminho que deve escolher. Será guiado pelo Senhor em suas escolhas. Em segundo lugar, na prosperidade repousará a sua alma (v.13a). O termo alma é usado  simplesmente para designar um indivíduo, ser, vida, pessoa. Para “homem que teme ao Senhor,” o resultado será uma vida interior repeleto de paz. Em terceiro lugar, sua descendência herdará a terra. (v.13b). Herdar a terra” basicamente significa receber a herança prometida por Deus. Os filhos que seguirem seus passos “herdarão a terra”. Eles terão seu lar na terra sob o governo do Messias.

Esse homem abençoado desfrutará do benefício da instrução espiritual: “Intimidade do Senhor é para os que o temem,   aos quais ele dará a conhecer a sua aliança.” (v.14). O termo hebraico סֹוד traduzido por intimidade,significa literalmente “conselho confidencial.” Sugere um comunicação íntima  e duradoura com o Senhor. E Ele também  os fará conhecer o real significado de “Sua aliança”. Eles saberão que em Cristo, o Senhor cumpriu todas as condições da aliança e que, com base nisso, desfrutarão de todas as bênçãos. (Jr 31:31-34). As bênçãos da aliança que serão sua porção, podem ser resumidas em ter uma comunhão confidencial com o Senhor, na qual Ele revela seus pensamentos.

Como conseqüência dessas bênçãos, o salmista mantém seus olhos fixos no Senhor: “Os meus olhos se elevam continuamente ao Senhor , pois ele me tirará os pés do laço.” (v.15) .Quando o salmista afirma que seus olhos estavam fixos em Deus, estava declarando que apesar das aflições, dos problemas que estava vivendo; da perplexidade,  dúvida, dificuldade, perigo em vista da morte e do mundo futuro, ele olhou para Deus como seu guia ,e depositou a sua esperança em Deus. E movido pela certeza da libertação que virá do Senhor,ele afirma: “Ele me tirará os pés do laço”.Para onde estamos olhando? Há pessoas que olham constantemente para trás, para justificar suas queixas, para murmurar dos tropeços, para lamentar as derrotas;outras desistem facilmente, não lutam e nem se esforçam, não perseveram quando sofrem o primeiro revés,esquecem de olhar para o alto   e pedir socorro ao Senhor.Deus nunca deixará aqueles que tem seus olhos voltados para o céu sem receber socorro.

Davi encerra a série de orações com uma súplica a Deus por livramento da sua angústia. Em várias ocasiões, Davi se sentiu sozinho diante das suas aflições e, assim, longe de Deus. Sendo assim,ele suplica ao Senhor.Ele apresenta suas aflições a Deus e pede que o alivie: “Volta-te para mim e tem compaixão, porque estou sozinho e aflito.”(v.16). Da nos entender que a face de Deus,voltou-se para outra direção.Então, o salmista  suplica que o Senhor esteja  atento a ele,que se volte e o contemple,demonstrando a sua compaixão.Qual era o motivo? Estava sozinho e aflito. O termo יָחִיד significa estar sozinho,solitário. Então, aquele está sozinho é um abandonado,miserável. Não há tristeza mais profunda que venha à mente do que a ideia de que estamos sozinhos no mundo,e  que não temos um amigo; que ninguém se importa conosco; que ninguém está preocupado com nada que possa nos acontecer; que ninguém se importaria se morrêssemos; que ninguém derramaria uma lágrima por nós. E o termo עָנִי significa pobre, aflito, humilde, miserável. Ocorre que David,vivia. muitas vezes,nesta situação. Situação que lembra os seus pecados  de sua infância, os desígnios e propósitos de seus inimigos.

No entanto, o salmista olha para Deus, em oração, com a esperança de não se achar desprovido de tal apoio diante de seus sofrimentos.Ele suplica: “Alivia-me as tribulações do coração;tira-me das minhas angustias.”(v.17). Note como o salmista tinha consciência das aflições que estava enfrentado. Sabendo desta situção, ele recorre a Deus. Em outra ocasião, ele também suplicou. Ele demonstrou a sua confiaça no Senhor: “Na minha angústia, clamo ao Senhor, e ele me ouve” (Sl 120.1). Ele confiou no Senhor, pois já o havia restaurado antes, e  ,certamente, poderia fazer o mesmo naquela situação que estava passando. Enquanto estivermos neste mundo a nossa vida é uma eterna luta diante das tribulações e as dificuldades pelas quais passamos. Quanto de nós não viveu aquelas horas em que olhamos ao redor e nos sentimos tão angustiados que não conseguimos pensar em nenhuma solução para o problema que estamos passando. Parce que a tribulação nos cerca de todos os lados.  Porém, em meio aos problemas aparentemente avassaladores, Deus prometeu nos livrar. Ele sempre está com aquele que tem o coração atribulado.

Davi busca a presença do Senhor e o alívio das suas tribulações, ainda admitindo que seu sofrimento estava vinculado ao seu pecado: “Considera as minhas aflições e o meu sofrimnento e perdoa todos os meus pecado.”(v.18). O verbo רָאָה  significa ver, examinar, inspecionar, perceber, considerar. O segundo verbo  נָשָׂא significa levantar, erguer, carregar, tomar. Isto significa que o salmista suplica para que o Senhor olhe com campaixão para a sua aflição e sofrimento. Mas ao dizer “carrega meus pecados”, a ideia do salmista é ser perdoado dos seus pecados e ser liberto de seu domínio. Seus pecados realmente o preocupavam. Davi foi perdoado imediatamente após ter reconhecido sua culpa quando cometeu adulterio: “Então Davi disse a Natã: "Pequei contra o Senhor”! E Natã respondeu: "O Senhor perdoou o seu pecado. Você não morrerá.” (2 Sm 12.13).  

 O salmista se apega à sua íntegra retidão e confiança no Senhor, a fim de pedir a Deus que o salve de seus inimigos, bem como resgate Israel de suas aflições. Este é o  último clamor de Davi nesse salmo. Ele pede por socorro.  Entretanto, seu desejo é que os olhos de Deus repousem, dessa vez, sobre seus inimigos e sobre o mal que lhe têm feito. Ele afirma:  “Considera os meus inimigo,pois são muitos e me abominam com ódio cruel.” (v.19). Eis o motivo da aflição de Davi: inimigos que, sem limites, o perseguem e querem sua destruição. A vida de Davi foi maracado por muitos inimigos. Saul e todos os seus homens perseguiram Davi. Golias e uma multidão de filisteus eram seus inimgos. Os zifeus, uma tribo da mesma região que Davi, o traíram (1 Samuel 23.19). Assim havia mais adversários do que companheiros na vida de Davi. Até seu próprio filho querido, organizou uma rebelião enorme contra ele.Por isso, havia motivo para dizer: Senhor,  considera os meus inimigos, pois são muitos e me abominam com ódio cruel. A Bíblia mostra que os nossos inimigos são muitos. Eles são vigorosos e poderosos. Eles fingem ser amigos em nossa presença, mas falam mal por trás das nossas costas. Eles gritam e oprimem. São conspiradores e destruidores.

Assim, depois de o salmista abrir seu coração a Deus dizendo-lhe o que o aflige,  roga para que o Senhor o guarde:  “ Guarda-me a alma e livra-me.”(v.20a). A expressão “alma”, nesse texto, tem a intenção de apontar para  o salmista. Ele não quer apenas proteção espiritual, mas livramento das mãos dos que o odeiam. Para tanto,a sua reação  foi procurar refúgio no Senhor:: “não seja eu envergonhado,pois em ti me refugio.”(v.20b). O termo  בּוּשׁ no hebraico significa envergonhar, ser envergonhado, ficar embaraçado, ficar desapontado.Diante de tamanho perigo, Davi suplica para que o Senhor o guarde, livre e salve da vergonha por causa da sua confiança em Deus. A verdade é que aqueles que confiam em Deus nunca terão vergonha. 

Ainda que o cenário seja de adversidade, Davi encontra em Deus seu mais alto refúgio, e essa certeza resulta em alegria. Sua segurança será a sua sinceridade (integridade) e a retidão (v.21), e sua certeza estará em esperar no Senhor. O termo תֹּם no hebraico  significa a condição de ser sem defeito, perfeição, sinceridade, solidez, retidão, inteireza. E o termo יָשָׁר significa retidão, integro, honesto. Dois termos importantes que o salmista necessitava em sua vida, e ele pede ao Senhor que as preservasse. Na Biblia, temos o exemplo de Jó. Ele foi  elogiado por ser um homem íntegro, reto, temente a Deus e que se desvia do mal.(Jó 1.1).Viver com integridade em um mundo onde os corruptos parecem favorecidos, é um desafio.

Fnalizando, o salmista expande a sua oração à nação  que também necessita da graça de Deus: “Ó Deus, redime a Israel de todas as suas tribulações." (v.22). Ele reivindica para Israel aquilo que pediu para si mesmo, e transforma uma petição pessoal em hino para a congregação inteira. Ocorre que o salmista  vê o clamor do povo para que o Senhor redima Israel de suas tribulações como um desejo semelhante ao do profeta Jeremias diante da agonia do cerco babilônico e do Exílio ( Jr 31.11).

Estimados irmãos! Davi nos deu um grande exemplo de confiaça em Deus. Ele não confiou em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas, escolheu confiar somente no Senhor. Ele venceu sua angústia e viu mais uma vez Deus se manifestar em sua vida. E você, tem confiado somente em Deus? Lembrem-se: quando colocamos a nossa confiança no Senhor, nada pode abalar a nossa estrutura, pois a confiança no Senhor produz uma firmeza inigualável. É certo que lutas veem e virão. Muitas aflições, muitas provas, muitas dúvidas e sofrimentos. Mas, por fim, a promessa é que sempre haverá firmeza, até a eternidade. Portanto, não hesite em suplicar ao Senhor diante das suas aflições, pois aqueles que confiam e que esperam no Senhor renovarão as suas forças e encontrarão soluções para vencer. Amém

 TEXTO: SL 93

TEMA: OS ATRIBUTOS DO GRANDE REI !

A monarquia existe a vários séculos, por vezes milenios. Durante esse periodo muitas nações foram governadas por reis. Muitos passaram  por conflitos políticos internos ou golpes. Outros foram corruptos, sem qualquer visão para governar. Em contraste, muitos tiveram um governo estável e forte, e promoveram a ordem e, consequentemente, a paz, segurança e prosperidade à sociedade. O salmista viveu essa época em que reinavam muitos monarcas. O povo de Deus também foi governado por reis. A Bíblia diz que o povo queria ter um rei “como o têm todas as nações” (1 Samuel 8.5). A Bíblia também diz que os reis maus foram punidos por abandonarem a aliança do Senhor e adorarem outros deuses.

No entanto, o salmista olha para um rei em especial e vê n’Ele atributos inigualáveis que os reis deveriam ter, por meio das quais inspiraria em seus súditos à obediência e lhes faria imitar seu senhor no que tange à honra, à verdade e ao amor.  Esse soberano, cuja majestade é única, é o Senhor Deus. Ele é um Rei diferente. Ele reina  e está vestido com majestade e poder, e seu trono está estabelecido desde os tempos antigos. É revestido de poder  contra as forças da natureza. Elas se submetem à sua vontade, mesmo se movendo com  força irresistível e grande barulho. Além da magestade, eternidade e poder, o salmista frisa sua fidelidade e  a santidade.

Este  grande Rei virá para nos julgar. O mundo inteiro verá a magestade e o poder deste grande Rei! Durante seu ministério terreno, o Senhor Jesus diversas vezes ensinou sobre o seu retorno no fim dos tempos. Ele não apenas prometeu voltar, mas instruiu seus seguidores, como aguardar esse momento. Mas não sabemos o dia nem a hora da chegada desse Rei. Pode ser a qualquer momento! O que de fato Jesus ensina a todos nós é que estejamos preparados para sua vinda o tempo todo. Devemos esperá-lo, pacientemente, mesmo que Ele demore um longo tempo. E a melhor maneira de nos prepararmos para este glorioso evento é vigiando e orando, para não acontecer que durmamos por causa da sua demora, ou ficamos com nossos corações sobrecarregados com as coisas desse mundo. A vigilância e a oração são essenciais para permanecermos firmes na fé e perseverarmos até o final. Isto só pode acontecer no momento em que vivemos em comunhão com Deus ,diariamente, através de sua palavra e pelos sacramentos.  

Estimados irmãos! O salmista  inicia  o texto afirmando que o “SENHOR reina” (v.1a). Literalmente diz “o SENHOR é Rei.” “O SENHOR reina” é uma forma de expressão semelhante que os judeus usavam para anunciar a ascensão ao trono de um novo soberano ( 2 Samuel 15.10 ; 2 Reis 9.13 ). De fato, O SENHOR sempre foi Rei (Êx 15.18). É Rei de tudo que existe, sobre tudo que criou. É Rei, dotado de poder absoluto  e controle soberano sobre o mundo. É Rei extremamente grandioso e poderoso. O problema é que, na prática, temos dificuldades de crer nisso, especialmente, quando as provações da vida nos atingem e quando o mundo parece estar desgovernado. Basta olhamos  as maldades, injustiças, a misérias, tragédias, etc. Mesmo diante dessas  circunstâncias, o SENHOR continua reinando com toda a sua magestade. E o salmista reconhece esse atributo do SENHOR. Ele afirma: “ Revestiu-se da majestade” (v.1b).  O verbo לָבַשׁ (revestir) no hebraico significa vestir, usar, trajar, colocar vestes, estar vestido. Ocorre que o salmista explora a figura real, trazendo à mente dos leitores as vestes de um rei. É interessante que no mundo antigo conhecia-se a prática de os reis trajarem “vestes reais” que, além de serem feitas com os melhores e mais caros tecidos e ornamentos, transmitiam a ideia da realeza (Ester 6.8; Jn 3.6). Esta era uma  característica dos reis desde a antiguidade, e que causava e aumentava a impressão da majestade pessoal pela ostentação de poder para governar.

Entretanto, a majestade é um atributo natural daquele que é o Rei acima de tudo e de todos; acima de todos os reis ou governantes, e que não precisa multiplicar as glórias de seu poder para encantar ou impressionar o mundo. Nesse caso, a roupa do SENHOR, com a qual se reveste, é sua própria majestade. A majestade significa sua supremacia, ou seja,  o Rei está acima de toda a sua criação. Ser majestoso, além de inspirar respeito, reverência e obediência, significa ter capacidade de exercer domínio; ter dignidade,  autoridade e grandeza. Assim, os seus atributos de majestade e poder são descritos como vestimenta real. São os seus trajes oficiais e permanentes.  

Outro atributo do grande Rei é o seu poder. Assim, afirma o salmista: “ de poder se revestiu o Senhor.” (v.1c). Os reis quando assumiam o trono, eram revestido de poder. Assim, reis absolutistas podiam criar leis, executar a justiça, criar impostos, convocar soldados, etc. Nas perseguições aos cristãos ou na luta de gladiadores escravos, o público aguardava ansioso o polegar para cima ou para baixo do rei, determinando se haveria morte ou perdão. Além disso,  o rei era alguém que tinha  poder e capacidade para guerrear e, por isso, era temido. O salmista identifica essa questão quando afirma: “e se cingiu.” (v.1d). O termo  אָזַר (cingir) é uma expressão militar (Is 8.9), e no hebraico significa cercar, equipar, vestir,ou seja. descreve uma preparação para uma batalha, e  também pode ser traduzido como “se armar”. O poder com o qual o SENHOR está cingido, Ele usa para anular os inimigos.

No entanto, o salmista se consola com o poder de Deus de que  o mundo estava firmemente estabelecido; que nenhuma tempestade pudesse ser tão violenta a ponto de removê-la de seu lugar. Ele diz: “ Firmou o mundo, que não vacila.”(v.1e). Isto demonstra que Deus  é imutável. O seu trono permanece desde a eternidade. Nada é capaz de mover ou, muito menos, destruir a criação de Deus. Significa que o seu ser, atributos, conselhos e  promessas são constantes e não sofrem alterações. Portanto, o poder de Deus é diferente. Ele não é adquirido, nem depende do reconhecimento de nenhuma outra autoridade. Pertence a Ele somente. Ele se manifesta  na criação, na preservação, no seu governo, no juízo. A Bíblia diz em 2 Crônicas 12.6: “Na tua mão, estão a força e o poder, e não há quem te possa resistir”.

Contudo, há um atributo alistado que demonstra que o grande Rei é eterno: “ Desde a antiguidade, está firme o teu trono; tu és desde a eternidade.(v.2).  A conclusão é clara: desde os tempos mais remotos da história, ou seja, desde a criação de tudo que existe, Deus é o rei majestoso da humanidade, do mundo e de todo universo. Mas o salmista  não para por aí. Para o salmista, Deus existe desde sempre, sem começo e sem origem: “desde a eternidade.” Ele é o Deus criador de todas as coisas, nos céus e na terra. Ele é eterno: “Antes que os montes nascessem, antes que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus.” (Salmo 90.2). A expressão “desde a eternidade” pode se referir tanto ao passado infinito quanto ao futuro infinito. Esta é a eternidade de Deus. Significa que ele existe por si. Ele é autossuficiente, não depende de nada para ser, pois sempre existiu, não precisou ser criado e não teve um início. Em contraste com à eternidade de Deus, o salmista mostra o quanto o homem é frágil. É tão pequeno, tem uma vida humana efêmera e passageira.Também está sujeita ao cansaço e sobre muitas aflições neste mundo. E, se isso não bastasse, ainda, o homem é mortal.

O autor do salmo para explificar o poder do grande Rei, usa a imagem de rios e mares para descrever este poder. Ele introduz o assunto, ao citar uma das maiores forças da natureza. Ele afirma:  “Levantam os rios, ó Senhor, levantam os rios o seu bramido; levantam os rios o seu fragor.”(v.3). O termo  קוֹל (bramido) significa voz ,som. O ato de “o rio levantar sua voz” é uma figura de linguagem que o salmista apontava para o som das fortes corredeiras de água. Era uma referência, a uma das suas forças mais poderosa da natureza para servir de base de comparação com o poder de Deus.  O poder de Deus é maior do que os rios que se movem com fragor  (ondas ) que são arremessadas contra a costa, ou quebradas com violência, que traz a ideia de se despedaçar.

De fato,o “Senhor é mais poderoso” do que do as forças da natureza. Ele certamente exerce autoridade sobre rios, ondas e o próprio mar. O salmista deixa mais evidente quando afirma: “Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o bramido das grandes águas, do que os poderosos vagalhões do mar.” (v.4). O SENHOR nas alturas é mais forte. Isso certamente demonstra o poder de Deus diante das nações. As águas representam as nações ou a sociedade humana se levantando para desafiar a autoridade do soberano Deus. No Salmo 65.7, o “rugir dos mares” é igual ao “tumulto das gentes”. Isaías usou esta mesma  linguagem: “Ai do bramido dos grandes povos que bramam como bramam os mares, e do rugido das nações que rugem como rugem as impetuosas águas!” ( 17.12). “Mas os perversos são como o mar agitado, que não se pode aquietar, cujas águas lançam de si lama e lodo” ( 57.20).

Ao encerrar o salmo, o autor fala sobre a fidelidade e a santidade:  “Fidelíssimos são os teus testemunhos; à tua casa convém a santidade, Senhor, para todo o sempre.”(v.5). O salmista  começa elogiando a absoluta confiança e veracidade da lei de Deus.(seus testemunhos), sendo este um tesouro inabalável e confiável, e que devemos valorizá-los. Ele também  reconhece a santidade que deve ser preservada na casa de Deus.  A palavra "casa" foi usada para significar o templo de Deus, onde a deveria reinar a santidade; manter livre de toda profanação "para sempre.” A santidade é um atributo essencial do Senhor e também deve ser valorizada em nossas vidas. É um lembrete de que devemos buscar a pureza, a integridade e a devoção a Deus em todas as áreas de nossa vida, pois o grande Rei merece nossa adoração e reverência. A santidade desse Rei eterno não apenas nos leva a servi-lo, como nos impulsiona à verdadeira adoração.

Que visão magnífica da realeza da monarquia. Ela  é em si notável, visto que reis, rainhas, príncipes e princesas sempre chamam a atenção do mundo. Mas o nosso olhar deve estar direcionado ao grande Rei que virá. O salmista olha para este grande Rei e vê n’Ele atributos inigualáveis que os reis deveriam ter, por meio das quais inspiraria em seus súditos à obediência, e lhes faria imitar seu senhor no que tange à honra, à verdade e ao amor. Ele soberano e majestoso. Ele é um Rei diferente. Ele reina  e está vestido com majestade e poder, e que seu trono está estabelecido desde os tempos antigos. É revestido de poder contra as forças da natureza que  se submetem à sua vontade. O poder de Deus é maior do que o dos mares tumultuosos que se movem com força irresistível e grande barulho. Além da magestade, eternidade e poder, o salmista frisa sua fidelidade  e santidade. Quando o monarca é um Deus majestoso em todos os sentidos, eterno, onipotente, fiel e santo, nossa admiração se transforma em louvor e adoração.

Este  grande Rei virá. O mundo inteiro verá a magestade e o poder do grande Rei! Durante seu ministério terreno, o Senhor Jesus diversas vezes ensinou sobre o seu retorno no fim dos tempos. Ele não apenas prometeu voltar, mas instruiu seus seguidores, como aguardar esse momento. Mas não sabemos o dia nem a hora da chega desse Rei. Pode ser a qualquer momento! O que de fato Jesus ensina a todos nós é que estejamos preparados para sua vinda o tempo todo. Devemos esperá-lo, pacientemente, mesmo que Ele demore um longo tempo. E a melhor maneira de nos prepararmos para este glorioso evento é vigiando e orando, para não acontecer que durmamos por causa da sua demora, ou venham nossos corações a ficar sobrecarregados com as coisas desse mundo. A vigilância e a oração são essenciais para permanecermos firmes na fé e perseverarmos até o final. Isto só pode acontecer no momento em que vivermos em comunhão com Deus diariamente através de sua palavra e pelos sacramentos.  Que estão fazendo os homens que não se curvam diante do seu trono do grande Rei, nem lhe rendem sua obediência, sua reverência e seu amor?

Estimados irmãos! Não deposite sua esperança nos reinos e governos deste mundo. Nossa esperança não está na política. Olhe para a majestade, do poder e da justiça do Rei Jesus. Creia que toda a majestade, todo o poder e toda a justiça divina estão atuando. Portanto, sejamos sábios e prudentes e preparemo-nos enquanto há tempo, vigiando e orando. Amém!

  APONTAMENTO

 O livro de Salmos está dividido em cinco seções principais, sendo que o Salmo 93 faz parte do livro IV. Este IV livro é composto dos Salmos 90 ao 106. Ele é o mais breve dos cinco livros identificados nos Salmos. O Salmo 93 é o quarto do livro IV. Ele faz parte dos salmos que abragem sete salmos (93-99), e são chamados “Salmos da realeza do Senhor”. Esta expressão introduz os salmos. 93, 97 e 99. Ele  é o menor da série, e não tem título nem nome de autor .Alguns comentaristas sugerem uma data para esse Salmo no período do cativeiro dos judeus na Babilônia, por causa da ideia de Deus se cingir,(v.1) ou seja, entrar em ação. Sendo soberano, Deus demonstra a sua força para julgar seus adversários. Da perspectiva dos judeus, seria um julgamento contra seus opressores, em que seriam  encorajados com a lembrança de que o SENHOR ainda era Rei. Este era o grande consolo do povo. 

sexta-feira, 15 de novembro de 2024

 TEXTO: MC 13.24-37

TEMA: PREPAREMO-NOS PARA A VINDA DO SENHOR!

A preparação do ser humano é algo fundamental e necessário em todos os setores da sociedade. As pessoas se preparam para uma determinada viagem. Os alunos se preparam para ter um bom desempenho no Enem. O atleta se prepara para que possa ter o melhor rendimento possível. O professor se prepara ao planejar as suas aulas para que possa atingir os seus objetivos. Na política, uma determinada cidade se prepara para receber uma autoridade. Muitas honras são atribuídas. A cidade passa por uma limpeza geral. O povo sai às ruas para saudá-lo e dar um aperto de mão.

No entanto, a principal preparação neste período é a espera da vinda de Jesus. Como não sabemos quando será a sua chegada, Ele nos alerta da urgência de estarmos sempre preparados para o seu retorno, como Senhor e Rei de todas as coisas, pois ninguém sabe o dia nem a hora, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão o Pai. (v.32). A única coisa que sabemos é que Cristo voltará: “esse Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá de modo como o vistes subir” (Atos 1.11). 

No entanto, Jesus nos deixou alguns sinais que precederão a sua vinda. São sinais que têm a finalidade de anunciar o fim dos tempos: “Nesses dias, depois da tribulação, o sol vai ficar escuro, a lua não brilhará mais, as estrelas começarão a cair do céu, e os poderes do espaço ficarão abalados”.(vv.23 e 25).  Então, nessa ocasião “aparecerá no céu o Filho do homem, vindo sobre as nuvens com grande poder e glória. Ele enviará os anjos dos quatro cantos da terra, e reunirá as pessoas que Deus escolheu, do extremo da terra ao extremo do céu". (vv.26 e 27). E para falar sobre a sua vinda, Jesus usa a imagem da figueira: “Aprendei, pois, a parábola da figueira: quando já os seus ramos se renovam e as folhas brotam, sabeis que está próximo o verão.” (v.28). Jesus explicou que a figueira se renovava, crescendo novas folhas, quando o verão estava próximo. “Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas. (v.29).

A vinda de Cristo é absolutamente certa. Por isso, é importante nos prepararmos. E a melhor maneira de preparar-se para este glorioso evento é vigiando e orando. Vigilância e oração constitui um par inseparável na vida dos cristãos. Uma vida com Deus significa comunhão com Deus por meio da oração. Por isso, Jesus quase sempre alia ao vigiar o orar. Não é sem razão que consideramos a oração o índice da vida espiritual do crente. Vida espiritual pressupõe oração intensa. São essenciais para permanecermos firmes na fé e perseverarmos até o final. Esta afirmação fica evidente nas palavras de Jesus: “Estai sobre aviso vigiai e orai; porque não sabeis quando será o tempo”. (v.33). Jesus ilustra ainda outro exemplo sobre o vigiar. Ele afirma: "É como um homem que, ausentando-se do pais, deixa a sua casa, dá autoridade aos seus servos, a cada um à sua obrigação e ao porteiro ordena que vigie." (v.34).O porteiro deve vigiar, pois tem a responsabilidade de cuidar do trabalho do senhor e orientar os demais servos. O verbo vigiar no texto tem o significado de manter os olhos abertos. O servo deveria manter os olhos abertos diante de sua tarefa, manter a responsabilidade de estar vigilante para perceber o momento do regresso do senhor.

A figura do porteiro, que espera vigilante a chegada de seu patrão, nos ensina a permanecer despertados para abrir as portas e acolher o Senhor que vem ao nosso encontro. O Senhor pode voltar à tarde.  Ele poderá voltar à meia noite, de madrugada ou pela manhã. Ninguém pode predizer quando ele voltará. Mas voltará, e cada um de nós terá de comparecer à sua presença. Para o cristão não importa o dia e a hora. O importante é estar preparado. E até foi bom que Deus não nos tenha revelado o dia e a hora de sua volta, pois do contrário não teria mais sentido orar e vigiar. Provavelmente ficaríamos abatidos e deprimidos, desconfiados e cheios de dúvidas ou até indiferentes; E com a chegada de Cristo não teríamos cumprido com as nossas obrigações de filhos da luz.

Esta deve ser a conduta do cristão que almeja encontrar-se com Cristo. São exemplos que nos mostram o quanto devemos estar vigilantes, atentos, aguardando a Sua vinda. Mas será que estamos preparados para a vinda de Cristo? Estamos aproveitando a oportunidade que Deus nos concede? Infelizmente, há muitos que não se preparam para receber Cristo, pois com a demora de sua vinda, se entregam ao sono espiritual, tornam-se indiferentes e incrédulos. Os escarnecedores dizem: “Onde está a promessa da sua vinda?” (2 Pedro 3.4). A resposta para essa pergunta se encontra no versículo 8 e 9:''Há todavia, uma coisa, amados, que não devemos esquecer: que para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânime para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.” (2 Pedro).

Também nós cristãos devemos ser lembrados disso diariamente, para não acontecer que durmamos por causa da sua demora, ou venham nossos corações a ficar sobrecarregados com as coisas desse mundo. Por isso, devemos viver uma vida cheia de esperança da vinda do Senhor. Para que possamos viver esta vida cheia de esperança, devemos estar em prontidão e preparados. O primeiro passa é fugir de todas as tentações que nos afligem neste mundo. Paulo admoesta: “Vai alta a noite e vem chegando o dia. Deixamos, pois, as obras das trevas, e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e dissoluções, não, não em contendas e ciúmes”. (Rm. 13.13). Isto só pode acontecer no momento em que vivermos em comunhão com Deus diariamente através de sua Palavra. Em contato com a palavra de Deus nos mantemos imunes contra as tentações do mundo e nos fortalecemos na luta contra a nossa própria carne.

Pensemos por um momento no que significa neste período que estamos aguardando a vinda de Cristo, uma vez que muitas pessoas desconhecem o significado deste maravilhoso período que estamos vivendo. Muitos comemoram este período com muita bebedeiras e comilanças. Quando na verdade é um período de esperança. Tempo de crer e confiar que o Senhor irá realizar suas promessas para nossas vidas. Tempo de iniciar uma nova caminhada, andando nos caminhos do Senhor. Tempo de aguardar a vinda do Senhor. 

Precisamos resgatar este verdadeiro sentido. Por isso, vamos nos preparar para receber o Senhor, a fim de escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do homem. De forma? vigiando e vivendo uma vida santificada neste mundo. Que Deus conceda a cada um abençoado tempo de espera e que busquemos cada dia viver na paz que vem daquele que há de vir.Amém!