quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

TEXTO: JO 2.1-11

TEMA:  JESUS MANIFESTA  A SUA GLÓRIA EM CANÁ DA GALILÉIA

Estamos na época de Epifania. Epifania significa manifestação, revelação daquele que veio do Pai para nos salvar. Já refletimos sobre Epifania quando os magos do oriente visitaram Jesus; quando João Batista batizou Jesus no rio Jordão.

Hoje, vamos refletir sobre o momento quando Jesus manifestou a sua glória em Caná da Galiléia, conforme Jo 2.1-11. É uma das passagens bíblicas mais fascinante do Evangelho de João, pois foi justamente nesta festa de casamento que Jesus realizou o seu primeiro milagre público, ao transformar  a água em vinho. Naquele momento, Jesus Cristo, o Messias prometido, que veio ao mundo para nos salvar, manifestou todo o resplendor de sua glória. Mas o que  podemos aprender  sobre esta manifestação ? Como reagimos ? O texto tem várias aplicações à vida cristã! Porém, destaco  quatro pontos que servem de reflexão:

Primeiro, a importância da presença de Jesus. A presença de Jesus foi uma bênção para aqueles noivos.Trouxe bênçãos espirituias,vida e eterna bem, aventurança. É preciso convidar Jesus  para a nossa vida, como aquela família  que o convidou para o seu casamento. Segundo, levar os nossos problemas a Jesus. Maria detectou o problema do vinho e o levou a Jesus.  Isso nos ensina a importância de levar nossos problemas  a Jesus. Terceiro,  esperar o tempo de Deus. Quando Maria levou o problema a Jesus, Ele respondeu que sua hora ainda não havia chegado. Devemos aprender a esperar pacientemente pelo tempo de Deus, confiantes de que Ele age de acordo com seu propósito eterno. Quarto, fortaleceu a fé dos discípulos. Todos que estavam no casamento foram fortalecidos na fé, principalmente, os discipulos. De modo que o milagre de Caná constitui um passo decisivo na formação da fé dos discípulos: “ eles creram nele.” (v.11).

Estimados irmãos! Havia um casamento num lugar situado na parte montanhosa da Galileia.  Casamento naquele tempo era celebrado com grandes festas,  Nessas festas vinham pessoas de todos os lugares. Era um grande acontecimento na vida social daquelas pessoas da cidade, principalmente, para os noivos e família. Geralmente era realizado na casa dos pais da noiva. E durante todo o período da festa eram servidos alimentos e vinho. Elementos essenciais que  não poderiam faltar, pois a festa durava muitos dias, até uma ou duas semanas. O evangelista narra que  a mãe de Jesus se encontrava naquele casamento. (v.1a). Certamente, Maria estava ajudando nos preparativos para o banquete nupcial.

Para este momento todo especial, Jesus e seus discípulos foram convidados. Diz o texto: E foi também convidado Jesus e seus discípulos para as bodas.” (v.2). Ele aceita o convite dos noivos e se faz presente na festa. A presença de Jesus seria um fator muito importante: uma bênção para aqueles noivos. É preciso convidar Jesus para a nossa vida, como aquela família que o convidou para o casamento. A maioria dos casamentos em nossos dias não conta com a presença de Jesus, porque os noivos não O convidam para estar presente. Esquecem de colocar na lista dos convidados o nome de Jesus para o casamento. Penso que  Ele deveria estar em primeiro plano, mesmo que nomes famosos da sociedade passem para os ultimos lugares. Portanto, sem a presença de Jesus,  quando o casamento não é abençoado, se torna uma tragédia em muitos lares. Só deixam traumas e feridas profundas.

No entanto,  a presença de Jesus na família é fundamental,  pois Ele é o exemplo perfeito a ser seguido, e seus ensinamentos são a base para uma vida feliz e eterna. Por isso, todos nós deveríamos ter a preocupação de ter Jesus no nosso casamento e na nossa família. Somente Ele pode dar sentido pleno no casamento. O apóstolo João afirma em Apocalipse 3.20: “Eis que estou a porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, cearei com ele e ele comigo” . Jesus está esperando que você o convide para entrar em sua vida e fazer parte dela.  Por isso, convide Jesus para o seu casamento. Ele nos traz bênçãos espirituias,vida e eterna bem, aventurança. Vamos dizer: “Vem,Senhor Jesus, sê o nosso convidado.”

Jesus, ao ser convidado, desta vez não iria na qualidade de filho de Maria, o carpinteiro de Nazaré. Ele iria para apresentar ao mundo suas credenciais de Filho de Deus, enviado pelo Pai para realizar sua missão redentora. E foi ,justamente, neste casamento, em ambiente humilde, numa aldeia inexpressiva que Ele manifestou a sua glória ao realizar o seu primeiro milagre público. Não significa uma manifestação plena, completa e final da mesma. Esta manifestação se cumprirá apenas na hora de sua paixão, morte, ressurreição e ascensão. Contudo, já neste milagre, é possível observar os atos redentores de Jesus, à Palavra de Deus, sendo transmitida a aqueles convidados. Além disso, à sua presença naquele casamento indica o quanto ele preza  o matrimônio; dignifica o matrimônio como união sagrada instituída por Deus.

No entanto, Jesus chegou numa situação de desespero: o vinho havia acabado. O vinho comprado não foi suficiente e terminou. A  falta de vinho numa festa de casamento, provavelmente, era muito desagradável, estragava a festa. Sem dúvida uma situação penosa para os noivos e seus pais. Diante de tal situação, Maria descobre a calamidade e sente o desejo de ajudar. Mas como? Neste momento, ela olha para o passado e lembra de cenas de  distantes épocas: o anjo Gabriel, Belém, os pastores, os magos do Oriente e o episódio no Templo. E chega a seguinte conclusão: se grandes coisas aconteceram no passado, maiores acontecerá no futuro. Sendo assim, ela fala para Jesus: Eles não têm mais vinho.” (v.3). Estas são as palavras que Maria usa para pedir ajuda a Jesus.  Estava diante de um problema: a falta vinho.  

O que fazer? Ela não pede nada, apenas apresenta o fato, pois o problema precisava ser resolvido imediatamente. Ao detectar o problema do vinho, ela o levou a Jesus.   Poderia ter relatado o problema aos donos da festa ou ao mestre de cerimônias, mas ela sabia que daquelas pessoas não podia esperar nada! Então, levou o problema para Jesus.  Sabia que só Jesus poderia resolver aquela situação. Ele é a solução! Com essa atitude de Maria, aprendemos que devemos levar nossos problemas e dificuldades a Jesus. Diante da crise não adianta se desesperar, é preciso buscar ajuda em Jesus. Somente Ele tem poder para fazer maravilhas. Exatamente, como disse Pedro: Em nenhum outro nome há salvação, porque também debaixo do céu não existe outro nome dado entre os homens pelo qual devamos ser salvos.” (Atos 4.12). Em quem você tem buscado ajuda? Na filosofia, na ciência, nas leis humanas? É importante afirmar que não temos outro caminho, em quem  podemos buscar ajuda .Somente Deus pode nos ajudar  diante dos nossos dilemas. Por isso, apredemos com Maria a levar nossos problemas e dificuldades diretamente a Jesus, porque só Ele tem poder para nos ajudar.

A resposta de Jesus parece um tanto dura. Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo?  (v.4a). Realmente, parecem ser ásperas estas palavras que Jesus usou contra Maria, ao ponto de chama-la de “mulher”. O que Jesus quis, foi desfazer qualquer impressão, como se ele precisasse receber ordens ou diretrizes de seres humanos, nem mesmo de sua mãe. Ele não permite que lhe prescrevam a hora em que deva atuar. Mas Jesus não rejeita o pedido de Maria, apenas a corrige, lembrando que a manifestação de sua glória ainda não havia chegado: “Ainda não é chegado a minha hora.”(v.4b). Ele somente cumpria ordens de seu Pai Celeste. Quem determina a sua “hora”, é somente o Pai. E bom lembrar que Deus estabeleceu um plano, e tudo deveria suceder conforme havia planejado. Na plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho ao mundo. E na idade certa,  Ele começou a manifestar a sua glória como Filho de Deus e Salvador da humanidade. Isso mostra que não é como nós queremos. Por isso, devemos aprender a esperar ,pacientemente, pelo tempo de Deus, confiantes de que Ele age de acordo com seu propósito eterno.

 Pela reação de Maria, nota-se que demonstra confiança  e obediência em Deus. Ela estava convencida de ser atendida, pois grande era a sua fé. E assim ordena aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser.” (v.5).  A ordem foi dada e cumpre obedecê-la. E diante da ordem recebida, os serventes tomaram seis talhas de pedra que os judeus usavam para purificação, isto é, para limpeza. Cada um levava em media 100 litros, perfazendo um total de 600 litros. Tudo pronto, então Jesus disse: Enchei de água as talhas.” (v.7). A ordem foi dada! Muitas ideias passaram pela mente destes serventes quando Jesus deu esta ordem. Eles poderiam ter questionado, dizendo: “nós não estamos precisando de água. O que está faltando aqui é vinho”. Aqui, aprendemos que precisamos obedecer às ordens de Jesus e fazer o que Ele nos manda, mesmo que não faça sentido para nós.

No entanto, a ordem continua: Tirai agora e levai ao Mestre-sala.”(v.8).  Ocorre que  o vinho, que Jesus havia transformado, foi levado para um especialista de festas para que ele pudesse analisar sua qualidade. Este prova a água transformada em vinho, e dá sua resposta: o vinho novo é melhor que o velho!  Ficaram admirados com a qualidade e o sabor inigualável daquele vinho que serviram na última hora. E indaga que o noivo tinha guardado o bom vinho, e oferecido o inferior, primeiramente. Culpando, assim, o noivo de ter reservado o melhor.(vv.9 e10).

Depois do milagre, dois fatos importantes são registrados: primeiro, a glória de Jesus se manifestou.” (v.11a). O que ocorreu naquele casamento foi um verdadeiro milagre, a água transformando-se em vinho de primeira qualidade. Jesus realiza este milagre, não apenas para evitar o constrangimento dos noivos, mas para revelar sua glória e seu poder. Era sinal da divindade de Cristo, um sinal de que ali estava o Messias, o Salvador anunciado, o verdadeiro Filho de Deus.  E assim Jesus deu inicia o seu ministério no meio do povo, num casamento, numa festa e com alegria. Aqui, começa a se concretizar o que ele prometera a Natanael: “maiores coisas do que estas verás” (Jo 1.50). O segundo fato demonstra que  os discípulos pela fé, perceberam a glória de Jesus por trás do sinal e “creram nele.”(v.11b). Ocorre que os discipulos que estavam ali,  que acompanharam os acontecimentos, foram fortalecidos na fé: “creram nele”. Lembrando que  antes do milagre, os discípulos  já criam que Jesus era o Messias, mas ainda tinham um conceito excessivamente terreno da sua missão salvífica. De modo que o milagre de Caná constitui um passo decisivo na formação da fé dos discípulos.

Estimados irmãos! O primeiro milagre de Jesus em Caná nos leva a refletir sobre as maneiras pelas quais Deus manifestou sua glória.  Assim, aprendemos grandes lições para nossa vida. Começando pela presença de Jesus naquele casamento. Ele foi convidado e trouxe bênçãos espirituias, vida e eterna bem, aventurança para todos os participantes. Precisamos também convidar Jesus  para a nossa vida, como aquela família o convidou para o casamento. O casamento em Caná também nos lembra da importância de levar os nossos problemas a Jesus. Maria detectou o problema do vinho. Ela  bem que poderia ter relatado o problema aos donos da festa ou ao mestre de cerimônias, mas, ao invés disso, ela levou a Jesus. Da mesma forma, precisamos esperar o tempo de Deus. Quando Maria levou o problema a Jesus, Ele respondeu que sua hora ainda não havia chegado. É preciso entender que Deus age em seu próprio tempo, muitas vezes, além da nossa compreensão. Devemos aprender a esperar pacientemente pelo tempo de Deus, confiantes de que Ele age de acordo com seu propósito eterno. Enfim,  o milagre de Jesus em Caná nos lembra que todos que estavam no casamento foram fortalecidos na fé, principalmente, os discipulos. De modo que o milagre de Caná constitui um passo decisivo na formação da fé dos discípulos: “ eles creram nele.”

Quando lembrarmos de todas estas lições, permitimos que Ele transforme nossas vidas, trazendo o melhor “vinho”, a alegria e a glória de Deus para nossas vidas. Sendo assim, convidemos Jesus para entrar em nossa vida e que a sua glória continue se manifestando. Amém!

quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

 TEXTO: SL 29

TEMA: O PODER DA VOZ DO SENHOR NA TEMPESTADE!

 Penso que todos já enfretaram uma tempestade com trovões e relâmpagos. Ela nos causa uma sensação  de medo e angustia. Os discipulos sentiram esta sensação quando estavam num barco em alto mar com Jesus. O barco era castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água. Parecia ser o fim. O barco iria afundar. Mas Jesus intervém na natureza. Ele diz ao vento e ao mar: “Acalma-te, emudece!” O vento aquietou-se, e fez-se grande bonança. A voz poderosa de Jesus produziu naquele momento uma calmaria instantânea na natureza.

Isto demonstra que o poder destruidor das águas e o forte estrondo dos trovões, nada se compara com o poder  da voz do Senhor. Esta frase foi usada sete vezes no texto para expressar o trovão da tempestade. Não é a ira de Deus, mas seu poder majestoso que dá andamento à tempestade. Ela começa sobre o mar com poder e majestade. Depois move-se sobre as montanhas, e causa efeitos sobre as árvores, montanhas, desertos e animais. O seu poder soberano sobre  as forças da natureza, e sobre todos os outros deuses e seres poderosos, demonstram o quanto a voz do Senhor e poderosa. Não  há nada em toda a terra que não treme e se curve diante da voz do Criador. Portanto, o Senhor governa as tempestades e  os deuses não têm poder. Baal não controlava  a tempestade.

Contudo, a voz poderosa do Senhor que é capaz de quebrar grandes árvores, como o cedro e faz tremer o deserto,  mas também é capaz de sustentar seu povo e defendê-lo. Por isso, o povo não tem nada a temer na tempestade, porque o Senhor dá força. Ele abençoa  com a paz. Que momento maravilhoso! Depois de um tempestade, quando o povo ouviu a voz do Senhor e confiou plenamente. Agora, o Senhor dá força e abençoa com paz.

O Senhor também nos concede força e nos abençoa com paz.  Ele  traz conforta, consolo, perdão e  misericordia. Remove toda a nossa ansiedade, os medos, a insegurança na nossa vida. Abençoa  e concede paz.  Ouvir a voz do Senhor e ser guiado por ela é a maior alegria na nossa vida, principalmente, nos momentos difíceis que vivenciamos. E, portanto, temos grandes razões para adorá-lo e servi-lo. Você tem ouvido a voz do Senhor?

                                                                  I

 Davi inicia o salmo com uma convocação pública. Aqui, não é um chamado específico ao povo  da aliança, pois o salmista não limita a adoração apenas ao povo de Deus, mas  os anjos  são convidados a reconhecer também a existência de seu poder e dar o devido louvor: “Tributai ao Senhor, filhos de Deus.” (v.1a). Da mesma forma, dar a devida honra à sua “glória e força” (v.1b).  A glória de Deus é a manifestação de sua majestade, soberania e grandeza. É a manifestação de seu amor, bondade, misericórdia e graça.  Dar a devida honra ao seu poder é reconhecer a sua autoridade sobre tudo o que existe, porque é seu poder que preserva e sustenta todas as coisas. O seu poder se evidenciou na criação do mundo. Através das Escrituras, a criação do mundo é citada como um testemunho convincente do poder de Deus. Mesmo sem utilizar o termo “voz”, Gênesis deixa claro que foi pelo seu falar que Deus criou todas as coisas.

São convidados  também dar a devida honra “ao seu nome.”(v.2c). Honrar o nome de Deus significa reconhecer a sua  majestade e santidade. Além disso, o respeito pelo nome de Deus deve ser demonstrado por meio de adoração sincera e reverência em nossas palavras e atitudes, evitando o uso do seu nome de forma irreverente. Em Êxodo 20.7 lemos a respeito do mandamento do Senhor: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão." Quando vivemos de acordo com esse princípio, testemunhamos a glória de Deus e mostramos ao mundo seu poder e amor. É importante que os cristãos sejam lembrados desta verdade. Precisamos entender que tudo o que temos vem de Deus. Por isso, devemos nos humilhar diante dele e render homenagem ao seu nome.

Da mesma forma, deveriam dar à devida honra ao Senhor, “adorando na beleza da santidade.”(v.2d). Esta frase tem a ver com vestimenta, e poderia ser traduzido da seguinte forma: " em trajes santos ", como em 1 Crônicas 20.21. Quando o sumo sacerdote estava vestido com suas vestes sacerdotais, ricamente ornamentadas, então era dito que ele estava servindo "em trajes santos" ou "na beleza da santidade". As roupas dos sacerdotes simbolizavam retidão e pureza. Sendo assim, adorar o Senhor no "esplendor" ou na "beleza da santidade" é adorar a Deus com um coração humilde, contrito e puro.  É verdade que em muitos aspectos o povo de Israel falhou em viver uma vida de santidade ao Senhor. A apostasia dos israelitas foi em vários momentos denunciada pelos profetas. A Bíblia nos exorta diante de nossa santidade:  em Rm 12.1 Paulo adverte os romanos para "que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". Aos coríntios o apóstolo ensina que a santificação deve ser aperfeiçoada (2 Co 7.1). O escritor aos Hebreus diz que a santidade é um requisito indispensável para quem deseja ver o Senhor (Hb 12.14).

                                                          II

Após o convite, para que os “filhos de Deus” desse à devida honra ao Senhor, o salmista associa os versículos seguintes, diretamente, à voz do Senhor. Esta expressão ocorre  sete vezes nos versiculos 3-9. O termo Hebraico קוֹל  usado pelo salmista significa “voz”, “som.” Também pode significar “trovão”, “barulho”. (Gn 45.16; Êx 9.28; 20.18; 32.17). Sendo assim, o salmista usa uma linguagem poética para descrever  uma forte e poderosa tempestade e seus efeitos, enfatizando a soberania de Deus sobre a criação. Ele descreve o Senhor, usando o seu poder e glória, enquanto sua voz troveja do alto. Quando a voz do Senhor ressoa, ela é precisa, poderosa e penetrante. Ela fala de vida e morte; temporal e eterna, voz que se eleva acima de todas às vozes. É um voz diferente  do deus Baal na mitologia cananéia, porque a voz Senhor  demonstra o poder soberano de Deus sobre as forças da natureza. Ele é o Criador.

O salmista agora apresenta uma imagem de uma tempestade ou de uma poderosa enchente. Ele inicia a descrição do poder de Deus , afirmando que “a voz do Senhor está sobre as águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre águas abundantes.” (v.3). Aqui, ocorre a primeira manifestação da “voz do Senhor.”  Ele evocou um imagem de uma tempestade - as águas se debatendo e subindo enquanto o trovão está estalando. O trovão é uma metáfora usado pelo salmista. Era o ruído mais impressionante conhecido no mundo antigo. Ora, enfretar um tempestade com trovões e relâmpagos, é algo dramático! Ela nos causa uma sensação de medo e angustia. Os discipulos sentiram esta sensação  quando estavam num barco em alto mar com Jesus. O barco era castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água. Parecia ser o fim. O barco iria afundar. Mas Jesus intervém na natureza. Ele diz ao vento e mar: “Acalma-te, emudece!” Isto demonstra que o poder destruidor das águas e o forte estrondo dos trovões são nada se comparado à voz do Senhor.

A voz do Senhor também é “poderosa e cheia de majestade”.(v.4). É uma  voz capaz de criar e governar todas as coisas com seu poder.  É na criação que  o Senhor manisfestou todo o seu poder. O poder de Deus é também demonstrado no Êxodo. Um episódia na história de Israel que ilustra bem o efeito provocado pela voz de Deus na vida de seu povo. Fato  este que ocorreu quando o povo saiu do Egito. No monte Sinai, Deus falou a todo o povo,  “do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz” (Dt 5.22), quando entregou a Moisés os Dez Mandamentos em duas tábuas de pedra. O que chama a atenção é a reação que o povo de Israel teve diante do falar de Deus. Tendo ouvido a voz que vinha do Sinai, os líderes das tribos disseram a Moisés: “Eis aqui o Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e este permanece vivo.” (Dt 5.24). 5.25,26). No Salmo 93. 1 e 2, lemos: “Reina o Senhor. Revestiu-se de majestade... está firme o teu trono; tu és desde a eternidade... Meditarei no glorioso esplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas.”  E também: “Grandes são as obras do Senhor (….). Em suas obras há glória e majestade.” (Sl 111.2,3). Pedro, Tiago e João presenciaram no Monte da Transfiguração e mais tarde Pedro escreve: “fomos testemunhas oculares de sua majestade” (1Pd.1.16).

A voz do Senhor “quebra os cedros do Libano.” (v.5). O salmista continua descrevendo o impacto da voz de Deus na natureza. A voz do Senhor não é apenas poderosa, mas também destrutiva.  Ele ilustra o poder de Deus ao dizer que sua voz é capaz de quebrar cedros. Apesar de o cedro não estar ,atualmente, entre aquelas famosas “madeiras de lei”, na época e no local em que Davi viveu, o cedro era uma madeira nobre e muito utilizada pela sua força e beleza. Trata-se de uma árvore alta e robusta com raízes fortes e profundas que fazem dela uma árvore bem resistente. Ele ilustra o poder de Deus ao dizer que sua voz é capaz de quebrar cedros .Entretanto, nem mesmo essa resistência é capaz de impedir o poder da voz do Senhor, das suas ordens,  para arrancar da terra, fazendo-as tombar. Não há nada na terra, nem criado por Deus que Ele não possa quebrar. Isso é exatamente o que ocorreu em Êxodo 20 , pois quando a voz do Senhor falou, a montanha foi sacudida e toda a assembleia de Israel tremeu à sua voz.

A voz do Senhor com seu poder faz as montanhas do Líbano saltar sob o impacto da tempestade.(v.6). Isto é à medida que o vento passa sobre a floresta em rajadas repentinas e violentas, as árvores dobram-se em ondas ritmadas, criando a impressão de que a serra libanesa saltita como um bezerro e o Monte Sirion (Hermon) como bois selvagens. É uma descrição poética da ação de Deus na natureza. que o salmista retrata sobre a força e seu poder em fazer com que o Líbano, uma região conhecida por suas montanhas e cedros majestosos, salte como um bezerro. Nada poderia ser mais impressionante do que a voz do Senhor manifestando o seu poder. Isto nos lembra que  o Senhor nos dá força e coragem para enfretar nossas dificuldades. Ele é nosso pastor e nos guia e nos abençoa. Deus é digno de louvor e exaltação por sua grandeza, poder e soberania.

A voz do Senhor continua sendo destrutiva: “despede chamas de fogo. ”(v.7). O verbo Hebraico חָצַב, traduzido por “despede” signfica separar, dividir. Este termo é mais  associada a talhar ou extrair rochas––mas também era usada para cortar madeira com um machado (Isaías 10.15). Davi está descrevendo o relâmpago como se ele estivesse cortando os céus com fogo por breve momento. É a voz do Senhor que faz isso acontecer.  A voz do Senhor na tempestade usa relâmpagos para alcançar os efeitos para derrubar árvores e sacudir a terra. O relampago é uma das mais violentas manifestações da natureza. Tem o poder destruidor. Ele pode ser mortal––pode partir uma árvore ao meio ou incendiá-la. Mas a voz do Senhor é mais poderosa que  o fogo. A voz do Senhor pode destruir, dividir, separar, se as pessoas recusarem a ouvir a sua voz.

A voz do Senhor não só abala as montanhas e os grandes cedros do Líbano, mas também “faz tremer o deserto de Cades.” (v.8).  Ao citar especificamente o “deserto de Cades”, é bem provável que Davi tivesse em mente as montanhas desérticas da região. Ao fazê-lo, afirma que a voz de Deus é tão poderosa que sua ordem pode, por meio de um terremoto, aplainar as montanhas da região, tornando-as uma superfície plana. Mesmo num lugar tão assustador, ninguém pode escapar do alcance da voz do Senhor.  Não há lugar para estar livre da voz do Senhor. Toda a criação de Deus está tremendo, incluindo os animais:“A voz do Senhor faz dar cria às corças e desnuda os bosques.”(v.9a). A palavra usada aqui significa “despir, descobrir.” Como se  arrancasse as folhas da floresta, referindo-se a um efeito que é frequentemente produzido por uma tempestade violenta.

                                                             III

No entanto, o salmista além de monstrar os terríveis efeitos do poder de Deus, ele mostra agora o povo sendo abençoado e louvando ao Senhor, enquanto o  mundo  todo está tremendo sob os sinais de seu descontentamento. Ele afirma: “e no seu templo tudo diz: Glória!”(v.9b). A palavra aqui traduzida como “templo” não se refere ao tabernáculo ou ao templo de Jerusalém, mas  a residência ou morada de Deus. Talvez a verdadeira tradução seja: “E no templo dele tudo diz Glória!” Ou seja, na morada de Deus. No munda da natureza onde o céu, a terra, as florestas, as águas, tudo na tempestade, ecoa “glória, glória!” Todas estas coisas declaram a glória de Deus. É algo maravilhoso quando as águas; o trovão; o estrondo das árvores nas colinas; o tremor do deserto; as folhas arrancadas das árvores e voando em todas as direções – proclamando a majestade e a glória do Senhor.

Quando o salmista fala sobre a manifestação do poder de Deus nas tempestades, aproveita a ocasião para falar sobre o dilúvio: “O Senhor preside aos dilúvios.”(v.10a). Ele  ponta para o evento mais destrutivo de toda a história da humanidade, o dilúvio. Do dilúvio saíram com vida apenas oito pessoas, porque foram protegidas por Deus na arca. Ninguém, fora daquela arca, resistiu à força do dilúvio. O poder que o Senhor demonstrou  no passado ao enviar o dilúvio, ele ainda o tem e sempre o terá. E diante desse exemplo do dilúvio, o Senhor acrescenta que   “como rei, Ele presidirá para sempre.”(v.10b). Ele continuará sendo rei para sempre, enviando tempestades como desejar. Ele promete continuar revelando seu poder. Paulo nos exorta a que compreendamos quão grande é o poder de Deus (Ef 1.18-23).

O salmista depois da descrição do poder de Deus pelas comparações realizadas com a natureza, ele agora procura orientar seu povo a ter confiaça em Deus. Todo esse poder sobre a natureza não é um fim em si mesmo na mente do salmista. Ele está argumentando que o poder Deus, demonstrado por meio da natureza, é o mesmo poder que ele utiliza para cuidar dos seus servos, motivo pelo qual eles não devem temer mal algum. Assim, Davi completa seu salmo dizendo: “O Senhor dá força ao seu povo; o Senhor abençoa o seu povo com a paz.”(v.11).  A voz poderosa do Senhor que é capaz de quebrar grandes árvores, como o cedro e faz tremer o deserto,  também é capaz de sustentar seu povo e defendê-lo. Por isso, o povo não tinha nada a temer, porque o Senhor dá força. Ele abençoa  com a paz.

Estimados irmãos! Que momento maravilhoso! Depois de um tempestade, o Senhor nos concede força e nos abençoa com paz.  Ele também traz conforta, consolo, perdão e  misericordia. Remove toda a nossa ansiedade, os medos, a insegurança na nossa vida. Abençoa  e concede paz.  Ouvir a voz do Senhor e ser guiado por ela é a maior alegria na nossa vida, principalmente, nos momentos difíceis que vivenciamos. E, portanto, temos grandes razões para adorá-lo e servi-lo. Você tem ouvido a voz do Senhor?

Portanto, somos convidados a reconhecer  o poder de Deus em tudo que nos rodeia. Somos convidados a  olhar para um poderosa tempestade, para uma montanha imponente e a imensidão de uma floresta. E, a partir desse olhar, reconhecer que o mesmo poder que os controla, também nos abençoa com paz. No Senhor, podemos encontrar conforto e segurança, na certeza de que Deus é mais poderoso do que qualquer força contrária. A sua voz nos fortalece, nos abençoa e nos ensina a viver em paz com Deus e com as pessoas ao nosso redor. Confiem  no Senhor, pois ele é poderoso para cuidar de cada detalhe da vida de cada um de vocês. Amém!

 

 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

 TEXTO: SL 128

TEMA: COMO TER UMA VIDA ABENÇOADA?

O autor  deste salmo é desconhecido, assim como a ocasião em que foi composto. Ele  faz parte dos Cânticos de Peregrinação ou Cânticos dos Degraus   que eram cantados pelos israelitas, enquanto subiam à Jerusalém para participar das festividades religiosas. Há uma grande  conexão entre esse salmo e o 127. O 127,  aponta Deus como causador de todo bem que ocorre aos seus servos, enquanto o salmo seguinte aponta diretamente para os efeitos da sua ação bondosa e soberana. Se no primeiro há a orientação de confiar em Deus, no segundo há o resultado dessa confiança: bênçãos sobre bênçãos. Martinho Lutero chamava este salmo de  “o Salmo da família”. Considerava o salmo cheio de muitas bênçãos.

Mas como ter uma vida abençoada? A resposta é simples: quando seguimos  o caminho de Deus, temendo-o e vivendo de acordo com a sua vontade. Ora, quem vive assim terá amor e prosperidade no lar e  em todos os momentos da vida. Sendo assim, o salmista apresenta três momentos em que  há uma progressão de bênção, que vai do homem (individuo) feliz e abençoado, passando  pela  família até chegar à nação.

Então,vejamos:  primeiro para o indivíduo temente a Deus. O temor ao Senhor é apresentado como o fundamento para uma vida  sólida e próspera. E todo  aquele que teme a Deus e que anda em seus caminhos, as bênçãos do Criador repousarão em todas as áreas da vida.l

Segundo para a família. Ele fala de uma vida familiar abençoada, onde o cônjuge e os filhos são comparados às plantas frutíferas e videiras florescentes, respectivamente, simbolizando prosperidade, felicidade e crescimento. Assim, a mensagem é que a verdadeira felicidade e prosperidade que vêm de Deus, e a vida familiar, quando fundamentada em seus princípios, é ricamente abençoada.

Finalmente, para todo o povo. (nação). O salmista conclui o  salmo com uma bênção sobre Israel. Ele expande a bênção, agora, nacionalemte, ou seja, a partir da sua capital nacional, ( Sião - Jerusalém ). Sião era o santuário onde Deus habitava e de onde fluia a graça para o seu povo que vinha de lugares distantes. A partir deste lugar (Sião)  a bênção se espalharia pelo mundo. Isto espressa que a bênção de Deus continua por muitos anos.

                                                                    I

O início do salmo tem uma mensagem que, mesmo sendo dirigida à comunidade israelita, guarda características de um chamado pessoal e individual. O salmista afirma : “Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos.” (v.1). A palavra אֶשֶׁר, frequentemente, é traduzida como “feliz  ou “bem-aventurado” (Gn 30.12,13). Mas o que é ser feliz? Primeiro, entendemos que todos nós possuímos, em nosso íntimo, o desejo de sermos felizes. Sonhamos com a felicidade e procuramos alcançá-la neste mundo. Afinal, o mundo nos oferece inúmeras oportunidades de sermos felizes. São oportunidades maravilhosas e tentadoras. No entanto, são oportunidades que não traz consolo e esperança para o ser humano, pois são felicidades que se manifestam apenas no sucesso, no poder ou na fama que as pessoas conquistam neste mundo, tornando-se passageira e instável.

Esta não é a felicidade que o cristão almeja, pois a verdadeira felicidade está em Deus, provém do Senhor. Ele é a fonte da verdadeira felicidade. Nessa fonte podemos encontrar: bem-estar, alegria, satisfação e paz. Isto é ser feliz! Mas precisamos temer a Deus. Quando se fala em temer, não significa ter medo de Deus. Mas temer é ter respeito e obediência a Deus. É o que nos leva para uma vida em Cristo Jesus, que nos livra das tristezas e angustias.Tendo este temor, em nossos corações, saberemos amar como Deus quer, saberemos servir como Deus espera de nós.

Mas quem teme ao Senhor? Para o mundo temer ao Senhor é loucura. Não traz nenhuma vantagem, principalmente, para aqueles que se perdem em seus pecados, porque este temor lhes censura a vida que levam. Por isso, preferem viver a sua própria felicidade. Felicidade esta que só traz angustias, sonhos frustrados e esperanças sombrias. Já os filhos de Deus, aqueles que creem em Jesus Cristo, como seu único e suficiente Salvador, que foram regenerados e renovados pelo Espírito Santo, vivem no temor do Senhor. Sabem que o temor do Senhor é o princípio da sabedoria. Sintonizam a sua vida em Deus. Buscam nele orientação para a vida. Vivem para Deus em honra, louvor, glória e santificação.

Não basta só temer a Deus é preciso andar em seus caminhos, pois a felicidade consiste no andar nos caminhos do Senhor. Seguir os seus passos em direção à vida eterna. O verbo andar significa estar de pé rumo à meta que dá sentido à vida no nosso caminhar. Para encontrar os caminhos de Deus, temos que encontrar o principal caminho pelo qual chegamos a Deus. A Bíblia nos ensina o verdadeiro caminho: Jesus disse: “Eu sou o caminho...” (João 14.6). O caminho para a felicidade inicia com o nascimento de Jesus, atravessando uma vida de humildade e termina com sua morte através da cruz, ressuscitando dando vida a todos, oferecendo graça e total perdão dos pecados. Somente seguindo o caminho de Jesus, teremos a felicidade estável, pois os caminhos de Deus são feitos de santidade e justiça.

No entanto, aqueles que temem a Deus e que andam em seus caminhos, as bênçãos do Criador repousarão em todas as áreas da  vida. Isto se concretiza quando o salmista afirma: “Do trabalho de tuas mãos comerás, feliz serás.”(v.2a). O trabalho é uma bênção de Deus. Por meio dele o homem descobre muitas de suas habilidades, provê o sustento para a família e encontra motivação para crescer e se desenvolver como pessoa e como profissional. Enfim,  o trabalho é fonte de sustento, local de ocupação da mente e do tempo. E aquele que  teme ao Senhor,  colherás  benefícios mensuráveis e concretos do seu trabalho diligente. Terá bênção pessoais atreladas ao temor e à obediência na forma de sucesso no labor da terra. Então, ele será feliz! E como consequência da felicidade e da obediência ao Senhor, somada ao trabalho, tem o resultado, e a promessa: “feliz serás tudo te irá bem.” (v.2b). Portanto,  ao caminhar nos preceitos de Deus, o indivíduo não apenas colhe recompensas tangíveis, mas experimenta uma plenitude abrangente na vida: a felicidade.

                                                                II

Depois de descrever a postura do homem que teme e serve ao Senhor, o salmista aponta as bênçãos que se estendem aos demais membros da família. Ele apresenta duas metáforas e compara a esposa que vive no interior de sua casa como uma videira que cresce vigorosamente. Primeiro, ele afirma:“Tua esposa, no interior de tua casa, será como a videira frutífera.”(v.3a). Essa afirmação se refere às plantações de uva que se tinha no  fundo do quintal de casa e vinhedos que  estavam por toda parte em Israel. Ao longo do Antigo Testamento, há várias referências sobre o cultivo da videira e seu devido cuidado. Espiritualmente, a oliveira é um símbolo de paz, abundância, fertilidade prosperidade e longevidade. Ela representa também a perseverança, já que é uma árvore resistente, capaz de sobreviver e frutificar em condições adversas.

Diante da grande importância da videira, o salmista compara a esposa com essa videira no fundo do quintal. Ele afirma: “ Tua esposa, no interior de tua casa, será como uma videira frutífera.” (v.3a). O termo יְרֵכָה significa flanco, lado, partes extremas, se referindo ao  pátio interno  da  casa onde se plantava videiras. Já o termo פָּרָה  significa  dar fruto,  ser frutífero. Esse termo é utilizada na Bíblia tanto no sentido literal, referente à produção de frutos pelas  plantas, quanto no sentido figurado, relacionado com o crescimento espiritual e material. É o mesmo termo usada no hebraico em Gn 1.28:  “Frutificai e multiplicai-vos; enchei a terra e sujeitai-a.” Deus após os abençoar ordenou que frutificassem, ou seja, mostrassem  frutos de justiça em  suas vidas, além de gerar filhos, deviam,  portanto,  ir crescendo e se desenvolvendo diante de Deusl.

Nesta comparação, o salmista destaca as qualidades e o papel essencial da mulher na família como videira frutífera. Ela tem uma missão: frutificar.,ou seja, produzir frutos, ter resultados, ter uma vida que reflita os valores e ensinamentos de Jesus e leve outras pessoas a se aproximarem Dele. Alguém que cuida da sua família com amor e abnegação em seu lar; que enfatize o papel vital da mulher na construção de um ambiente familiar saudável e próspero. Portanto, ela é  fonte de prazer a alegria na familia , sendo fiel e dedicada. Precisamos lembrar que frutificar é uma parte fundamental da nossa vida cristã. Por isso, devemos buscar sempre produzir frutos que glorifiquem a Deus e  que abençoem as pessoas ao nosso redor. Frutos  agradam a Deus (Cl 1.10).

O salmista apresenta a segunda metáfora: “Teus filhos, como rebentos da oliveira.” (v.3b).  As oliveiras eram altamente valorizadas na cultura bíblica, devido ao seu papel essencial na vida cotidiana. Quando os israelitas contemplavam um galho de oliveira cheio de frutos, logo vinha a  garantia do pão  e do azeite. Isto significava mesa farta. Além disso,  forneciam azeite, alimento e sombra. Em Israel, algumas oliveiras chegam a ter 2.500 anos ou até mais. Outro aspecto importante é que a oliveira quando o tronco seca, sua raiz permanece forte e frutífera gerando novos brotos que a envolve e se une ao tronco principal não permitindo que ela morra, mas que continue, através de novas mudas a gerar seus frutos. Dentro desse cenário simbólico, o salmista compara os filhos como rebentos (brotos) da oliveira. Eles representam vitalidade, crescimento;  promessa de continuidade de bênção, da herança familiar e esperança para o futuro;  harmonia e a alegria que vêm de um lar abençoado pelo temor ao Senhor. Esta é uma bênção que o Senhor tem guardado para a casa daqueles que o amam.

No entanto, essa família não está separada nem dividida, mas está ao redor da mesa, unido pela comunhão: “ à roda da tua mesa.”(v.3c). Na cultura judaica, a mesa não era apenas um móvel de enfeite, mas era como um altar em torno do qual a família se reunia. Isto significa que  os filhos criados ao redor da mesa, ou seja, em ambiente familiar  com base em relacionamentos adequados, dariam os mais ricos frutos .Contudo, reunir-se ao “redor da mesa”  não tem sido algo importante para muitas famílias. Para muitas famílias a mesa serve apenas como uma mobília para enfeitar o ambiente, para colocarmos as nossas compras ou objetos quando chegamos do supermercado. A verdade é que perdemos o hábito de sentarmos à mesa. Este é um dos motivos principais da família se encontrar desfragmentada nos dias atuais. É triste saber que  a mesa como altar, esta sendo esvaziada. A vida moderna, o excesso de compromissos, o tempo escasso e também a negligência têm sido os grandes responsáveis pela perda desse momento, que pode ser considerado sagrado.

A mesa é um altar que precisa ser restaurado dentro de nossas casas.Vale a pena observar a experiência de Jesus com os discípulos. Um dos elementos pedagógicos usados por Cristo para ensinar e transformar a vida de 12 homens com histórias e vivências diferentes foi a reunião em torno da mesa. É preciso mudar a nossa realidade  e buscar o que Deus almeja para nossa família. A vontade de Deus é que vivamos em comunhão com Ele e uns com os outros. Nesse relacionamento com Deus, Ele está sempre presente e nos ensina a viver corretamente, andando nos seus caminhos. Isto é possivel quando a família investe no culto doméstico, na oração e no encorajamento recíproco. Por isso, trabalhe para que a sua familia seja alvo da bem-aventurança, fruto da ação em temer ao Senhor e andar nos seus caminhos, produzindo um ambiente, onde seus filhos tenham uma mesa abençoadora para se sentarem dia a dia.  Como anda a comunhão dentro de sua casa?  Sua família se reúne ao redor da mesa?  Há amizade e respeito no seu lar? Há perdão e novas oportunidades em sua família?

O salmista reitera as bênçãos prometidas aqueles que temem a Deus: “Eis como será abençoado o homem que teme ao Senhor!” (v.4). A declaração “eis” é enfática e aponta para o homem que ele descreveu nos versículos anteriores. É uma declaração  feita com uma nota que exige atenção. É desta forma que o salmista expresa: vejam isto pela fé na promessa! Vejam isto, observando o cumprimento da promessa! Aqui, “homem” é uma referência não apenas ao gênero masculino, mas ao líder da família, que frequentemente é o pai. Assim o salmista descreve o homem: “Olhe para aquele homem, como ele se senta à mesa com seus filhos e come com eles do fruto do esforço de suas mãos.” Este agir do homem é resultado direto do temor ao Senhor, indicando que uma vida alinhada com os princípios divinos, colhendo uma abundância de favor e graça.

                                                                III

O salmista, portanto, conclui o  salmo com uma bênção sobre Israel. Ele expande a bênção, agora, nacionalmte, ou seja, a partir da sua capital nacional, ( Sião - Jerusalém ), o  santuário onde Deus habitava e de onde fluia a graça para o seu povo, ou seja, aqueles que vieram como peregrinos. Neste lugar, o sacerdote ora pelos  peregrinos que traziam o melhor de suas colheitas   (festas  das  primícias), o melhor dos  seus  animais  (páscoa). Estes peregrinos  vão até o templo  buscr a presença do Senhor, reconhecendo e temendo  a Deus, pois entendiam que somente Ele podia concender muitas bênçãos. Assim afirma o salmista: “para onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, como convém a Israel, para renderem graças ao nome do Senhor.” (122.4).

Naquele momento o sacerdote concedia a bênção a todas as famílias:   “O Senhor te abençoe desde Sião para que vejas a prosperidade de Jerusalém.” (v.5a). Jerusalém, muitas vezes,  era vista como um símbolo da paz e da prosperidade. O termo aqui traduzido por prosperidade é  טוּב em hebraico, que significa bens, coisas boas, bondade. Mas a prosperidade não é apenas o acúmulo de coisas; dinheiro, poder e fama. A prosperidade é uma grande bênção que Jerusalém receberá do Senhor: “e tu verás o bem de Jerusalém” (v.5b). A promessa de ver o “bem de Jerusalém” em todos os dias da vida sugere uma vida vívida em harmonia com os princípios divinos. Isso não implica ausência de desafios, mas a promessa de que, mesmo nos momentos difíceis, a vitória de Deus será evidente. Não somente no presente, mas também no futuro: “durante os dias de tua vida.”(v.5c). Isto impacta não apenas os filhos imediatos, mas também os filhos dos filhos: “Vejas os filhos de teus filhos.” (v.6a).

Demonstra que a bênção de Deus continua por muitas gerações, em que  o Senhor reitera a promessa de paz e prosperidade ao seu povo: “a paz esteja com Israel. (v.6b).” Esta paz não se refere apenas à ausência de conflitos, mas à paz interior que resulta de viver em conformidade com a vontade de Deus. Portanto, uma visão de continuidade abençoada, onde  a paz de Deus não é efêmera, mas perdura através das gerações, deixando um legado de vitória e harmonia na vida do pvo.

Estimados irmãos! Nos tempos modernos, aplicar os ensinamentos do Salmo pode parecer desafiador, mas torna-se  essencial para a edificação da vida pessoal, familiar. E esta edificação só é possivel quando a nossa vida estiver centrada em Deus; quando o nosso lar é   um lugar de prosperidade, paz e crescimento. Por isso, trabalhe para que a sua familia seja alvo da bem-aventurança, fruto da ação em temer ao Senhor e andar nos seus caminhos, produzindo um ambiente, onde seus filhos tenham uma mesa abençoadora para se sentarem dia a dia. Vamos investir tempo na oração, na leitura da Bíblia e na comunhão em família? Quando ocorrer,teremos  a construção de uma família sólida e abençoada. Amém!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

 TEXTO: ISAÍAS 60.1-6

TEMA: LEVANTA-TE, PORQUE VEM A TUA LUZ!

Hoje, a Igreja Cristã celebra a Epifania do Senhor. Epifania é uma palavra derivada do grego que no sentido profano significa manifestação, aparecimento, glória, dignidade. Mas no seu significado mais profundo, Epifania tem grande importância para a Igreja Cristã, pois designa a manifestação de Jesus em glória por ocasião da primeira vinda (para a obra da salvação), e a segunda vinda (para a manifestação final, o juízo). E o texto para este Primeiro Domingo de Epifania ,encontra-se em Isaías 60.1-6. Ele fala sobre a manifestação do Senhor que ocorre sobre uma cidade e um templo em ruínas no período pós-exílio. É um cântico que manifesta a esperança da restauração de Jerusalém, pois o povo vivia sem esperança. É ali que a luz de Deus se manifesta, e  sobre as ruínas resplandece a luz do Senhor. Apesar da limitação do homem, Deus não está indiferente e convida: Levanta-te, porque vem a tua luz!  

Nossa vida é assim, às vezes, caímos e levantamos. À medida que envelhecemos o cair torna-se frequente. Momento em que precisamos de cuidados. Precisamos de alguém que nos auxilie diante de nossa fraqueza. Mas quando o cair envolve as nossas emoções e sentimentos, e muitas vezes, não temos forças para levantar diante de uma situação que vivenciamos, torna-se algo dramático. Sentimos abandonados. Buscamos todos os caminhos, mas não encontramos uma solução diante de um problema emocional, um fracasso profissional, a perda de um emprego, um problema familiar, uma decepção amorosa.

O povo de Deus no tempo de Isaías também vivia na mesma situação.O profeta fala para um povo que caminha triste, desanimado e até revoltado. A cidade e o templo estão no chão. No entanto, neste momento de aflição, Deus não abandonou seu povo. Ele está comprometido com a restauração da cidade de Jerusalém. Sendo assim, Isaías passou a buscar esta ajuda no Senhor. A primeira coisa que Deus diz é: Levanta-te! Levantar significa se colocar em um plano mais elevado, erguer-se, colocar-se em pé. É hora de reerguer-se! É hora de brilhar, de resplandecer, porque a luz vem. Ela não  se origina de luz própria. Ela vem de Deus com sua glória que nasce sobre o montão de ruínas, nasce sobre a cidade caída.

 É difícil levantar-se quando as derrotas se acumularam em nossa história pessoal e quase não temos forças para levantar. Mas em meio ao cair que ocorre ,constantemente, levantar-se, deve ser o nosso objetivo. E se hoje você estiver caindo, não se desespere. Há uma promessa de Deus para os caídos: Jesus vem ao nosso encontro e estende à sua mão e diz: levanta-te! Ele usou esta palavra em diversas ocasiões, para encorajar alguém a se levantar fisicamente quando curava os enfermos.A mesma palavra deve ser usada pela Igreja. Ela tem a missão  de permitir que a pessoa se erga,  de convidar cada pessoa: levanta-te! Como você  tem reagido diante deste convite?        

O povo de Israel desobedeceu, pecou, não se arrependeu, e, consequentemente, abandonou o Senhor. Sendo assim, o Senhor permitiu que seu povo fosse levado pelos Babilônios, por causa de seus pecados, especialmente, o pecado da idolatria. Em uma terra distante, o povo chorava, vivia humilhado, explorado, desolado e sem esperança. No entanto, neste momento de aflição, Deus não abandona seu povo. Ele anuncia o seu retorno  à Sião. Essa história começou com o rei Ciro da Pérsia, que derrotou os babilônios, estabeleceu uma nova política e fez da Pérsia a força dominante na região. Em vez de subjugar os exilados judeus, Ciro permitiu que eles retornassem a Jerusalém. Ao chegarem em Jerusalém, os exilados enfrentaram muitas dificuldades. Não encontraram absolutamente nada. Tudo fora destruído, uma cidade em ruinas, muros derrubados e o templo em escombros. Este era um cenário que causou desanimo e frustração na vida daquele povo.                                                               

No entanto, neste momento de aflição, Deus não abandona seu povo. Ele está comprometido com a restauração da cidade de Jerusalém. Sendo assim, Isaías passou a buscar esta ajuda no Senhor.  Então, Isaías anuncia uma noticia maravilhosa.  É anunciado à restauração de um povo que foi levado para o cativeiro, e que agora estaria voltando à Sião. Primeiro, ele convida Sião a se levantar: “Dispõe-te”(v.1a). O verbo קוּם Hebraico significa levantar, estar de pé. O profeta conclama o seu povo a se levantar, estar de pé. Mãos à obra na reconstrução! Esteja atento e preparado para agir! Segundo, “resplandeça.” o verbo  אוֹר significa brilhar, tornar brilhante. O profeta também convida povo a resplandecer. Possuir a luz que dissipa as trevas. Portanto, deveria levantar-se e sobressair o brilho. Estas palavra dirigidas à Sião é uma ordem de Deus que vem do céu. 

Quais seriam os motivos do “levantar e resplandecer”? O profeta afirma: “porque vem a tua luz, e a glória do Senhor nasce sobre ti.” (v.1b). A palavra “luz” (אוֹר  - O Senhor é luz de Israel) é destacada pelo profeta Isaías. Ele anuncia que a luz vem, e ela brilhará sobre Israel, e   todas as nações irão se encaminhar em direção à Sião. Ao falar sobre a luz que virá, o profeta se lança no tempo futuro e vê em visão, o Messias, como já tendo chegado e derramando a luz da salvação no mundo obscuro. Isto significa que lançou um olhar esperançoso do agir libertador e salvador prometido por Deus. Este ato profético começou a se cumprir por meio da luz que veio ao mundo no milagre do Natal. No Natal a luz resplandeceu. 

O profeta também afirma que a gloria do Senhor haveria de se manifestar, da mesma forma quando se manifestou aos israelitas durante sua jornada para a terra prometida.  Este é o grande consolo que o profeta transmite, uma vez que a glória do Senhor tinha se ausentado de Judá e Jerusalém, por terem deixado de dar ouvidos às palavras dos profetas. Mas ao atender, agora, a conclamação do profeta Isaías, essa glória volta a nascer sobre o povo. O Senhor haveria de restaurar a prosperidade e a glória de seu povo. A glória do Senhor é aquilo que provém do Senhor, que vai servir para tornar claras todas às coisas na vida do povo. A glória do Senhor representa um Deus que se revela ao seu povo. 

Fica evidente que o Senhor virá. Mas precisamos levantar, erguer, permanecer de pé, porque a terra está em trevas: " eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos.” (v.2a). A escuridão é algo terrível, porque ela impede que vejamos qualquer coisa. Por exemplo, se você entrar no porão de uma casa ou em outro lugar escuro durante a noite, sem dispor de uma luz, correrá sério perigo de se machucar. No original  a palavra “trevas” חֶֹךְ, dá a ideia de lugar secreto. Já "escuridão" é עֲרָפֶל, significa nuvem pesada ou escura, trevas densas. Isso faz entender, como o povo de Deus tinha caído em seu pecado e futuramente na escuridão do afastamento por ter se rebelado contra Deus.Viver em rebelião contra Deus e sua vontade é equivalente a viver em trevas espirituais. Sendo assim, todos  estão em sério perigo, não apenas em sua vida presente, mas também quanto à eternidade.

Portanto, é ,extremamente, importante que que busquemos a verdadeira luz. No entanto, o profeta havia anunciado para o povo que jazia nas trevas, que brilharia uma grande luz: “mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti”. (v.2b). Isaias ainda afirma: “O povo que caminhava em trevas viu uma grande luz; sobre os que viviam na terra da sombra da morte raiou uma luz.” (Isaías 9.1-2). Este dia chegará quando o Senhor trará a salvação definitiva ao seu povo. Então, Jerusalém voltará a ser uma cidade bela e harmoniosa, o templo será reconstruído e Deus habitará para sempre no meio do seu povo. Esta vinda assinala o começo do confronto da luz salvadora com as trevas (Lucas 1.79), e seu ministério daquele que virá, pode ser descrito como o levar luz aos que estão em trevas (Mt 4.16). Lemos ainde em João:“A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela” ( 1.4-5). Que momento maravilhoso: a escuridão da separação de Deus é superada por meio de Cristo.Agora,  a luz prevalecerá, brilhará sobre a vida do povo.

Essa luz de Deus continua brilhando em nossa vida, proporcionando-nos condições de andar, por caminhos seguros sem tropeços, pois viver na escuridão é uma experiência profundamente dolorosa, nos causa tristeza, medo, pavor, abandono e pânico. É necessário sermos guiados pela luz divina. Ela nos livra de tropeçar e de todos os problemas e adversidades que surgirem em nosso caminho. A maior fonte de luz se encontra na Palavra de Deus. Foi o que Jesus disse em João 8.32: “E conhecereis a Verdade e ela vos libertará”. Ela é verdadeiramente uma forte lâmpada para os nossos pés e uma forte luz para os nossos caminhos.  Deus garante issoem Isaias 45.2 e 3: “Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro. E te darei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas que Eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome”.

Isaias afirma que a luz que habita em Israel irá atrair as nações da terra. Ele afirma: “As nações se encaminham para a tua luz, e os reis, para o resplendor que te nasceu.” (v.3). Será tão esplêndida a glória do Senhor, que atrairá as nações distantes, e elas virão e participarão das bênçãos que o Senhor oferecerá a Sião. E como incentivo, Isaías diz: “Levanta em redor dos teus olhos e vê; todos estes se ajuntam e vêm ter contigo.” (v.4a). A expressão “levanta os olhos” significa ver com os seus olhos espirituais que Deus estava fazendo para seu povo, quando estavam vivendo todo o tipo de servidão e opressão, e ,muitas vezes, achavam difícil  de se erguer.

Mas sempre eram exortados a levantar os olhos para ver as bênçãos que estavam chegando - bênçãos que, pela graça de Deus, vêm de príncipes e reis de terras distantes. Do Monte Sião, podiam olhar para fora e ver os navios vindo do mar e as caravanas vindo do interior. Havia felicidade daquele dia para Sião: “teus filhos chegam de longe, e tuas filhas são trazidas nos braços.” (v.4b). Além disso, o profeta promete  Sião verá as riquezas dos portos e os tesouros das nações fluindo para ela: “Então, o verás e serás radiante de alegria; o teu coração estremecerá e se dilatará de jubilo.” (v. 5a). As expressões – “verás e radiante” e “dilatará de jubilo” – descrevem a emoção, gratidão e admiração que os exilados estavam sentido ao ver as mercadorias transportadas por navio: “porque abundancia do mar se tronará a ti, e as riquezas das nações virão a ter contigo.” (v.5b). Agora, os exilados verão aqueles a quem serviram como escravos, trazendo riqueza para Jerusalém. Os estrangeiros reconstruirão os muros de Sião, e glorificarão, adornarão, e reconstruirão o santuário do Senhor.

Essa riqueza, por mais atraente que seja, carrega um significado mais profundo. É um sinal do amor do Senhor e entregue como um tributo a Deus. A riqueza também viria de caravanas: “A multidão de camelos te cobrirá, os dromedários de Mediã e de Efa.” (v. 6a).  A maioria dos países que enviavam apoio a Jerusalém não teria acesso aos portos, então eles usariam caravanas de camelos para transportar suas mercadorias. “todas virão de Sabá: trarão ouro e incenso e publicarão os louvores do Senhor.” (v. 6a).  Isaías visualiza uma caravana de camelos trazendo muita riqueza da cidade de Sabá. A referência à Sabá, e à caravana de camelos, nos lembra da Rainha de Sabá que visitou Salomão, com camelos carregados de especiarias, ouro em grande abundância e pedras preciosas” (1 Reis 10.2.).

A profecia de Isaías fala sobre  a vinda do Messias, trazendo luz. E essa luz iluminaria as nações gentias que andavam em trevas. Reis e nações ficariam sabendo da notícia de um despertar espiritual em Israel. Mais tarde, os magos do oriente trariam a Jesus ofertas de ouro, incenso e mirra (Mateus 2.11). Eles foram guiados pelas promessas da Sagrada Escritura a encontrar e adorar o Menino Jesus em sua casa (Mt 2.5-11.). Em Belém, havia resplandecido a luz. Somente Jesus Cristo nos oferece esta verdadeira luz, pois, na cruz, ele enfrentou as trevas do nosso pecado, pagou a dívida da nossa culpa e, na manhã da Páscoa, derrotou os poderes obscuros da morte. Essa luz continua brilhando em nossa vida, proporcionando-nos condições de andar, por caminhos seguros sem tropeços, pois viver na escuridão é uma experiência profundamente dolorosa, nos causa tristeza, medo, pavor, abandono e pânico. É necessário sermos guiados pela luz divina. A maior fonte de luz se encontra na Palavra de Deus. Ela é verdadeiramente uma forte lâmpada para os nossos pés e uma forte luz para os nossos caminhos. Deus garante isso. Isaías 45.2 e 3: “Eu irei adiante de ti, endireitarei os caminhos tortos; quebrarei as portas de bronze e despedaçarei os ferrolhos de ferro. E te darei os tesouros escondidos e as riquezas encobertas, para que saibas que Eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome”.

Portanto, precisamos levantar diante da nossa inércia, do nosso comodismo e resplandecer. Deus deseja que todos nós como seus servos, estejamos em pé (disposto, prontos), e resplandecendo (brilhando, dando bom testemunho). Na escola, no trabalho, na faculdade, no grupo de amigos, no nosso lar, no nosso bairro. É hora de mostrar ao mundo que está em trevas, a verdadeira luz. Amém!