quinta-feira, 9 de janeiro de 2025

 TEXTO: SL 29

TEMA: O PODER DA VOZ DO SENHOR NA TEMPESTADE!

 Penso que todos já enfretaram uma tempestade com trovões e relâmpagos. Ela nos causa uma sensação  de medo e angustia. Os discipulos sentiram esta sensação quando estavam num barco em alto mar com Jesus. O barco era castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água. Parecia ser o fim. O barco iria afundar. Mas Jesus intervém na natureza. Ele diz ao vento e ao mar: “Acalma-te, emudece!” O vento aquietou-se, e fez-se grande bonança. A voz poderosa de Jesus produziu naquele momento uma calmaria instantânea na natureza.

Isto demonstra que o poder destruidor das águas e o forte estrondo dos trovões, nada se compara com o poder  da voz do Senhor. Esta frase foi usada sete vezes no texto para expressar o trovão da tempestade. Não é a ira de Deus, mas seu poder majestoso que dá andamento à tempestade. Ela começa sobre o mar com poder e majestade. Depois move-se sobre as montanhas, e causa efeitos sobre as árvores, montanhas, desertos e animais. O seu poder soberano sobre  as forças da natureza, e sobre todos os outros deuses e seres poderosos, demonstram o quanto a voz do Senhor e poderosa. Não  há nada em toda a terra que não treme e se curve diante da voz do Criador. Portanto, o Senhor governa as tempestades e  os deuses não têm poder. Baal não controlava  a tempestade.

Contudo, a voz poderosa do Senhor que é capaz de quebrar grandes árvores, como o cedro e faz tremer o deserto,  mas também é capaz de sustentar seu povo e defendê-lo. Por isso, o povo não tem nada a temer na tempestade, porque o Senhor dá força. Ele abençoa  com a paz. Que momento maravilhoso! Depois de um tempestade, quando o povo ouviu a voz do Senhor e confiou plenamente. Agora, o Senhor dá força e abençoa com paz.

O Senhor também nos concede força e nos abençoa com paz.  Ele  traz conforta, consolo, perdão e  misericordia. Remove toda a nossa ansiedade, os medos, a insegurança na nossa vida. Abençoa  e concede paz.  Ouvir a voz do Senhor e ser guiado por ela é a maior alegria na nossa vida, principalmente, nos momentos difíceis que vivenciamos. E, portanto, temos grandes razões para adorá-lo e servi-lo. Você tem ouvido a voz do Senhor?

                                                                  I

 Davi inicia o salmo com uma convocação pública. Aqui, não é um chamado específico ao povo  da aliança, pois o salmista não limita a adoração apenas ao povo de Deus, mas  os anjos  são convidados a reconhecer também a existência de seu poder e dar o devido louvor: “Tributai ao Senhor, filhos de Deus.” (v.1a). Da mesma forma, dar a devida honra à sua “glória e força” (v.1b).  A glória de Deus é a manifestação de sua majestade, soberania e grandeza. É a manifestação de seu amor, bondade, misericórdia e graça.  Dar a devida honra ao seu poder é reconhecer a sua autoridade sobre tudo o que existe, porque é seu poder que preserva e sustenta todas as coisas. O seu poder se evidenciou na criação do mundo. Através das Escrituras, a criação do mundo é citada como um testemunho convincente do poder de Deus. Mesmo sem utilizar o termo “voz”, Gênesis deixa claro que foi pelo seu falar que Deus criou todas as coisas.

São convidados  também dar a devida honra “ao seu nome.”(v.2c). Honrar o nome de Deus significa reconhecer a sua  majestade e santidade. Além disso, o respeito pelo nome de Deus deve ser demonstrado por meio de adoração sincera e reverência em nossas palavras e atitudes, evitando o uso do seu nome de forma irreverente. Em Êxodo 20.7 lemos a respeito do mandamento do Senhor: "Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão." Quando vivemos de acordo com esse princípio, testemunhamos a glória de Deus e mostramos ao mundo seu poder e amor. É importante que os cristãos sejam lembrados desta verdade. Precisamos entender que tudo o que temos vem de Deus. Por isso, devemos nos humilhar diante dele e render homenagem ao seu nome.

Da mesma forma, deveriam dar à devida honra ao Senhor, “adorando na beleza da santidade.”(v.2d). Esta frase tem a ver com vestimenta, e poderia ser traduzido da seguinte forma: " em trajes santos ", como em 1 Crônicas 20.21. Quando o sumo sacerdote estava vestido com suas vestes sacerdotais, ricamente ornamentadas, então era dito que ele estava servindo "em trajes santos" ou "na beleza da santidade". As roupas dos sacerdotes simbolizavam retidão e pureza. Sendo assim, adorar o Senhor no "esplendor" ou na "beleza da santidade" é adorar a Deus com um coração humilde, contrito e puro.  É verdade que em muitos aspectos o povo de Israel falhou em viver uma vida de santidade ao Senhor. A apostasia dos israelitas foi em vários momentos denunciada pelos profetas. A Bíblia nos exorta diante de nossa santidade:  em Rm 12.1 Paulo adverte os romanos para "que apresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional". Aos coríntios o apóstolo ensina que a santificação deve ser aperfeiçoada (2 Co 7.1). O escritor aos Hebreus diz que a santidade é um requisito indispensável para quem deseja ver o Senhor (Hb 12.14).

                                                          II

Após o convite, para que os “filhos de Deus” desse à devida honra ao Senhor, o salmista associa os versículos seguintes, diretamente, à voz do Senhor. Esta expressão ocorre  sete vezes nos versiculos 3-9. O termo Hebraico קוֹל  usado pelo salmista significa “voz”, “som.” Também pode significar “trovão”, “barulho”. (Gn 45.16; Êx 9.28; 20.18; 32.17). Sendo assim, o salmista usa uma linguagem poética para descrever  uma forte e poderosa tempestade e seus efeitos, enfatizando a soberania de Deus sobre a criação. Ele descreve o Senhor, usando o seu poder e glória, enquanto sua voz troveja do alto. Quando a voz do Senhor ressoa, ela é precisa, poderosa e penetrante. Ela fala de vida e morte; temporal e eterna, voz que se eleva acima de todas às vozes. É um voz diferente  do deus Baal na mitologia cananéia, porque a voz Senhor  demonstra o poder soberano de Deus sobre as forças da natureza. Ele é o Criador.

O salmista agora apresenta uma imagem de uma tempestade ou de uma poderosa enchente. Ele inicia a descrição do poder de Deus , afirmando que “a voz do Senhor está sobre as águas; o Deus da glória troveja; o Senhor está sobre águas abundantes.” (v.3). Aqui, ocorre a primeira manifestação da “voz do Senhor.”  Ele evocou um imagem de uma tempestade - as águas se debatendo e subindo enquanto o trovão está estalando. O trovão é uma metáfora usado pelo salmista. Era o ruído mais impressionante conhecido no mundo antigo. Ora, enfretar um tempestade com trovões e relâmpagos, é algo dramático! Ela nos causa uma sensação de medo e angustia. Os discipulos sentiram esta sensação  quando estavam num barco em alto mar com Jesus. O barco era castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água. Parecia ser o fim. O barco iria afundar. Mas Jesus intervém na natureza. Ele diz ao vento e mar: “Acalma-te, emudece!” Isto demonstra que o poder destruidor das águas e o forte estrondo dos trovões são nada se comparado à voz do Senhor.

A voz do Senhor também é “poderosa e cheia de majestade”.(v.4). É uma  voz capaz de criar e governar todas as coisas com seu poder.  É na criação que  o Senhor manisfestou todo o seu poder. O poder de Deus é também demonstrado no Êxodo. Um episódia na história de Israel que ilustra bem o efeito provocado pela voz de Deus na vida de seu povo. Fato  este que ocorreu quando o povo saiu do Egito. No monte Sinai, Deus falou a todo o povo,  “do meio do fogo, da nuvem e da escuridade, com grande voz” (Dt 5.22), quando entregou a Moisés os Dez Mandamentos em duas tábuas de pedra. O que chama a atenção é a reação que o povo de Israel teve diante do falar de Deus. Tendo ouvido a voz que vinha do Sinai, os líderes das tribos disseram a Moisés: “Eis aqui o Senhor, nosso Deus, nos fez ver a sua glória e a sua grandeza, e ouvimos a sua voz do meio do fogo; hoje, vimos que Deus fala com o homem, e este permanece vivo.” (Dt 5.24). 5.25,26). No Salmo 93. 1 e 2, lemos: “Reina o Senhor. Revestiu-se de majestade... está firme o teu trono; tu és desde a eternidade... Meditarei no glorioso esplendor da tua majestade e nas tuas maravilhas.”  E também: “Grandes são as obras do Senhor (….). Em suas obras há glória e majestade.” (Sl 111.2,3). Pedro, Tiago e João presenciaram no Monte da Transfiguração e mais tarde Pedro escreve: “fomos testemunhas oculares de sua majestade” (1Pd.1.16).

A voz do Senhor “quebra os cedros do Libano.” (v.5). O salmista continua descrevendo o impacto da voz de Deus na natureza. A voz do Senhor não é apenas poderosa, mas também destrutiva.  Ele ilustra o poder de Deus ao dizer que sua voz é capaz de quebrar cedros. Apesar de o cedro não estar ,atualmente, entre aquelas famosas “madeiras de lei”, na época e no local em que Davi viveu, o cedro era uma madeira nobre e muito utilizada pela sua força e beleza. Trata-se de uma árvore alta e robusta com raízes fortes e profundas que fazem dela uma árvore bem resistente. Ele ilustra o poder de Deus ao dizer que sua voz é capaz de quebrar cedros .Entretanto, nem mesmo essa resistência é capaz de impedir o poder da voz do Senhor, das suas ordens,  para arrancar da terra, fazendo-as tombar. Não há nada na terra, nem criado por Deus que Ele não possa quebrar. Isso é exatamente o que ocorreu em Êxodo 20 , pois quando a voz do Senhor falou, a montanha foi sacudida e toda a assembleia de Israel tremeu à sua voz.

A voz do Senhor com seu poder faz as montanhas do Líbano saltar sob o impacto da tempestade.(v.6). Isto é à medida que o vento passa sobre a floresta em rajadas repentinas e violentas, as árvores dobram-se em ondas ritmadas, criando a impressão de que a serra libanesa saltita como um bezerro e o Monte Sirion (Hermon) como bois selvagens. É uma descrição poética da ação de Deus na natureza. que o salmista retrata sobre a força e seu poder em fazer com que o Líbano, uma região conhecida por suas montanhas e cedros majestosos, salte como um bezerro. Nada poderia ser mais impressionante do que a voz do Senhor manifestando o seu poder. Isto nos lembra que  o Senhor nos dá força e coragem para enfretar nossas dificuldades. Ele é nosso pastor e nos guia e nos abençoa. Deus é digno de louvor e exaltação por sua grandeza, poder e soberania.

A voz do Senhor continua sendo destrutiva: “despede chamas de fogo. ”(v.7). O verbo Hebraico חָצַב, traduzido por “despede” signfica separar, dividir. Este termo é mais  associada a talhar ou extrair rochas––mas também era usada para cortar madeira com um machado (Isaías 10.15). Davi está descrevendo o relâmpago como se ele estivesse cortando os céus com fogo por breve momento. É a voz do Senhor que faz isso acontecer.  A voz do Senhor na tempestade usa relâmpagos para alcançar os efeitos para derrubar árvores e sacudir a terra. O relampago é uma das mais violentas manifestações da natureza. Tem o poder destruidor. Ele pode ser mortal––pode partir uma árvore ao meio ou incendiá-la. Mas a voz do Senhor é mais poderosa que  o fogo. A voz do Senhor pode destruir, dividir, separar, se as pessoas recusarem a ouvir a sua voz.

A voz do Senhor não só abala as montanhas e os grandes cedros do Líbano, mas também “faz tremer o deserto de Cades.” (v.8).  Ao citar especificamente o “deserto de Cades”, é bem provável que Davi tivesse em mente as montanhas desérticas da região. Ao fazê-lo, afirma que a voz de Deus é tão poderosa que sua ordem pode, por meio de um terremoto, aplainar as montanhas da região, tornando-as uma superfície plana. Mesmo num lugar tão assustador, ninguém pode escapar do alcance da voz do Senhor.  Não há lugar para estar livre da voz do Senhor. Toda a criação de Deus está tremendo, incluindo os animais:“A voz do Senhor faz dar cria às corças e desnuda os bosques.”(v.9a). A palavra usada aqui significa “despir, descobrir.” Como se  arrancasse as folhas da floresta, referindo-se a um efeito que é frequentemente produzido por uma tempestade violenta.

                                                             III

No entanto, o salmista além de monstrar os terríveis efeitos do poder de Deus, ele mostra agora o povo sendo abençoado e louvando ao Senhor, enquanto o  mundo  todo está tremendo sob os sinais de seu descontentamento. Ele afirma: “e no seu templo tudo diz: Glória!”(v.9b). A palavra aqui traduzida como “templo” não se refere ao tabernáculo ou ao templo de Jerusalém, mas  a residência ou morada de Deus. Talvez a verdadeira tradução seja: “E no templo dele tudo diz Glória!” Ou seja, na morada de Deus. No munda da natureza onde o céu, a terra, as florestas, as águas, tudo na tempestade, ecoa “glória, glória!” Todas estas coisas declaram a glória de Deus. É algo maravilhoso quando as águas; o trovão; o estrondo das árvores nas colinas; o tremor do deserto; as folhas arrancadas das árvores e voando em todas as direções – proclamando a majestade e a glória do Senhor.

Quando o salmista fala sobre a manifestação do poder de Deus nas tempestades, aproveita a ocasião para falar sobre o dilúvio: “O Senhor preside aos dilúvios.”(v.10a). Ele  ponta para o evento mais destrutivo de toda a história da humanidade, o dilúvio. Do dilúvio saíram com vida apenas oito pessoas, porque foram protegidas por Deus na arca. Ninguém, fora daquela arca, resistiu à força do dilúvio. O poder que o Senhor demonstrou  no passado ao enviar o dilúvio, ele ainda o tem e sempre o terá. E diante desse exemplo do dilúvio, o Senhor acrescenta que   “como rei, Ele presidirá para sempre.”(v.10b). Ele continuará sendo rei para sempre, enviando tempestades como desejar. Ele promete continuar revelando seu poder. Paulo nos exorta a que compreendamos quão grande é o poder de Deus (Ef 1.18-23).

O salmista depois da descrição do poder de Deus pelas comparações realizadas com a natureza, ele agora procura orientar seu povo a ter confiaça em Deus. Todo esse poder sobre a natureza não é um fim em si mesmo na mente do salmista. Ele está argumentando que o poder Deus, demonstrado por meio da natureza, é o mesmo poder que ele utiliza para cuidar dos seus servos, motivo pelo qual eles não devem temer mal algum. Assim, Davi completa seu salmo dizendo: “O Senhor dá força ao seu povo; o Senhor abençoa o seu povo com a paz.”(v.11).  A voz poderosa do Senhor que é capaz de quebrar grandes árvores, como o cedro e faz tremer o deserto,  também é capaz de sustentar seu povo e defendê-lo. Por isso, o povo não tinha nada a temer, porque o Senhor dá força. Ele abençoa  com a paz.

Estimados irmãos! Que momento maravilhoso! Depois de um tempestade, o Senhor nos concede força e nos abençoa com paz.  Ele também traz conforta, consolo, perdão e  misericordia. Remove toda a nossa ansiedade, os medos, a insegurança na nossa vida. Abençoa  e concede paz.  Ouvir a voz do Senhor e ser guiado por ela é a maior alegria na nossa vida, principalmente, nos momentos difíceis que vivenciamos. E, portanto, temos grandes razões para adorá-lo e servi-lo. Você tem ouvido a voz do Senhor?

Portanto, somos convidados a reconhecer  o poder de Deus em tudo que nos rodeia. Somos convidados a  olhar para um poderosa tempestade, para uma montanha imponente e a imensidão de uma floresta. E, a partir desse olhar, reconhecer que o mesmo poder que os controla, também nos abençoa com paz. No Senhor, podemos encontrar conforto e segurança, na certeza de que Deus é mais poderoso do que qualquer força contrária. A sua voz nos fortalece, nos abençoa e nos ensina a viver em paz com Deus e com as pessoas ao nosso redor. Confiem  no Senhor, pois ele é poderoso para cuidar de cada detalhe da vida de cada um de vocês. Amém!

 

 

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