TEXTO: JR 31.32-34
TEMA: DEUS ESTABELECEU UMA NOVA ALIANÇA ATRAVÉS DE CRISTO
Alianças, concertos ou contratos estão presentes no âmbito militar, comercial, político e religioso. São coisas comuns entre os homens em todas as épocas e em diferentes sociedades. O casamento é um exemplo de aliança. Ele é considerado uma aliança, pois se utiliza uma aliança para simbolizar a união, um acordo de fidelidade e amor mútuo entre um casal. Assim, aliança é uma lembrança do pacto entre o marido e a esposa. Ambos assumem um compromisso. Cada parte, mesmo diferentes entre si, tem coisas a observar, cumprir ou realizar.
Mas quando analisamos aliança no sentido bíblico, estabelece uma relação com Deus e com seu povo. E olhando para o Antigo Testamento, podemos notar que Deus firmou diversas “alianças” com seu povo. Fez aliança com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Davi, e muitos outros. Deus ao realizar estas alianças, sempre foi fiel às suas promessas, mas o povo, muitas vezes, foi infiel, quebrando a aliança, adorando ídolos, distanciando-se totalmente da vontade do Pai. Diante do desrespeito e da desobediência das alianças firmadas com seu povo, as consequências foram trágicas.
Apesar das sucessivas rebeliões e quebra das
Suas sucessivas alianças, Deus desenvolve um projeto de uma nova aliança entre
Deus e o seu povo. Uma aliança que se concretiza em Jesus. Ele veio ao mundo
para renovar os corações dos homens, oferecendo-nos vida, perdão e salvação. E nós,
cristãos, efetivamente, participamos desta nova aliança firmada por Deus.
Através da fé no Salvador, que o Pai coloca em nossos corações, passamos a
fazer parte do seu povo. Precisamos ter cuidado para não quebrar esta
aliança que Deus fez conosco através de Cristo.
Estimados irmãos! O profeta Jeremias viveu numa vila perto de Jerusalém,
por volta de 600 a.C. Ele foi chamado por Deus para ser profeta quando era
ainda muito jovem, e trabalhou por cerca de 40 anos. Foi chamado de “profeta
chorão”, porque sentiu como ninguém a infidelidade do povo de Deus, e isso o
entristeceu muitíssimo. Ele presenciou o castigo que o povo de Deus sofreu por
causa da sua infidelidade, e foi nesse contexto difícil que Deus lhe revelou a
promessa da nova aliança.
No entanto, antes de o profeta proferir estas palavras sobre a nova
aliança, Deus já havia firmado diversas alianças. Ao longo da história,
identificamos muitas oportunidades em que Deus se mostrou para os homens e
convidou-os para estabelecer com Ele uma aliança que demonstrasse os Seus
propósitos em relação à sua criatura. Vejamos alguns exemplos: Deus fez aliança com Adão e Eva no Éden. Deus
deu para eles a terra, pleno domínio sobre os animais e fartura de alimento. Deus
fez aliança com Noé. Estabeleceu uma aliança, declarando que não mais
destruiria toda carne pelas águas do dilúvio e que não mais haveria dilúvio
como juízo, para destruir a terra. Deus fez aliança com Abraão. Deus fez
aliança com Isaque e Jacó, reiterando a promessa feita a Abraão. Deus também fez aliança com Moisés, no monte
Sinai. Era uma aliança significativa que tinha como objetivo convocar o povo
para renovar e relembrar os termos do concerto com Abraão, Isaque e Jacó. E o povo
concordou com a aliança quando disseram: "Tudo o que o SENHOR falou, faremos" (Êxodo 19.8).
Através das alianças realizadas, Deus se compromete ajudar, libertar e
modo especial proteger o seu povo da escravidão e dos inimigos, e o povo
promete obediência e lealdade ao seu Deus no cumprimento do decálogo e também
no cumprimento das normas e recomendações prescritas na Torá. A única coisa
que Deus espera de seu povo é que “guarde a aliança”. Ela é o símbolo do
relacionamento de amor entre ambos. O salmista expressa a vontade de Deus “Se
os teus filhos guardarem a minha aliança e o testemunho que Eu lhes ensinar,
também os seus filhos se assentarão para sempre no teu trono. " (Sl
132.12). Esta era a condição implícita na promessa – de que eles deveriam
guardar a lei de Deus, e servi-lo e obedecê-lo. Deus se alegra com seus
filhos, com o seu povo que vive em aliança com Ele, que respeita essa aliança,
que é fiel e que obedece aos princípios e exigências dessa aliança!
Mas o que acontece quando um acordo não é cumprido? Quando os acordos não
são cumpridos, não há satisfação entre as partes envolvidas. Há tristeza e
rompimento. Pode trazer punição para a parte que causou o rompimento. Citamos o
exemplo do casamento. Quando um cônjuge trai a confiança do outro, ele destrói
o casamento. Esta ruptura traz sérias consequências entre ambas as partes. Da
mesma forma, quando um acordo comercial também é quebrado, isso traz
implicações legais, batalhas judiciais para cobrar indenizações. Quando um
amigo trai a confiança do outro, rompeu-se o acordo. Não somente a confiança,
mas o fim da amizade.
Quando analisamos aliança
no sentido bíblico, o povo de Israel quebrou essa aliança. Foi infiel ao SENHOR.
Foi influenciado por povos pagãos. Cultuo outros deuses, caiu na idolatria e se
prostituiu. Ao trair o SENHOR, distanciou-se totalmente da vontade do Pai. Não
conseguiu manter-se fiel ao SENHOR. Jeremias apresenta como causas. É impressionante
a descrição que o profeta faz: o desprezo pelas reuniões sagradas,
prevaricações, pecados graves, imundícias, corrupção, principalmente, por parte
dos líderes. Confiança em promessas e acordos humanos e políticos, ao invés de
confiarem em Deus. Era uma situação horrível na vida do profeta. O povo quebrou
com a sua desobediência e infidelidade a aliança de Deus. Não cumpriu com aliança.
Como nós quebramos a aliança que Deus fez conosco? Quebramos quando não
confiamos em Jesus Cristo, no que ele fez por nós e, então, passamos a confiar
em nós mesmos, nas nossas obras, na nossa capacidade, nos nossos esforços. Da
mesma forma, quando não vivemos de acordo com a vontade de Deus. Como nós nos
mostramos infiéis a Deus, hoje? Esta é a triste realidade!
Jeremias atribuiu ao povo a culpa pela destruição que lhe sobreveio. Como
o povo não se arrependeu de seus pecados e de suas iniquidades, veio sobre ele
o juízo divino. Jerusalém é destruída, e o povo é levado ao exílio. Distante da
Pátria, o povo chora. Mas Deus sempre prosseguiu na execução do Seu plano de
salvação ao seu povo. Oferece novas oportunidades. E diante do sofrimento,
surge uma mensagem do SENHOR para os exilados e remanescentes. Deus profetizou
que firmaria uma nova aliança para o povo. Esta mensagem da nova aliança para o povo é consoladora.
Sendo assim, o profeta apresenta o conceito exclusivo de uma nova aliança que
Deus estabelecerá com seu povo. Mas qual é o significado da nova aliança e quando começaria?
Qual é o conteúdo? Qual é a diferença? Qual é a semelhança?
O SENHOR apresenta esta nova aliança: "Eis aí vêm dias, diz o
Senhor, em que firmarei nova aliança com a casa de Israel e com a casa de Judá”
(v.31). Ele apresenta o tempo, o autor, nome desta aliança e os participantes
desta “nova aliança”. Eis o procedimento: “O SENHOR firmará uma nova aliança.” Uma
tradução literal seria: “fazer um pacto, cortar aliança,” pois o verbo no
hebraico (כָּרַת) significa cortar, arrancar, eliminar, dividir. Este é um
processo pelo qual Deus fez um concerto com Abraão. Ele é chamado de “cortar”.
É uma expressão oriunda dos povos antigos. Entre estes povos antigos no ato da compra de um terreno, casa,
animais havia um contrato entre duas pessoas. Era uma prática dividir um animal
em duas partes. Durante a cerimônia deveriam pronunciar um juramente
confirmando o acordo. O sangue do animal sacrificado testemunhava o acordo. Assim
era selada a aliança.
Portanto, a nova aliança
estava próxima de se realizar. Novo tempo se aproximava: “Eis aí vêm dias”. Não
é mais tempo de se lamentar. É tempo de esperar pela restauração. De modo geral,
a nova aliança se refere à chegada do Senhor, a era messiânica. Ela recebe uma
dimensão escatológica. Ela é para o novo Israel espiritual. No entanto, a nova aliança será diferente: “Não
conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para
os tirar da terra do Egito; porquanto eles anularam a minha aliança, não
obstante eu os haver desposado, diz o SENHOR”. (v.32). Ela não será como a antiga, que Deus fez com
os israelitas quando os tirou da terra do Egito. Ora, a antiga aliança era
baseada na Lei, em méritos e obras, susceptível de infrações, e não foi
inteiramente cumprida, não deu vida a antiga aliança, diz o SENHOR: “eles a
anularam.”
No entanto, a nova
aliança que o SENHOR haveria de firmar com a casa de Israel, apresenta
características diferentes. Vejamos a primeira característica: Assim diz o
SENHOR: “Na mente, lhes imprimirei as minhas leis [...] no coração lhas
inscreverei.” (v.33a). O termo coração significa ser interior, mente, vontade,
inteligência. Estas palavras representam a motivação completa das ideias, da
vontade, das emoções e do espírito humano. Enquanto que na antiga aliança a lei
deveria ser aprendida e ensinada, escrita nos beirais da porta e nos portões,
amarrada nos braços e na testa (Dt 6.7-9), a nova aliança será escrita por Deus
nos corações. E será no íntimo de cada
membro do povo que o SENHOR vai intervir no sentido de gravar as suas leis e
preceitos. Por lei entende-se a Tora, já conhecida
desde a aliança do Sinai. Portanto, essa
nova aliança transformaria o ser humano desde o mais íntimo do seu ser. (Jr
24.7). Também não seria gravada em pedra, como ocorreu com Moisés, mas sim, no
coração e mente dos que a aceitassem. Não
haveria como esquecer esta aliança, pois o próprio Deus a imprimiu na mente de
quem a aceitou! Da mesma forma, não haveria maneira de deixar de amar essa
aliança, pois o Senhor a escreveu no próprio coração de quem a acolheu!
A nova
aliança reflete em nossa vida. A mudança deve acontecer em nosso coração. É preciso tirar tudo o que não presta, que
está estragado e colocar algo novo em nossa vida. Esta mudança em nosso coração
apenas o Espírito Santo é capaz de realizar.” Quem não nascer da água e do
Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. O Espírito Santo é que nos
converte, regenera e arrancar o nosso “coração de pedra” e coloca um coração
cheio de fé, amor, bondade e compaixão. Então, sim, teremos paz com Deus. E
tendo paz com Deus, seremos criaturas felizes e alegres, e já nenhuma
tribulação, ou angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou
espada nos separara do amor de Deus. Com o coração purificado, saberemos amar a
Deus e nele permanecer fiéis até a morte. Saberemos andar em seus estatutos,
guardar e observar a sua palavra, e poder estar em constante comunhão com o
nosso Deus. Como está o seu coração? Como está a sua vida? Deixe Deus renovar seu coração, seu espírito,
e com toda a certeza você terá uma feliz e abençoada vida com a presença do
Senhor Jesus em tua casa, família e na vida profissional.
Outra característica encontra-se no versículo 34.
Ela é baseada em três clausas: A primeira: “ninguém terá encargo de instruir seu próximo ou irmão.” (v.34a). O SENHOR afirma que, agora, ninguém precisaria
de um instrutor para ensinar ao próximo. Segunda: “Aprende a conhecer o Senhor, porque todos me conhecerão, grandes e
pequenos” (v.34b). O SENHOR afirma que todos
O conhecerão. Toda a casa de Israel, todos os filhos e filhas de Deus,
jovem ou mais velho, saberão quem é Deus. Conhecê-Lo,
como de fato Ele é, exigia nada menos do que a Sua presença no coração das
pessoas. E com esse novo tipo de relação, o SENHOR não será mais um
“desconhecido” para o seu povo. Terceira clausa: “pois a todos perdoarei as
faltas, sem guardar nenhuma lembrança de seus pecados.” (v.34c).
Fica claro que a nova aliança é baseada num ato de perdão. Um ato de perdão
pelo qual o SENHOR Deus é o responsável. Ele age e muda o nosso coração, nossa mente.
Agora, não haveria mais condenação por causa do pecado. Eles, os pecados,
seriam completamente esquecidos por Deus. Havendo, agora, reconciliação, perdão e nova vida. O SENHOR não se lembrará mais de qualquer iniquidade.
Estimados irmãos! Esta nova aliança se concretizou na Pessoa do Senhor
Jesus Cristo, que veio a este mundo para estabelecer a paz entre Deus e a
humanidade. Ele sofreu na Cruz, onde foi executado por nossos pecados. Ele
recebeu em Seu corpo todos os nossos delitos e transgressões e com o Seu
precioso sangue nos libertou da condenação eterna! E tudo isso, Ele nos oferece de graça no nosso batismo, no ensino claro
da sua Palavra e na celebração da santa ceia. E o que Cristo espera de
nós? Fé e gratidão! Por isso, neste período de quaresma, quando estamos acompanhando
a caminhada de Jesus para Jerusalém, mais uma vez, é um momento para reconhecer
e confessar que Jesus Cristo é a Nova Aliança de Deus, assinalada, selada, e
entregue por nós no sangue do Cordeiro.
Estimados
irmãos! Com um coração transformado, cada cristão poderá viver na fidelidade à
Aliança, na obediência aos mandamentos, no respeito pelas leis, no amor ao SENHOR.
Só podemos entender a nova aliança, olhando para Jesus na cruz. Amém.
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