TEXTO: SL 146
TEMA: NOSSA
ESPERANÇA ESTÁ NO SENHOR
Muitas pessoas
vivem preocupadas, tristes e sem esperança, devido aos inúmeros fatores que
assolam os seres humanos. São questões financeiras, familiares, medo ou até
mesmo as dúvidas. O Salmos 146 traz um convite para que os homens busquem
depositar sua esperança em Deus. Ocorre que, muitas
vezes, preferimos colocar a nossa esperança nos valores transitórios deste
mundo: no nosso dinheiro, nossa família, nas filosofias, nas ideologias. É mais
fácil, colocarmos a nossa confiança nestas coisas do que no Senhor
todo-poderoso, a quem não vemos. Cometemos um grande erro, pois não existe
salvação nos homens, nos especialistas, no dinheiro, no nosso trabalho. Além
disso, a nossa esperança não está príncipes e nobres, meros homens mortais e
limitados. Eles não cumprem suas funções para com os necessitados, abatidos e
estrangeiros. Lembre-se: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a
esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Coríntios 15.19).
No entanto, a
recomendação do salmista é depositar a nossa esperança no Senhor, pois o Senhor
é qualificado como o Deus de Jacó, Deus fiel, Criador e soberano sobre todas as
coisas. Ele é eterno e reina para sempre. É o único Deus que merece nosso
louvor, por causa das grandiosas obras que Ele fez e continua fazendo em nossas
vidas! É Ele quem reina como Rei sobre Sião de geração em geração. Somente o Senhor tem condições de cumprir as
promessas, ajuda, auxilio e bem estar que as camadas mais pobres do povo
precisam, tornando-se, assim, o nosso único alvo de esperança no qual devemos
depositar toda a nossa confiança.
Estes são
exatamente os motivos pelos quais devemos louvar ao Senhor. Quem deposita a sua
confiança no Senhor é uma pessoa feliz. Nele reside a nossa única esperança
neste mundo, em épocas difíceis, quando homens injustos, governantes
irresponsáveis e injustiças sociais assolarem nossa vida. Portanto, vamos
louvar e depositar a nossa esperança no Senhor!
O salmista inicia o salmo com o louvor a Deus: “Louva, ó minha alma, ao SENHOR.” (v.1). Contudo, ele ainda afirma que promete louvor ao SENHOR por toda a sua vida, enquanto viver – ou então, “até o seu último suspiro”, (v.2) de forma perene e contínua. Mas o que leva o salmista a louvar ao Senhor? Primeiro, precisamos entender que confiar em príncipes e nos filhos dos homens não é uma boa ajuda em épocas de grande aflição. Não há salvação. (v.3). "Até mesmo os príncipes são mortais, e alguns não têm nem mesmo meios de ajudarem a si próprios ."(Sl 118.9). Isto demonstra que o homem é frágil. Por isso, o salmista aconselha não colocarmos nossa confiança e nossa esperança em pessoas, pois não podemos ficar dependendo delas. Sendo assim, o salmista conclui que a garantia da paz do seu povo não viria de príncipes ou dos filhos dos homens, pois eles também eram mortais e sujeitos às vicissitudes da vida, perecendo como qualquer homem. O homem é pó e tornará ao pó. (v.4). O que adianta colocar nossa esperança num ser mortal, que no dia em que ele morre, todos os seus desígnios perecem?
Em contraste com a
fraqueza e mortalidade do homem estão a grandeza de Deus e sua fidelidade:
“Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança
está no SENHOR, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles
há, e mantém para sempre a sua fidelidade.” (v.5-6). Aquele que tem o Senhor
como seu ajudador é uma pessoa feliz. Isto indica um prazer profundo e
permanente, uma alegria imensa. É a descrição mais adequada daqueles cujo
refúgio e esperança residem no Senhor. O salmista também aponta a razão para
que o servo dependente e esperançoso no Senhor seja feliz ao mostrar quem é
Deus. Ele deixa claro que Deus deve ser louvado pelos feitos maravilhosos que
já fez. Ele fez os céus e a terra. Deus fez e mantem a sua fidelidade, ou seja,
Ele sempre cumpre aquilo que se comprometeu a fazer. Já os homens não podem
garantir. Por isso, coloque sua esperança no Senhor que criou todas as coisas e
que mantém para sempre Sua fidelidade
Os últimos versículos (7- 9), o salmista descreve vários benefícios de Deus, em favor das pessoas mais humildes, sofridas, aflitas, oprimidas, famintas. Em outras palavras, Deus age em favor das pessoas mais vulneráveis – as pessoas que mais precisam de esperança. Primeiro, Deus é bondoso e justo. Ele faz justiça aos oprimidos, (v.7a) uma vez que vivemos num mundo cheio de opressão por causa da injustiça. Somos oprimidos pelo sistema que vivemos. São problemas financeiros, familiares, sentimentais, profissionais. Estes problemas e muitos outros, o SENHOR faz justiça às pessoas que vivem oprimidas. Fazer justiça aos oprimidos quer dizer uma lei justa que protege o mais fraco, com o objetivo de buscar o direito do oprimido; de buscar sua identidade. Isto significa o seu direito de lutar, protestar contra a discriminação e encontrar o seu lugar na sociedade. É neste sentido que contamos com ajuda do nosso Deus. Não estamos sozinhos diante desta situação. O Senhor é Justo. Ele está atento a tudo o que se faz contra os seus justos, e sempre se dispõe a intervir. Deus promete fazer justiça aqueles que O buscam.
Ele dá pão aos têm
fome. (v.7b). Isto significa que a justiça de Deus se concretiza no pão aos
famintos, aqueles que têm fome e não possuem recursos próprios, mas dependem de
alguém que possa sustentá-los. Esta atitude é a primeira condição de justiça.
Nenhum plano tem sentido se deixar o povo na fome. O plano de Deus é dar pão
aos famintos. Vejamos alguns exemplos: por 40 anos Deus conduziu e sustentou o
povo de Israel no deserto, até chegar à terra da promessa, a terra que mana
leite e mel. (Ex 16.35) Quando Elias, profeta do Senhor, estava com fome, Deus
ordenou aos corvos que o sustentassem (1 Reis 17.4 e 6). Quando a multidão que
seguia a Jesus estava com fome, cinco pães e dois peixes foram multiplicados
para suprir as necessidades do povo (Mateus 14.19. O Deus que sustentou o seu
povo é o mesmo, não mudou. Ele continua nos sustendo. Peça a Deus o que você
necessita!
Ele liberta os encarcerados.
(v.7c). A opção de Deus pelos oprimidos, famintos, prisioneiros, demonstra
claramente a sua justiça. Ele não quer escravos. No êxodo ficou demonstrado
como o SENHOR rompe as correntes e liberta o povo. De maneira privilegiada esse
poder foi confirmado na volta do exílio babilônico. Sem templo, sem rei e sem a
terra o pequeno grupo do povo, consegue reorganizar-se para encontrar de novo
sua identidade e reconstruir os seus valores. O SENHOR liberta seu povo. Como é
maravilhoso saber que o Ele é Nosso Libertador. Não há correntes e nem
cadeias que possam resistir à força do Seu poder. Ele nos liberta dos vícios,
das prisões emocionais relacionadas às mágoas, ressentimentos, dificuldade de
perdoar, tristeza ou depressão. Enfim, nada prevalece diante do poder
libertador do Senhor.
Ele levanta os
abatidos (v.8b). Muitas pessoas estão abatidas devido aos inúmeros fatores. São
questões financeiras ou familiares, ou pelo medo ou até mesmo as dúvidas que
temos. Diante desta situação, Deus abre um horizonte de esperança para todos os
que sofrem sob o peso da opressão e que não podem manter a dignidade de sua
postura humana. O salmista nos diz que podemos contar com Deus. Ele irá nos
sustentar em suas mãos. Ele irá nos levantar e nos colocar no caminho que devemos
trilhar, pois é um Deus de amor, de misericórdia, de bondade, de mansidão e de
perdão. Ele nunca nega o pedido de ajuda de qualquer um de seus filhos. Ele é o
Deus das nossas esperanças. Ele é poderoso para nos levantar.
Ele ama os justos. (v.8c). Os justos gozam da
atenção constante do SENHOR que ouve o seu clamor a qualquer tempo: “Os olhos
do SENHOR estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.” (Sl
34.15). “Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua
benevolência como de um escudo.” (Sl 5.12). Uma das indicações da presença
constante do SENHOR é, exatamente, o fato de que Ele conhece o caminho dos
justos. Não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos
acompanha, nos adverte e nos corrige. Ele conhece o caminho do Seu povo porque
Ele escolheu para este povo o caminho que ele deve andar. O que o salmista faz
é encher o coração dos aflitos de esperança, enquanto enche os injustos de
temor, transtornando o seu caminho. (v.9b). Literalmente o hebraico diz
“entortar o caminho”, levando os a cair em ruína; morrer. Significa que aqueles
que andaram segundo o caminho da sua própria vontade, e não segundo a vontade
de Deus, e que viveram para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos,
estes perecerão no último dia. Serão condenados ao sofrimento eterno, separados
do SENHOR
Ele protege o
peregrino. (v.9a): Israel passou por essa experiência. Permaneceu estrangeiro e
escravo no Egito. A marca do exílio babilônico fez Israel amargar a vida como
estrangeiro. Os patriarcas também foram estrangeiros em Canaã. Deus tem como
objetivo recuperar os estrangeiros em seus valores, e lhes dá um lugar na
sociedade. Jesus teve grande carinho para com os estrangeiros marginalizados,
como demonstra seu trato com a mulher Cananéia (Mt 15.21-28), com o leproso
samaritano ( Lc 17.11-19) ou na proposta a todos os que “virão do Oriente e do Ocidente,
do Norte e do Sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29).
Ele ampara o órfão
e a viúva (v. 9b): órfão e viúva formam quase sempre uma só classe na Bíblia.
Estas pessoas se encontravam desprotegidas, excluídas, ignoradas, esquecidas e
desamparadas na sociedade da época. Eram pessoas não gratas no conceito
judaico, tanto no AT quanto o NT. Eram pessoas que mais necessitavam da bondade
de Deus. E Deus sempre se preocupou de forma muito peculiar com a vida destas
pessoas. (Dt 26.13). Jesus vai ao encontro delas. Ele apresenta a viúva como
uma pessoa necessitada em termos de proteção e sustento, e que deve ser honrada
e respeitada. Aquela viúva não só deu oferta ao templo como deu “tudo” o que
tinha, tal era a sua confiança em Deus e seu abandono nas mãos daquele que era
o seu SENHOR. Tiago diz que “a religião pura e imaculada consiste em visitar os
órfãos e as viúvas em suas tribulações” (Tg 1.27). Qual é a nossa atitude em
relação a estas pessoas, muitas vezes, excluídas da sociedade e até mesmo da
própria igreja?
Depois de todo
esse panorama, uma demonstração o quanto o SENHOR é bom, o salmista encerra,
trazendo o último motivo para louvarmos ao SENHOR. Ele afirma que o reinado de
Deus é duradouro e contínuo: “O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião,
reina de geração em geração.” (v.10). Deus reina por todas as gerações e o faz
segundo seu poder, fidelidade, bondade e justiça. Onde você tem colocando a sua esperança? Em
você? Nos planos e sonhos do homem? Nas ideologias? Filosofias? Quando Deus é o
nosso motivo de louvor sincero e consciente, não temos outros deuses diante de
nós; não reverenciamos e não confiamos em nenhum outro ser ou personalidade;
não depositamos nossas vidas e esperanças em outras mãos. Acima de tudo,
confiamos em Deus, no Seu amor, na Sua fidelidade. Ele é a nossa esperança.
Amém!