TEXTO: ÊX 3.1-15
TEMA: EIS ME AQUI SENHOR!
Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos personagens bíblicos que
foram fiéis ao chamado de Deus, e responderam: “Eis-me aqui, Senhor”. Em nosso
texto, encontramos um personagem que também respondeu: “Eis-me aqui” (v.4).
Quando Deus o chamou, Ele desejava que Moisés voltasse para o Egito, para
resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem à terra que o SENHOR havia
prometido. Era uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.
No entanto, Moisés demonstrou dificuldade para compreender o chamado de
Deus. Procurou motivos ou desculpas. Revelou falta de confiança de que Deus
agiria em sua vida. Esqueceu-se de que
estava na presença do Criador. Mesmo assim, diante das suas dificuldades, Deus mostrou a Moisés
que ele seria capacitado para realizar a obra da libertação do povo hebreu. E
diante do medo, da insignificância e da solidão de Moisés, Deus diz: “Eu serei
contigo; e este será o sinal de que eu te enviei” (3.12). Além disso, diante da
falta de credibilidade e intimidade com o SENHOR, Deus se revela e diz: “EU SOU
me enviou a vós outros” (3.14). Como se observa, Deus elimina todas as
desculpas de Moisés. Ele não tinha mais motivo para recusar o chamado de Deus. Depois desta reação, aceitou a
missão de ir a Faraó, rei do Egito, para a libertação do povo de Israel.
Deus também nos chama. Mas, muitas vezes, somos relutantes em obedecer a
Deus, quando Ele nos chama. Recusamos cumprir os papéis que Deus nos tem dado,
porque nos julgamos incapazes. Achamos desculpas por não fazer a vontade de
Deus. Mas precisamos entender que ao sermos chamados Deus nos qualifica, nos transforma e nos dá nova
vida, assim como aconteceu com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram
instruídos para levar a Sua mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos
ter medo porque a iniciativa é toda do SENHOR. A nossa parte é responder,
dizendo: Eis me aqui Senhor!
O povo de Israel sofria terrivelmente no Egito. Os egípcios dominavam os hebreus com tirania, com extrema dureza e tortura física, e até matavam os filhos recém-nascidos para controlar o crescimento da nação escrava. Para se livrar deste sofrimento, a mãe de Moisés, Joquebede, escondeu o próprio filho e, depois, deixou que ele fosse adotado por uma princesa do Egito, onde foi educado na corte com toda a sabedoria da cultura egípcia. Durante este tempo, Moisés viu a injustiça e tentou defender seu povo. Matou um egípcio que espancava um dos hebreus. Como consequência, teve que fugir do Egito. Distante de seu povo, Moisés tornou-se um pastor de ovelhas, casou e teve filhos.
Quando estava apascentando o rebanho de Jetro, seu sogro, perto do Monte
Horebe, o monte de Deus, o anjo do SENHOR apareceu para Moisés, e convidou a
regressar ao Egito e libertar o seu povo. Apareceu-lhe, numa simples sarça para
manifestar o seu poder, revelando-lhe o seu nome, pois o contexto sugere que o
Anjo do SENHOR, se refira aos nomes de Deus. (vv. 4-6,11-16) e do SENHOR (vv.
2, 4, 7, 15-16, 18). Diz o texto que Moisés “olhou e viu que a sarça ardia no
fogo e não se consumia”. (v.2). Sarça é uma planta espinhosa, e era comum
naquela região. O fogo simboliza a Glória de Deus (Êx 24.17), é símbolo do
Espírito Santo. Ele ilumina, aquece, purifica, transforma, entre outras
características. Naturalmente, nenhuma sarça chamou a atenção de Moisés (em
especial), senão aquela que queimava, não se consumia, que havia calor e luz,
mas sem destruição. Foi exatamente isso que chamou a atenção de Moisés. Aquele
fenômeno despertou em Moisés uma curiosidade investigativa. Então, disse: “Irei
para lá e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima?” (v.3). O verbo no hebraico ראָה (ver) ocupa uma posição muito
importante neste versículo, bem como nos versículos 2 e 4. Ele tem o sentido de
perceber, entender, aprender de ser visto ou revelar.
Portanto, a pretensão de Moisés era chegar
mais perto e ver aquele fenômeno. Ele se aproxima para ver Deus no meio daquela
sarça. Então, o SENHOR disse: “Moisés! Moisés! Ele respondeu: “Eis-me aqui!”
(v.4).
Este encontro de Moisés com Deus é um
momento inesquecível. O SENHOR o chama pelo nome, o que faz lembrar o chamado
de Deus a Abraão no momento em que este estava para sacrificar seu próprio
filho (Gn 22.11). A resposta de Moisés foi exatamente igual à de Abraão (Gn
22.1,11). Deus chama Moisés, e ele responde: “Eis-me aqui.” Essa expressão
significa estar presente e ter disposição de querer servir da melhor forma
possível. Significa entrega, total confiança e disposição em servir ao SENHOR. Ela remete à submissão voluntária e à consagração.
Seria alguém que está respondendo ao chamado e se colocando à disposição para servir.
Quando Deus chamou Moisés, o SENHOR desejava que ele voltasse para o Egito,
para resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem a terra prometida. Era
uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.
Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos
personagens bíblicos que foram fiéis ao chamado de Deus. Reconheceram o grande
privilégio de serem usadas no trabalho do Reino de Deus ao responder: “Eis-me
aqui, Senhor”. Isso aconteceu com Abraão quando Deus o chamou para pô-lo à prova
(Gn 22.1). Jacó, também, quando Deus falou com ele em visões (Gn 46.2). Isaias,
quando ouviu a voz de Deus que dizia: “a quem enviarei, e quem há de ir por
nós?”, e respondeu “eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8). Deus chamou Samuel:
“Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel,
Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. (1 Samuel 3.10). Deus
chamou Isaías: “Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem
irá por nós? E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!” (Isaías 6.8).
Essa é a resposta que devemos dar a Deus em
nossos dias. Ele também nos chama. Procura
pessoas disponíveis para a Sua obra, pessoas que aceitam e abraçam o chamado, dizendo
“eis-me aqui, Senhor.” Quando Ele nos chama, realiza grandes mudanças em nossas
vidas, nos abençoa, suprindo as nossas necessidades, e estende sua poderosa
proteção sobre nós. Portanto, o nosso “eis-me aqui” deve estar unido de
prontidão, obediência e atitude, pois Deus quer pessoas que estejam disponíveis
para trabalhar, porque o Reino de Deus envolve trabalho e muita dedicação.
Sendo assim, será que podemos negligenciar seu chamado? Será que temos o
direito de vivermos como filhos que não estão produzindo frutos?
Moisés estava seguro da presença de Deus
daquele lugar. Ele aceitou o chamado de Deus para dispor-se a Ele, como seu
SENHOR. Mas ainda não conhecia a imensidão e responsabilidade de sua tarefa.
Ele ainda vivia sua própria vida cuidando de sua família e do rebanho do seu
sogro. Não tinha nenhum planejamento pessoal em libertar o povo, pois já haviam
passado 40 anos e nunca tinha voltado para ver seu povo escravo no Egito.
Porém, Deus tem um encontro, a fim de lhe dar uma missão tão sublime. Ele
ensinou a Moisés uma lição sobre a santidade, que é regra imprescindível e
primordial, para que Moisés estabelecesse um relacionamento com o Criador. Por
isso, Moisés deveria entender que não estava mais em um simples lugar, mas na
presença viva de Deus manifestada. Sendo assim, deveria ter respeito, reverência e consideração perante o
local em que estava.
Deus deixa claro esta questão “Não te chegues
para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.”
(v.5). Tirar as sandálias era um gesto de respeito, reverência, de humildade. Ainda
é costume no Oriente Médio tirar as sandálias daquele que entra numa casa. O
SENHOR pediu a Moisés que tirasse as sandálias, pois estava entrando em um
espaço santo. Pisando em terra santa! Por isso, sendo um lugar santo, deveria
tirar as sandálias em resposta à santidade do SENHOR. A retirada das sandálias representa a obrigação de “remover” todos os
aspectos físicos, que possam servir de impedimento para se chegar à presença de
Deus.
De fato, quando nos aproximamos do Criador,
seja na adoração pública ou particular, temos que entender a seriedade de estar
diante de Deus. Ele quer que nos cheguemos a Ele com espírito reverente, pois
estamos entrando em um espaço santo. E não se anda de qualquer jeito em lugar
santo, pois não estamos em um simples lugar, mas na presença de Deus. Portanto,
precisamos dar sentido à verdadeira adoração que se realiza na casa de Deus. E
o verdadeiro sentido é este: a casa de Deus deve ser reservada exclusivamente
para o culto e para a oração. É o momento que SENHOR vem ao nosso encontro para
derramar suas bênçãos sobre nós através da Palavra e dos sacramentos. É lugar
onde outros poderão encontrar a Deus a partir de nosso testemunho em palavra e
ação. Por isso, precisamos tirar as sandálias em respeito, reverencia ao nosso
Deus, isso significa nos despojar de todas as coisas que nos impede de adorar a
Deus. Quando não ocorre esta adoração a Deus, algumas sandálias precisam ser
removidas para podermos nos aproximar do Senhor e lhe prestar um culto que seja
agradável e aceitável diante do Senhor.
Naquele lugar, Deus demonstrou o Seu poder
para Moisés e revelou a ele o Seu Santo Nome. Revelou a Sua verdadeira
natureza. Revelou que é Deus Todo-Poderoso, ilimitado e, ao mesmo tempo, santo e
misericordioso. Simplesmente, Ele diz a Moisés: EU SOU. Desta forma Deus se
revela a Moisés. Eram formas que Deus usava para se identificar ao Seu povo.
Porém, o que vemos, como uma simples identificação ou expressão, na verdade,
traz um significado extremamente complexo e poderoso ao mesmo tempo. Significa
que Deus é um Ser independente, que existe e vive absolutamente por Si só,
distinguindo-se assim de qualquer outra ser criado. É importante observar, que o
mesmo Deus que se revela a Moisés é o mesmo que antes se revelou aos patriarcas
(Gn 26.24; 46.3-4): “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de
Jacó.” (v..6). Ao mencionar estes nomes, o Senhor garantia a Moisés que
Sua aliança com os patriarcas de Israel permanecia em vigor.
Após Deus
ter revelado o seu nome, Ele comunica Seus recados a Moisés e demonstra o
cuidado diante da missão que Moisés teria que exercer: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu
clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a
fim de livrá-lo da mão dos egípcios... Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó,
para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.” (vv .7-10). Através
deste versículo destaco quatro pontos que demostram o cuidado de Deus ao seu
povo. Primeiro: O Senhor vê as aflições de seu povo.
(v 7a). O Senhor não é como os ídolos dos falsos deuses dos povos pagãos, que
“têm olhos e não veem” (Sl 115.5b). Antes, “os olhos do Senhor estão sobre os
que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia; para lhes livrar as
almas da morte, e para conservá-los vivos na fome” (Salmo 33.18s).
Segundo: O
Senhor ouve o clamor de seu povo. (v 7b). O Senhor estava atento às
súplicas do seu povo. Diferente dos ídolos, “que têm ouvidos e não ouvem”
(Salmo 115.6a). Ele não está indiferente e tem percebido as dificuldades que
passamos neste momento. São necessidades da nossa família, as nossas aflições,
os problemas que enfrentamos em nosso trabalho. Deus vê cada lágrima e tem
conhecimento de todas as opressões que passamos durante o nosso sofrimento. Ele
nos conhece antes mesmo de sermos gerados. O Agir poderoso de Deus é algo
maravilhoso! Ele é o soberano, fiel, misericordioso em nos socorrer. Ele vai ao
encontro dos necessitados, oprimidos, acusados, marginalizados, perdidos,
desorientados.
Em terceiro: O Senhor conhece
o sofrimento de seu povo. (v 7c). O Senhor sabia o quanto o povo estava
sofrendo. Por isso, se compadeceu. Em quarto: O Senhor desce para livrar o
seu povo dos egípcios. (v 8a). A expressão desci para livrá-lo fala da
graciosa intervenção divina na
terra (SI 40.1). Isto significa que Deus estava totalmente ciente dos problemas
de Seu povo. Ele, agora, interviria na vida de seu povo, para fazê-lo com que
ele saísse daquela terra (Egito), e entrasse a uma terra boa e larga, a uma
terra que mana leite e mel. Era a grande promessa do Senhor para Seu povo (Gn
12.7; 15.12-21; Êx 6.8). A terra de Canaã daria todo o sustento necessário.
Algumas partes seriam destinadas à criação de rebanhos, e outras à agricultura.
Sob a bênção de Deus, leite e mel jorrariam à vontade.
Com todas estas
bênçãos maravilhosas, Moisés ainda apresenta as suas desculpas. Primeira desculpa: Quem sou eu para ir a
Faraó tirar do Egito os filhos de Israel?? (3.11). Moisés lutava
consigo mesmo. Não se sentia capaz. Pensava que Deus tinha escolhido a
pessoa errada. Mas Deus tem uma resposta para Moisés: Não importa quem você é. Eu serei contigo.
(3.12.). Segunda desculpa: Quem é o Senhor?
Qual o seu nome? Que lhes direi?
(3.13). Moisés não tinha muito conhecimento de
Deus, tinha pouca intimidade. Entendeu que teria dificuldades para apresentar
Deus ao povo. Faltava lhe convicções sobre o que Deus faria em favor
daquele povo. Eis a resposta de Deus: “EU SOU O QUE SOU.” Diga aos filhos de Israel:
EU SOU me enviou a vos outros.” (v.14). Deus se revelou a Moisés pelo seu nome
pessoal: Yahweh. Ele é o grande EU SOU. Ele é o Deus imutável, por quem todas
as coisas existem. Ele é misericordioso, gracioso, longânimo, cheio de bondade
e verdade. Este é o Deus que os
filhos de Israel deveriam crer, confiar, acreditar, pois é um Deus que traz
consigo uma nova revelação e experiência para o povo judeu. Eles
experimentariam a salvação da escravidão do Egito e promessa de uma nova aliança.
Assim Deus se fez
conhecido, para que pudessem reviver entre eles a religião de seus pais, que
estava muito deteriorada e quase perdida. E, para que eles pudessem elevar suas
expectativas quanto à rápida execução das promessas feitas a seus pais, Moisés
deveria dizer aos filhos de Israel que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, me enviou.
Era a prova que a aliança com os
patriarcas de Israel permanecia em vigor. Depois as desculpas e exortações da parte
de Deus, Moisés assumiu seu ministério, fez sinais, maravilhas e libertou seu
povo da escravidão do Egito como servo fiel. No devido tempo deixa Midiã e
coloca-se debaixo da potente Mão de Deus, segue para o Egito, levando na mão o
cajado de Deus para as grandes batalhas. O Deus que esteve com Israel é o mesmo
que sempre está com o seu povo em todas as gerações, que está disposto a ajudar,
e se faz presente em todos os momentos. Um Deus que é santo e exige do seu povo
também santidade.
Deus tem nos
chamados. Ele tem nos comissionados. Mas como temos respondido o chamado que o SENHOR?
Temos respondido “Eis me aqui Senhor”, ou criamos milhares de desculpas para
não viver a gloria de Deus, dizendo: “não posso, não sou capaz, há pessoas mais
qualificadas do que eu, não tenho tempo para tanta responsabilidade, tenho
vergonha de falar em público”. A verdade é que muitas pessoas têm dado
respostas que não atendem ao chamado de Deus. No entanto, ao sermos chamados,
Cristo nos qualifica, nos transforma e nos dá nova vida, assim como aconteceu
com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram instruídos para levar a Sua
mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos ter medo porque a iniciativa
é toda do SENHOR. A nossa parte é responder dizendo: “Eis me aqui Senhor.”
Amém!
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