quinta-feira, 3 de novembro de 2022

 

TEXTO: ÊX 3.1-15

TEMA: EIS ME AQUI SENHOR!

Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos personagens bíblicos que foram fiéis ao chamado de Deus, e responderam: “Eis-me aqui, Senhor”. Em nosso texto, encontramos um personagem que também respondeu: “Eis-me aqui” (v.4). Quando Deus o chamou, Ele desejava que Moisés voltasse para o Egito, para resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem à terra que o SENHOR havia prometido. Era uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.

No entanto, Moisés demonstrou dificuldade para compreender o chamado de Deus. Procurou motivos ou desculpas. Revelou falta de confiança de que Deus agiria em sua vida.  Esqueceu-se de que estava na presença do Criador. Mesmo assim, diante das suas dificuldades, Deus mostrou a Moisés que ele seria capacitado para realizar a obra da libertação do povo hebreu. E diante do medo, da insignificância e da solidão de Moisés, Deus diz: “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei” (3.12). Além disso, diante da falta de credibilidade e intimidade com o SENHOR, Deus se revela e diz: “EU SOU me enviou a vós outros” (3.14). Como se observa, Deus elimina todas as desculpas de Moisés. Ele não tinha mais motivo para recusar o chamado de Deus. Depois desta reação, aceitou a missão de ir a Faraó, rei do Egito, para a libertação do povo de Israel.

Deus também nos chama. Mas, muitas vezes, somos relutantes em obedecer a Deus, quando Ele nos chama. Recusamos cumprir os papéis que Deus nos tem dado, porque nos julgamos incapazes. Achamos desculpas por não fazer a vontade de Deus. Mas precisamos entender que ao sermos chamados Deus nos qualifica, nos transforma e nos dá nova vida, assim como aconteceu com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram instruídos para levar a Sua mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos ter medo porque a iniciativa é toda do SENHOR. A nossa parte é responder, dizendo: Eis me aqui Senhor! 

O povo de Israel sofria terrivelmente no Egito. Os egípcios dominavam os hebreus com tirania, com extrema dureza e tortura física, e até matavam os filhos recém-nascidos para controlar o crescimento da nação escrava. Para se livrar deste sofrimento, a mãe de Moisés, Joquebede, escondeu o próprio filho e, depois, deixou que ele fosse adotado por uma princesa do Egito, onde foi educado na corte com toda a sabedoria da cultura egípcia. Durante este tempo, Moisés viu a injustiça e tentou defender seu povo. Matou um egípcio que espancava um dos hebreus. Como consequência, teve que fugir do Egito. Distante de seu povo, Moisés tornou-se um pastor de ovelhas, casou e teve filhos.

Quando estava apascentando o rebanho de Jetro, seu sogro, perto do Monte Horebe, o monte de Deus, o anjo do SENHOR apareceu para Moisés, e convidou a regressar ao Egito e libertar o seu povo. Apareceu-lhe, numa simples sarça para manifestar o seu poder, revelando-lhe o seu nome, pois o contexto sugere que o Anjo do SENHOR, se refira aos nomes de Deus. (vv. 4-6,11-16) e do SENHOR (vv. 2, 4, 7, 15-16, 18). Diz o texto que Moisés “olhou e viu que a sarça ardia no fogo e não se consumia”. (v.2). Sarça é uma planta espinhosa, e era comum naquela região. O fogo simboliza a Glória de Deus (Êx 24.17), é símbolo do Espírito Santo. Ele ilumina, aquece, purifica, transforma, entre outras características. Naturalmente, nenhuma sarça chamou a atenção de Moisés (em especial), senão aquela que queimava, não se consumia, que havia calor e luz, mas sem destruição. Foi exatamente isso que chamou a atenção de Moisés. Aquele fenômeno despertou em Moisés uma curiosidade investigativa. Então, disse: “Irei para lá e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima?” (v.3). O verbo no hebraico ראָה (ver) ocupa uma posição muito importante neste versículo, bem como nos versículos 2 e 4. Ele tem o sentido de perceber, entender, aprender de ser visto ou revelar.

Portanto, a pretensão de Moisés era chegar mais perto e ver aquele fenômeno. Ele se aproxima para ver Deus no meio daquela sarça. Então, o SENHOR disse: “Moisés! Moisés! Ele respondeu: “Eis-me aqui!” (v.4). Este encontro de Moisés com Deus é um momento inesquecível. O SENHOR o chama pelo nome, o que faz lembrar o chamado de Deus a Abraão no momento em que este estava para sacrificar seu próprio filho (Gn 22.11). A resposta de Moisés foi exatamente igual à de Abraão (Gn 22.1,11). Deus chama Moisés, e ele responde: “Eis-me aqui.” Essa expressão significa estar presente e ter disposição de querer servir da melhor forma possível. Significa entrega, total confiança e disposição em servir ao SENHOR. Ela remete à submissão voluntária e à consagração. Seria alguém que está respondendo ao chamado e se colocando à disposição para servir. Quando Deus chamou Moisés, o SENHOR desejava que ele voltasse para o Egito, para resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem a terra prometida. Era uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.

Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos personagens bíblicos que foram fiéis ao chamado de Deus. Reconheceram o grande privilégio de serem usadas no trabalho do Reino de Deus ao responder: “Eis-me aqui, Senhor”. Isso aconteceu com Abraão quando Deus o chamou para pô-lo à prova (Gn 22.1). Jacó, também, quando Deus falou com ele em visões (Gn 46.2). Isaias, quando ouviu a voz de Deus que dizia: “a quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, e respondeu “eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8). Deus chamou Samuel: “Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. (1 Samuel 3.10). Deus chamou Isaías: “Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem irá por nós? E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!” (Isaías 6.8).

Essa é a resposta que devemos dar a Deus em nossos dias. Ele também nos chama.  Procura pessoas disponíveis para a Sua obra, pessoas que aceitam e abraçam o chamado, dizendo “eis-me aqui, Senhor.” Quando Ele nos chama, realiza grandes mudanças em nossas vidas, nos abençoa, suprindo as nossas necessidades, e estende sua poderosa proteção sobre nós. Portanto, o nosso “eis-me aqui” deve estar unido de prontidão, obediência e atitude, pois Deus quer pessoas que estejam disponíveis para trabalhar, porque o Reino de Deus envolve trabalho e muita dedicação. Sendo assim, será que podemos negligenciar seu chamado? Será que temos o direito de vivermos como filhos que não estão produzindo frutos?

Moisés estava seguro da presença de Deus daquele lugar. Ele aceitou o chamado de Deus para dispor-se a Ele, como seu SENHOR. Mas ainda não conhecia a imensidão e responsabilidade de sua tarefa. Ele ainda vivia sua própria vida cuidando de sua família e do rebanho do seu sogro. Não tinha nenhum planejamento pessoal em libertar o povo, pois já haviam passado 40 anos e nunca tinha voltado para ver seu povo escravo no Egito. Porém, Deus tem um encontro, a fim de lhe dar uma missão tão sublime. Ele ensinou a Moisés uma lição sobre a santidade, que é regra imprescindível e primordial, para que Moisés estabelecesse um relacionamento com o Criador. Por isso, Moisés deveria entender que não estava mais em um simples lugar, mas na presença viva de Deus manifestada. Sendo assim, deveria ter respeito, reverência e consideração perante o local em que estava. 

Deus deixa claro esta questão “Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (v.5). Tirar as sandálias era um gesto de respeito, reverência, de humildade. Ainda é costume no Oriente Médio tirar as sandálias daquele que entra numa casa. O SENHOR pediu a Moisés que tirasse as sandálias, pois estava entrando em um espaço santo. Pisando em terra santa! Por isso, sendo um lugar santo, deveria tirar as sandálias em resposta à santidade do SENHOR. A retirada das sandálias  representa a obrigação de “remover” todos os aspectos físicos, que possam servir de impedimento para se chegar à presença de Deus.

De fato, quando nos aproximamos do Criador, seja na adoração pública ou particular, temos que entender a seriedade de estar diante de Deus. Ele quer que nos cheguemos a Ele com espírito reverente, pois estamos entrando em um espaço santo. E não se anda de qualquer jeito em lugar santo, pois não estamos em um simples lugar, mas na presença de Deus. Portanto, precisamos dar sentido à verdadeira adoração que se realiza na casa de Deus. E o verdadeiro sentido é este: a casa de Deus deve ser reservada exclusivamente para o culto e para a oração. É o momento que SENHOR vem ao nosso encontro para derramar suas bênçãos sobre nós através da Palavra e dos sacramentos. É lugar onde outros poderão encontrar a Deus a partir de nosso testemunho em palavra e ação. Por isso, precisamos tirar as sandálias em respeito, reverencia ao nosso Deus, isso significa nos despojar de todas as coisas que nos impede de adorar a Deus. Quando não ocorre esta adoração a Deus, algumas sandálias precisam ser removidas para podermos nos aproximar do Senhor e lhe prestar um culto que seja agradável e aceitável diante do Senhor.

Naquele lugar, Deus demonstrou o Seu poder para Moisés e revelou a ele o Seu Santo Nome. Revelou a Sua verdadeira natureza. Revelou que é Deus Todo-Poderoso, ilimitado e, ao mesmo tempo, santo e misericordioso. Simplesmente, Ele diz a Moisés: EU SOU. Desta forma Deus se revela a Moisés. Eram formas que Deus usava para se identificar ao Seu povo. Porém, o que vemos, como uma simples identificação ou expressão, na verdade, traz um significado extremamente complexo e poderoso ao mesmo tempo. Significa que Deus é um Ser independente, que existe e vive absolutamente por Si só, distinguindo-se assim de qualquer outra ser criado. É importante observar, que o mesmo Deus que se revela a Moisés é o mesmo que antes se revelou aos patriarcas (Gn 26.24; 46.3-4):Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” (v..6). Ao mencionar estes nomes, o Senhor garantia a Moisés que Sua aliança com os patriarcas de Israel permanecia em vigor.

Após Deus ter revelado o seu nome, Ele comunica Seus recados a Moisés e demonstra o cuidado diante da missão que Moisés teria que exercer: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios... Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.” (vv .7-10). Através deste versículo destaco quatro pontos que demostram o cuidado de Deus ao seu povo. Primeiro: O Senhor vê as aflições de seu povo. (v 7a). O Senhor não é como os ídolos dos falsos deuses dos povos pagãos, que “têm olhos e não veem” (Sl 115.5b). Antes, “os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia; para lhes livrar as almas da morte, e para conservá-los vivos na fome” (Salmo 33.18s).

Segundo: O Senhor ouve o clamor de seu povo. (v 7b). O Senhor estava atento às súplicas do seu povo. Diferente dos ídolos, “que têm ouvidos e não ouvem” (Salmo 115.6a). Ele não está indiferente e tem percebido as dificuldades que passamos neste momento. São necessidades da nossa família, as nossas aflições, os problemas que enfrentamos em nosso trabalho. Deus vê cada lágrima e tem conhecimento de todas as opressões que passamos durante o nosso sofrimento. Ele nos conhece antes mesmo de sermos gerados. O Agir poderoso de Deus é algo maravilhoso! Ele é o soberano, fiel, misericordioso em nos socorrer. Ele vai ao encontro dos necessitados, oprimidos, acusados, marginalizados, perdidos, desorientados. 

Em terceiro: O Senhor conhece o sofrimento de seu povo. (v 7c). O Senhor sabia o quanto o povo estava sofrendo. Por isso, se compadeceu. Em quarto: O Senhor desce para livrar o seu povo dos egípcios. (v 8a). A expressão desci para livrá-lo fala da graciosa intervenção divina na terra (SI 40.1). Isto significa que Deus estava totalmente ciente dos problemas de Seu povo. Ele, agora, interviria na vida de seu povo, para fazê-lo com que ele saísse daquela terra (Egito), e entrasse a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel. Era a grande promessa do Senhor para Seu povo (Gn 12.7; 15.12-21; Êx 6.8). A terra de Canaã daria todo o sustento necessário. Algumas partes seriam destinadas à criação de rebanhos, e outras à agricultura. Sob a bênção de Deus, leite e mel jorrariam à vontade.

Com todas estas bênçãos maravilhosas, Moisés ainda apresenta as suas desculpas. Primeira desculpa: Quem sou eu para ir a Faraó tirar do Egito os filhos de Israel?? (3.11). Moisés lutava consigo mesmo.  Não se sentia capaz. Pensava que Deus tinha escolhido a pessoa errada. Mas Deus tem uma resposta para Moisés: Não importa quem você é. Eu serei contigo. (3.12.).  Segunda desculpa: Quem é o Senhor? Qual o seu nome? Que lhes direi? (3.13).    Moisés não tinha muito conhecimento de Deus, tinha pouca intimidade. Entendeu que teria dificuldades para apresentar Deus ao povo. Faltava lhe convicções sobre o que Deus faria em favor daquele povo. Eis a resposta de Deus: “EU SOU O QUE SOU.” Diga aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vos outros.” (v.14). Deus se revelou a Moisés pelo seu nome pessoal: Yahweh. Ele é o grande EU SOU. Ele é o Deus imutável, por quem todas as coisas existem. Ele é misericordioso, gracioso, longânimo, cheio de bondade e verdade. Este é o Deus que os filhos de Israel deveriam crer, confiar, acreditar, pois é um Deus que traz consigo uma nova revelação e experiência para o povo judeu. Eles experimentariam a salvação da escravidão do Egito e promessa de uma nova aliança.

Assim Deus se fez conhecido, para que pudessem reviver entre eles a religião de seus pais, que estava muito deteriorada e quase perdida. E, para que eles pudessem elevar suas expectativas quanto à rápida execução das promessas feitas a seus pais, Moisés deveria dizer aos filhos de Israel que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, me enviou. Era a prova que a aliança com os patriarcas de Israel permanecia em vigor. Depois as desculpas e exortações da parte de Deus, Moisés assumiu seu ministério, fez sinais, maravilhas e libertou seu povo da escravidão do Egito como servo fiel. No devido tempo deixa Midiã e coloca-se debaixo da potente Mão de Deus, segue para o Egito, levando na mão o cajado de Deus para as grandes batalhas. O Deus que esteve com Israel é o mesmo que sempre está com o seu povo em todas as gerações, que está disposto a ajudar, e se faz presente em todos os momentos. Um Deus que é santo e exige do seu povo também santidade.

Deus tem nos chamados. Ele tem nos comissionados. Mas como temos respondido o chamado que o SENHOR? Temos respondido “Eis me aqui Senhor”, ou criamos milhares de desculpas para não viver a gloria de Deus, dizendo: “não posso, não sou capaz, há pessoas mais qualificadas do que eu, não tenho tempo para tanta responsabilidade, tenho vergonha de falar em público”.  A verdade é que muitas pessoas têm dado respostas que não atendem ao chamado de Deus. No entanto, ao sermos chamados, Cristo nos qualifica, nos transforma e nos dá nova vida, assim como aconteceu com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram instruídos para levar a Sua mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos ter medo porque a iniciativa é toda do SENHOR. A nossa parte é responder dizendo: “Eis me aqui Senhor.” Amém!

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