segunda-feira, 17 de junho de 2024

TEXTO: MC 4.35-41

TEMA: COM CRISTO, NÃO PRECISAMOS TEMER AS TEMPESTADES DA VIDA.

O barco onde estavam os discípulos com Jesus, era castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água. Parecia ser o fim. O barco iria afundar.  Tomados pelo medo, os discípulos observam que Jesus dormia, não atentando para a situação difícil deles. Eles o acordaram com uma crítica: Mestre, não te importa que pereçamos? Jesus repreende a natureza e dirige aos discípulos. Jesus sabe de suas fraquezas e medo, e cuida deles

A nossa vida é comparada a um barco em alto mar. Enfrentamos temporais que nos causam pânico. São tantas adversidades que sacodem nosso barco, levando a crer que fomos abandonados por Deus. Quanto medo e angustia em nossos corações. Será que Deus está comigo nessa tempestade? Será que Deus está se importando de fato com minha situação?

Lembre-se:  Cristo está no barco, não há por que temer a tempestade. Não importa o tamanho da tempestade, Ele sempre estará conosco. Há muitas razões para cremos e descansarmos no Senhor. Dois pontos merecem destaque: Em primeiro lugar, eles deviam crer na palavra de Jesus. O Senhor havia dito a eles: “passemos para a outra margem”. O Senhor não disse: “passemos para o meio do mar para naufragarmos”. Os discípulos deveriam se lembrar de que, quando o Senhor fala, ele cumpre a sua palavra. Podem passar o céu e a terra, mas as palavras do Senhor não passarão. Em segundo lugar, eles deviam crer na presença de Jesus. Havia uma tempestade, mas o Senhor estava com eles no barco. Não estamos navegando sozinhos. Ele está conosco no barco. Com ele em nosso barco, podemos repetir as palavras do rei Davi: “Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo” (Salmo 23.4).

Vendo Jesus muita gente ao seu redor ordenou passar para a outra margem. Marcos afirma que os discípulos despediram a multidão e levaram o Senhor, assim como estava no barco. Certamente, o Mestre estava exausto. Teve um dia tão movimentado e precisava repousar antes de continuar sua missão no outro lado do mar. Para aquele momento, Jesus usou um travesseiro para dormir, para descansar. Tudo é calmo, e a viagem parece correr normalmente. Mas de repente muda o cenário. Diz o texto: Ora, levantou-se grande temporal de vento, e as ondas se arremessaram contra o barco, de modo que o mesmo já estava a encher-se de água.” (v.36). Mateus diz que o barco era varrido pelas ondas. (Mt 8.24). Lucas diz que sobreveio uma tempestade de vento no lago, correndo eles o perigo de soçobrar. (Lc 8.23). Com a força da ventania, a segurança do barco e de seus ocupantes estava ameaçada, à medida que as ondas o assolavam

Era realmente uma situação crítica para os discípulos. O barco castigado pelo vento, varrido pelas ondas enfurecidas, enchendo-se de água, parecia ser o fim. O barco iria afundar. Em meio a toda esta situação, Jesus dormia tranquilamente: (v.38a). Não ouvia o uivar furioso dos ventos. Nem percebia as violentas sacudidas do barco, nem sentia as rajadas de água que cobriam a todos. Tomados pelo medo, os discípulos o acordaram com uma crítica: “Mestre, não te importa que pereçamos?” (v.38b). Nessa hora de desespero, podemos imaginar que gritaria. Os demais evangelistas transmitem os gritos de desesperos. Mateus afirma: “Senhor, salva-nos, perecemos” (8.25). Lucas: “Mestre, Mestre, estamos perecendo”. (8.24).

Acredito que a maioria já presenciou uma tempestade, principalmente, no mar. Ela nem sempre é previsível, pois, muitas vezes, ocorre repentinamente. Ficamos preocupados, ansiosos, assustados ou até mesmo desesperados. Os ventos sopram por todos os lados, deixando o mar cada vez mais revolto e as ondas cada vez mais altas ao ponto de balançar toda a estrutura do nosso barco. Sentimos que o nosso barco realmente vai afundar. Quando refletimos sobre as “tempestades” da vida, elas também são inesperadas. Elas não escolhem a quem atingir, pois quem estiver em sua direção será afetado, independente de sua classe social, vida financeira ou moral. Algumas são mais intensas, outras mais suaves. Algumas duram mais tempo, outras passam rápido. São as enfermidades inesperadas, desemprego, problemas conjugais, acidentes, mortes, conflitos. Enfrentamos tantas tempestades e sentimos que o nosso barco está afundando, parecendo que este será o nosso fim tão trágico, que jamais conseguiremos passar para o outro lado da margem do mar. Nesse momento temos a sensação de que Deus está dormindo. Parece não estar atento aos dramas da nossa vida. Parece que se esqueceu de nós, ou até mesmo não nos ouve mais.

Quando estas tempestades nos alcançam e desestabilizam nosso barco, fazemos tantas perguntas: Será que Deus está comigo nessa tempestade? Será que Deus está se importando de fato com minha situação?  O Senhor não vai fazer nada para me socorrer? Talvez esse seja o clamor da sua alma no momento!  São questionamentos que a maioria das pessoas têm feito, pois não se conformam com esta realidade. No entanto, não há motivos para tanta preocupação! Lembrando sempre que as tribulações e os problemas que enfrentamos, nos planos de Deus, sempre visam um objetivo: Deus quer pôr à prova a nossa fé, para torná-la mais forte e pura, nos momentos de extrema angustia, tristeza, dores, doenças, acidentes, ou problemas de ordem econômica e desemprego. Também não há motivos para temer!  Não estamos sozinhos neste barco. Jesus está sempre ao nosso lado, quando a tempestade chegar. Aquele que é maior que as circunstâncias, mais forte que o vento, aquele que criou o mar não permite que as “tempestades” da vida venham nos destruir. Ele levanta aquele que está caído e acalma a tormenta da nossa vida. Como é bom confiar inteiramente nas promessas de Deus, de que ele estará conosco todos os dias.

Os discípulos sabiam da gravidade da tempestade. Entenderam que sozinhos seria impossível controlar o barco açoitado pelas ondas, não havia outra solução. Sendo assim, acordam Jesus. Ele intervém na natureza: Acalma-te, emudece! (v.39), ou seja,” silêncio, cala-te”. A palavra dita por Jesus produziu calmaria instantânea. O vento se aquietou, e fez-se grande bonança. Agora, havia tranquilidade, mas Jesus se volta aos discípulos e os repreende por sua falta de fé, chamando-os de "tímidos”: “Por que sois assim tímidos? Como é que não tendes fé”? A expressão “sois tímidos” significa "medrosos", dando uma ideia de que o medo é justamente isso: falta de fé no Senhor.

Naquele momento, os discípulos revelaram-se vacilantes, isto é, ficaram com medo, nervosos, sem saída, desesperados. O medo é um sentimento que está presente na vida das pessoas. Afinal, quem não tem medo de atravessar uma avenida movimentada? Quem não tem medo de uma tempestade? Quem não tem medo de ser assaltado? Mas é difícil entender reação dos discípulos. Há pouco viram o Mestre fazendo milagres. (Mt 8.16). Desde o começo sentiram-se seguros em sua companhia. Esqueceram-se por um instante do cuidado constante que seu Mestre tivera com eles nos dias passados. Esqueceram de que ao lado dele estavam seguros. Ficaram com medo porque não tomaram conhecimento da presença e do poder de Jesus. Faltou-lhes a fé tantas vezes apregoada e enaltecida pelo Mestre.

Na verdade, também agimos da mesma forma como os discípulos. Em momentos de extrema angústia, tristeza e dores, duvidamos do amor do Pai Celeste. Deixamos de confiar em Deus. Buscamos outros ajudadores de quem esperamos socorro mais eficiente e mais rápido. Assim, a nossa fé torna-se fraca, débil quando duvidamos do poder de Deus em nossa vida. Quando julgamos que tudo depende da nossa inteligência e capacidade. Quando olhamos as coisas com olhar da razão e não com o olhar da fé. Mas quando tivermos aprendido a confiar em Deus, podemos dizer como salmista: “em Deus ponho a minha confiança, e não terei medo; que me pode fazer o homem”? (Salmo 56.11). Esse é um testemunho maravilhoso do poder da confiança em Deus. O que o salmista está dizendo é que independentemente do que acontecer, ele vai continuar confiando em Deus. Portanto, para superar o nosso medo, é confiança total e completa em Deus.

Quando os discípulos viram o que Jesus acabara de fazer, ficaram perplexos e disseram: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem”? (v.41b). Quem é este! A resposta não pode ser outra a não ser: é o Cristo, o Filho de Deus! É o verbo que se fez carne. Aquele que foi enfaixado em panos e colocado numa sepultura. Mas ao terceiro dia ressuscitou porque é Senhor sobre a vida e a morte.  É aquele que se levanta e repreende o vento e o mar. Ele é o Senhor sobre todas as circunstâncias. Ele é o soberano sobre toda a criação. Aquele que tem autoridade sobre todas as coisas, incluindo o vento e o mar.

Estimado irmão! Não te desespere! Jesus está contigo no barco por maiores que sejam teus medos, problemas e desafios. Não olhes para as grandes ondas, ouças Jesus, a sua voz ecoa pelos ares dizendo acalma-te e tem bom ânimo. Eu estou contigo em meio ao grande mar. Queira Deus dar-nos confiança quando o mar da vida se agita e assim agarremo-nos em Cristo, confiando plenamente em suas promessas. Amém!

 

Vamos cantar!

Se as águas do mar da vida quiserem te afogar
Segura na mão de Deus e vai
Se as tristezas desta lida quiserem te sufocar
Segura na mão de Deus e vai

Segura na mão de Deus, segura na mão de Deus
Pois ela, ela te sustentará
Não temas, segue adiante, e não olhes para trás
Segura na mão de Deus e vai

Se a jornada é pesada e te cansas da caminhada
Segura na mão de Deus e vai
Orando, jejuando, confiando e confessando
Segura na mão de Deus e vai

O Espírito do Senhor sempre te revestirá
Segura na mão de Deus e vai
Jesus Cristo prometeu que jamais te deixará
Segura na mão de Deus e vai

TEXTO: SL 123

TEMA: CLAMEMOS POR MISERICÓRDIA AO SENHOR!

Somos desprezados em diversas ocasiões da vida. Somos desprezados pela vizinhança, pelos colegas de trabalho e de escola, pela mídia e por todos os que não amam ao Senhor. Somos zombados e ridicularizados. Somente quem já viveu essa forma de desprezo, rejeição ou discriminação sabe como é uma experiência tão dolorosa.

O salmista viveu esta situação junto com o seu povo. Ele e sua comunidade recorrem ao Senhor que os ajudem contra seus opositores. Realiza uma oração intensa em busca de ajuda, devido o desprezo causado pelos soberbos. Ele eleva os olhos, esperando uma manifestação da misericórdia do Senhor.

Quem de nós não precisa de misericórdia, e não tem clamado por ela? Se nos sentimos desprezados, rejeitados, discriminados, olhemos para o Senhor e clamemos por misericórdia. Esperamos, pacientemente, que Senhor nos ofereça o socorro. Esse é o exemplo que devemos carregar sempre conosco. Por isso, mantermos os olhos fixos na misericórdia do Senhor. Só a misericórdia do Senhor nos garante paz em meio a tanto desprezo, pois Ele é amoroso, gracioso e fiel para com seu povo.

                                                                I

O salmo 123 faz parte dos cânticos de degraus ou de peregrinação. Era entoado nas caminhadas das famílias quando subiam para adorar em Jerusalém, que aconteciam três vezes ao ano. A jornada passa por lugares sombrios e profundos. O solo é rochoso. Muito quente durante o dia e muito frio à noite. Os peregrinos precisavam de disposição para caminhar. Segundo a sequência dos “cânticos de romagem”, este provavelmente era cantado depois que os viajantes já tinham cruzado as portas de Jerusalém (Sl 122) e agora contemplavam não apenas a cidade, mas sua real condição.

O salmista inicia, dizendo: A ti que habitas nos céus, elevo os meus olhos.” (v.1a). Ele busca ajuda no Senhor, pois as circunstâncias em que viviam os israelitas eram terríveis. A cidade fora destruída. Não havia proteção. Os israelitas sofriam humilhações de toda sorte, sobretudo a dor da saudade do antigo esplendor do reino de Davi e Salomão.  O salmista se vê impotente, sem segurança, sem força para lutar. Por isso, ele busca ajuda através do Senhor. Ele dirige-se àquele que habita nos céus em busca de seu auxílio, socorro e proteção. No salmo 121, no segundo salmo de degraus, ele olhava para os montes e clamava por socorro a Deus. O fato de o salmista ter olhado para "os montes", pensava num possível socorro, numa possível solução para seus problemas. Pode ser que o salmista estava procurando nos montes, quem pudesse oferecer o socorro. Assim, o Deus poderoso que vem do alto, de cima dos montes, seria de onde viria à ajuda.

Neste salmo, o salmista está olhando para Deus na mesma expectativa. Ele elevou os olhos dele para o alto e para Deus, porque já imaginava que sozinho não teria condições de vencer as dificuldades. Sendo assim, ao se deparar diante dos perigos e dificuldades, olhou para dentro de si e chegou a uma conclusão importante: ajuda vem Daquele que habita nos céus.  O salmista não encontra socorro nos montes. Não é dos montes que ele espera o auxilio. Não seria nos montes que os peregrinos encontrariam ajuda, diante das dificuldades que estavam enfrentado. Por mais elevado que fosse um monte, dele não poderia vir o esperado socorro, mas somente do Senhor que habita nos céus. É com fé verdadeira que o olhar do salmista se eleva a ele, pois sabe que somente no seu poder há solução para os seus problemas.  

Para onde você tem olhado? Olhamos para os montes, para a situação difícil que vivemos, para os problemas da vida e nossos enigmáticos caminhos. Deixamos, muitas vezes, de olhar para o nosso Deus de onde vem o socorro nos momentos mais duro e cruéis da nossa vida. Deixamos de olhar para Aquele que habita nos céus. Hoje, somos convidados a olhar para o céu onde habita o Senhor. Ele nos dará o socorro esperado. Somente o Senhor é capaz de nos tirar das situações difíceis e atender ao nosso pedido de socorro. Foi o que fez o salmista. Depois de pensar coerentemente nas possíveis soluções para os seus problemas, o salmista chega a uma conclusão magnífica. Ele encontrou uma resposta: ajuda vem Daquele que habita nos céus

                                                           II

 Em sua oração, o salmista reconhece que o socorro vem Daquele que habita nos céus. Ele faz uso de um modo comparativo, no qual representa a figura do servo: Eis que, como os olhos dos servos atentam para a mão dos seus senhores e como os olhos da criada atentam para a mão da sua senhora.” (v.2a). A ilustração traz a ideia do servo mantendo constantemente os olhos nas mãos do senhor, aguardando com paciência por aquilo que ele precisa.  Olhar para suas mãos significa, primariamente nesse texto, aguardar a mão bondosa do senhor ao conceder o necessário para vida. Assim, o servo depende totalmente do seu senhor, ou seja, orientação, instrução e sustento em sua vida.  Ele depende do gesto da mão do seu senhor. Da mesma forma, o salmista entende que o povo de Deus deveria clamar pela mão do Senhor que significa auxilio, ajuda e socorro: assim os nossos olhos atentam para o Senhor, nosso Deus, até que ele se compadeça de nós.” (v.2b). Essa é a súplica do salmista. Ele aguardava pacientemente o dia no qual Deus, misericordiosamente, aliviaria o sofrimento de seu povo, uma vez que o povo de Deus tinha sido reduzido à extrema necessidade e levado a beira do desespero.

 Reconhecendo de onde vem o socorro, o salmista explica o motivo da sua súplica pelo socorro divino: estamos sobremodo fartos de desprezo.” (v.3b). Ele se sente oprimido e desprezado. O desprezo era a razão de seu pedido de socorro,pois os judeus sofriam muito com o desprezo e a crueldade de seus opressores. Sendo assim, o salmista enfatiza novamente o desprezo e define quem são os escarnecedores que o oprimem: A nossa alma está saturada do escárnio dos que estão à sua vontade e do desprezo dos soberbos.” (v.4). Ele estava farto do escárnio dos arrogantes e do desprezo dos orgulhosos. A expressão usada pelo salmista “dos que estão à sua vontade” significa “calmo, quieto, tranquilos”, mostra o quanto o povo e o salmista eram desprezados pelos seus opositores, mas se sentiam seguros e firmes na sua posição.

O cristão sofre muito com o desprezo neste mundo. Esta é a mentalidade do mundo, desprezar todos os que vivem para Deus. Do passado ao presente, ainda vivemos esta realidade. Somos desprezados em diversas ocasiões da vida. Somos desprezados pela vizinhança, pelos colegas de trabalho e de escola, pela mídia e por todos os que não amam ao Senhor. Somos zombados e ridicularizados. Somente quem já viveu essa forma de desprezo, rejeição ou discriminação sabe como é uma experiência tão dolorosa.

O salmista viveu este desprezo. Mas, ele olha para o Senhor. O único que habita nos céus. Ele consegue levantar os olhos para o único  que pode salvá-lo. E ,assim, aguardava com paciência e esperança a atuação graciosa de Deus. Esta expressão revela a confiança e esperança do salmista na graça de Deus: Tem misericórdia de nós, Senhor, tem misericórdia.” (v.3a). O desprezo faz o salmista clamar por misericórdia. Portanto, confiava nas misericórdias do Senhor, pois elas expressam bênçãos, revelam o sentimento de compaixão para com Seu povo.  Deus está sempre disposto a dar uma nova chance, a começar de novo.  Foi nesta confiança que o salmista, em meio à angústia, ele invocou ao Senhor. Ele creu que só havia uma escapatória diante de sua angústia: confiar na misericórdia do Senhor.

Também somos convidados a reconhecer as misericórdias do Senhor. Somos conclamados a continuar no mesmo espirito de oração e louvor, reconhecimento e súplica pelas misericórdias. Quem de nós não precisa de misericórdia, e não tem clamado por ela? Se nos sentimos desprezados, rejeitados, discriminados, olhemos para o Senhor e clamemos por misericórdia. Esperamos, pacientemente, Deus nos oferece o socorro.  Esse é o exemplo que devemos carregar sempre conosco. Mantermos os olhos fixos na misericórdia do Senhor. Só a misericórdia do Senhor nos garante paz em meio a tanto desprezo. Amém.

sábado, 15 de junho de 2024

TEXTO: SL 30

TEMA: O SENHOR TRANSFORMA A NOSSA TRISTEZA EM ALEGRIA

O Salmo 30 é considerado um cântico de Ação de Graças. Ele é atribuído a Davi. Há vários salmos como este. Eles eram cantados no dia a dia das famílias de Israel, tanto nas reuniões domésticas, como nas públicas. Alguns eram cantados nas viagens para Jerusalém e no retorno para casa. Neste salmo, Davi agradece a Deus por algum livramento que alcançou. Ele havia passado por situações de perigo, tribulações, noites de escuridão, de medo e desespero em sua vida. Estava tão debilitado, e tinha a sensação de que dormiria e não mais acordaria. Ele se sentiu triste e angustiado. Mas  revela que, todas às vezes, que clamou a Deus, foi atendido. Deus transformou a sua tristeza em alegria, não permitindo que a tristeza tomasse conta de sua vida, pois entendia que o “choro” dura só um tempo, depois vem  alegria  pela manhã. Pelo fato de Deus ter atendido a sua oração, Davi não quer jamais se calar a respeito da bondade de Deus.

O cristão não está imune ao choro e a tristeza. Jesus disse que enfrentaríamos o choro e o lamento: “Em verdade, em verdade eu vos digo que chorareis e vos lamentareis”. (João 16.20). A tristeza existe. Ele faz parte da vida de todos nós. São sentimentos e problemas, como solidão, ansiedade, doença, dificuldades em família e desemprego, que nos causam frustração, medo e insegurança. São realidades que nos fazem chorar. Diante desta situação nos sentimos impotentes para encontrar uma solução eficaz, pois tudo parece dar errado. Somos sufocados pelos acontecimentos e das circunstâncias que vivemos. Não é fácil estar alegre. O cenário que se apresenta não é propício para alegria, diante dos tempos tão sombrios que estamos vivendo

Mas o Senhor transforma nossa tristeza em alegria. Assim, como ocorreu com Davi. Então, podemos dizer: Como é bom ser alegre no Senhor! Esta alegria que invade a nossa vida e que resplandece em nosso rosto, é o resultado dos momentos maravilhosos que o Senhor nos proporciona no dia a dia. Estes efeitos são imensos. Deus nos guia nos protege e nos ama. Sendo assim, temos muitos motivos para nos alegrar. O Senhor está conosco todos os dias (Mt 28.20), por mais pesado que seja a cruz, que temos que carregar. Lembre-se: Quando a alegria deixar de existir em sua vida, quando faltar força, coragem, fraqueza no trabalho, na família, quando precisar de apoio para vencer os problemas, saiba que o bondoso Deus está atento às suas necessidades e se põe ao lado de você, pois seu "interesse” e “cuidado” por nós duram a vida toda (v.5a).  

Estimados irmãos! Inicialmente, o salmista reconhece suas fragilidades e suas limitações, bem como sua vulnerabilidade diante das dificuldades da vida. Ele descreve a situação de sua saúde e fala que era alvo das zombarias de algumas pessoas, que ele chama de inimigos (v.1c). Em outras palavras, o autor do salmo estava à beira da morte. Apesar do salmista sentir a morte tão perto, não desiste da vida. Ele é fortalecido pela esperança de que o Senhor Deus o ouvirá. Sendo assim, ele clamou, e o Senhor lhe deu vida no lugar da morte, substituiu a doença por saúde e lhe tornou próspero. Ele mesmo afirma: “tu me livraste.” (v.1b). “tu me saraste” (v.2). E ainda: “da cova fizeste subir a minha alma; preservaste-me a vida para que não descesse à sepultura.” (v.3b). Sua expectativa é, então, confirmada, e sua vida é poupada. Deus havia tirado sua alma da sepultura e o mantido vivo o salmista. Agora, quer exaltar ao Senhor. (v.1a). Ele quer salmodiar e dar graça ao seu santo nome. (v.4). Ele desafiou também o povo a dar graças, lembrando da santidade do Senhor.

No entanto, durante um determinado tempo, Davi experimentou a ira de Deus. Na hora da dor, ele achava que Deus estava irado. Mas entendeu que o Senhor não é um ser que preza a raiva. Ao invés de aplicar o juízo merecido, Deus ofereceu misericórdia ao salmista. Ele afirma: “Porque não passa de um momento a sua ira; o seu favor dura a vida inteira.” (v.5). De fato, Deus não é maldoso, severo e repleto de ira, como muitos imaginam. Ao contrário os efeitos de seu favor são substanciais e duráveis: "seu favor dura a vida inteira". As lutas que enfrentamos neste mundo podem persistir durante a noite, mas a alegria virá pela manhã, pois Ele sempre está disposto a mostrar misericórdia e bondade. São pelas misericórdias de Deus que ele nos perdoa, nos da nova chance de recomeçar e aprender com os erros do passado. A misericórdia jamais acaba não tem fim, ou seja, Deus está sempre disposto a dar uma nova chance, a começar de novo. Isto significa que a bondade divina é para toda a vida. O que Deus deseja é o arrependimento dos nossos pecados e voltarmos para ele, em adoração e submissão sincera.

Precisamos sempre lembrar que, somente aqueles que foram cobertos pelo sangue de Cristo, derramado na cruz, estão seguros de que a ira de Deus nunca cairá sobre eles. E por causa do seu sacrifício perfeito na cruz, hoje temos paz com Deus e desfrutamos do seu favor por toda a vida. Podemos estar seguros de que a ira de Deus dura apenas um pouco, e se transforma em alegria, isso porque a misericórdia de Deus é firme e duradoura. Esse princípio, inclusive, ecoa por toda a Escritura. Através do profeta Isaías, Deus disse ao seu povo: “Por breve momento te deixei, mas com grandes misericórdias torno a acolher-te; num ímpeto de indignação, escondi de ti a minha face por um momento; mas com misericórdia eterna me compadeço de ti, diz o Senhor, o teu Redentor” (Isaías 5.7). O apóstolo Paulo afirma: "Como agora fomos justificados por seu sangue, muito mais ainda seremos salvos da ira de Deus por meio dele!" (Romanos 5.9).

Na segunda parte do versículo, Davi repete a mesma coisa figurativamente: "O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã" (v.5). Davi, em sua oração, registra o choro e o lamento que tomou conta da sua vida em virtude da sua fragilidade e fraqueza humana. Ele diz que chorou a noite toda, revela que se sentiu abandonado por Deus e inseguro quanto ao futuro. Ele confiava em sua ajuda e quando adoeceu gravemente buscou a Deus, mas não recebeu resposta imediata. Parecia que Deus estava irado. Ele orou e lamentou a noite toda buscando a graça de Deus. Entendeu que o choro é realmente passageiro. Ele já faz parte da vida de cada ser humano. Choramos por diversas razões. Alguém chora quando perde um jogo de futebol, a namorada chora quando perde o namorado, as crianças choram quando estão doentes. Enfim, choramos quando perdemos um ente querido. Como é triste!  Mas, muitas vezes, o choro pode durar a noite todo em nossa vida, quando sentimos os momentos de angústia, medo, desesperança, dor tribulações, desespero, aflições. São momentos que nos entristece, e parece que todas coisas não   vão passar, não vão acabar. Neste momento, não há  ninguém que possa enxugar as   nossas lágrimas. Mas ao amanhecer, porém, vem a alegria, o regozijo, o consolo, a paz, a segurança interior.

Você está chorando! Lembre-se: você não está sozinho! Chore na presença do Senhor, sabendo que Ele está ao seu lado! O próprio Jesus afirma: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos.” (Mt 28.20). “Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.” (Mt. 5.4). Deus falou para Jacó: “Eis que estou contigo, e te guardarei por onde quer que fores, e te farei tornar a esta terra; pois não te deixarei até que haja cumprido aquilo de que te tenho falado”.(Gn 28.15).Deus falou Isaías “Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41.10).Deus falou para Josué: “Não temas, nem te espantes, porque o SENHOR, teu Deus, é contigo por onde quer que andares” (Js 1.9).João diz em Apocalipse 21.4: "Deus enxugará de seus olhos toda a lágrima. Não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, pois já as primeiras coisas são passadas”. O texto bíblico diz que a morte não existirá mais, e com ela também desaparecerão a tristeza, a dor e o choro. Não haverá mais nenhum motivo para chorar. Deus enxugará de nossos olhos toda lágrima para sempre! E no novo céu e na nova terra haverá paz, harmonia, alegria e pleno contentamento.

Davi, antes, pensava que vivia tranquilo e que a adversidade nunca poderia afetar à sua posição política e à riqueza. A vida era boa. Ele gozava de grande prosperidade, e sentia como se nada mudasse. Dependia de suas habilidades e bens, em vez do Senhor. Ele afirma: “Quanto a mim, dizia eu na minha prosperidade: jamais serei abalado". (v.6). Para ele nunca haveria nada que pudesse afligi-lo, como se tivesse, ele mesmo, poder para controlar tudo à sua volta e garantir, por seus próprios meios, o sucesso e a felicidade. Tamanha foi arrogância de Davi que ficou confuso e desorientado quanto à vida e os desafios que estavam presentes em sua vida. O salmista evidencia tal verdade ao dizer resignado: “SENHOR, pelo teu favor, tu firmaste minha montanha.” (v.7a). A palavra “montanha” parece ser usada para denotar aquilo em que ele confiava como sua segurança ou força, pois a montanha, ou as colinas inacessíveis, constituíam um refúgio e segurança em tempos de perigo. (Salmos 18.1-2; Salmos 18.33; Salmo 27.5).  

Neste sentido, o salmista fala de si mesmo, se coloca numa posição onde não temia nenhum inimigo e se considerava totalmente seguro. Ele estava tão confiante, que pensou sua “montanha” estava tão forte, tão segura. Mas o Senhor havia ocultado o seu rosto e salmista passou a viver em pânico. (v.7). Esconder o rosto” é sinônimo nas Escrituras Sagradas de retirada de favor. (Salmo 13.1). Sendo assim, o salmista ficou perturbado. confuso, perplexo, agitado, apavorado. Sentiu um medo repentino, pois tudo em que confiava, tudo que pensava ser tão firme, foi subitamente varrido. Mas tendo percebido o pecado de seu orgulho, admitiu a graça e a provisão de Deus. Chegou à conclusão de que seus esforços não trariam senão desespero. Este é o nosso único recurso diante de nosso orgulho: devemos nos arrepender de nossa arrogância e rebelião, buscando a graça e a misericórdia de Deus. Fora Dele, nada somos.

Tendo reconhecido o seu erro, Davi clamou ao Senhor, fazendo-lhe súplicas. Sabiamente, Davi fez seu pedido ao Senhor, ao único que poderia lhe ajudar. Ele sabia que Deus era a fonte de sua bênção, sabedoria e força. Ele já não queria andar sozinho, mas buscou o Senhor em seu momento de necessidade. Por isso, clama ao Senhor: “Por ti, Senhor, clamei e implorei. Que proveito obterás no meu sangue, quando baixo à cova? Louvar-te-á, porventura, o pó? (vv.8,9). Em um esforço para apelar à abundante graça de Deus, Sendo assim, Davi ofereceu uma sugestão: Que proveito há em meu sangue. Isto é, que lucro ou vantagem haveria para ti se eu morresse? O que seria “ganho” com isso? O argumento que o salmista insiste é que ele poderia servir melhor a Deus com sua vida do que com sua morte. Se morresse, o impediria de prestar o serviço ao Senhor.

Diante desta situação, o salmista pede misericórdia ao Senhor, pois admite sua grande necessidade. Admite que havia pecado e foi incapaz de fazer provisão para suas muitas necessidades sozinho. Ele confessa a Deus que precisa de sua ajuda, ao afirmar: “Ouve, Senhor, e tem compaixão de mim! O Senhor, sê o meu ajudador”. (v.10). Como se ele afirmasse: Deus, eu não posso, mas você pode. Por favor, responda ao meu apelo e ajude na minha situação. Então, podemos afirmar que, agora, Davi vive momentos maravilhosos. Ele confessou seu pecado diante do Senhor, arrependeu-se de seu orgulho e reconheceu sua grande necessidade do Senhor. É exatamente, assim, que devemos nos aproximar do Senhor, quando respondemos ao Seu chamado pela salvação. Após a nossa conversão, há momentos em que teremos de nos apresentar diante do Senhor, como Davi, confessando nosso pecado e admitindo nossa necessidade de provisão e graça do Senhor.

Como é maravilhoso! Deus vem ao nosso encontro e se preocupa em nos consolar. Ele enxuga as nossas lágrimas. Permite expressar nossas incertezas. Por isso, precisamos olhar para o Senhor e levantar os olhos para o único que pode nos ajudar. Somos convidados a reconhecer as misericórdias do Senhor. Somos conclamados a continuar no mesmo espirito de oração e louvor, reconhecimento e súplica pelas misericórdias. Quem de nós não precisa de misericórdia, e não tem clamado por ela? Se nos sentimos desprezados, rejeitados, discriminados, olhemos para o Senhor e clamemos por misericórdia. Esperamos, pacientemente, pois Deus nos oferece o socorro.  Esse é o exemplo que devemos carregar sempre conosco: manter os olhos fixos na misericórdia do Senhor, pois só a misericórdia do Senhor nos garante paz em meio a tanto desprezo. Foi nesta confiança que o salmista, em meio à angústia, ele invocou ao Senhor. Ele creu que só havia uma escapatória diante de sua angústia: confiar na misericórdia do Senhor.

O estado de espírito do salmista está, agora, completamente transformado. Seu tempo de dor se transformara em uma época de alegria. O choro se transformou em danças de alegria. As vestes de lamentação, comumente usadas em momentos de clamor e súplica, foram mudadas por veste alegres, de louvor, de gratidão. A alegria realmente veio de manhã para Davi. Por isso, depois de receber a atuação benéfica de Deus, o salmista testemunha (v.11): “tu transformaste o meu lamento em festejos; retirastes meu pano de saco e me vestistes de alegria”. Que transformação: o choro vira riso; as vestes de luto viram vestes de comemoração. Somente Deus pode causar tamanha mudança. Mas essa transformação tem um propósito. Se antes o nome do Senhor fora deixado em segundo plano, Deus quer que, agora, o salmista volte a ter primazia na vida.

Deus ouviu a oração do salmista. Ele pôs fim aos seus problemas. não morava mais na miséria e no desespero. O Senhor havia respondido à sua necessidade e seu espírito foi renovado. Ele fez com que suas tristezas fossem sucedidas pela alegria. Agora, ele se propõe a louvar continuamente ao seu Deus. Não há timidez que o impeça. Não há cansaço que lhe faça parar. Como prometeu, ele vai louvar ao Senhor para sempre: “para que o meu espírito te cante louvores e não se cale. Senhor, Deus meu, graças te darei para sempre”. (v.12). Devemos estar dispostos a oferecer louvores imediatos e contínuos pelas bênçãos que recebemos.

Estimados irmãos! O Senhor vê o momento que vivemos, conhece tão bem a nossa vida, nosso coração, nossas lágrimas e angústias. Ele não permite que a tristeza tome conta da nossa vida, que a alegria do mundo se converta em sofrimento. Por isso. não se desespere! Não desanime! Não perca a fé! Deus nunca vai permitir que você seja provado mais do que pode suportar. Se você se sentindo fraco ou desanimado, lembre-se das misericórdias do Senhor que duram para sempre e se renovam a cada amanhecer. Lembrem-se que o Senhor estende a sua graça e bondade para aqueles que confiam nele. Que o Senhor transforme a nossa tristeza em alegria. Amém!

sexta-feira, 14 de junho de 2024

 TEXTO: SL 124

TEMA: A NOSSA VITÓRIA DEPENDE DO SENHOR!

 O  Salmo 124 foi escrito por Davi. Ele é uma expressão de ações de graças pela vitória, concedida pelo Senhor ao seu povo.  Esses cânticos formam uma coleção de quinze cânticos de peregrinação, entre os Salmos 120 e 134. É chamado de Cânticos dos Degraus ou Romagem. Eram salmos usados pelos peregrinos que seguiam para Jerusalém com a finalidade de participar das grandes festividades anuais. Daí explica-se melhor a expressão “Salmos de Romagem”, isto é, “Salmos de Peregrinação”. Na época das grandes festas, os judeus se reuniam em caravanas que seguiam para Jerusalém em romagem. Em família, os judeus levavam suas ofertas e animais que seriam sacrificados, e durante a caminhada cantavam cânticos ao Senhor. Esses cânticos eram justamente os Cânticos dos Degraus que serviam como um hinário de viagem.

Hoje,vamos refletir sobre o tema: “A nossa vitória depende do Senhor!” A vitória é algo desejado na vida de todas as pessoas, todos querem ser vencedores. Sonham com a vitória. Para alguns, vitória é ser bem-sucedido financeiramente, ter um bom emprego, ter um carro do ano. Para outros a vitória seria passar no vestibular, e tem aqueles que pensam que a vitória é total ausência de enfermidade. Mas quando essas coisas não acontecem, as pesoas sentem-se derrotadas. Mas tudo isso pode caracterizar pessoas bem-sucedidas, porém nunca são elementos suficientes, para afirmar que são pessoas vitoriosas.

 É impossível desejarmos obter vitória completa em nossas vidas sem antes entregarmos tudo nas mãos de nosso Deus que tudo pode fazer. Muitas pessoas enfrentam frustrações, porque não permitem que Deus dirija as suas vidas. Por isso, precisamos lembrar  que a nossa vitória depende do Senhor. Porque Deus é Senhor das  nossas vidas. E quando entregamos tudo em suas mãos, devemos estar dispostos  submeter à vontade do Senhor, quando isto ocorrer, a vitória é garantida, pois a nossa vitória depende de Deus.

Davi submeteu à vontade do Senhor. Ele sabia muito bem como o Senhor se fez presente tanto em sua vida, como na vida de todo o Israel. Ele era testemunha de todas estas coisas . Por isso, ele diz: se “não fosse o Senhor que esteve ao nosso lado, Israel que o diga” (v.1). Uma coisa é certa: o Senhor, o Deus da aliança ajudou Israel e  Davi  a obter a vitória, pois ela depende do Senhor. Como é maravilhoso ter um Deus que nos auxilia na busca dos nossos ideais. Com Deus estamos a um passo da nossa vitória.

A vitória que Davi obteve, foi diante de seus inimigos, os quais não foram poucos. Temos vários Salmos escritos por ele, onde relata os momentos que viveu diante de seus inimigos.  Saul e sua família, até mesmo o próprio filho Absalão constituíram os seus inimigos. A expressão “quando os homens se levantaram contra nós” (v.2b) revela que era um inimigo poderoso que Davi teve que enfrentar. Não podiam conter sem o auxílio divino. Quem eram? Eram os filisteus! Eles se levantaram com toda força para destruir Israel, varrê-lo do mapa. Eram inimigos mortais, sanguinários, impiedosos, prontos a moer seus adversários.

Entretanto, Davi neste momento se lembrou em fatos históricos. Lembrou-se dos tempos passados, quando em situações extremamente adversas o Senhor lhes dera a vitória. O povo já tinha uma rica história de livramento pela mão de Deus. Durante o reinado de Davi, Deus libertou a nação da opressão de vários povos vizinhos. Antes de escolher um rei para governar a nação, Deus levantou uma série de juízes para tirar Israel do domínio de opressores estrangeiros. Antes dos juízes, Moisés e Josué foram instrumentos usados para conduzir Israel da escravidão no Egito para sua própria terra. Poucos séculos antes de Moisés, a família de Israel foi poupada quando desceu ao Egito.

Quantas vezes você se viu em situações adversas? Quantas vezes se sentiu impotente, frágil, inseguro diante do problema que se abateu sobre sua vida, família e trabalho? Ah, nessas horas se não fosse o Senhor, você estaria aniquilado. O que seria de nós sem a poderosa mão do Senhor nos protegendo dos terríveis ataques do diabo? Onde estaríamos se não fosse o amor de Deus atuando em nosso coração desprovido de tudo o que é bom. O que seria de nós pecadores, causadores de problemas se não fosse a paciência de Deus? Se Deus não estiver conosco, não teremos qualquer possibilidade de escapar dos perigos neste mundo.

 Para dar a entender a questão, Davi expõe os prováveis resultados, caso Deus não estivesse ao seu lado e do seu povo quando foram atacados. Ele o faz por meio de algumas figuras. Fala de seus inimigos primeiro como feras famintas A primeira delas é a de um animal ou um monstro devorador: “Eles já teriam nos devorado vivos por causa da sua ira ardente contra nós” (v.3). Nos teriam engolido vivos. Essa imagem de um devorador é exposta de modo mais dramático no v.6, ao citar seus dentes prontos para serem cravados na presa. Desta forma,podemos imaginar a agonia que vivia Davi e seu povo ao ser devorado por uma fera. De fato, era um inimigo poderoso!

 Davi também compara a força dos opressores a uma forte correnteza que arrasta, afunda e afoga suas vítimas: “As águas já teriam nos afundado, a correnteza teria passado sobre a nossa alma” (v.4).Se a total impossibilidade de sobreviver a essa torrente ainda não ficou clara aos ouvintes, o salmista repete a ideia de modo mais dramático “Águas revoltas já teriam passado sobre a nossa alma” (v.5).A palavra traduzida aqui como “revolta” quer também dizer “espumejante”, descrevendo a aparência que tem a água que desce corredeiras íngremes em um leito pedregoso! Diante destes exemplos, o salmista demonstra que a destruição  era certa,  se o Senhor não tivesse impedido o inimigo.

A verdade é que sempre estamos ameaçados por perigos, que invadem nossas vidas, das mais diversas maneiras. Há uma sensação de medo e insegurança. Somos vítimas da agressividade das pessoas cruéis. Pessoas que convivem conosco e fere a nossa alma.A fúria dos homens nos traz medo. Eles desejam nossa morte e ruina. A perseguição pode vir dos homens. Alguém que nos ameaça, que tenta nos derrubar e passar por cima, conseguir nosso posto, nosso lugar. A vontade deles é que sejamos tragados, engolidos vivos. Não tenha medo da fúria dos homens. Não temas quando o ódio transbordar pelos olhares do mundo. Ou quando alguém pensar que você vai virar a presa dele. Há um Deus que zela por tua alma e não vai fugir diante das ameaças.  

Tanto Davi como Israel sabiam que seu livramento era uma prova da bondade graciosa do Senhor. Eles sabiam que estavam vivos por causa da bondade do Senhor. E é isso que nós vemos nas Sagradas Escrituras sobre a bondade do Senhor na vida do seu povo amado. Israel foi poupado pela ação libertadora de Deus. “Bendito é o Senhor que não nos entregou como presa para os seus dentes”. (v.6) O resultado é descrito de uma maneira dramática por meio do quadro de uma preservação improvável aos olhos humanos: “Salvou-se a nossa alma, como um pássaro do laço dos passarinheiros; quebrou-se o laço, e nós nos vimos livres”. (v.7). Por isso, Davi chama Israel para agradecer ao Senhor pelos livramentos recebidos. Israel tinha muitos motivos para agradecer a Deus, pois o Senhor é bom e sua misericórdia dura para sempre

 O rei Davi encerra o salmo com uma declaração de confiança que não se restringia à situação militar dos seus dias, a sua riqueza e nem na confiança nos homens e no poder deles. A sua confiança, diante dos livramento está no Senhor. Ele confessa a sua fé no Deus da aliança. Na verdade, ele pensa em Deus não somente como quem os preservou do ataque inimigo, mas como aquele que sempre o livrou das diversas situações de sofrimento. Por isso, ele afirma: “O nosso socorro está em nome do Senhor” (v.8a). O significado disso é que a proteção vem do próprio Deus. Há  momentos na vida em que imaginamos estar sozinhos em meio à multidão!  Nesses momentos devemos recorrer ao Senhor. Ele nos dará o socorro esperado. Somente o  Senhor é capaz de nos tirar das situações difíceis e atender ao nosso pedido de socorro.  Ele tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor

Foi o que fez Davi. Depois de pensar coerentemente nas possíveis soluções para os seus problemas, Davi chega a uma conclusão magnífica. Ele encontrou uma resposta: “O nosso socorro está em nome do Senhor” .E para mostrar isso, Davi descreve quem é o Senhor : “O criador dos céus e da terra”. (v.8a). Israel sabia através da revelação que  o Deus da aliança é o prórpio criador do céu e da terra.  É este mesmo Deus que criou o céu e a terra, continua sustentando até hoje  todas as coisas com seu poder. É o momento para refletirmos: Quantas coisas Deus já fez por nós? De quantos males ele nos livrou? De quantos perigos nos protegeu? E quantas lições já tivemos sobre o que significa ter Deus ao nosso lado?

 Estimados irmãos!  Façamos como Davi! Reconheçamos que a nossa vitória depende do Senhor,pois ele é o Senhor das nossas vidas! Entreguemos tudo em suas mãos!  Submetamos à vontade do Senhor! Quando isto ocorrer, a vitória é garantida, pois a nossa vitória depende de Deus. Amém!

 TEXTO: MC 4.26-34

TEMA: O REINO DE DEUS É COMO UMA SEMENTE  LANÇADA À TERRA

Estimados irmãos! Como é maravilhosa a pedagogia de Jesus. Em sua didática ensinava às pessoas carentes, esquecidas e discriminadas pelos religiosos da época. Ele   transmitia o ensino das Escrituras, e por meio de parábolas buscava realizar a sua missão. Há nas Escrituras uma rica variedade de parábolas contadas por Jesus. Os temas pastoris e agrícolas ocupavam um lugar privilegiado nos ensinamentos de Jesus, pois evocavam realidades próprias do cotidiano de seus ouvintes.

O texto de hoje nos traz essa realidade através de duas breves parábolas da semente e do grão de mostarda. Elas falam do mesmo tema, o mesmo foco, isto é, o reino de Deus. Mas com ideias diferentes do reino: a primeira é de alguém que lança a semente na terra, passam os dias, nasce a planta sem que a pessoa perceba, e logo é chegada a colheita. Nesse sentido, na primeira temos a exposição de como o Reino se expande com uma força que não depende do esforço dos homens, mas do próprio Deus. Na segunda descreve o seu crescimento de forma espetacular dando ideia de um crescimento bem-sucedido. Portanto, em ambas, revela-se o reino de Deus, e é como uma semente lançada à terra.

                                                                   I

Quem trabalha com atividade pastoril e agrícola conhece perfeitamente o procedimento, como se deve plantar uma semente. Entende com mais facilidade o nascimento e crescimento de uma planta. A partir do momento que o semeador joga a semente, as coisas começam a acontecer:  o cuidado de preparar a terra, a paciência de esperar, o surgimento do broto, a constância de regar o broto já nascido, o desejo de ver a planta crescer e toda a labuta para que a semente dê frutos. Como se observa, há uma grande expectativa do agricultor quanto ao crescimento dessa planta. O agricultor aguarda com ansiedade para que a planta nasça de uma vez.

Jesus nos diz que ao dormir e se levantar, o lavrador percebeu o crescimento da semente, apesar de não saber e nem conhecer a forma como ela cresceu. Não saberia explicar como ocorreu esse crescimento. É possível descrever, documentar, conhecer as etapas do processo de germinação, porém entender completamente esse processo, ele não consegue. Na verdade, depois de plantar, não precisamos nos preocupar com ela. Não podemos fazer a planta crescer. Fato que se percebe na expressão “porque a terra por si mesma frutifica”, (v.28), No original literalmente se traduz como “automaticamente”, isto é, ela ocorre sem nenhuma influência externa. A única coisa que podemos fazer é confiar, dormir noite após noite e levantar, um dia após o outro. Precisamos entender que existe um processo auto programado para que aquela semente germine, cresça e frutifique. Isto ocorre de forma silenciosa, misteriosa e imperceptivelmente.

Podemos notar esse mesmo princípio no reino de Deus. Não sabemos exatamente como explicar a germinação, o crescimento e a frutificação do Evangelho no coração do homem. Esse desenvolvimento pertence somente a Deus. Depende inteiramente de Deus e não dos seres humanos. Deus é soberano, e somente Ele tem o controle. É Ele quem dá o crescimento. Só Ele pode produzir vida e dar o crescimento. É uma obra exclusiva dele. Paulo diz: “Eu plantei, Apolo regou, mas o crescimento vem de Deus. De tal modo que nem o que planta nem o que rega é alguma coisa, mas somente Deus que dá o crescimento” (1 Co 3.6,7).

Precisamos deixar que Deus dê o crescimento a partir da pregação do evangelho. A ação do Espírito Santo é indispensável ao crescimento. Pelo Espírito as conversões passaram a acontecer em proporções jamais vistas e a Igreja crescia, conforme  o livro de Atos dos Apóstolos. (5.14; 6.7; 9.31; 12.24; 14.1; 16.5; 17.4; 19.20). Somente o Espirito Santo pode convencer e converter o ser humano, transformando-o em um discípulo de Cristo (João 16.8). Portanto, a obra do Espírito no coração do homem é uma obra eficaz. Regenera o pecador e produz nele uma nova vida.  Paulo diz: “Aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até o dia de Cristo Jesus”. (Fp 1.6).  Ele mesmo há de completá-la, pois tudo está debaixo do Seu domínio. Nem o mundo nem mesmo as hostes do inferno poderão roubar a semente plantada em nós, destinada a produzir frutos para a glória de Deus. Por isso, precisamos dar lugar ao Espírito Santo para agir com a sabedoria e eficiência.

Constantemente, ouvimos relatos de missionários que passaram anos evangelizando um povo, e nenhuma viva alma se converteu. Pessoas que na caminhada cristã, se dizem desanimadas com a vida e com o ministério, pois tem semeado a Palavra de Deus e não há resultado. Não há crescimento. No entanto, precisamos sempre lembrar que ao semear a Palavra de Deus, a perseverança e a paciência é algo essencial.  Não devemos desanimar quando não vemos resultados imediatos. Jesus nos ensinou que esse processo exige paciência. Assim como a semente amadurece no tempo certo, assim também o fruto do trabalho do pregador aparecerá. Portanto, se você prega o Evangelho com integridade de coração e com fidelidade às Escrituras Sagradas, e ninguém se converteu, não desanime. Nós temos a promessa de que o nosso trabalho no Senhor não é vão. A Palavra de Deus não volta vazia.

Concluindo, esta parábola nos mostra uma tremenda realidade: "E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa"(v.29). Devemos trabalhar e esperar a colheita final. Quando, o fruto estiver maduro, então, virá a gloriosa ceifa. A colheita terá hora certa para acontecer, não ocorrerá nenhum minuto antes e nenhum depois. Devemos aguardar ansiosamente esse dia, confiando que Deus está no controle, e apenas Ele sabe quando será. Nesse dia tão glorioso, os ímpios serão separados dos santos, e o reino de Deus será revelado em todo seu esplendor. Nesse dia estaremos para sempre com Ele.

                                                                 II

Dando prosseguimento sobre o reino, Jesus inicia a parábola do grão de mostarda, fazendo uma pergunta retórica: “A que assemelharemos o reino de Deus?” (v.30). Talvez, muitos que estavam ouvindo os ensinamentos de Jesus, imaginavam que Ele estaria comparando o reino de Deus com um exército poderoso e conquistador. Até os discípulos imaginavam um reino grande e glorioso e desejavam posições de honra e influência (Marcos 10.35-37). Para Pilatos, Jesus disse que o Seu reino não cumpriria expectativas humanas e políticas (João 18.36).

Para ilustrar esta questão,  Jesus declarou que o reino de Deus era como uma pequena semente de mostarda, “quando semeado, é a menor de todas as sementes sobre a terra” (v.31). De fato, dentre todas as sementes semeadas, a semente de mostarda era, geralmente, a menor de todas. O grão de mostarda que Jesus tinha em mente na sua parábola era ,provavelmente, uma que cresce de maneira predominante na Palestina, uma variedade comumente chamada mostarda-negra. É a menor das três variedades que existem naquela região. A árvore cresce até 3 metros de altura e possui ramos fortes o suficiente para sustentar o peso de um pássaro. Jesus afirma: “cresce e se torna maior do que todas as hortaliças e deita grandes ramos, a ponto de as aves do céu poderem aninhar-se à sua sombra” (v.32).  

Esta é a grande dimensão da compreensão do reino de Deus. E Jesus demonstrou toda essa dimensão durante o Seu ministério, quando empenhou toda a sua vida pregando o evangelho do reino para as pessoas. O discipulos foram chamados para dar continuidade ao reino de Deus. Era um pequeno grupo que recebera a ordem para pregar a todas as nações.No começo era  tão pequeno, que parecia insignificante, de pouca importância para o mundo e incapaz de suscitar grandes expectativas.  O desenvolvimento do crescimento do reino era vagaroso por causa das dificuldades a serem vencidas, tanto em relação aos inimigos do reino, quanto à negligência dos mensageiros.  Mas a mensagem de Jesus foi se espalhando, alcançando cada vez mais gente, em todos os lugares. A palavra foi pregada ao mundo (Colossenses 1.23) e o reino continuou crescendo.

No entanto, o reino de Deus ainda  preciso  ser anunciado. E  esta é um responsabilidade de todos os cristãos! Por isso, Jesus nos convida a semear. Lançar as sementes sem se importar com o tipo de terreno, apenas lançar para que o reino de Deus possa crescer. Ele conta com a nossa participação para preparar a terra, lançar a semente, vigiar para que os pássaros ou outros animais não destruam a sementeira e arrancar as ervas daninhas para que o reino não seja destruído. Mas Ele nos ensina que esse processo exige paciência e perverança, que são algo essencial para que reino de Deus possa crescer.   Não devemos desanimar quando não vemos resultados imediatos. Não devemos nos preocupar com o crescimento. Devemos deixar isso nas mãos poderosas de Deus. 

Portanto, estimados irmãos! Vamos semear a Sua Palavra com integridade , com fidelidade, de forma permanente e persistente.  De pequeno, crescerá até se tornar o maior reino da terra. Seu poder será sólido e duradouro, e se tornará algo grandioso, dando ideia de um crescimento bem-sucedido.  Precisamos apenas semear e  deixar que  o crecimento ocorra através do poder de Deus,pois temos a promessa de que o nosso trabalho no Senhor não é vão. A Palavra de Deus não volta vazia.   Somente no dia da colheita iremos de fato saber todo o resultado do nosso trabalho de semeadura . Amém!