sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 

 

TEXTO: MT 21.1-11

TEMA: SAUDEMOS O NOSSO REI JESUS!

Em muitos lugares na antiguidade, era costume cobrir com ramos o caminho à frente de alguém que merecesse grandes honras. Essa era a maneira comum que os súditos prestavam honra a um rei quando se aproximava de uma cidade montado num cavalo.

Em nosso texto, acontece algo idêntico. Jesus entra em Jerusalém onde é aclamado pelo povo ao saudar com vestes estendidas em seu caminho e ramos que lhes eram lançados como saudação. Ele entra triunfalmente em Jerusalém, não como um rei guerreiro.  Não como os grandes reis e conquistadores triunfantes depois de uma batalha, ou de um cortejo real cheio de luxo mostrando seus escravos e conquistas. Não como um conquistador militar ou libertador político. Mas como um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja. Como um monarca que vem em paz, como príncipe da paz. Aquele que veio libertar a humanidade do pecado, da morte e condenação eterna. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual. 

Estimados irmãos! Neste domingo, estaremos comemorando o dia denominado de “Domingo de Ramos”. É o momento em que estaremos recordando a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, saudando o nosso Rei Jesus. Temos dois motivos para saudar o nosso Rei Jesus: Primeiro, porque Ele é o nosso verdadeiro Rei e merece toda a nossa honra, glória e louvor. Segundo, porque Ele veio nos salvar como verdadeiro Rei.

Era domingo, Jesus estava a caminho rumo à grande cidade de Jerusalém. Não era a primeira vez que Ele ia a esta cidade. A Escritura registra seis visitas que Jesus fizera antes de sua entrada em Jerusalém, pela última vez. Entretanto, esta entrada em Jerusalém, era uma ocasião especial. Jesus entraria para iniciar o seu sofrimento, a finalidade principal de seu reino. Entraria para salvar a cidade e seus moradores, chamando-os ao arrependimento. Por esta razão, Jesus faz sua entrada publicamente na cidade, fazendo com que o povo aclamasse e falasse da grande missão que o levava até ali. 

De acordo com a finalidade e a importância de sua presença em Jerusalém, ao contrário das vezes anteriores, cogita de preparativos especiais para sua entrada. Ele se aproxima com seus discípulos de Jerusalém. Eles estavam no monte das Oliveiras, e dali contemplavam Betfage e Betânia, duas pequenas aldeias antes de Jerusalém. Betânia fica na encosta Sul do monte das Oliveiras, ao passo que Betfagé se localizava provavelmente na encosta Ocidental do monte das Oliveiras, logo do outro lado do ribeiro de Cedrom em Jerusalém. Era praticamente uma extensão da própria Jerusalém.

Antes de chegar a Jerusalém, Jesus escolhe dois discípulos para enviá-los a Betfage. Neste lugar os discípulos encontrariam uma jumenta e com ela, um jumentinho. O Senhor não disse que precisava de qualquer animal, mas mostrou um específico, e disse que precisava daquele animal; nenhum outro serviria. E a ordem de Jesus era muito simples: “Desprendei-a e trazei-mos” (v.2). Jesus dá uma demonstração, uma ideia de seu inesgotável poder de realizar qualquer coisa aos olhos humanos. Ele não hesita em mostrar aos discípulos quem Ele era. Ele mostra através de suas palavras grande autoridade, pois é o Senhor quem fala e autoriza. Por isso, não há qualquer questionamento da parte dos discípulos. Eles simplesmente obedecem à ordem do Senhor. Mas algumas pessoas questionaram: O evangelista Mateus descreve de forma enfática: “O Senhor precisa deles.” (v.3) Literalmente: “O senhor necessita deles”. Marcos afirma: “Que fazeis, soltando a jumentinha? Os discípulos responderam: conforme as instruções de Jesus (11.6). E de fato, tudo ocorreu como Jesus tinha dito. 

Os discípulos encontraram os animais e, sem problemas os trouxeram. Colocaram em cima dele as suas vestes e Jesus montou. Jesus se prepara para entrar em Jerusalém de forma humilde, manso, brando, pacifico. Esta foi a maneira como Jesus entrou em Jerusalém.  Não como os grandes reis e conquistadores triunfantes depois de uma batalha, ou de um cortejo real cheio de luxo mostrando seus escravos e conquistas. Não como um conquistador militar ou libertador político. Mas como um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja. Como um monarca que vem em paz, como príncipe da paz. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual. 

Aquela entrada triunfal era um momento de jubilo, alegria e de louvor ao Senhor. Os discípulos e numerosa multidão rendiam homenagens espontâneas a Jesus, que se encaminhavam triunfalmente a Jerusalém, preparando-lhe uma passagem ou caminho com as próprias vestes e com ramos que cortavam de árvores e espalhavam pelo caminho. Era o delírio do povo gritando, clamando em alta voz: Hosana! A palavra Hosana em hebraico é אהושענ (hoshana) significa salve-nos, por favor, ou salve-nos agora, te imploramos. Esta expressão encontra-se na Salmo 118.

 No período pós-exílio, este Salmo foi incorporado à liturgia de dias festivos. Por ocasião das principais festas judaicas, os peregrinos que chegavam a Jerusalém podiam ser saudados com esse Salmo. O povo clamava um pedido de socorro a Deus. A libertação orquestrada por alguém que viria da parte de Deus: “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” (v.26a). Parece que tanto o salmista como os judeus em geral tinham a esperança da chegada de um rei eterno (Mq 5.2) que promoveria restauração plena para Israel (Mq 5.3,4) e para o mundo (Mq 4.1-4). Sendo assim, o salmista convida o povo a celebrar este momento adornando a festa: “O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até as pontas do altar.” (v.27). Essa festa era um tipo de parada ou procissão festiva, quando as pessoas se reuniam e caminhavam pelas ruas dirigindo-se ao templo, onde finalmente começariam as celebrações religiosas relativas à Páscoa, momento em que afirmavam enfaticamente seu relacionamento pessoal com seu salvador: “Tu és meu Deus! Queremos te exaltar porque a sua misericórdia dura para sempre!”

Em nosso texto, a palavra Hosana ὡσαννά (hosanna) significa grito de exaltação ou adoração entoado em reconhecimento ao messianismo de Jesus em sua entrada em Jerusalém; exclamação de louvor a Deus. Esse é o significado dela também nos tempos atuais. Foi a forma como o povo saudou Jesus. Esta deve ser a nossa atitude: Saudar Jesus com o mesmo entusiasmo, alegria e louvor. Juntar a nossas vocês e cantar: “Bendito o que vem em nome do Senhor!” O Rei dos Reis, que chora para trazer-nos a salvação. É este Rei Jesus que nos convida para acompanharmos todos os seus passos. É a Ele que devemos dar a nossa honra, glória e louvor.

A entrada de Jesus em Jerusalém foi coroada de entusiasmo e empolgação. Jesus montado num jumentinho é recebido com honra como um rei. O povo saudou Jesus com “Hosanas”. Mas à medida que a procissão ia se aproximando, vagarosamente, a cidade alvoroçou, e perguntavam: Quem é este? (v. 10). Era a pergunta que corria de boca em boca, especialmente entre os peregrinos. Sim, quem é este que hoje entra em Jerusalém em marcha triunfal, aclamado pelo povo numa exaltação como a história da cidade não registra há tempos? Quem este Rei que devemos prestar honra e louvor neste período de advento?

Este é o Reis dos reis, o Senhor dos senhores. É o Rei do poder e da glória, santidade e justiça. É o rei que governa este mundo turbulento em que vivemos. É um Rei que morreu por nós, entregou-se humildemente naquela cruz, suportou toda ignomínia, toda humilhação, todas as chicotadas, blasfêmias, acusações, provocações, traições, abandono, tudo para nos salvar. É um Rei justo. Ele nos justificou ao morrer em nosso lugar, pois não tínhamos como nos justificar de nossos pecados, nosso destino era a condenação eterna no inferno. Sendo assim, Ele tomou o nosso lugar e pagou esse preço.  Ele usou  o próprio sangue que Ele derramou para pagar o preço da nossa justificação. Ele deu a Sua própria vida! Ele padeceu por nós na cruz do Calvário para que fôssemos feitos justiça de Deus. Morreu, ressuscitou, e agora se encontra com o Pai.

Estamos aguardando a Sua vinda, para recebe-lo com o mesmo ardor e entusiasmo com que Jerusalém o recebeu, juntando as nossas vozes: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas. Mas será que estamos preparados para a vinda do Messias neste período de Advento? Pensemos por um momento no que significa Advento, neste período que estamos aguardando a vinda de Cristo, uma vez que muitas pessoas desconhecem o significado deste maravilhoso período que estamos vivendo. Muitos comemoram este período com muitas bebedeiras e comilanças. Quando na verdade é um período de esperança. Tempo de crer e confiar que o Senhor irá realizar suas promessas para nossas vidas. Tempo de iniciar uma nova caminhada, andando nos caminhos do Senhor. Tempo de aguardar a vinda do Senhor.

Estimados irmãos! Precisamos resgatar este verdadeiro sentido. Por isso, vamos nos preparar para receber o Senhor, a fim de escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do homem. De que forma? vigiando e vivendo uma vida santificada neste mundo. Que Deus conceda a cada um abençoado tempo de Advento e que busquemos cada dia viver na paz que vem daquele que em meio à humildade, nasceu por todos nós. Vamos saudar o Filho de Deus! Ele merece o nosso louvor, honra e gloria. Ele nos salvou. Vamos abrir as portas dos nossos corações para que Cristo entre! Amém!

quinta-feira, 3 de novembro de 2022

 

TEXTOSL 148

TEMA: SOMOS CONVIDADOS A LOUVAR AO SENHOR

O autor deste salmo é desconhecido. Trata-se de um cântico, um convite a todas as partes do universo para louvar ao Senhor. Louvar ao Senhor significa admirar, falar bem, elogiar, engrandecer. Louvamos a Deus, quando admiramos os atributos do Seu caráter, isto é, fidelidade, bondade, amor, longanimidade, retidão, justiça, misericórdia. Quando agradecemos a Deus pelas suas muitas dádivas. Quando reconhecemos as maravilhosas virtudes do Senhor. Quanto a este louvor, o salmista deixou bem claro que tudo, quanto foi criado por Deus, devemos louvá-lo. E qualquer um pode fazer isto. Ninguém deveria ficar de fora. Ninguém deveria ser resistente ao convite para louvar ao verdadeiro Deus, pois este é um Salmo que celebra o louvor ao Criador de todo o universo.

No entanto, em meio a tanta angústia, fome, desemprego, insegurança, doenças, calamidades, perseguições, que essa vida nos proporciona; diante das grandezas das obras do nosso Deus, todas feitas para nós, com amor, sabedoria e perfeição; diante dos feitos que Deus tem realizados em nossas vidas de forma maravilhosa, às vezes, parece que não há motivos para louvarmos ao Senhor. Mas ainda, sim, somos convidados a louvar ao Senhor, pois temos muitos motivos. Motivos para nos dobrarmos diante de Deus, a fim de adorá-lo por sua graça salvadora em Cristo Jesus. Motivos para louvar ao Senhor com gratidão, reconhecendo que Deus é o Senhor de tudo. Motivos para louvar com muita alegria, com ações de graças ao Senhor. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã e eternamente. Sendo assim, somos convidados a louvar ao Senhor.                                                               

Estimados irmãos! Todo o universo é convidado para louvar ao Senhor. Primeiramente, o louvor começa nos céus com os anjos. Aqueles que habitam e ministram junto com o Senhor, e que estão nas regiões celestes, de todos os níveis e ordens para louvar ao Senhor. Eles foram criados para esse fim. Eles precisam dar-lhe a devida honra ao Senhor em todo o tempo: (v.2). Eles adoram a Deus com os mais altos louvores, e olham para Deus e veem nele o mais puro motivo para adorá-lo.

Dentro do conceito de louvar ao Senhor desde os céus, também, aqueles que estão acima da superfície terrestre, devem louvar ao Senhor: o sol, a lua, as estrelas. (v.3); os céus dos céus e as águas que estão acima do firmamento”. (v.4). O motivo pelo qual o Senhor deve ser louvado desde os céus se encontra nos versículos 5 e 6. Para qualificar esta grandeza da obra criação do Senhor, que todos devem louvar, o salmista mostra a magnificência da criação. Ela não está somente no ato da sua formação, mas na manutenção da sua existência. Sendo assim, o salmista apresenta quatro motivos pelos quais o Senhor mantém a Sua criação: Primeiro, “louvem ao nome do SENHOR”, isto é, deixe-os louvar ao próprio Yahweh. Segundo, “mandou ele, e foram criados”. Ele mostrou seu grande poder meramente falando, e eles surgiram imediatamente. Terceiro, “e os firmou para todo o sempre.” Ele os fez firmes, estáveis, duradouros, eterno. Quarto, “fixou-lhes uma ordem que não passará”. São regulados e mantidos dentro de seus limites por suas leis.

Se a primeira parte exigiu louvor a Deus nos céus, a segunda exige que o louvor seja promovido também na terra. Sendo assim, Deus também conclama a natureza para louvá-lo. O salmista começa com as profundezas da terra e se refere a todas as formas de vida, animadas e inanimadas. Como, por exemplo, monstro marinhos e abismos (v.7); fogo e saraiva, neve e vapor e ventos procelosos (v.8); montes e todos os outeiros, árvores frutíferas e todos os cedros (v.9); feras e gados, répteis e voláteis (v.10). É evidente que esses seres não podem exercer uma ação pessoal como de louvar ao Senhor. Não falam palavras e não tomam decisões. Embora não falem, suas palavras vão até os confins da terra e, silenciosamente, cantam louvores a Deus, ao expressarem quão glorioso é Deus, revelando quem Ele é por meio da criação (Sl 19.1-4). Glorificam a Deus ao demonstrar seu poder e seus atributos (Salmo 19.1-6; Romanos 1.20).

Ele também convida todos da esfera dos seres humanos para louvar ao Senhor: os reis, os governantes, as autoridades e todo o povo; rapazes e moças, velhos e crianças são chamados para louvar ao Senhor. (vv.11,12). Interessante que o homem sempre está acostumado a receber honra em vez de concedê-la. Está acostumado erguer troféus pelos seus feitos e pelas suas habilidades. Sempre exaltou, enalteceu e orgulhou-se das suas qualidades, de seus feitos e de suas características, mas, agora, é convidado para louvar ao Senhor. E a razão é descrito pelo salmista: Ele deve louvar o nome do Senhor, porque somente o seu nome é excelso, ou seja, é sublime, eminente, elevado, e porque a sua majestade está acima da terra e do céu. (v.13).

Finalizando o salmo, o autor afirma que o Senhor vem, sobretudo, ao encontro de seu povo e lhe oferece ajuda. Um povo que foi humilhado, perdeu sua herança e passou a morar longe de sua Pátria e do Templo. Mas assim que o povo se arrependeu, Deus lhe concedeu a oportunidade para voltar à Jerusalém e iniciar uma nova vida de louvor e adoração ao Senhor. Agora, o Senhor estava próximo das suas criaturas e vem, sobretudo, para ajudá-las. Por isso, há um motivo peculiar para louvar ao Senhor, porque Ele "exalta”, isto é, proporciona-lhes a honra e o poder. Sua força lhe permite conferir benefícios ao seu povo.

No entanto, em meio a tanta angústia, fome, desemprego, insegurança, doenças, calamidades, perseguições, que essa vida nos proporciona; diante das grandezas das obras do nosso Deus, todas feitas para nós, com amor, sabedoria e perfeição; diante dos feitos que Deus tem realizados em nossas vidas de forma maravilhosa, às vezes, parece que não há motivos para louvarmos ao Senhor.  Hoje, neste mundo materialista, consumista são poucos aqueles que atendem consciente e voluntariamente ao convite para louvar ao Senhor. Boa parte resiste ao convite por viver em plena rebeldia contra o Senhor, ou estão ocupados com outros afazeres. A verdade é que ocupamos o nosso tempo muito mais com outras coisas, do que com o louvor e a gratidão ao nosso Deus. Normalmente, olhamos para os nossos feitos e para as dificuldades da vida que enfrentamos diariamente, e nos esquecemos de agradecer e louvar a Deus.

Mas ainda, sim, somos convidados para louvar ao Senhor, pois temos muitos motivos. Motivos para nos dobrarmos diante de Deus, a fim de adorá-lo por sua graça salvadora em Cristo Jesus. E o salmo nos mostra como o louvor pode ressoar por toda a criação. Primeiro nos reinos dos céus e em suas forças. Depois no reino da terra e em tudo que vive em sua face, e finalmente o ser humano que também tem uma tarefa especial de louvar ao Senhor. Isto demonstra o quanto temos muito que louvar ao nosso Deus, porque da escravidão do pecado, fomos restaurados. Fomos redimidos não com prata ou ouro, mas com o precioso sangue de Cristo na cruz. Agora, pela fé em Jesus, fazemos parte do povo de Deus. Somos povo "próximo" em todos os sentidos de nosso Deus e Salvador. E por causa do seu esplendor, glória, majestade, a sua criação; por todos os seus atos de livramento em nossa vida, e o cuidado para conosco, dia após dia, tanto material como espiritual, já é uma grandiosa razão para louvarmos e bendizermos o seu nome.

Estimados irmãos! Somos convidados a louvar ao Senhor! Louvar com alegria e gratidão, reconhecendo que Deus é o Senhor de tudo. Louvar com ações de graças ao Senhor. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã e eternamente. Amém.

 

 

 

TEXTO: ÊX 3.1-15

TEMA: EIS ME AQUI SENHOR!

Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos personagens bíblicos que foram fiéis ao chamado de Deus, e responderam: “Eis-me aqui, Senhor”. Em nosso texto, encontramos um personagem que também respondeu: “Eis-me aqui” (v.4). Quando Deus o chamou, Ele desejava que Moisés voltasse para o Egito, para resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem à terra que o SENHOR havia prometido. Era uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.

No entanto, Moisés demonstrou dificuldade para compreender o chamado de Deus. Procurou motivos ou desculpas. Revelou falta de confiança de que Deus agiria em sua vida.  Esqueceu-se de que estava na presença do Criador. Mesmo assim, diante das suas dificuldades, Deus mostrou a Moisés que ele seria capacitado para realizar a obra da libertação do povo hebreu. E diante do medo, da insignificância e da solidão de Moisés, Deus diz: “Eu serei contigo; e este será o sinal de que eu te enviei” (3.12). Além disso, diante da falta de credibilidade e intimidade com o SENHOR, Deus se revela e diz: “EU SOU me enviou a vós outros” (3.14). Como se observa, Deus elimina todas as desculpas de Moisés. Ele não tinha mais motivo para recusar o chamado de Deus. Depois desta reação, aceitou a missão de ir a Faraó, rei do Egito, para a libertação do povo de Israel.

Deus também nos chama. Mas, muitas vezes, somos relutantes em obedecer a Deus, quando Ele nos chama. Recusamos cumprir os papéis que Deus nos tem dado, porque nos julgamos incapazes. Achamos desculpas por não fazer a vontade de Deus. Mas precisamos entender que ao sermos chamados Deus nos qualifica, nos transforma e nos dá nova vida, assim como aconteceu com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram instruídos para levar a Sua mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos ter medo porque a iniciativa é toda do SENHOR. A nossa parte é responder, dizendo: Eis me aqui Senhor! 

O povo de Israel sofria terrivelmente no Egito. Os egípcios dominavam os hebreus com tirania, com extrema dureza e tortura física, e até matavam os filhos recém-nascidos para controlar o crescimento da nação escrava. Para se livrar deste sofrimento, a mãe de Moisés, Joquebede, escondeu o próprio filho e, depois, deixou que ele fosse adotado por uma princesa do Egito, onde foi educado na corte com toda a sabedoria da cultura egípcia. Durante este tempo, Moisés viu a injustiça e tentou defender seu povo. Matou um egípcio que espancava um dos hebreus. Como consequência, teve que fugir do Egito. Distante de seu povo, Moisés tornou-se um pastor de ovelhas, casou e teve filhos.

Quando estava apascentando o rebanho de Jetro, seu sogro, perto do Monte Horebe, o monte de Deus, o anjo do SENHOR apareceu para Moisés, e convidou a regressar ao Egito e libertar o seu povo. Apareceu-lhe, numa simples sarça para manifestar o seu poder, revelando-lhe o seu nome, pois o contexto sugere que o Anjo do SENHOR, se refira aos nomes de Deus. (vv. 4-6,11-16) e do SENHOR (vv. 2, 4, 7, 15-16, 18). Diz o texto que Moisés “olhou e viu que a sarça ardia no fogo e não se consumia”. (v.2). Sarça é uma planta espinhosa, e era comum naquela região. O fogo simboliza a Glória de Deus (Êx 24.17), é símbolo do Espírito Santo. Ele ilumina, aquece, purifica, transforma, entre outras características. Naturalmente, nenhuma sarça chamou a atenção de Moisés (em especial), senão aquela que queimava, não se consumia, que havia calor e luz, mas sem destruição. Foi exatamente isso que chamou a atenção de Moisés. Aquele fenômeno despertou em Moisés uma curiosidade investigativa. Então, disse: “Irei para lá e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima?” (v.3). O verbo no hebraico ראָה (ver) ocupa uma posição muito importante neste versículo, bem como nos versículos 2 e 4. Ele tem o sentido de perceber, entender, aprender de ser visto ou revelar.

Portanto, a pretensão de Moisés era chegar mais perto e ver aquele fenômeno. Ele se aproxima para ver Deus no meio daquela sarça. Então, o SENHOR disse: “Moisés! Moisés! Ele respondeu: “Eis-me aqui!” (v.4). Este encontro de Moisés com Deus é um momento inesquecível. O SENHOR o chama pelo nome, o que faz lembrar o chamado de Deus a Abraão no momento em que este estava para sacrificar seu próprio filho (Gn 22.11). A resposta de Moisés foi exatamente igual à de Abraão (Gn 22.1,11). Deus chama Moisés, e ele responde: “Eis-me aqui.” Essa expressão significa estar presente e ter disposição de querer servir da melhor forma possível. Significa entrega, total confiança e disposição em servir ao SENHOR. Ela remete à submissão voluntária e à consagração. Seria alguém que está respondendo ao chamado e se colocando à disposição para servir. Quando Deus chamou Moisés, o SENHOR desejava que ele voltasse para o Egito, para resgatar os hebreus da escravidão e os conduzissem a terra prometida. Era uma tarefa sublime que o servo do SENHOR deveria executá-lo.

Quando lemos as Escrituras, encontramos muitos personagens bíblicos que foram fiéis ao chamado de Deus. Reconheceram o grande privilégio de serem usadas no trabalho do Reino de Deus ao responder: “Eis-me aqui, Senhor”. Isso aconteceu com Abraão quando Deus o chamou para pô-lo à prova (Gn 22.1). Jacó, também, quando Deus falou com ele em visões (Gn 46.2). Isaias, quando ouviu a voz de Deus que dizia: “a quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, e respondeu “eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8). Deus chamou Samuel: “Então veio o Senhor, e pôs-se ali, e chamou como das outras vezes: Samuel, Samuel. E disse Samuel: Fala, porque o teu servo ouve. (1 Samuel 3.10). Deus chamou Isaías: “Então ouvi a voz do Senhor, conclamando: Quem enviarei? Quem irá por nós? E eu respondi: Eis-me aqui. Envia-me!” (Isaías 6.8).

Essa é a resposta que devemos dar a Deus em nossos dias. Ele também nos chama.  Procura pessoas disponíveis para a Sua obra, pessoas que aceitam e abraçam o chamado, dizendo “eis-me aqui, Senhor.” Quando Ele nos chama, realiza grandes mudanças em nossas vidas, nos abençoa, suprindo as nossas necessidades, e estende sua poderosa proteção sobre nós. Portanto, o nosso “eis-me aqui” deve estar unido de prontidão, obediência e atitude, pois Deus quer pessoas que estejam disponíveis para trabalhar, porque o Reino de Deus envolve trabalho e muita dedicação. Sendo assim, será que podemos negligenciar seu chamado? Será que temos o direito de vivermos como filhos que não estão produzindo frutos?

Moisés estava seguro da presença de Deus daquele lugar. Ele aceitou o chamado de Deus para dispor-se a Ele, como seu SENHOR. Mas ainda não conhecia a imensidão e responsabilidade de sua tarefa. Ele ainda vivia sua própria vida cuidando de sua família e do rebanho do seu sogro. Não tinha nenhum planejamento pessoal em libertar o povo, pois já haviam passado 40 anos e nunca tinha voltado para ver seu povo escravo no Egito. Porém, Deus tem um encontro, a fim de lhe dar uma missão tão sublime. Ele ensinou a Moisés uma lição sobre a santidade, que é regra imprescindível e primordial, para que Moisés estabelecesse um relacionamento com o Criador. Por isso, Moisés deveria entender que não estava mais em um simples lugar, mas na presença viva de Deus manifestada. Sendo assim, deveria ter respeito, reverência e consideração perante o local em que estava. 

Deus deixa claro esta questão “Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.” (v.5). Tirar as sandálias era um gesto de respeito, reverência, de humildade. Ainda é costume no Oriente Médio tirar as sandálias daquele que entra numa casa. O SENHOR pediu a Moisés que tirasse as sandálias, pois estava entrando em um espaço santo. Pisando em terra santa! Por isso, sendo um lugar santo, deveria tirar as sandálias em resposta à santidade do SENHOR. A retirada das sandálias  representa a obrigação de “remover” todos os aspectos físicos, que possam servir de impedimento para se chegar à presença de Deus.

De fato, quando nos aproximamos do Criador, seja na adoração pública ou particular, temos que entender a seriedade de estar diante de Deus. Ele quer que nos cheguemos a Ele com espírito reverente, pois estamos entrando em um espaço santo. E não se anda de qualquer jeito em lugar santo, pois não estamos em um simples lugar, mas na presença de Deus. Portanto, precisamos dar sentido à verdadeira adoração que se realiza na casa de Deus. E o verdadeiro sentido é este: a casa de Deus deve ser reservada exclusivamente para o culto e para a oração. É o momento que SENHOR vem ao nosso encontro para derramar suas bênçãos sobre nós através da Palavra e dos sacramentos. É lugar onde outros poderão encontrar a Deus a partir de nosso testemunho em palavra e ação. Por isso, precisamos tirar as sandálias em respeito, reverencia ao nosso Deus, isso significa nos despojar de todas as coisas que nos impede de adorar a Deus. Quando não ocorre esta adoração a Deus, algumas sandálias precisam ser removidas para podermos nos aproximar do Senhor e lhe prestar um culto que seja agradável e aceitável diante do Senhor.

Naquele lugar, Deus demonstrou o Seu poder para Moisés e revelou a ele o Seu Santo Nome. Revelou a Sua verdadeira natureza. Revelou que é Deus Todo-Poderoso, ilimitado e, ao mesmo tempo, santo e misericordioso. Simplesmente, Ele diz a Moisés: EU SOU. Desta forma Deus se revela a Moisés. Eram formas que Deus usava para se identificar ao Seu povo. Porém, o que vemos, como uma simples identificação ou expressão, na verdade, traz um significado extremamente complexo e poderoso ao mesmo tempo. Significa que Deus é um Ser independente, que existe e vive absolutamente por Si só, distinguindo-se assim de qualquer outra ser criado. É importante observar, que o mesmo Deus que se revela a Moisés é o mesmo que antes se revelou aos patriarcas (Gn 26.24; 46.3-4):Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó.” (v..6). Ao mencionar estes nomes, o Senhor garantia a Moisés que Sua aliança com os patriarcas de Israel permanecia em vigor.

Após Deus ter revelado o seu nome, Ele comunica Seus recados a Moisés e demonstra o cuidado diante da missão que Moisés teria que exercer: “Certamente, vi a aflição do meu povo, que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhe o sofrimento; por isso, desci a fim de livrá-lo da mão dos egípcios... Vem, agora, e eu te enviarei a Faraó, para que tires o meu povo, os filhos de Israel, do Egito.” (vv .7-10). Através deste versículo destaco quatro pontos que demostram o cuidado de Deus ao seu povo. Primeiro: O Senhor vê as aflições de seu povo. (v 7a). O Senhor não é como os ídolos dos falsos deuses dos povos pagãos, que “têm olhos e não veem” (Sl 115.5b). Antes, “os olhos do Senhor estão sobre os que o temem, sobre os que esperam na sua misericórdia; para lhes livrar as almas da morte, e para conservá-los vivos na fome” (Salmo 33.18s).

Segundo: O Senhor ouve o clamor de seu povo. (v 7b). O Senhor estava atento às súplicas do seu povo. Diferente dos ídolos, “que têm ouvidos e não ouvem” (Salmo 115.6a). Ele não está indiferente e tem percebido as dificuldades que passamos neste momento. São necessidades da nossa família, as nossas aflições, os problemas que enfrentamos em nosso trabalho. Deus vê cada lágrima e tem conhecimento de todas as opressões que passamos durante o nosso sofrimento. Ele nos conhece antes mesmo de sermos gerados. O Agir poderoso de Deus é algo maravilhoso! Ele é o soberano, fiel, misericordioso em nos socorrer. Ele vai ao encontro dos necessitados, oprimidos, acusados, marginalizados, perdidos, desorientados. 

Em terceiro: O Senhor conhece o sofrimento de seu povo. (v 7c). O Senhor sabia o quanto o povo estava sofrendo. Por isso, se compadeceu. Em quarto: O Senhor desce para livrar o seu povo dos egípcios. (v 8a). A expressão desci para livrá-lo fala da graciosa intervenção divina na terra (SI 40.1). Isto significa que Deus estava totalmente ciente dos problemas de Seu povo. Ele, agora, interviria na vida de seu povo, para fazê-lo com que ele saísse daquela terra (Egito), e entrasse a uma terra boa e larga, a uma terra que mana leite e mel. Era a grande promessa do Senhor para Seu povo (Gn 12.7; 15.12-21; Êx 6.8). A terra de Canaã daria todo o sustento necessário. Algumas partes seriam destinadas à criação de rebanhos, e outras à agricultura. Sob a bênção de Deus, leite e mel jorrariam à vontade.

Com todas estas bênçãos maravilhosas, Moisés ainda apresenta as suas desculpas. Primeira desculpa: Quem sou eu para ir a Faraó tirar do Egito os filhos de Israel?? (3.11). Moisés lutava consigo mesmo.  Não se sentia capaz. Pensava que Deus tinha escolhido a pessoa errada. Mas Deus tem uma resposta para Moisés: Não importa quem você é. Eu serei contigo. (3.12.).  Segunda desculpa: Quem é o Senhor? Qual o seu nome? Que lhes direi? (3.13).    Moisés não tinha muito conhecimento de Deus, tinha pouca intimidade. Entendeu que teria dificuldades para apresentar Deus ao povo. Faltava lhe convicções sobre o que Deus faria em favor daquele povo. Eis a resposta de Deus: “EU SOU O QUE SOU.” Diga aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vos outros.” (v.14). Deus se revelou a Moisés pelo seu nome pessoal: Yahweh. Ele é o grande EU SOU. Ele é o Deus imutável, por quem todas as coisas existem. Ele é misericordioso, gracioso, longânimo, cheio de bondade e verdade. Este é o Deus que os filhos de Israel deveriam crer, confiar, acreditar, pois é um Deus que traz consigo uma nova revelação e experiência para o povo judeu. Eles experimentariam a salvação da escravidão do Egito e promessa de uma nova aliança.

Assim Deus se fez conhecido, para que pudessem reviver entre eles a religião de seus pais, que estava muito deteriorada e quase perdida. E, para que eles pudessem elevar suas expectativas quanto à rápida execução das promessas feitas a seus pais, Moisés deveria dizer aos filhos de Israel que o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, me enviou. Era a prova que a aliança com os patriarcas de Israel permanecia em vigor. Depois as desculpas e exortações da parte de Deus, Moisés assumiu seu ministério, fez sinais, maravilhas e libertou seu povo da escravidão do Egito como servo fiel. No devido tempo deixa Midiã e coloca-se debaixo da potente Mão de Deus, segue para o Egito, levando na mão o cajado de Deus para as grandes batalhas. O Deus que esteve com Israel é o mesmo que sempre está com o seu povo em todas as gerações, que está disposto a ajudar, e se faz presente em todos os momentos. Um Deus que é santo e exige do seu povo também santidade.

Deus tem nos chamados. Ele tem nos comissionados. Mas como temos respondido o chamado que o SENHOR? Temos respondido “Eis me aqui Senhor”, ou criamos milhares de desculpas para não viver a gloria de Deus, dizendo: “não posso, não sou capaz, há pessoas mais qualificadas do que eu, não tenho tempo para tanta responsabilidade, tenho vergonha de falar em público”.  A verdade é que muitas pessoas têm dado respostas que não atendem ao chamado de Deus. No entanto, ao sermos chamados, Cristo nos qualifica, nos transforma e nos dá nova vida, assim como aconteceu com os profetas, discípulos e os apóstolos. Foram instruídos para levar a Sua mensagem a todos os povos. Por isso, não precisamos ter medo porque a iniciativa é toda do SENHOR. A nossa parte é responder dizendo: “Eis me aqui Senhor.” Amém!