TEXTO: JO 19.17-30
TEMA: ESTÁ CONSUMADO!
Consumado é uma expressão que as pessoas usam diariamente para dizer que o trabalho está concluído. O pedreiro olha para sua construção e diz: “Terminei!”. O atleta após uma corrida também afirma: “Completei!” Da mesma forma, quem termina um desenho, afirma: “Acabei!” Em resumo, podemos afirmar que “Está consumado!” significa: “está concluído!”, “está feito!”, “acabou!” Jesus também usou esta expressão quando estava na cruz. Foi uma das suas últimas palavras antes de entregar a Sua vida. Na língua grega esta expressão chama-se “Tetélestai”. Ela contém três significados no contexto secular: Primeiro, era usada para a conclusão de uma tarefa. Segundo, era usada para a quitação de uma dívida. Terceiro, era usada para posse definitiva de uma escritura. No entanto, quando esta expressão, “Tetélestai”, é usada por Jesus na cruz, ela adquire algo mais profundo. Isto significa que Jesus concluiu a obra Salvadora que o Pai lhe havia confiado.
Mas o que realmente estava consumado? Vejamos este questionamento sob três aspectos: Primeiro, Ele pagou pelos nossos pecados, para nos reconduzir a Deus. A partir daquele momento a nossa dívida estava paga, os nossos pecados foram perdoados, dando a nós a vida eterna. Segundo, a obra Salvadora de Cristo não era apenas morrer por nossos pecados. Na cruz, Cristo derrotou Satanás em nosso favor. Jesus destruiu a força de Satanás, permanentemente quando na cruz Ele disse: “Está consumado!” Agora, não tem domínio sobre nós, pois estamos vivendo sob a proteção do Senhor. Terceiro, está consumado também significa que Cristo venceu a morte. Foi o último inimigo a ser derrotado. Ele venceu e nós também a venceremos, e nos encontraremos com Cristo na vida eterna.
I
Estimados irmãos” Depois de ter sido açoitado e maltratado pelos soldados, Jesus foi conduzido à crucificação. E de acordo com o evangelista, Jesus ao carregar a sua cruz, saiu para um lugar chamado Calvário (Gólgota), onde crucificaram com ele outros dois, um de cada lado, e Jesus no meio. Crucificar dois malfeitores ao lado daquele que foi justo, era uma verdadeira humilhação. Mas naquele momento se cumpria as Escrituras, que afirma que Jesus “foi contado com os transgressores” (Isaías 53.12). E no meio destes transgressores, Jesus sofreu, foi blasfemado e insultado. Um, porém, continuou com sua zombaria e manteve seu orgulho, permanecendo em seu pecado, e perdeu a sua última oportunidade de ser salvo; o outro, porém, disse: "Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino". (Lucas 23.42). Ele experimentou toda a graça do perdão, uma única frase, abriu-lhe as portas para o paraíso celestial.
Pilatos foi outro personagem que também não resistiu à oportunidade de fazer uma ofensa, ao demostrar uma forma humilhante a Jesus. Ele também demostrou um profundo desprezo pelos judeus. Ele escreveu um título e o colocou na parte de cima da cruz, para que todos ao passarem por ali, pudessem ler aquela placa sobre a cruz de Jesus. A placa continha uma única mensagem escrita, que dizia: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus.” Ele escreveu o que sabia a respeito de Jesus: que Jesus era o Rei do Judeus. Esta acusação foi escrita em três línguas: Hebraico, latim e grego. Porém, os líderes religiosos não gostaram disso, e disseram a Pilatos: “Não escrevas: Rei dos judeus, e sim que ele disse. Sou o rei dos judeus.” (v.21). Mas Pilatos não mudou o que tinha escrito: “O que escrevi, escrevi.” (v.22). A situação que estava vivendo Pilatos pode ser percebida na seguinte declaração dos judeus: “Se soltas este, não és amigo de César; qualquer que se faz rei é contra César” (João 19.12). Nesse sentido, fica evidente que nem Pilatos como governador romano, nem os sumos sacerdotes como maior autoridade religiosa do povo judeu, estavam dispostos aceitar o sofrimento de Jesus na cruz.
No entanto, a humilhação também se estende entre os soldados. É impressionante o que os soldados fizeram com Jesus durante o seu sofrimento. Anteriormente, eles “teceram uma coroa de espinhos e puseram sobre a sua cabeça, e lhe vestiram roupa de púrpura. E diziam: Salve, Rei dos Judeus. E davam-lhe bofetadas.” (João 19.2,3). E, agora, a zombaria e o escarnecimento continuaram na cruz. Tiraram-Lhe a Sua túnica e dividiram as Suas vestes em quatro partes, uma para cada soldado, conforme a tradição. Mas, olhando para a túnica, eles acharam por bem jogá-la, lançando sortes para ver de quem seria. Foi mais uma humilhação que Jesus enfrentou. Mas tudo isso aconteceu para que se cumprissem as Escrituras: “Repartiram entre si as minhas vestes e sobre a minha túnica lançaram sortes” Sl. 22.18. Jesus viu os soldados dividindo Suas roupas e lançando sortes sobre a túnica, em cumprimento da profecia. Ele olhava para aquele ato que os soldados estavam realizando. Eles estavam tão perto de Jesus, que tiveram a oportunidade de olhar para o Salvador, mas não foram capazes dizer: Jesus, lembra-te de nós quando entrares no teu Reino. Escolheram olhar para as vestes, lançando sortes sobre elas.
Mas também haviam pessoas que acompanharam e se compadeceram de Jesus. Eram algumas mulheres, que estavam junto a cruz. Sua mãe e a sua irmã, Maria mulher de Clopas e Maria Madalena, bem como o discípulo amado, no qual Jesus pediu-lhe que tomasse conta de Sua mãe. Estavam ali, arriscando a sua própria vida, para consolar Jesus diante de sua angustia. Contemplar a morte de Jesus, para aquelas mulheres, era um árduo desafio, pois não foi fácil presenciar a agonia, a vergonha e a indignidade de sua morte. Além disso, não conseguiam entender que, aquele que mudou a vida de muitas pessoas, estava morrendo de maneira tão brutal! Mesmo assim, havia uma grande compaixão, amor e dedicação delas por Jesus. Mas mesmo dominado pela dor e sofrimentos, Jesus não se esqueceu de sua mãe. Ele se dirige à sua mãe para mostrar que a partir daquele momento seria João quem cuidaria dela: “Eis aí a tua mãe. Dessa hora em diante, o discípulo a tomou para casa.” (v.27). Numa clara indicação de que seria ele quem cuidaria de Maria.
II
Depois, vendo Jesus que tudo já estava consumado(τετέλεσται), para se cumprir as Escrituras, disse: Tenho sede!” (v.28). O cansaço pelo qual passara, a tristeza que sentira, o calor do dia e a perda de sangue, eram as causas naturais dessa sede. Por isso, sentiu sede. Essas palavras de Jesus também foram cumpridas. João ouviu nessas palavras o clamor que reunia todos os anseios e agonias de sua alma, que cumpriam seu trabalho, que expressavam o terrível significado de seu sofrimento, e preenchiam o quadro profético: "Puseram fel na minha comida e para matar-me a sede deram-me vinagre." (Salmos 69.21). Observamos o exemplo perfeito de Jesus. Ele poderia ter passado horas gritando e reclamando sobre a dor imposta nesta punição cruel. Ele poderia ter amaldiçoado os soldados e oficiais que determinaram sua morte, mas não fez. Seu propósito principal não era buscar a satisfação de Sua necessidade, mas cumprir a vontade do Pai. “E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: “Está consumado. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito” (v.30).
Mas o que realmente estava consumado? O que Jesus precisamente concluiu? Primeiro, Ele pagou pelos nossos pecados, para nos reconduzir a Deus. A partir daquele momento a nossa dívida estava paga, os nossos pecados foram perdoados, dando a nós a vida eterna. Por isso, não há dúvida que a exclamação de Jesus, "Está consumado!”, traz a mensagem central do amor de Deus por toda a humanidade. Sua morte foi o meio pelo qual o amor de Deus nos alcançou. Este grande amor está expresso nas palavras de João 3.16: “Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna." Agora, há perdão para os pecados, há reconciliação entre o homem e Deus, há uma realidade de vida eterna. Quando cremos nesta mensagem da cruz, somos salvos, redimidos, resgatados. Esta é a mensagem da cruz que precisa ser proclamada, pois ela contempla e revela o plano de Deus que redime o homem de seus pecados, levando-o de volta para a casa do Pai.
Segundo, a obra salvadora de Cristo não era apenas morrer por nossos pecados. Na cruz, Cristo derrotou Satanás em nosso favor. “Havia chegado o momento deste mundo ser julgado, e agora o seu príncipe será expulso" (João 12.31; Colossenses 2.15). Jesus quebrou a força de Satanás, permanentemente quando na cruz Ele disse: “Está consumado!” A morte de Cristo na cruz esmagou a cabeça de Satanás: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” A morte de Cristo destruiu aquele que tinha o poder da morte. Satanás já está derrotado, juntamente com todas as suas potestades. Ele, agora, não tem mais poder para nos condenar. Não tem domínio sobre nós, pois estamos vivendo sob a proteção do Senhor. Agora, estamos livres das trevas e de todos os horrores que as trevas engendram; estamos livres de toda malignidade e de todos os dardos inflamados do inimigo.
Terceira, está consumado também significa que Cristo venceu a morte. A paixão e morte de Jesus não teria sentido sem a sua ressurreição. A morte foi o último inimigo a ser derrotado. Mas tudo começou lá no Jardim do Éden. A maldição sobre a humanidade provocada pelo pecado do homem. O SENHOR havia dito: "você certamente morrerá" (Gênesis 2.17). E a verdade ainda se completa em Romanos 6.23: "O salário do pecado é a morte". No entanto, Cristo venceu a morte. E o fato de Cristo ter vencido a morte é um cumprimento às profecias. O salmista previu que o Messias venceria a morte: "Pois não deixarás a minha alma na morte, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção" (Salmo 16.10). Outros profetas também trouxeram esperança para o povo, de que um dia o Senhor aboliria a morte: "Tragará a morte para sempre, e, assim, o Senhor Deus enxugará as lágrimas de todos os rostos" (Isaías 25.8), e "eu os remirei do poder do inferno e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as suas pragas? Onde está, ó inferno, a sua destruição?" (Oseias 13.14; 1 Coríntios 15.54–55). Jesus morreu na cruz, mas não permaneceu morto. Ele ressuscitou. Ele venceu e nós também a venceremos, e nos encontraremos com Cristo na vida eterna. Somos "mais que vencedores, por meio daquele que nos amou" (Romanos 8.37). Cristo é "as primícias dos que dormem" (1 Coríntios 15.20),
Estimados irmãos! A grande obra da Salvação da humanidade havia terminando. Após a sua ressurreição desceu ao inferno, para anunciar a sua vitória sobre Satanás: “Está consumado!” Que declaração maravilhosa! As labutas no ministério, as perseguições e zombarias, e as dores do jardim e da cruz, terminam. Seu sofrimento tinha acabado e todo o trabalho que o Seu Pai havia solicitado a fazer, ou seja, pregar o evangelho, executar milagres e obter a salvação eterna para o Seu povo, havia sido realizado, cumprido, concretizado.
Há muitas coisas maravilhosas que podem e devem ser ditas a respeito do: “Está consumado!”. Saber o que Jesus conquistou para nós na cruz, nos auxilia a perceber que estamos totalmente perdoados, redimidos e justificados. Nós não devemos tentar conquistar (por nossas obras) nenhum dos benefícios da redenção que foram gratuitamente comprados por Jesus, pois tudo isso é recebido por meio da fé. Por isso, devemos confiar inteiramente naquilo que Ele fez por nós. Amém!
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