sexta-feira, 24 de março de 2023

  

TEXTO: MT 28.1-10

TEMA: O SIGNIFICADO DO SEPULCRO VAZIO

Hoje é Páscoa! Para o comércio é uma data de grandes negócios. Afinal, vivemos numa sociedade capitalista, materialista e consumista, em que as crianças esperam neste dia com ansiedade um presente de ovos de chocolate; as vitrinas das lojas e casas comerciais das cidades são ornamentadas de tal forma a chamar a atenção das pessoas. Além da troca de ovos de chocolate, as famílias se reúnem para celebrar um almoço, com direito a pratos especiais, mesas fartas, mensagens e músicas de Páscoa. Enfim, somos bombardeados com os comerciais de ovos de chocolate e coelhinhos, na TV, no rádio, em Outdoor’s espalhados por todas as cidades e supermercados. Este é o significado que o mundo tem dado para Páscoa.

Também para o cristianismo é uma data importante, porém com outro significado. Diferente do que pensa o comércio, o verdadeiro significado da Páscoa não está nos chocolates, coelhos, ovos e festas, mas está no significado do sepulcro vazio. Significado para Jesus que ressuscitou. Ele não permaneceu no sepulcro. Garantiu o cumprimento de todas as suas promessas, pois ressuscitou como havia prometido. Ele provou de fato ser o Filho de Deus ao exercer poder sobre a vida e a morte, conquistando a vitória sobre o pecado e o diabo. O sepulcro vazio para as mulheres também teve um grande significado. Elas não precisavam mais andar tristes e preocupadas. Não havia mais incerteza, dúvida, desespero porque foram iluminadas e agraciadas pelo evangelho.

                                                               I

Após a morte de Jesus, ao tirá-lo da cruz, José de Arimateia colocou-o num túmulo novo, aberto na rocha, e “rolando uma grande pedra para a entrada do sepulcro, se retirou” (Mt 27.60). Aquela sepultura foi lacrada e os soldados deveriam vigiar a pedra, para impedir um possível furto do corpo de Jesus,  e que jamais poderia ser violada. É uma cena que causou uma imensa tristeza na vida dos discípulos, das mulheres e muitas pessoas que presenciaram a Sua morte, bem como o Seu sepultamento. Afinal, Jesus estava morto, acabado, derrotado para aquelas pessoas. Não havia mais esperança. Esta era a triste realidade para os discípulos e as mulheres. Entretanto, frente a esta situação, as mulheres querem realizar a última cerimônia: embalsamar o corpo de Jesus.

Diz o nosso texto que “no findar do sábado, ao entrar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro.” (v.1). Houve uma grande preocupação em procurar o Salvador bem cedo pela manhã. Para aquelas mulheres ainda havia esperança de ver Jesus no sepulcro. Seus corações ainda pairavam todos os temores e incertezas dos acontecimentos da última semana. Seus pensamentos estavam voltados para a morte de Jesus. O fato de Cristo estar morto não lhes era bem aceito. Mas, afinal por que as mulheres foram ao sepulcro? Conforme o evangelista Marcos, a finalidade da ida das mulheres à sepultura, e todos os preparativos a serem realizados, era para embalsamar o corpo de Jesus. Assim diz o texto de Marcos: “compraram aromas para embalsamar”. (16.1). As mulheres queriam perfumar o corpo de Jesus e, por isso, compraram perfume para realizar essa cerimônia. Eram ervas cheirosas para encobrir o hálito da morte, para deter ao menos o processo de decomposição. Era um costume preparar o corpo para o sepulcro, colocando perfumes. Elas queriam prestar uma última homenagem a Jesus. Tudo pronto estavam a caminho da sepultura.

Durante a viagem havia uma grande preocupação. Sentiram que havia um problema que impediria de fazer o que elas desejavam. O evangelista Marcos afirma: “Quem nos removerá a pedra da entrada do tumulo?” (16.3). Talvez, em meio à tristeza que estavam vivenciando, não se preocuparam com o problema, ou não se preocuparam em pedir que alguém fosse junto para deslocar a enorme pedra que havia sido colocado frente ao sepulcro. No entanto, foi grande a admiração das mulheres quando, ao poderem vislumbrar a sepultura, viram que a mesma estava aberta. Não podiam entender o que viram. O que não sabiam, era que os planos seriam frustrados: a pedra já estava removida e o sepulcro vazio. Em suas mentes surgem diversos questionamentos: Quem removeu a pedra? Quem abriu o sepulcro?

O texto tem uma resposta simples: “E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela” (v.2). Em Marcos 16.4 nós lemos que as mulheres “olhando, viram que a pedra já estava removida; pois era muito grande.” Interessante que Marcos apenas a afirma que as mulheres chegam ao túmulo e encontram a pedra fora do lugar. Inclusive, nem ficam espantadas com o fato da pedra ter sido removida, e não há maiores detalhes. Em Lucas 24.2 somos informados apenas que as mulheres “encontraram a pedra removida do sepulcro”. Em João 20.1-2 somos informados que “Maria Madalena... viu que a pedra estava revolvida. Então, correu e foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, a quem Jesus amava e disse-lhes: Tiraram do sepulcro o Senhor e não sabemos onde o puseram.” Tudo isso muda quando vamos para Mateus. O escritor desse Evangelho acrescenta detalhes que tornam o relato mais empolgante. Mateus usa de artifícios literários para uma resposta ao fato da pedra estar removida. Ele relata que houve um terremoto, que um anjo desceu do céu, rolou a pedra e ficou sentado em cima dela. Diz o texto que o seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. Os guardas ao ver o anjo tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos

A manifestação do anjo serve para mostrar que tudo que ocorreu foi pela intervenção de Deus. Ele dá rumo diferente à história. Ele remove a pedra. É capaz do impossível. Ele tira Jesus da sepultura. Os soldados caem desmaiados. E quando recuperam os sentidos, o túmulo está vazio. Realmente, Cristo ressuscitou. Ele vive. Ele não permaneceu no túmulo. Ele não poderia ficar sepulcro porque ele é Deus, o Autor da vida. Esta é a mensagem da Páscoa por excelência. O anjo é mensageiro enviado de Deus para anunciar a vitória do crucificado aquelas mulheres que estavam cheias de medo: “Não temais; porque sei que buscai Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui; ressuscitou como tinha dito. Vinde ver onde ele jazia.” (vv.5 e 6). O anjo convida as mulheres ao dizer “vinde ver onde ele jazia”. Elas encontram o anjo na entrada do sepulcro, e são convidadas para entrar e ver lugar onde Jesus “jazia”. O verbo está no passado, o que indica que ele não mais estava ali. Esta foi à mensagem do anjo àquelas mulheres preocupadas. Esta mensagem veio confirmar a esperança que de fato Cristo havia ressuscitado.

Cristo ressuscitou! Ele não está mais aqui! Este é o presente mais importante que a humanidade já recebeu em toda sua história. Cristo ressuscitou! Ele não está mais aqui! É a mensagem de Páscoa. Nem caixa bonita com chocolate, nem qualquer objeto dentro, poderiam ser tão especiais do que a mensagem da ressurreição de Cristo.  No túmulo vazio está estampada a mensagem de que Jesus venceu a morte. Era o último inimigo a ser vencido. Era o último, pois não é mais. Jesus venceu definitivamente o diabo, o pecado e a morte. Ele vive! Essa é a notícia da Páscoa cristã para um mundo consumista, no qual a mensagem de Páscoa tem perdido o seu significado.

Ele não está aqui. Ele ressuscitou como tinha dito. O sepulcro estava vazio. Mas qual é o significado para Jesus? Significa que Jesus venceu a morte. Talvez, a morte seja um dos assuntos que as pessoas não gostam de falar. Ela acaba com tudo. A morte é cruel. Ela tira do nosso meio uma pessoa amada. Mas ela é inevitável. Todos os dias, nós temos contato com a morte de alguma forma. Em nossa família, em nossa vizinhança, em nossa cidade, em nosso país, no mundo. A morte está acontecendo a todo tempo, e um dia seremos nós os personagens principais para ela. No entanto, diante do medo vêm o consolo: Não temas! Jesus venceu a morte. Não permaneceu no sepulcro. Garantiu o cumprimento de todas as suas promessas, pois ressuscitou como havia prometido, provando de fato ser o Filho de Deus ao exercer poder sobre a vida e a morte, conquistando vitória sobre o pecado e o diabo.

                                                           II

Também havia um grande significado da ressurreição de Jesus àquelas mulheres que encontraram o sepulcro vazio. Elas receberam as primeiras notícias da ressurreição de Jesus através do anjo. A mensagem do anjo é a própria mensagem da Páscoa. A mensagem do anjo lembra também que a noticia sobre a ressurreição deveria ser anunciada aos discípulos: “Ide, pois, depressa e dizei aos seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos.” (v.7a). Depois disso, o anjo as exorta a ir proclamar a ressurreição de Jesus para os demais discípulos. A palavra traduzida aqui por “ide” é a mesma palavra que aparece na Grande Comissão, em Mateus 28.18a, onde Jesus disse, “Ide, e fazei discípulos”. O verbo não está no imperativo. Está no aoristo particípio. O particípio aoristo seria um tempo verbal que expressa uma ação passada, isto é, tomada como já concluída. Assim sendo, uma tradução mais fiel de πορευθεντες seria “havendo (já) ido” ou “havendo viajado”, ”indo”, ”enquanto estejam indo”. Enfim, o termo requer urgência.

Esta noticia do sepulcro vazio teve um grande significado para àquelas mulheres. Elas não precisavam mais andar tristes e preocupadas. Não havia mais incerteza, dúvida, desespero, porque foram iluminadas e agraciadas pelo evangelho. Diante desta noticia o medo que ainda estavam vivenciando se mistura com a alegria. Por isso, deveriam anunciar esta noticia maravilhosa aos discípulos com urgência. Sendo assim, o anjo não permite que as mulheres se percam em especulações, questionamentos, indagações sobre a ressurreição de Jesus. Simplesmente, o anjo diz: “Ide, pois, depressa”. Aquela mensagem deveria ser noticiada rapidamente. Os discípulos precisavam saber sobre a ressurreição de Jesus. Elas percebem que algo novo havia acontecido, numa grande euforia, foram e anunciaram aos discípulos e a todos que com eles estavam

Cristo venceu a morte. Ele ressuscitou. Por isso, hoje, podemos enfrentar a morte sem temor, na certeza que iremos ressuscitar para vida eterna. Ele ressuscitou. Ele não ficou no túmulo, mas ressuscitou dos mortos.  Não em benefício próprio, mas por nossa causa, para que a sua ressurreição seja a nossa esperança que um dia também ressuscitaremos. O próprio Jesus afirmou: “Porque eu vivo, vós também vivereis”. (Jo 14.19). “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá” (Jo 11.25). A morte de Cristo foi a vitória que abriu as portas da vida eterna. Jesus Cristo é, certamente, nossa maior esperança; é o caminho que leva ao Deus criador e Pai celestial (João 14.6). A vitória sobre a morte é possível somente para aqueles que creem nele.

A notícia da ressurreição de Jesus, transmitida pelo anjo também vale para nós. Não podemos nos silenciar diante de uma noticia maravilhosa. Ela nos impulsiona anunciar uma mensagem do Cristo que não permaneceu no sepulcro. Mas a realidade de um túmulo aberto e vazio, que nos confirma a ressurreição. Precisamos anunciar: se o Senhor não tivesse ressuscitado, continuaríamos mortos em nossos delitos e pecados; se o Senhor não tivesse ressuscitado, ainda seríamos escravos de Satanás; se  Cristo não tivesse ressuscitado dentre os mortos, estaríamos fazendo a vontade da carne, andando segundo o curso deste mundo, conforme a vontade de Satanás; se Cristo não tivesse ressuscitado, não teríamos a esperança da vida Eterna, nem tampouco poderíamos desfrutar dos benefícios do seu Reino.

Estimados irmãos! Que o bondoso Deus possa sempre nos consolar, alegrar e fortalecer com esta mensagem maravilhosa: Jesus morreu, mas, não permaneceu morto. Ele ressuscitou, e o túmulo está vazio. Ele vive. Aleluia! Que nossa Páscoa seja vivida com toda esta alegria! Amém.

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