segunda-feira, 13 de março de 2023

 TEXTO: JO 9. 1-41  

TEMA:  JESUS ME CUROU DA CEGUEIRA ESPIRITUAL  

As pessoas com cegueira física vivem um transtorna no dia a dia. São continuamente privadas de oportunidades de convivência com a família e seus amigos, da vida escolar, do trabalho, das atividades de lazer e cultura, entre outros. Além disso, enfrentam a discriminação social, sentimento de rejeição, intolerância e o preconceito. Mas há um outro tipo de cegueira, muito mais séria, e para a qual o homem não tem remédio: a cegueira espiritual. Por causa da desobediência a Deus, todos os homens ficaram sujeitos ao pecado, e passaram a  viver nas trevas, na cegueira espiritual. A situação deste homem e sua deficiência ilustram perfeitamente a nossa condição espiritual. Nascemos cegos, em pecado, e "vivemos mortos" em nossos pecados. Que situação terrível: mortos e destituídos da glória de Deus! Enfim, todos nós somos carentes da graça de Jesus em nossas vidas.

 No entanto, Cristo veio salvar o que se havia perdido. A missão de Cristo é inclusiva e extensiva a todos os homens, até mesmo sobre aqueles que eram discriminados pelo seu próprio povo, como era o caso daquele cego, que vivia uma vida sem orientação, sem rumo, sem consolo, sem esperança, que vivia na dúvida e desespero, que viva no pecado. Jesus veio brilhar em sua vida. Veio dissipar as trevas do pecado e encher o seu coração de luz. A obra de Deus na vida daquele homem não se resumia a fazê-lo voltar a enxergar, era muito mais que isto, era uma mudança absoluta, completa e coroada com sua salvação. Isto foi possível porque  Deus nos curou da cegueira espiritual,  na pessoa de seu Filho Jesus Cristo, que nos reconciliou com o Pai. Ele sofreu, morreu e ressuscitou. Pagou a dívida do homem com o seu precioso sangue na cruz do Gólgota. Sacrificou sua vida como cordeiro inocente para obter em favor dos culpados o eterno perdão.

                                                                         I

O texto nos diz que Jesus estava caminhando, e viu um homem cego de nascença. Um cego que  vivia a sua vida na escuridão. Não via a luz desse mundo. E durante muitos anos, sem dúvida, estava acostumado a ficar  assentado, sozinho, abandonado, pedindo esmolas, dependendo da bondade, caridade e da compaixão de outras pessoas. Um cego que perante a sociedade da época não tinha valor algum. Era desprezado. Nas culturas antigas, as pessoas cegas não tinham escolha senão serem mendigas. Além disso,  os rabinos acreditavam que qualquer malformação de nascença na família significava pecado dos antepassados. Por isso, os discípulos entendiam que uma deficiência física como a cegueira era um castigo pelo pecado. Sendo assim, eles questionam Jesus: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para nascesse cego?”(v.2). Teria ele nascido assim por causa de algum pecado?

Jesus corrigiu os discípulos. Ele rejeitou essas teorias como explicações inadequadas. Mostra que não havia nenhum castigo e nenhuma maldição hereditária sobre a vida daquele homem. Sendo assim, Jesus estabelece o propósito e não a causa, conforme os discípulos pensavam: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas para que nele sejam manifestadas as obras de Deus!” (v.3). Jesus explicou que a cegueira do homem não tinha nada a ver com seu pecado ou com o pecado de seus pais. O Senhor, porém, vê nele uma oportunidade para manifestar o seu poder e a sua graça, para glorificação de Deus.

Ele aproveita a ocasião para mostrar que havia urgência na realização de sua missão, que o Pai lhe confiou, enquanto havia tempo, logo viria a noite quando ninguém pode trabalhar: “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19.10).E ainda é enfático nas suas palavras: “Enquanto estou no mundo, eu sou a luz do mundo!”  (v.5).Jesus  veio brilhar esse mundo, iluminar nosso caminho. Ele é a solução para o mundo em trevas espirituais. Por isso, Jesus veio brilhar a vida daquele cego. Veio dissipar as trevas do pecado e encher o seu coração de luz. Ele disse: “Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (Jo 8.12).Somente quando conhecemos a luz é que podemos de fato, conhecer quem somos e para onde  caminhamos. Mas quando nos distanciamos da luz, nos tornamos cegos espiritualmente.

                                                                   II

Havendo dito isso, Jesus, então, cuspiu no chão, fez barro e, dirigindo-se ao cego, passou-lhe a mistura nos olhos, ordenando-lhe que fosse lavar-se no tanque de Siloé. Esta não foi a única vez que o Mestre agiu dessa maneira. Em outras duas ocasiões, de forma inexplicável, Ele também fez uso da saliva para realizar milagres (Mc 7.33; 8.23). Aplicar sobre o olho de alguém cego uma espessa camada de lama, contraria a lógica humana. Contudo, o Senhor age da forma que lhe apraz e no momento que lhe convém. Por mais inconcebível que possa parecer à mentalidade moderna, o cego obedeceu e foi ao tanque de Siloé lavar os seus olhos. Ele, aparentemente, não conhecia nada sobre Jesus, mas, obedeceu, voltando então ,completamente, curado (v.7). A alegria passa a resplandecer em sua face. Agora, podia contemplar todas as belezas da natureza criada por Deus. Um mundo estampado de paisagens coloridas diante de seus olhos. Foi um feito extraordinário na vida daquele cego. A cura milagrosa é uma evidência da verdade que Jesus havia ensinado:  Ele é a Luz do mundo, capaz de trazer a visão ao cego.

Entretanto, o milagre operado por Jesus gera conflito, dúvida e até mesmo divisão de opinião entre aquelas pessoas que conheciam o cego. Alguns estavam plenamente convencidos de sua identidade, porquanto o tinham visto com frequência, provavelmente, durante anos. Mas outros, que não o conheciam bem, vendo-o, agora, de olhos abertos, não podiam reconhecê-lo como o mesmo indivíduo que costumava pedir esmolas nas imediações. Por isso, não tinham tanta certeza sobre a sua identidade. Mas  o maior conflito e dúvida estava entre os fariseus. Não puderam entender como esse Jesus pudesse curar um cego de nascença. E questionam o cego: “Como chegara a ver?” A resposta do cego:  “ Aplicou lodo aos meus olhos, lavei-me e estou vendo”(v.15). Os fariseus respondem: “Esse homem não é de Deus, porque não guarda o sábado”. “Como pode um homem pecador fazer tamanhos sinais?”(v.16).

Os fariseus ainda não estão satisfeitos com a resposta do ex-cego e resolvem interrogar os seus pais. Mas seus pais disseram que não sabiam, e que perguntassem a ele, porque ele tinha idade suficiente para responder por si só. Resolveram interrogar o cego pela segunda vez: “ Dá gloria a Deus; nós sabemos que esse homem é pecador”(v.24).No entanto, o ex-cego não tem o mesmo pensamento que os fariseus a respeito de Jesus, E por isso, dá uma resposta dura aos fariseus, e é ao mesmo tempo a sua confissão: “Se é pecador, não sei, uma coisa sei: Eu era cego e agora vejo”.(v.25 ) . Perguntaram-lhe ainda : Que é o que te fez? como te abriu os olhos? (v.27). 

Eram tantas perguntas, mas o cego só tinha uma resposta: Já vo-lo disse, e não ouvistes! E questiona  os fariseus: Por que quereis ouvir outra vez? porventura quereis também vós vos tornar seus discípulos? (v.28) Injuriaram-no e disseram: Discípulo dele és tu; mas nós somos discípulos de Moisés.(v.29). Nós sabemos que Deus falou a Moisés, mas este não sabemos donde ele é. O mendigo fica surpreso e diz: “Certamente isso é de admirar! Vocês não sabem de onde ele vem e, contudo, ele abriu os meus olhos.” Então o homem usa um raciocínio claro sobre quem Deus ouve e aprova: “Sabemos que Deus não escuta pecadores, mas, se alguém teme a Deus e faz a sua vontade, ele escuta a essa pessoa. Desde a antiguidade, nunca se ouviu falar que alguém tenha aberto os olhos de um cego de nascença.” Isso o leva a concluir: “Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer absolutamente nada.”

Não é a primeira vez que os fariseus questionam sobre os milagres de Jesus. Em várias ocasiões tornaram-se cegos espirituais. Não aceitavam Jesus como Messias prometido e enviado por Deus. Contestavam as suas palavras. Estavam constantemente provocando a Jesus, armando ciladas e tumultuando as suas pregações, querendo com isso ridicularizar a sua obra. Eles não acreditavam que Deus Pai estivesse com Jesus, que houvesse uma relação de Pai e Filho entre eles, e que Ele fora enviado  pelo Pai.

Conta-se que três cegos tocaram algumas partes de um elefante, mas nenhum deles percebeu que tocavam um elefante. O cego que tocou a tromba, disse “estou tocando uma grande mangueira”, o cego que pegou no rabo, afirmou “trata-se de uma corda”, o cego que tocava uma das pernas afirmou que se tratava do “tronco de uma árvore”. Nenhum deles percebeu a verdadeira realidade. Eram cegos, e só tocaram em partes isoladas. Assim são os cegos espirituais, não percebem a realidade que os cerca e que os espera. Será que este não é o problema dos nossos dias atuais? Hoje, a maioria dos homens, em todo o mundo, continuam em sua cegueira espiritual, em sua incredulidade, não aceitando a Jesus como enviado por Deus para buscar e salvar o perdido. Devemos pedir a Deus que abra os nossos olhos e não nos deixe ser enganados pelas armadilhas de Satanás. Ele é especialista em cegar as pessoas, para que elas não recebam a salvação através de Jesus Cristo. A intenção dele é fazer com que as pessoas fiquem presas apenas a este mundo

                                                             III 

No entanto, Jesus se revela ao cego para que pudesse reconhecer quem era o Filho do homem e para que pudesse exercer plena confiança nele. De um lado, Cristo o Messias prometido, de outro, um homem que após uma vida de trevas, passa a viver na verdadeira luz. Os dois conversam, Cristo pergunta: Se o cego crê nele, o Messias, e o homem em resposta, dá o seu testemunho: “Creio, Senhor”.(v.38). Mostra-se inclinado a receber as palavras que identificavam como o Messias, e se mostra disposto a segui-lo como seu discípulo. O cego chega a uma conclusão de que aquele homem não era pecador, e que a obra que Ele realizara naquela cura extraordinária, fora feita no poder de Deus.

A obra de Deus na vida daquele homem não se resumia a fazê-lo voltar a enxergar, era muito mais que isto, era uma mudança absoluta, completa e coroada com sua salvação. Isto foi possível porque  Deus nos curou da cegueira espiritual,  na pessoa de seu Filho Jesus Cristo, que nos reconciliou com o Pai. Ele sofreu, morreu e ressuscitou. Pagou a dívida do homem com o seu precioso sangue na cruz do Gólgota. Sacrificou sua vida como cordeiro inocente para obter em favor dos culpados o eterno perdão.

Por isso, devemos unir as nossas vozes  e dizer de coração “Creio, Senhor”. Senhor abre os nossos olhos da cegueira espiritual para que aprendamos a ver o mundo e o seu sofrimento com os olhos de tua luz.

                                                                 ANOTAÇÕES

O relato de João, porém, fornece o único registro de Jesus cuspindo na terra e formando lodo. Desde a antiguidade, pensava-se que o cuspe ou saliva possuía algum poder medicinal. Mas os judeus desconfiavam de qualquer pessoa que usasse saliva para curar, porque tal atitude estava associada com artes mágicas. Vale a pena notar, porém, que o papel da saliva de Jesus na cura era principalmente o de fazer lodo. Jesus não usava objetos aleatórios sem um propósito específico. Primeiro, Jesus usou o lodo para ajudar a desenvolver a fé do homem (ele tinha que fazer o que Jesus lhe disse: ir e se lavar em um certo tanque). Segundo, Jesus amassou o lodo com suas mãos a fim de colocá-lo sobre os olhos do homem. Isto constituía ‘trabalho’ em um dia de sábado e iria perturbar os fariseus. Jesus tinha muito que lhes ensinar sobre Deus e o seu sábado” (Comentário do Novo Testamento. Aplicação Pessoal. 9, p.544).Volume 1. 1ª Edição. RJ: CPAD, 200.

Siloé é uma tradução grega σιλωαμ (silôam),  do nome hebraico   שלח( Shilôah) que significa “O Enviado”. O tanque de Siloé tinha sido construído pelo rei Ezequias. Seus trabalhadores tinham construído um túnel subterrâneo da Fonte de Giom no Vale de Cedrom, fora de Jerusalém. Este túnel canalizava a água para o tanque de Siloé dentro dos muros da cidade. Localizado na extremidade sudeste da cidade, o túnel e o tanque foram originalmente construídos para ajudar os habitantes de Jerusalém a sobreviverem em tempos de cerco. É encontrado três vezes na bíblia: Ne 3. 15 (“Açude de Selá” – ARA; “Tanque de Siloé” – NVI; em hebraico neste texto de Neemias – Selá – shelach – שלון); Is 8. 6 (“as águas de Siloé”) e Jo 9. 7 (“tanque de Silóe”).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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