sábado, 21 de outubro de 2023

 


TEXTO: SL 1

TEMA: É FELIZ AQUELE QUE NÃO SEGUE O CONSELHO DOS IMPIOS

 O que é felicidade? Onde posso encontrá-la? Como posso ser feliz?  Por que nem todos são felizes?  Embora existam muitas definições para o que é felicidade, pode-se afirmar que se trata de um estado emocional constituído por sentimentos de satisfação, contentamento e realização. Um momento quando as pessoas expressam alegria, se sentem bem consigo mesmo e imaginam possibilidades positivas para o futuro. Mas nem sempre é assim. Às vezes, as pessoas não conseguem sustentar a felicidade por muito tempo. Estão insatisfeitas com o que está acontecendo em sua vida, pois entendem que seus objetivos não foram realizados. Sendo assim, vivem na amargura, no vazio, na ansiedade e depressão.

Diante desta inquietude, o Salmo 1 nos apresenta dois caminhos para uma felicidade duradouraApresenta uma nítida distinção entre o homem feliz, ou “bem-aventurado”, e o homem ímpio que vive distante de Deus. Para o homem que vive distante de Deus, Ele nos alerta: se queremos ser felizes, não podemos ouvir conselhos de ímpios, não podemos trilhar caminhos pecaminosos, nem fazermos aliança com escarnecedores, pois eles não buscam os caminhos de Deus e consequentemente não experimentam esta felicidade. No entanto, Deus deseja a nossa felicidade e nos aponta o caminho: a verdadeira felicidade consiste na obediência à palavra de Deus, no seguir os conselhos de Deus; no servir ao Senhor, no andar nos Seus retos caminhos; buscar a sabedoria de Deus e viver uma vida de santidade. Este é o caminho da felicidade.

                                                                I

 É interessante notarmos que este salmo começa falando da felicidade numa perspectiva negativa: “Feliz é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1).  “Não anda”; “não se detém ou não para”; “não se assenta”. Estes três verbos, de modo progressivo, nos mostram exatamente o processo degenerativo daqueles que andam segundo o curso deste mundo, segundo os valores do mundo. Daqueles que dão ouvidos aos conselhos dos ímpios. Daqueles que não amam a Deus.

Esta não deve ser nossa prática, pois o salmista afirma que a felicidade está ligada ao não fazer estas coisas, e apresenta o segredo para sermos felizes: a Lei do Senhor, ou seja, a Palavra de Deus, como a fonte para encontrarmos a felicidade.  E o versículo que vai se contrapor a esta verdade, podemos encontrar no versículo 2: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite”. O prazer do cristão não é andar no conselho dos ímpios. No caminho dos pecadores e nem se assentar na roda dos escarnecedores, mas ouvir que o diz a Palavra de Deus, pois o seu prazer está em obedecer às Escrituras Sagradas e nunca dar ouvidos às práticas de homens ímpios que vivem praticando, o que é contrário a vontade de Deus. Ele busca resposta na Palavra de Deus e não nos conselhos de pessoas sem o temor a Deus. Por isso, andar segunda a Lei de Deus é ser feliz; bem-aventurado.

 É isso que Deus quer de nós, que sintamos mais prazer em estar na sua presença, buscando a sua Lei, e nela meditando de dia e de noite. Para ilustrar esta atitude, o salmista compara

 a uma árvore plantada e cujas raízes se estendem para dentro de um ribeiro de águas: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”. (v.3). A árvore é constantemente alimentada pelas águas. Está sempre viçosa, verdejante, e dá seu fruto na época própria. Suas raízes são alimentadas pelo subsolo fértil e úmido, pois as águas lhe dão vida. Assim é o homem bem-aventurado, tal qual a árvore plantada junto a correntes de águas. Cada dia, ele precisa saciar a sua sede junto fonte de águas vivas, que é Jesus. Nesta fonte, torna-se firme, estável, tem as suas raízes firmemente apegadas na profundidade do solo, e é inabalável diante de fortes tempestades. E no devido tempo, ele dá o seu fruto. Paulo menciona na carta aos Gálatas estes frutos: frutos de amor, alegria, paciência, bondade, retidão, fidelidade, mansidão, domínio próprio e paz.

 Que tipo de árvore tem sido você? Frondosa, bem enraizada e carregada de frutos maduros ou árvore murcha e infrutífera? Do que você tem se nutrido? Da palavra de Deus ou de palavras do mundo? É preciso refletimos sobre estes questionamentos, pois há pessoas tão distantes da palavra de Deus que se tornam árvores má. Suas raízes não resistem às provações, dificuldades e outras secas que surgem neste mundo, pois a fonte que a alimenta está fundamentada na desonra, no mundo e nas coisas do maligno. Lembre-se: Só poderemos nos tornar árvores boas, se fizermos uso da palavra de Deus, praticarmos em nossa vida. Só será realmente feliz aquele que for como “árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”.

Portanto, feliz é aquele que anda em conformidade com a vontade de Deus, Anda na lei do Senhor, na Sua Palavra, e medita continuamente. Não se deixa levar pelos conselhos e opiniões dos ímpios.

                                                                         II

 Agora, o salmista se volta para os ímpios, dizendo: “Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa” (v. 4). Aqui novamente, o salmista usa outra ilustração para demonstrar a atitude dos ímpios. Na Palestina se debulhava o grão na eira, uma porção de solo liso e duro no campo, situada muitas vezes sobre uma colina varrida pelo vento. Os preciosos grãos ficavam na eira, mas o vento levava a palha. Em comparação com os justos, os ímpios são como a palha inútil que o vento afugenta. Algo morto, seco, inútil, e quando vem o vento, dispersa. Não têm raiz nenhuma; falta-lhes estabilidade e não podem durar por muito tempo.

Estes são os ímpios. Eles vivem em rebelião contra Deus e não tem o mínimo de temor; são perversas e praticam o mal contra outras pessoas – Salmo 10.7-8; prejudicam outras pessoas para conseguir o que quer – Sl 10.2-4; são irreverentes -Isaías, 26.10.Por isso, “Eles não prevalecerão no juízo” (v.5a).O salmista usa o verbo “prevalecer”: literalmente significa que não se “levantarão” no juízo, ou seja, no dia do juízo não serão vitoriosos, mesmo que aqui neste mundo aparentemente prevaleçam. Mesmo que obtenham vitorias e sucesso em muitas áreas da vida. No entanto, no dia do juízo final, eles não prevalecerão.  “nem os pecadores na congregação dos justos”. (v.5b). Muito triste, mas os profetas, Jesus, os discípulos alertaram, e a igreja cristã continuou alertando.

De forma clara e objetiva, o salmista vai conclui o texto, fazendo a separação entre o justo e o ímpio, quando diz: “O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (v.6). O Senhor não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos acompanha, nos adverte e nos corrige. Quando se refere o caminho dos ímpios. O salmista usa o termo “perecer” que significa cessar de viver ou deixar de existir, ser destruído, tornar-se nada, consumir-se, morrer. Eles andam segundo o caminho da sua própria vontade e não segundo a vontade de Deus. Vivem para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos. Portanto, estes perecerão no último dia – serão condenados ao sofrimento eterno, separados do Senhor. Este é o caminho dos ímpios que os leva a perecer. Eles serão destruídos, consumidos porque escolheram o caminho do pecado. Deus já demonstrou na história do dilúvio e de Sodoma que os ímpios de fato serão destruídos.

As Escrituras deixam bem claro para onde nos conduzem os nossos próprios caminhos: "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte." (Pv 14.12). Por isso, abandone os seus próprios caminhos, volte-se para a Palavra do Senhor, abandone os desejos do seu coração que é enganoso e corrupto e obedeça ao Senhor e viva a Sua Palavra. Abandone tudo que não está de acordo com a Lei de Deus e se volte para Ele que é rico em perdoar. Aqueles que fazem assim prevalecerão e se levantarão no dia do juízo e receberão as boas vindas do Juiz e a herança prometida, o reino eterno; mas os que não fizerem isso, não se levantarão, serão apartados para o sofrimento eterno. Amém.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

 

TEXTO: RM. 1.17

TEMA: COMO POSSO ENCONTRAR UM DEUS MISERICORDIOSO?

No dia de hoje lembramos a Reforma realizada pelo Dr. Martinho Lutero, iniciada no dia 31 de outubro de 1517 quando afixou as 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg, na Alemanha. Tantos anos se passaram, e ainda guardamos na memória os grandes acontecimentos que marcaram a História, que movimentou o mundo religioso, cultural, político e econômico da época. Mas será que as pessoas sabem quem foi Lutero? Será que os luteranos conhecem o legado que Lutero deixou? Conhecem as suas obras? Para muitas pessoas, Lutero continua sendo um desconhecido ou, no máximo um monge rebelde que protestou contra a Igreja e que abandonou o convento, porque queria casar. Outros afirmam que Lutero foi um antissemita, perseguiu os judeusAfirmam ainda que, ao mesmo tempo em que Lutero apresentava sólida argumentação teológica, exegética e histórica, também se utilizava de frases, figuras e exemplos do cotidiano, muitos dos quais eram preconceituosos e agressivos contra os acusadores. E por fim, tem aqueles que afirmam que os seus vícios, às vezes, eram mais visíveis do que as virtudes. 

No entanto, para outros, ele deixa de ser um desconhecido, pois ocupa espaço nos estudos   de muitos acadêmicos e graduados de diversas áreas do conhecimento humano, ou seja, da teologia, da política, da economia e da cultura. Além disso, as obras de Lutero têm despertado interesse. São obras que têm fascinado estudiosos. Na qualidade de teólogo, pregador, conselheiro espiritual, poeta de hinos e orador, Lutero deu testemunho da mensagem bíblica a respeito da salvação em Cristo Jesus, levando às pessoas através das suas mensagens, o consolo e o cuidado aos necessitados. É de se admirar a coragem que ele teve de manifestar seus sentimentos, de forma tão obstinada numa época de terror em que a inquisição perseguia, e condenava pessoas à morte de forma arbitrária e impiedosa.

Indiscutivelmente, a Reforma está entre os acontecimentos incisivos na História alemã, europeia e mundial. Por isso, há bons motivos para recordar a Reforma por ocasião dos 506 anos do aniversário da “divulgação das teses”, pois ela foi importante revolução cultural e histórico-religiosa. Ela influenciou tanto a língua alemã, como teve efeitos também sobre a música e a arte. Deu impulsos importantes ao setor educacional e criou as bases para a participação social e política. Como se observa, Lutero desempenhou um papel de tremenda importância na transformação da igreja e da sociedade medieval, que teve efeitos duradouros, e que ainda se mostram na atualidade. 

Entretanto, não vamos nos deter no legado que Lutero deixou para humanidade, uma vez que as suas obras são extensas. Mas vamos refletir sobre a situação espiritual que vivia o povo naquela época. A Idade Média se caracterizou por um profundo desprezo à fiel pregação da Palavra de Deus por parte dos clérigos da igreja romana. As pessoas acreditavam em bruxarias, eram cheias de superstições e só ouviam falar de Jesus como Juiz irado e não como o amoroso Salvador. Além disso, o que mais perturbava o povo na época, era a venda das indulgências. Por outro lado, as obras desempenhavam o papel principal no ensinamento dos mestres e professores daquela época. O relacionamento entre homem e Deus, era através das boas obras. Diante deste ensinamento, Lutero vivia preocupado: “Como posso encontrar misericordioso?”

I

 Lutero foi um jovem educado nas verdades cristãs. Ele conhecia sobre Deus, pois a igreja o lembrava, constantemente, sobre a existência do Deus Criador, mantenedor e justo. Ele conhecia os mandamentos de Deus. Os dez mandamentos lhe foram incutidos no lar, na escola e na igreja. Ele conhecia Jesus, o Filho de Deus, Salvador. No entanto, todas estas verdades foram lhe ensinadas com um enfoque na lei de Deus. Na verdade, foi educado sob o rigor baseado na lei de Deus. Na medida em que crescia e meditava na lei, crescia também o pavor diante do Santo e justo Deus. A lei despertou no coração de Lutero a pergunta: “Como conseguirei um Deus misericordioso?”

Esta era a pergunta vital que atormentava Lutero. A pergunta que pairava na mente de todas as pessoas da época. É a pergunta da humanidade ainda nos dias de hoje. O homem de hoje também pergunta, uma vez que a nossa geração não está longe dos costumes, crenças e preocupações que havia no tempo de Lutero. A maioria das igrejas tem pregado sobre prosperidade no lugar de arrependimento. Têm pregado curas e milagres em lugar de novo nascimento. Têm pregado psicologia de autoajuda, em lugar de ajuda do alto. Têm pregado um antropocentrismo idolátrico, em vez de pregar a soberania de Deus, a centralidade de Cristo e o poder do Espírito Santo. Muitos pregadores inescrupulosos, em busca de resultados imediatos ou até mesmo de lucro, mudam a mensagem, e acrescentam práticas místicas como água ungida sobre o rádio, rosa ungida, cair no espírito e coisas semelhantes, levando o povo a colocar sua confiança em amuletos e coisas de nenhum valor aos olhos de Deus. Alguns segmentos da igreja contemporânea perdeu o foco quando abraçou o liberalismo teológico de um lado e o misticismo por outro

Como conseguirei um Deus misericordioso? Quando Lutero interrogava e queria resposta, a igreja tentava sufocar tal pergunta ou respondia levianamente: cumpre a lei e as ordens da igreja. Mas se você quer ter plena certeza do perdão, torne-se monge. Lutero tentou o caminho das obras ensinadas pela igreja. Certo dia, ao regressar da casa de seu pai, foi surpreendido por uma tempestade. Refugiou-se numa floresta. De repente, bem perto dele, um raio atingiu uma árvore, que se partiu ao meio. Lutero, apavorado, temendo a morte e o juízo de Deus, exclamou: “Santa Ana, valei-me! Far-me-ei monge, se me for poupada a vida.” De volta a Erfurt, tratou de cumprir sua promessa. E contra a vontade de seus pais, professores e muitos amigos, entrou no mosteiro. E naquele lugar, pensava em buscar a perfeição. Estudou e orou muito. Mendigou. Flagelou-se até desmaiar. Tornou-se sacerdote.

Entretanto, a paz da alma parecia-lhe cada vez mais distante. Lutero confessou: “Por mais que me dedicasse e buscasse a Deus, eu não podia amar a este Deus que exige, ameaça e condena. Eu odiava a Deus.” Mesmo em todo a esse desespero, Lutero continuava lendo a Bíblia. Foi na Bíblia que Lutero descobriu o evangelho obscurecido desde a época dos discípulos. Ele ficou extremamente emocionado com essa descoberta: “Finalmente, pela misericórdia de Deus, meditando de dia e de noite, dei atenção ao contexto das palavras, a saber:  'O justo viverá pela fé.' Então comecei a entender que a justiça de Deus é aquela pela qual o justo vive por um dom de Deus, em outras palavras, pela fé. Aí toda a escritura me mostrou uma face totalmente diferente. (...) Assim como antes eu havia odiado violentamente a frase “justiça de Deus”, com igual intensidade de amor eu agora a estimava como a mais querida. Assim esta passagem de Paulo de fato foi para mim a porta do paraíso.”

                                                             II

Quando Lutero viu que o homem é salvo pela graça de Deus, revoltou-se contra os abusos da Igreja e escreveu as 95 teses. Foram afixadas no dia 31 de outubro de 1517, na porta da capela da cidade de Wittenberg na Alemanha. As quais versavam principalmente sobre penitência, indulgências e a salvação pela fé. Martinho Lutero provocou mudanças profundas ao denunciar esta situação. Sendo assim, esta verdade, que Lutero descobriu, precisava ser anunciada.  Precisava ser proclamado que “o justo viverá pela fé” e não pelas suas riquezas, ou por posição social, e nem pelas boas obras. De fato, esta notícia se espalhou rapidamente pelo mundo católico europeu. Em apenas duas semanas, as teses foram traduzidas para o alemão e amplamente copiadas e impressas. De tal forma que, se espalhou por toda a região da Alemanha e, nos próximos dois meses, conquistou toda a Europa. Começava ali uma luta, o empenho firme e decidido baseado em três grandes pilares: Sola Gratia, Sola Fide e Sola Scriptura. Este assunto foi o centro da Reforma e seu mais precioso legado à cristandade.

Lutero encontrou esta verdade do evangelho autêntico em Romanos 1, versos 16 e 17: “Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Porque nele se descobre a justiça de Deus de fé em fé, como está escrito: Mas o justo viverá da fé” (Rm 1.16 -17). Ele encontrou ainda a certeza de que não há como alguém merecer o favor de Deus por causa de alguma coisa que faz. Mas a única forma de alguém obter o favor Deus é através da fé em Jesus Cristo; que é através da fé em Jesus que os pecados são perdoados por Deus. Este entendimento, conhecido como a doutrina da justificação pela fé, tornou-se um dos pilares do pensamento religioso de Lutero. Até ao fim da sua existência, Lutero quer como monge como professor, quer como pastor, sempre considerou a Sagrada Escritura como a fonte autêntica da verdade para todos os aspectos da vida do homem e da sociedade

Assim como Deus agiu na História, através de Lutero, ocasionando a Reforma, Deus também quer usar a cada um de nós, para transmitir a sua mensagem ao mundo e mostrar ao nosso próximo que o “justo vive pela fé”. Também é um momento para agradecermos porque temos a Palavra de Deus e as Confissões Luteranas que expõem a Escritura com clareza, cujo resumo conhecemos no Catecismo Menor. Nossa liturgia e nossos hinos nos transmitem o doce evangelho, bem como assim nossos devocionais. Nosso pedido e nossa súplica é que Deus, por sua misericórdia nos conserve firmes e fiéis às Sagradas Escrituras. Nesse mundo de tantas tentações, de tantas adequações e tantas acomodações, que Ele jamais permita que o liberalismo, costumes, praxes, tradições e ou adaptações deste mundo, se sobreponham a verdade única e absoluta da Bíblia Sagrada. Hoje louvamos a Deus, porque depois de 506 anos, ainda continuamos pregando, confessando e proclamando que o “Justo viverá por fé.” 

Portanto, pedimos a Deus que nos faça crescer no consolo da graça, nos mantenha firme na fé, no amor à sua palavra e nos capacite para nossa missão. Na missão de anunciar que o “justo viverá pela fé”. Amém!

 


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

TEXTO: MT 22.1-14

TEMA: O CONVITE DE DEUS PARA AS BODAS DE SEU FILHO

Em nossas vidas recebemos convites para toda sorte de acontecimentos. Convite para aniversário, casamento, churrascos, confraternizações, ceias ou outra solenidade qualquer. E geralmente nos sentimos felizes e honrados quando alguém nos convida para estes encontros. Ficamos felizes, porque temos a certeza de que, se somos convidados, é porque somos importantes para quem nos convidou. E você já foi convidado para participar de um grande acontecimento ou uma festa? Daqueles   que se aguarda ansiosamente para chegar logo o dia?

Hoje, porém, queremos refletir sobre um convite que precisamos examinar com cuidado por ser um convite da parte de Deus. Mas que convite é este tão importante? É um convite para participarmos das bodas de Seu Filho. E o evangelho fala deste casamento, para a qual algumas pessoas foram convidadas, mas que, infelizmente, deixaram de comparecer. E os que se recusaram a participar da festa deram desculpas que, em si, pareciam plausíveis. Será que também vamos recusar o convite de Deus? Ou vamos aceitá-lo com alegria, vestindo as vestes do Cordeiro? Deus nos adverte a não rejeita-lo, porque se o fizermos, Ele nos excluirá da salvação e da companhia dele, assim, como aconteceu com seu povo.

O contexto desta parábola trata da discussão entre Jesus e as autoridades religiosas judaicas. Esse embate começou no capítulo anterior, após dois eventos importantíssimos: a entrada triunfal e a purificação do templo. Foi necessário que Jesus contasse três parábolas  sobre o perigo daqueles que O rejeitam como Messias, não fazendo a vontade de Deus, pois perderão o lugar no reino dos céus. Os líderes religiosos ouvindo a explicação de Jesus acerca dessas parábolas, entenderam que falava deles, e a essa altura já buscavam prendê-Lo (Mateus 21.46), porque ficaram ofendidos com Seus ensinamentos.

É neste momento que Jesus toma a palavra e diz: “O reino dos céus é semelhante a um rei que celebrou as bodas de seu filho.” (v.2). Nos dias de Jesus, dar banquetes era uma prática social  dos ricos, um símbolo social de prestígio. Quem dava o banquete era honrado pelos convidados que compareciam, e ser convidado era sinal de distinção e importância. Quando o rei afirma que desejava celebrar as bodas de seu filho, isto demonstrava que se tratava de uma festa importante. Afinal, a festa era dedicada ao filho do rei que estava para se casar. Após toda a preparação, o rei compartilhou sua alegria com os nobres do seu reino e mandou convidá-los: “Então, enviou os seus servos a chamar os convidados para as bodas(v.3a). Ser convidado pelo rei era uma grande honra, um grande  privilégio. Possivelmente, os convidados eram líderes, pessoas nobres, religiosos, cidadãos importantes, com negócios. Mas os convidados ao receberem o primeiro convite,  não mostraram nenhum interesse em participar da festa:” estes não quiseram vir.” (v.3b).

Que surpresa desagradável para o rei! Os convidados que ele tinha grande consideração, com quem desejava compartilhar a sua alegria pelo casamento do seu filho, não mostraram nenhum amor por ele e por seu filho, a ponto de rejeitar o seu convite. Na verdade, revelaram grande desprezo ao rei a ponto de cuidarem apenas dos interesses próprios. Mas o rei ficou sabendo disso, insistiu em chamá-los novamente  para o banquete. Desta vez informando que o banquete já estava preparado: “ Eis que já preparei o meu banquete; os meus bois e cevados já foram abatidos, e tudo está pronto; vinde para as bodas.” (v.4). Observem,  que todos os preparativos foram feitos pelo rei: ele organizou o casamento, preparou o jantar e abateu os animais. Tudo já estava preparado. No fim, tudo o  que  os convidados tinham que fazer era aceitar o convite. Porém, aqueles convidados novamente não se importaram com a festa do filho do rei. Desprezaram e apresentaram as suas desculpas, e ainda mataram os servos do rei que estavam encarregados de convidá-los. (vv.5 e 6).

Deus também nos convida diariamente para o banquete. Na verdade, todo o homem necessita deste honroso convite de Deus. Necessita da graça divina, do perdão que ele nos oferece diariamente. Necessita, porque o homem é por natureza cego espiritualmente, morto e inimigo de Deus, do qual não pode libertar-se. Uma vez vivendo neste estado, Deus nos convida para esta festa. Nos convida para a ceia de graça, que é a salvação, preparada por seu Filho, Jesus. Isto é obra exclusivamente da graça divina sem qualquer contribuição da parte dos convidados. Infelizmente, muitos rejeitam o convite oferecido por Deus. Servos, pastores, pregadores, são enviados a chama-los. Mas os convidados apresentam desculpas. Vemos aqui o retratado procedimento da maioria dos homens frente ao convite do Evangelho. Na verdade, procuram pretexto para justificar sua atitude. É a velha mania de querer desculpar-se.  A exemplo disso, temos aquelas pessoas que dizem: não tenho tempo para ouvir a Palavra de Deus, e muito menos ir aos cultos, afinal tenho que tratar dos meus negócios. Daí decorre a necessidade de advertirmos seriamente os convidados contra o “perigo das desculpas.”

Diante da rejeição do convite, oferecido pelo rei, ele resolve tomar uma atitude: “O rei ficou irado.” (v.7a).A sua atitude  é drástica contra os convidados rebeldes que rejeitaram seu convite. O verbo  ὀργίζω, que significa “ser provocado a ira,” “estar zangado” estar enfurecido, transparece o quanto o rei estava decepcionado com aqueles convidados. De modo que a sua reação foi avassaladora: “enviando as suas tropas, exterminou aqueles assassinos e lhes incendiou a cidade.” (v.7b). Ele executou a sua justiça sobre os que rejeitaram seu convite e mataram seus servos.  É justamente o que acontece com aqueles que  rejeitam o evangelho de Cristo, para seguirem seus próprios caminhos; que preferem cuidar dos seus próprios interesses sem levar Deus em conta. Uma vez rejeitando, só resta o castigo. Deus anuncia um julgamento severo:  Ele tira o pão daquele que não o aprecia e o oferece ao faminto que se mostra agradecido a Deus. Foi o que aconteceu com Seu povo.

Interessante a expressão  que o rei usa no versículo 8: καλέω οὐκ ἦσαν ἄξιοι - “os convidados não eram dignos.” Eles não eram dignos, porque desprezaram o banquete. Rejeitaram a graça de Cristo, por amor aos seus interesses materiais. Aqui  podemos notar a gravidade dessa rejeição. E nós? Será que somos dignos? Será que merecemos? Devemos, definitivamente, entender que não há pessoa cuja dignidade, a bondade ou santidade sejam bastantes para merecer o convite de Deus. Enfim, somos levados a acreditar que não somos dignos de merecer tal convite por méritos próprios, pois nada vale no reino dos céus. Por mais digno ou miserável que alguém seja aos olhos humanos, há um convite que Deus nos oferece. É através de Cristo que selou  o nosso convite com Sua morte na cruz. Agora, podemos recebe-lo pela graça, porque Deus nos ama, e em Cristo nos oferece graça e misericórdia. E assim podemos nos assentar à mesa do Cordeiro, pois  o convite da graça está disponível a todos os pecadores!

O convite, então, foi estendido para outras pessoas. O rei mandou seus servos, chamarem a todos que pudessem encontrar para virem à festa: “Ide, pois, para as encruzilhada dos caminhos.”(v.9a)  A ordem era “ir”, porque havia pressa em levar o convite para todas pessoas que encontrassem pelo caminho. A expressão διεξόδους τῶν ὁδῶν -“encruzilhada dos caminhos,” originalmente trás a ideia de “transcender os limites da cidade” ou “ir à campo aberto”, “caminho que sai de uma área habitada. Resumindo seria: o lugar onde uma rua atravessa os limites da cidade e se dirige ao campo aberto. Ao saírem pelas “encruzilhada dos caminhos, a recomendação do rei, era: “convidai para as bodas quantos encontrares.” (v.9b). As pessoas convidadas aceitaram o convite do rei e a sala do banquete ficou repleta de convidados  de diversas classes sociais Também havia “maus e bons.” (v.10). E, assim, houve a festa e todos puderam celebrar o casamento do filho do rei com grande alegria.

O que Jesus nos ensina com isto? Que o convite da salvação é estendido a todos e aquele que aceitam, independente de sua raça ou classe social. Esse sempre foi o propósito de Deus: estender sua salvação em Cristo a todos os povos. Por isso, que Jesus mandou seus discípulos pregarem o evangelho a toda criatura e fazerem discípulos de todas as nações (Mc. 16.15; Mt.28.19). Ele não tem prazer na morte do pecador, mas em que ele se arrependa e viva. Ele está chamando pecadores para desfrutarem da festa da salvação do Seu Filho.  Que oportunidade preciosa você tem ao ouvir essa mensagem hoje! O Senhor está estendendo o convite da salvação a você! Na festa do rei há lugar para todos. É um banquete suficiente para todos desfrutarem!

O rei ficou ainda mais irado quando notou que um dos convidados não trazia veste nupcial. A expressão  ἔνδυμα γάμου (v.12) significa  alguém que possui uma veste para participar de um banquete de casamento ou festa de núpcias. Usar esta veste era costume no Oriente, ou seja, um convidado que participava de uma festa, deveria ir com um traje especial ou veste nupcial. Por outro lado, quem não tinha este traje recebia-o do próprio festeiro. Ao entrar na sala do banquete, o rei examinou com alegria todos os convidados que estavam com vestes brancas. Porém, ficou surpreso e indignado ao ver um dos convidados sem a veste apropriada para a festa.(v.11) Então, perguntou: “Amigo, como entraste aqui sem veste nupcial?”(v.12). O homem nada respondeu. Permaneceu calado.  O rei, então, indignado com o insulto do tal homem, ordenou que o lançassem para fora, nas trevas: “Amarrai-o de pés e mãos, e lançai-o para fora, nas trevas, ali haverá choro e ranger de dentes.” (v.13).

Ocorre que aquele homem recusou a veste fornecida pelo rei. Ele é um exemplo daqueles que pensam que podem entrar no céu por seu mérito e não pelo sangue de Cristo. Esse era o problema dos judeus naqueles dias. Eles não se sujeitaram a Cristo, a justiça estabelecida por Deus para salvação, mas quiseram estabelecer sua própria justiça (Rm. 10.3) Eles não se revestiram do sangue de Cristo, mas queriam estar diante de Deus do seu próprio modo. Jesus censurou ,muitas vezes, esta justiça desses líderes religiosos. Ele repreende, critica e condena essa justiça. Será que, por vezes, esta justiça  não se encontra morada em nossos corações? Será que com nossas atitudes e posicionamentos de vida, agradam a Deus? Será que Ele está satisfeito com a nossa justiça? Precisamos fazer um exame profundo e sincero, de nosso íntimo. Afirma Jesus que ninguém de nós entrará no reino de Deus se a nossa justiça não for melhor, se não for superior à dos escribas e fariseus.

No entanto, Jesus apresenta uma justiça que é em muito superior à dos escribas e fariseus. E que justiça é essa? É uma justiça que o homem não possui. É uma justiça que o Filho de Deus adquiriu para os homens. Para esse fim veio ao mundo. Deus enviou seu Filho nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei (Gl. 4. 4-5).Portanto ,agora, a nossa justiça está no Senhor. Sua justiça são as vestes brancas que Deus nos oferece para estarmos na sua presença (Ap.3.18).Ele cobre a miséria dos nossos pecados com as vestes brancas de sua justiça e nos chama a cear com ele no banquete da salvação. Que convite maravilhoso!

Jesus conclui a parábola dizendo: “Porque muitos são chamados, mas poucos escolhidos” (v.14). O termo  κλητός significa chamado, convidado (para um banquete). Muitos são chamados para viver uma vida junto com Cristo. Para ser seus discípulos e seguir seus passos. E, finalmente, um convite para passar a eternidade com ele! Este chamado vem ecoando por todas as partes do mundo. Ele é amplo, abrangente,  universal. Isto significa que todos são chamados. Neste sentido, o evangelho é oferecido para o mundo inteiro. Mas nem todos se arrependem e creem. Tem aqueles que são chamados, mas recusam o convite de Jesus. Os muitos chamados que ignoraram o convite, serão lançados num lugar de prantos e ranger de dentes.(v.13). No dia das Bodas do Cordeiro, o Senhor dirá que nunca os conheceu (Mateus 7.22,23). Só estarão vestidos realmente com vestes de linho fino aqueles “poucos escolhidos” (Apocalipse 19.8).

Por outro lado, aqueles  que respondem com fé verdadeira o convite, e se vestem com as roupas brancas da justiça de Cristo, crendo em Jesus como único caminho de salvação, são os “poucos escolhido.” Estes  se assentarão à mesa com Abraão, Isaque e Jacó, e desfrutarão eternamente da presença amorosa do Deus que os chamou. Estes, realmente escutaram o chamado “vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos” (Mateus 11.28), e foram recebidos com graça, porque foi o Pai quem os trouxe (João 6.44). Por isto, eles jamais serão lançados fora (João 6.37).   Portanto, os pouco escolhidos devem estar vestidos dos méritos de Cristo (Gálatas 3.27; Apocalipse 3.4-18; 7.14; 19.8). Isso significa que pelo próprio esforço humano, homem algum é capaz de responder de forma positiva ao chamado do Evangelho, pois todos pecaram (Jó 9.2; Isaías 64.6,7; Romanos 3.9-24; Efésios 2.8).

Estimados irmãos! Que oportunidade preciosa de podermos participar do banquete ! O Senhor está estendendo o convite ! Há lugar para  todos desfrutarem! Portanto, ouça o seu chamado! Aceite o seu convite! Abandone seus pecados e  vista-se com as roupas brancas da justiça Cristo! Creia nele e desfrute da festa da salvação desde agora e para sempre! Amém

 

 

 

 

 

 

sábado, 7 de outubro de 2023

 TEXTO: SL 23

TEMAO SENHOR É O BOM PASTOR!

Composto por Davi, o Salmo 23 tem sido um dos mais famosos textos da Bíblia através dos tempos. Nele encontramos conforto e encorajamento diante das adversidades; crises materiais, medo e angustia; consolo, proteção e orientação. Ao descrever este Salmo, Davi conhecia todas as implicações e realidades do trabalho pastoril. Ele apresenta as realidades que eram vividas no cotidiano de seu trabalho e as aplica ao contexto espiritual. Davi olha para Deus e vê que, assim como lidava e tratava suas ovelhas, era também cuidado e tratado por Deus que era o seu pastor. Ao chamar o SENHOR de pastor, Davi se coloca na posição de ovelha, um animal frágil, limitado e totalmente dependente do pastor para se manter segura e viva.

O SENHOR também é o nosso pastor, diante da nossa jornada. Hoje, vamos aprender quatro características que o Salmo 23 nos ensina sobre o SENHOR é o bom pastor. Primeira, assim como o pastor está ciente das necessidades das suas ovelhas e as conduz aos pastos verdes e águas tranquilas, o SENHOR também está ciente de nossas necessidades. Ele supre  e conhece cada coisa que precisamos e está pronto para entrar em ação em nossa vida. Por isso, não precisamos nos preocupar com nossas necessidades. Segunda, o pastor renova as forças e guia suas ovelhas por caminhos certos. Da mesma forma,  SENHOR também nos guia. Só o SENHOR pode nos mostrar o verdadeiro caminho ,pois Ele é o nosso guia.

Terceira, o pastor é a fonte da segurança. Ele sempre está presente ao lado das suas ovelhas. O SENHOR também está sempre está ao nosso lado. Não precisamos ter medo de nada, porque Deus está conosco. Ele é a nossa segurança. Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó Senhor Deus, estás comigo.

Quarta, o pastor cuida das suas ovelhasO SENHOR também cuida e protege as suas ovelhas diariamente. O seu objetivo é fortalecer a nossa fé e um dia habitar na Casa do SENHOR para sempre: “Certamente a bondade e misericórdia me seguirão todos os dias de minha vida, e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre.” (v.6).

                                                              I

Davi sabia o que era ser pastor, pois exercera esta atividade quando jovem.  Sua tarefa como pastor era conduzir o rebanho de um pasto para outro a fim de providenciar alimento para as ovelhas. Ele sabia dos perigos que as ovelhas haveriam de enfrentar. Baseado neste contexto, Davi inicia o salmo com uma declaração, reconhecendo que o SENHOR é o pastor que supre suas ovelhas em quaisquer circunstâncias. Para descrever estes acontecimentos, ele toma emprestada a figura de um bondoso pastor de ovelhas para falar do SENHOR como sendo O pastor, e compara o cuidado que Deus tem conosco, ao afirmar: “O SENHIOR é o meu Pastor; nada me faltará.” (v.1). O “SENHOR é”. Ele nunca foi, e nunca será. Ele é Deus Ele é nosso Salvador, nosso Redentor, nosso Mestre, nosso Guia, nossa Luz, nosso Pai. Precisamos entender que Deus nunca deixará de ser. Portanto, Ele é o nosso Pastor e, por isso, deve ser respeitado, reverenciado, e, acima de tudo, obedecido!

Ao reconhecer que o SENHOR é seu pastor, Davi deposita toda a sua confiança, pois entendia que o SENHOR supre todas as suas necessidades. Ele afirma: “nada me faltará”. A expressão traduzida como “faltar” ou “faltará”, vem do verbo hebraico  חָסַר  que significa faltar; diminuir; não ter. Junto com a partícula de negação לא, que significa “não, sem, nenhum, nada”, também poder ser traduzido como: “nada sentirei falta”. Mas, afinal, o que Davi tinha em mente ao escrever "nada me faltará"? Tendo o SENHOR como nosso Pastor, porventura não nos faltará nada? Imunes aos problemas da vida? Livres de todos os perigos? Não é isto que Davi está ensinando com as palavras “nada me faltará"? O salmista quer nos transmitir algo muito mais rico, mais profundo e mais sublime do que meros bem materiais  ou status deste mundo. Não são “coisas” efêmeras, passageiras,  transitórias, de curta duração desta vida, mas aquilo que o SENHOR dá graciosamente, por sua bondade e por seu amor. O cristão sabe contentar-se com o que Deus lhe concede por sua infinita bondade (Fp 4.11-13)

Davi sabia que nem o seu poder, nem as suas riquezas, e muito menos suas próprias forças, poderiam suprir suas necessidades. Somente o SENHOR é quem poderia lhe fazer descansar em pastos verdejantes e conduzi-lo às águas tranquilas (v.2).A palavra pasto vem do original דָּשָׁא que significa campinas, relva, grama. São pastos caracterizados como "exuberante”, ou seja, rica em vegetação, e o termo מְנֻחוֹת caracteriza a água refrescante; tranquilas, descanso. Neste contexto, observa-se que o pastor demonstra o cuidado especial, oferecendo “pastos verdejantes” e o “descanso” às ovelhas. A região da Palestina em determinadas épocas do ano carecia de pastos verdejantes e águas cristalinas. Isto obrigava os pastores seguirem em uma cansativa peregrinação em busca de pastos verdes. Uma vez encontrando o alimento para o rebanho, as ovelhas tinham descanso e tranquilidade, pois pastos “verdejantes” e “águas tranquilas” são tudo o que uma ovelha necessita.

O bom pastor conhece melhor as necessidades particulares de  todas as suas ovelhas. Sabe qual é mais forte e a mais fraca. Compreende que os cordeirinhos não podem andar tão depressa com as ovelhas mais velhas, e, por isso, muitas vezes, as toma nos braços porque sabe que algumas necessitam de mais atenção do que outras. Como é maravilhoso saber que o SENHOR, o bom pastor  cuida de cada uma de suas ovelhas e não deixa faltar nada, mesmo em meio aos desertos da vida. Ele nos tira dos campos secos e nos leva em segurança para os pastos verdejantes, onde há mesa farta no deserto. Deste modo podemos suportar as provações e inquietações da vida, com o auxílio e a graça de Deus. Hoje, a principal missão do pastor é cuidar das ovelhas de Cristo, que lhe são confiadas. Cabe a ele, apascentar as ovelhas, dando-lhes o alimento espiritual, através do ensino fundamentado (doutrina) da Palavra de Deus. O verdadeiro pastor cuida bem das ovelhas. Leva as ovelhas de Jesus a alimentar-se do “pasto verde”, que nutre a alma e o espírito, fortalecendo-as, para que cresçam na graça e conhecimento do Senhor Jesus Cristo (2 Pe 3.18).

                                                                   II

O SENHOR é o nosso pastor porque renova as nossas forças e nos guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu. Algumas pessoas acreditam que a sua força vem da família, outras do dinheiro e outras ainda dizem que são fortes por causa de sua personalidade ou do seu temperamento. No entanto, todas essas motivações são limitadas em comparação ao SENHOR,  que é o nosso guia que conhece e ama as suas ovelhas, e que não faltará descanso e justiça aqueles que lhe pertencem: “Refrigera-me a alma, guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.” (v.3). O verbo שׁוֹבֵב significa restaurar a força, trazer de volta, refrescar, refrigerar. O termo alma נַפְשִׁי, para este caso específico, refere-se a vida, mente, pensamentos e emoções. Este era o trabalho do pastor: restaurar o vigor ,voltar a vida e proporcionar descanso às ovelhas, pois em vários momentos de perigo, o rebanho era atacado por animais ferozes e deixava as ovelhas estressadas e cansadas, Elas precisavam de cuidados e descanso, bem como também o pastor precisava descansar. Por isso, o rebanho é conduzido  aos pastos verdejantes e ao descanso das águas tranquilas.

Outra tarefa era conduzir as ovelhas pelas “veredas da justiça”. A expressão “vereda” significa uma trilha estreita, sinuosa. Então, podemos entender que “veredas da justiça”. refere-se ao que é “aprumado”. Na verdade, o Senhor nos conduz pelo caminho reto, aprumado. Não nos permite andar em caminhos que levam à ruína. Essa certeza de ser guiado por vereda plana, por vereda de justiça, consola nosso coração. Por isso, eu pergunto: Quer andar nos caminhos aprumados? Quer deixar de viver uma vida injusta? Quer andar nos caminhos de integridade, de obediência? Quer fazer a vontade de Deus?  Só existe um caminho: siga o Pastor. Ele jamais nos conduzirá no caminho da injustiça. Jamais será injusto, pois age com retidão, revelando seu amor a todos nós.

O SENHOR é a nossa fonte da segurança neste mundo. Vivemos dias de insegurança em diferentes áreas da vida. O medo da violência, das doenças, de perder o emprego ou de perder alguém que se ama, tem mexido com o emocional de muitas pessoas. Contudo, não é isso que Deus tem para nós. Não precisamos ter medo de nada, porque Deus está conosco. Ele é a nossa segurança. Há uma declaração de absoluta confiança ao andar pelo vale da sobra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo. (v.4a). Esta é a maneira de atravessar o vale sem medo, pois andar pelo vale da sobra da morte era perigoso para o pastor que conduzia as suas ovelhas.

Você está passando pelo vale da sombra da morte? Não fique amedrontado. Confie no SENHOR. Ele é contigo por onde quer que andares. Por que temer o vale da sombra da morte? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Quem poderá nos separar do seu amor e da sua presença? Os perigos e males desta vida? Nossas tribulações? O diabo? A morte? Não!  Ninguém poderá separar-nos do amor e da presença do SENHOR.  Não importa quão escuro seja o vale no qual estamos peregrinando, não temeremos mal nenhum, pois o bom Pastor está sempre conosco guiando-nos em nossa caminhada e consolando-nos com Sua Palavra.

Ao atravessar o vale da sombra da morte, e também em outras ocasiões, o pastor leva consigo dois instrumentos : “ o  bordão e o cajado.”(v.4a). A palavra “vara” traduz o hebraico שֵׁבֶט  que nesse contexto significa “bordão”, “cetro” ou “bastão”. Isso quer dizer que na frase o salmista se refere ao bastão usado pelos pastores de rebanhos para combater animais selvagens. Nesse sentido, a vara era o principal instrumento de proteção. Já o termo  מִשׁעֵנָה (cajado) significa “apoio” ou “suporte” e se refere ao cajado usado pelo pastor como auxílio para caminhar e também como instrumento para orientar as ovelhas. É um costume antigo no Oriente Médio, quando o pastor sai para o pasto carrega apenas uma vara e um cajado. Esta é sua “arma” de poder, defesa. força, segurança e autoridade, pois com ela afastava os predadores, e também servia como instrumento para disciplinar e corrigir ovelhas rebeldes que insistiam em se afastar do grupo. Já  o cajado é utilizado para dirigir as ovelhas. Várias vezes o pastor precisava conduzi-la para entrar em um portão ou ao longo de uma estrada, e ele o faz encostando levemente a ponta longa da vara no flanco do animal, e assim guia a ovelha ao caminho que deseja. É uma demonstração de amor e da dedicação do seu pastor por ela.

Este é cuidado que o SENHOR tem para com suas ovelhas. Ele nos protege  com sua vara e nos orienta com  o seu cajado, e acima de tudo nos consola.(v.4c).O verbo נָחַם (consolar) significa confortar, ter compaixão, aliviar, arrependimento. Então, as ovelhas do bom Pastor podem se juntar ao salmista e dizer: “a tua vara e o teu cajado me consolam," Ele  também quer consolar o seu povo do presente século. Apenas Ele pode nos oferecer consolo, pois Ele é um Deus de amor. A sua Palavra garante que Deus está perto de todos os que o invocam, e ouvirá seu clamor por ajuda. Ele busca os aflitos, abatidos, desanimados. Este consolo é plenamente eficaz, renova as nossas esperanças e nos fornece alivio e paz. Este verdadeiro consolo, encontramos somente na Bíblia. Ela nos revela através de inúmeros exemplos de que Deus é o verdadeiro consolador. O maior de todos os consolos, Ele nos deu através de seu Filho, Jesus, que morreu na cruz para nos salvar, oferecendo assim o verdadeiro consolo à humanidade. Sem dúvida podemos dizer que todas essas coisas apontam para Cristo. Ele é o Pastor capaz de nos proteger e nos orientar.  Ele é o Pastor que dá a vida por suas ovelhas (João 10:11-15). Com sua vara Ele afugenta todos os predadores que buscam tragar aqueles que lhe pertencem, de modo que ninguém é capaz de destruir o seu rebanho.

Depois de passar pelo vale da sombra da morte, agora, as ovelhas estão seguras, e já podem fazer uma alimentação sadia e o descanso necessário. Este momento é tão sublime, quando o pastor oferece pastos verdejantes e águas cristalinas para suas ovelhas.  É maravilhoso, quando o pastor prepara uma “mesa de pasto” que sirva de alimento para seu rebanho.  Davi diz que o SENHOR prepara uma mesa para ele na presença de seus inimigos. (v.5a).  A expressão mesa שֻׁלְחָן  é o lugar de intimidade de nossa casa. Nela nos sentamos, reunimos a família , nos alimentamos, conversamos com nossos filhos. Quando gostamos muito de alguém, nós convidamos esta pessoa para nossa casa e a levamos a este lugar de intimidade, que é a nossa mesa. Nós nos alegramos em servi-la, em proporcionar prazer e conforto, e  compartilhar com ela o que temos de melhor, fazendo com que se sinta à vontade em nossa casa.

No entender do salmista Deus fornece o sustento de sua parte, mesmo havendo muitos inimigos se levantando para lhe fazer mal, Deus nunca desiste de fazer o bem para seus servos. Isto não é apenas no sentido espiritual, mas também no sentido físico. Portanto, Ele continua a pôr diante de qualquer que O teme e O ama uma mesa preparada, um banquete. No entanto, para sentar à mesa do Senhor precisamos estar preparados.  Ele quer que os seus sejam bem servidos e sejam bem acomodados à sua mesa. Como poderei eu estar preparado para aproveitar tudo de bom que esta mesa oferece? Como estarei preparado para sentar à mesa do SENHOR e aproveitar das bênçãos maravilhosas que proveem de sua bondade e misericórdia?

O SENHOR não somente prepara, mas também unges-me a cabeça com óleo. (v.5b). A palavra ungir vem do hebraico. דָּשֹׁן  que significa ser gordo, deixar gorduroso, cinzas gordurosas. Na época de Davi os pastores acompanhavam diariamente a saúde de todas as suas ovelhas. Procuravam feridas que infeccionavam e causavam danos maiores. Diante das enfermidades, usavam gordura para tratar das feridas das ovelhas, principalmente na cabeça. Este era o cuidado que pastor demonstrava em relação às suas ovelhas quando estavam enfermas. Da mesma forma, o SENHOR, também cuida das suas ovelhas. Ele chama pelo nome, está disposto a tirar os carrapichos de nossa lã, derrama bálsamo em nossas feridas e nos defende dos lobos com a própria vida. Somos ovelhas do seu rebanho e Nele temos provisão de bom alimento, aconchego e a segurança dos seus braços. Nele temos segurança e paz, carinho e refúgio, alimento e cura. Podemos confiar no consolo da vara e cajado do Senhor. Podemos confiar nas promessas e bênçãos, pois assim diz o Senhor: “O meu cálice transborda.” (v.5c).

                                                          III

 Na cena final deste salmo, vemos que as ovelhas obedientes vão morar com o SENHOR. O  Pastor  promete nos guiar e nos proteger ao longo da nossa vida, para nos levar  e morar com Ele, para sempre. Ele disse: “Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.” (v.6). Esta é a verdadeira situação da ovelha que segue o SENHOR. É uma situação privilegiada. É uma situação onde ela pode estar sempre, perfeitamente, em paz, porque a bondade e misericórdia estarão sempre presentes.

Neste versículo, três coisas merecem nossa ponderação: Primeiro, a expressão “certamente”. A expressão confirma que Davi acreditava em um Deus seguro, que faz promessas seguras e oferece uma base segura. Também confirma a promessa de Deus que será cumprida na terra através da bondade e misericórdia. A sua bondade se manifesta no sustento, na preservação e em várias bênçãos sobre toda a humanidade. Ela é manifestada na misericórdia. A misericórdia jamais acaba não tem fim, ou seja, Deus está sempre disposto a dar uma nova chance, a começar de novo. Ele sempre se renova. A compaixão divina renova a nossa esperança, o nosso ânimo, a nossa disposição no dia a dia da vida. Sua misericórdia manifesta sua grandeza: grande é a tua fidelidade. Temos um Deus fiel. Suas promessas serão cumpridas.

A segunda é a duração do cumprimento da promessa de Deus na terra: “Todos os dias da minha vida”. A terceira é a extensão do cumprimento da promessa de Deus na eternidade: “E habitarei na casa do Senhor para todo o sempre.” Quem entrava nos palácios de um rei estava seguro, a segurança de um palácio era inviolável, esse é o seu lugar! Tendo estas certezas o salmista desejava com muita ansiedade, o prazer de habitar na Casa do SENHOR. Não só nos dias desta vida, mas também depois. A vida aqui não é a nossa casa. Nossa pátria está no céu diz o apóstolo Paulo (Fp. 3.20).

Portanto, depositamos a nossa confiança no SENHOR. Ele é o nosso Pastor, cuida de cada um de maneira pessoal, pois sem seus cuidados, sem sua proteção estaremos vulneráveis aos ataques dos lobos ferozes, sem seu cajado para nos guiar não encontraremos caminho seguro  neste mundo. Ele é o nosso Pastor! Amém.

 

 

 

 

 

 

TEMA: NÃO REJEITEMOS A CRISTO E OS SEUS MENSAGEIROS

TEXTO: MT. 21.33-46

Mateus, descreve a história de um homem que plantou uma vinha. Ele fez um grande investimento, cuidou e arrendou para determinados lavradores. A vinha tinha tudo para dar certo, mas na hora de colher os frutos, o homem ficou decepcionado. Os lavradores, que receberam tudo para ser gratos e felizes, não devolveram  a parte que cabia ao senhor da vinha. Resolvem apoderar-se de tudo, mataram os servos e o próprio herdeiro do vinhedo.

Estes  lavradores são os líderes religiosos. Ele deveriam cuidar do povo de acordo com os preceitos de Deus, mas o não fizeram. Rejeitaram o Senhor por toda sua história. Mas  Senhor sempre enviou diversos servos( profetas) para adverti-los do pecado. Mas em vários momentos o povo de Israel rejeitou os mensageiros de Deus ao desprezar suas palavras e advertências. Jesus também foi rejeitado pelos líderes religiosos de sua época.  Deliberadamente ou por ignorância desprezaram a pedra angular que é Jesus Cristo. Isto ocorreu, desde o início da Sua vida e durante  todo seu ministério. Ao ser rejeitado pelas autoridades dos judeus, era de se esperar que os seus discípulos conhecessem a mesma sorte.

Deus chama e envia pregadores, arautos e mensageiros para anunciarem a mensagem salvadora em todos os tempos e em todos os lugares. Mas o que faz o homem, quando tem a oportunidade de ouvir a Palavra de Deus? Rejeita  , zomba, despreza, ridiculariza. Mas quem rejeita Jesus e seus mensageiros, o castigo é um ato culminante que leva ao juízo. O Senhor vai exercer a sua justiça. Fica evidente no texto que o castigo será imposto aos lavradores que foram ingratos e gananciosos; que lutaram com todas as suas forças para fazer o mal, até chegar ao ponto de matar, para conseguirem concretizar seus objetivos perversos. Mas Jesus é enfático ao afirmar que “arrendará a vinha a outros lavradores.” Isto quer dizer, que o Evangelho será pregado aos gentios.  Assim, pois, ele estabelecerá um novo reino, e desenvolverá plenamente a sua vinha. Terá uma grande colheita e obterá muito lucro. E, finalmente, enviará novos servos, mestres, profetas, pastores e ministros que produzirão frutos abundantes.

Será que seremos conduzidos pelas atitudes dos lavradores maus,  pelas ambições dos líderes religiosos, ou guiados pela luz do Verbo que se fez carne e habitou entre nós? Como tem sido a nossa atitude?

Uma analogia muito utilizada por Jesus em seus discursos é a que se refere à vida no campo e plantação. Essas figuras eram muito próprias para ilustrar e tornar claro seu ensino em uma cultura predominantemente agrária. Nesta parábola, Jesus também usa este  simbolismo. Ele narra a história  de uma vinha e seus agricultores. O texto é enfático ao afirmar no v. 33 que “havia um homem,” um proprietário que fez um grande investimento e arrendou a Sua vinha aos lavradores, e depois ausentou-se do pais. Ao tempo da colheita, enviou seus servos aos lavradores, para receber os seus frutos. Mas os lavradores espancaram esses servos enviados pelo dono. Isso ocorreu, sucessivamente, até que o dono das terras enviou seu próprio filho com a esperança de ser aceito: “A meu filho respeitarão.” (v.37b). A  intenção era de convencer aqueles maus lavradores, de que Ele é o dono legítimo da vinha, e que lhe devem respeito, devoção ao seu próprio filho, o legítimo herdeiro da vinha. Mas esse filho também foi morto.

 O homem aqui mencionado é Deus. Os lavradores representam o povo judeu, em especial os principais sacerdotes, os líderes religiosos. A "vinha" é comumente usada para descrever a nação de Israel (Is 5.2), a casa de Israel, a terra da Judéia, a nação judaica. O filho amado é Jesus. A sebe (cerca) é a Lei que Deus deu ao povo, pela qual separou Israel de todos os outros povos. O lagar (tanque) é a fonte da vida, a promessa da graça de Cristo. A torre de vigia é a dinastia de Davi. Os servos do rei são os profetas que Deus enviou a Israel para recolherem os frutos da fé, mas eles foram espancados e mortos.

Esta narrativa nos lembra a história do povo de Israel. Um povo que Deus formou através de Abraão, e que ao longo dos anos, sempre demonstrou a sua bondade, desde a saída do Egito até à terra prometida. Expulsou as nações que ali viviam. Deu-lhe leis e ordenanças. Concedeu-lhe privilégios especiais. Mas o povo de Israel, muitas vezes, rejeitava esta bondade e se esquecia de Deus. Não via o compromisso de servir ao Senhor. Mas Deus sempre teve paciência para com Seu povo. Enviou seus servos, a fim de advertir Israel da sua iniquidade. Era ,constantemente, aconselhado a pedir perdão.  Mas o povo não se dobrava ante a mensagem dos profetas. O que fizeram? Perseguiram os profetas, espancaram ,apedrejaram e mataram a muitos deles. Tal tratamento é ilustrado nas vidas de Isaías, Jeremias e Zacarias

Jesus também teve o mesmo destino que os profetas. Quando, porém, o tempo se cumpriu, Deus enviou Seu Filho unigênito. Talvez, o seu povo aceitasse a sua mensagem. Mas a maioria dos que o viram e ouviram, não acreditou em Jesus. Em várias situações, Ele foi rejeitado pelas multidões que ouviram suas pregações e presenciaram suas grandes obras. Foi rejeitado desde o início do seu ministério. Encontrou a oposição das autoridades do seu povo, que quiseram matá-lo (Mc 3.6). Quando Jesus não correspondeu às expectativas materialistas da multidão, o povo o abandonou (João 6.66).A verdade é que  Jesus veio para o seu povo, mas não o recebeu. Foi abandonado pelos que se chamavam os notáveis conhecedores da Lei.

Qualquer que seja o motivo pelo qual as pessoas rejeitam a Jesus Cristo, sua rejeição tem consequências eternas e desastrosas. O castigo é um ato culminante que leva ao juízo. O Senhor vai exercer a sua justiça. O castigo está nas palavras dos principais sacerdotes e fariseus. Primeiro Jesus fez uma pergunta: “Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” (v.40). Baseado nesta pergunta, Jesus usou a sabedoria para levar seus ouvintes a se condenarem. Eles ,então, responderam: “Fará perecer horrivelmente a estes malvados.”(41a).  Lucas afirma: “Virá, exterminará aqueles lavradores”. (20.16). Fica evidente no texto que o castigo será imposto aos lavradores que foram ingratos e gananciosos; que lutaram com todas as suas forças para fazer o mal, até chegar ao ponto de matar, para conseguirem concretizar seus objetivos perversos. Por isso, estes lavradores malvados seriam castigados. Na afirmação deles estava a declaração da própria sentença que os aguardava. 

De fato, a promessa se cumpriu. Por volta do ano 70 a.D., comandado pelo general romano Tito, filho de Vespasiano, tomou a cidade de Jerusalém e juntamente com seus soldados empregaram a crucificação em larga escala, pendurando no madeiro a todos os judeus que caíam em suas mãos. Os que sobreviveram foram levados cativos para fora em outros países para servirem como espetáculos nas arenas. Há outro detalhe importante no texto: “E arrendará a vinha a outros lavradores.”(v.41b). Isto quer dizer, que o Evangelho foi pregado aos gentios. Deus recolherá os frutos do trabalho dos profetas, mas, principalmente, dos labores de Jesus Cristo. E, assim, estabelecerá um novo reino. Desenvolverá plenamente a sua vinha, terá uma grande colheita e obterá muito lucro. Enviará novos servos, mestres, profetas, pastores e ministros que produzirão frutos abundantes.

Esta rejeição, o salmista já havia predito: “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos” (Salmo 118.22-23). Nas construções antigas, a pedra angular era a pedra de esquina que servia para alinhar toda a construção. A escolha de uma boa pedra facilitaria a construção conforme a planta. Uma pedra fora de esquadria resultaria numa construção errada. Nesse caso os líderes judaicos são retratados como construtores da nação que acabaram por rejeitar a pedra angular. Eles julgavam Jesus  como uma pedra inadequada para o tipo de construção que eles queriam. Isto significa que a nação judaica havia rejeitado o mais importante elemento na construção do templo espiritual: Jesus Cristo, o Messias. Para estes maus administradores, o reino de Deus lhes será tirado.(v.43). Em várias passagens nos evangelhos, Jesus sempre alertou  os  líderes religiosos de que perderiam direito ao reino. Não seria mais exclusividade dos judeus o reino de Deus. Seria tirado e dado a outra nação que produzisse respectivos frutos. E o grande problema  seria a rejeição e condenação de Jesus

Quantos lideres religiosos colocam suas próprias pedras no fundamento de suas igrejas .Constroem  conforme as suas próprias ideias, enfatizando alguns princípios da palavra de Deus e ignorando outros. Geralmente, estas pedras são distorções de ensinamentos bíblicos. Outros acham que são os verdadeiros donos da vinha, que na verdade é do Senhor. E como maus lavradores pervertem a mente do povo, mentem, interpretam as Escrituras ao seu bel-prazer, enganam, visam a própria glória e não a de Deus. E, por fim, tentam se assentar no próprio trono do Altíssimo. Então, podemos concluir que no reino de Deus, muitos serão lançados fora, por causa da rejeição contra Jesus, a pedra angular. E a punição já está reservada: “Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó.” (v.44).

Os líderes religiosos entenderam a mensagem. Perceberam que tudo, o que Jesus falou era dirigido diretamente a eles, e como toda parábola exigia uma resposta imediata, e uma reação eminente. Eles reagiram:   “ ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava; e, conquanto buscassem prendê-lo, temeram as multidões, porque estas o consideravam como profeta.” (vv.45 e 46). Esses homens perversos preferiram continuar em seus erros. Não tinham a intenção de mudar de  atitude, e assim, permaneceram até consumarem à morte de Jesus na cruz.

Precisamos lembrar que Deus nos chamou para sermos o seu povo amado e eleito que assumiu o compromisso de entregar os frutos a seu tempo. Como afirma Pedro: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.”  (1 Pedro 2.9). Por isso, temos o grande privilégio de sermos os servos do Senhor, de sermos o povo de Deus que trabalha na Sua vinha. Por terem uma relação especial com a pedra angular, eleita e preciosa, devemos viver de maneira distinta do mundo: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pedro 2.4-5).

Estimados irmãos! Não rejeitemos a Cristo e os mensageiros, para não acontecer que venhamos a rejeitar o Filho amado de Deus, que é a pedra angular. E em consequência disso, sermos exterminados e a vinha ser passada a outros. Mas para que eu e você possamos fazer parte dessa vinha, desse reino,  prosperamos  através da Sua Palavra e dos sacramentos. Que Deus nos abençoe ricamente e aplique essa palavra em nossos corações, em nome de Jesus. Amém !