domingo, 19 de maio de 2024

 TEXTO: SL 43

TEMA: POR QUE ESTÁS ABATIDA, Ó MINHA ALMA?

Este salmo é uma oração em que o salmista expressa  a sua tristeza,pois a sua alma está abatida. Abatimento é um termo que significa abaixar-se,curvar-se,dobrar em posição de desistir. Ele é algo que é percebível, notável,  porque  nasce “dentro” e nos mexe por “fora”. Ele perturba, incomoda, e, às vezes, revolta. Era desta forma que o salmista estava  se sentido: extremamente deprimido e desencorajado. Situação que também ocorre em nossa vida. Há momentos  em que nos sentimos tristes, desanimados e sem esperança. A verdade é nem sempre estamos bem. Isso é fato. Chegamos,muitas veze, ao extremo, como se não houvesse saída para nossos problemas, e lutamos para encontrar alegria e paz em nossas vidas. Nesses momentos, podemos nos identificar com o salmista que pergunta: “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim?”  

No entanto, o salmista não ficou preso ao seu abatimento. Ele nos lembra que o socorro pode ser encontrada em Deus. Quando esperamos em Deus e colocamos nossa confiança nele, podemos experimentar sua paz e alegria mesmo em meio às lutas e dificuldades da vida.Deus é nossa salvação e nosso refúgio em tempos de angústia. Ele é fiel e nos sustenta, mesmo quando não podemos ver a solução para nossos problemas. Quando nos sentimos abatidos, podemos nos voltar para ele em oração e encontrar força em sua presença. Como diz o salmista, “Espera em Deus, pois ainda o louvarei a ele,meu auxilio e Deus meu.”.

 Estimados irmãos! Diante de toda aflição sofrida, o salmista faz um apelo para que o Senhor lhe faça justiça.Este é o seu pedido:  “Faze-me justiça, ó Deus, e pleiteia a minha causa contra uma nação ímpia.” (v.1a).“Julga-me, ó Deus” ou “faça-me justiça, ó Deus.”  O apelo é feito através de dois verbos no imperativo: o primeiro é  שָׁפַט que significa  “julgar, defender a causa” e segundo é רִיב “advogar, processar.” O uso destes dois verbos, sugere um sentido jurídico.É evidente que os verbos não estão voltados para o julgamento processual do salmista.Mas são usados pelo salmista para pedir  que Deus o defenda e advogue em favor de sua causa, que Deus aja como um juiz ao decidir sobre seu pedido.É claro que o salmista não imagina ser perfeito ou inculpável, mas sabe que, sua disposição de buscar a Deus e de manter uma vida compatível como de um servo do Senhor, o faz estar longe do caráter daquele que lhe oprime, a quem ele descreve e pede ao Senhor: “Leve a julgamento a minha causa contra o povo infiel e contra o homem fraudulento e iníquo.”(v.1b). É provável que o salmista se refira à sua nação, pois sabe que ela está longe do ideal de Deus.

 No entanto, ao mesmo tempo em que o salmista declara a sua confiança em Deus ao dizer,  “pois tu és o Deus da minha fortaleza ” (v.2a), a sua  aparente declaração muda de função quando vemos os questionamentos levantados: “Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?” (v.3). Ao repetir os questionamentos com veemência ,demonstra que o salmista não se sente apenas esquecido, ele se sente rejeitado.A palavra traduzida como “rejeitado” זָנַח - é uma palavra que implica um abandono,ou propriamente um ser sujo, rançoso, fedorento.As figuras que o salmista usa  aqui  denotam fragilidade, perturbação, fraqueza. Mas como pode alguém que crê em Deus como rocha, salvação e grande alegria pode lamentar dizendo por que me rejeitas? Por que ando lamentando? Por que te esqueceste de mim? Observa-se que o salmista encontra dificuldades de conciliar  que Deus é sua fortaleza, diante da  tribulação enfrentada, da situação deplorável que vive.

Situação que também ocorre em nossa vida quando os nossos conflitos, aflições e sofrimentos nos abalam e perturbam a ponto quetionarmos o nosso Deus: se Deus é todo-poderoso e bom, por que Ele permite tantas aflições e sofrimentos?Nem sempre as perguntas podem ser respondidas com palavras. Há casos, cuja solução é humanamente impossível, como a morte de alguém ou uma doença incurável. Essa é a hora em que só Deus é a resposta.Quando as inúmeras perguntas surgirem, olhemos para a cruz de Cristo, antes de questionarmos sobre as nossas dores e sofrimentos.A sua morte na cruz nos lembra tantas coisas que Ele fez por nos. O que  Cristo realizou na cruz,foi a maior expressão do amor de Deus por nós. O apóstolo Paulo escrevendo aos romanos declara que Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores.Somos tão especiais para Deus, que Ele nos amou de tal maneira que deu a si mesmo, deu o seu único filho. Por amor, Jesus deixou a sua glória, o seu trono, esvaziou-se, tornou-se homem, servo, foi perseguido, preso, humilhado, açoitado, cuspido, envergonhado e pregado numa cruz.Portanto, foi na cruz que Ele nos libertou,redimiu,perdoou,salvou.Será que temos motivos para questionarmos o nosso Deus?

No entanto,precisamos entender estes questionamento do salmista. Eles não devem ser visto como uma incoerência, desconfiaça, mas como uma prática comum entre os oprimidos.Isto faz parte  de um conjunto formal de uma lamentação. A lamentação, ao contrário do murmúrio, contém queixa e expressão de fé, juntas, numa mesma sequência.Isto ocorreu na história do povo de Deus, em virtude da invasão babilônica e o desaparecimento do Templo. O sofrimento das pessoas e a urgente necessidade de ajuda, era uma forma do povo lamentar a Deus .Este sentimento de rejeição e do silêncio de Deus faz parte da história desse período. Lamentações de Jeremias é uma exemplo.

Nesse caso, o que o salmista tem em mente é que o Senhor atue fornecendo-lhe ,como  uma cidade fortificada. Condições de resistir aos ataques dos inimigos,pois ele quer ser protegido e resistir quanto tempo for necessário. Por isso,ele continua pedindo ao Senhor.É um declaração de confiança:  “Envia a tua luz e a tua verdade.”(v.3a).Aqui, o salmista pede que o Senhor  envie a sua אֵל (luz) e a sua אֶמֶת (verdade). Nas Escrituras, a palavra “luz” é frequentemente utilizada de forma figurada para se referir ao que é verdadeiro, justo e que representa o bem, como é o exemplo do dito de Jesus aos discípulos: “Vós sois a luz do mundo” (Mt 5.14).  Para o salmista, são instrumentos  de Deus para guia-lo e protege-lo  no caminho até o templo de Jerusalém.  Assim, ele olha para os justos preceitos de Deus e espera ser beneficiado. Enfim, o seu  objetivo  é ser alcançado pela luz e pela verdade, nesse caso, é:  “para que me guiem   e me levem ao teu santo monte   e aos teus tabernáculos.”(v.3a).

 Na verdade, o salmista quer ir ao altar de Deus, sua morada e realizar sacrifícios de louvor (gratidão e ações de graças): “Então, irei ao altar de Deus.” (v.4a). O altar de Deus,conforme o termo hebraico מִזְבֵּחַ , significa “um local de matança ou sacrifício.” Ir ao altar de Deus para o salmista era motivo de grande alegria (v.4b). O hebraico traduz como “a alegria de minha alegria.” ou seja, que Deus era a fonte de sua alegria, de modo que encontrou nele toda a sua felicidade.Ele irá com grande alegria  a Deus e o louvará ao som de harpa. (v.4c). Como é maravilhoso saber que Deus nos proporciona muitas alegrias na nossa vida:alegria na familia,no trabalho,entre os amigos,na igreja.Mas de todas as alegrias, Deus mesmo é a maior alegria.E somente Ele  pode nos dar a verdadeira alegria,pois alegria do mundo é passageira.

No entanto é preciso estar em comunhão com Deus para que Ele possa nos proporcionar a verdadeira alegria. Somente na sua presença conhecemos esta  alegria. Isto ocorre quanto estamos disposto a ir ao altar de Deus. Alegramos no Senhor quando caminhamos para seu altar.Nunca seremos, genuinamente, felizes. enquanto não formos ao altar de Deus, ao Deus da nossa grande alegria. O que Deus espera de nós é a nossa vida sobre o altar, porque Ele é digno da nossa confiança e do nosso amor!Nossas vidas sobre o altar representam uma dedicação total, eterna e incondicional ao nosso Deus. A ele pertencemos! Mas só conhecemos Deus como nossa alegria quando afirmaos: Ele é o meu Deus da minha vida. Para o salmista  não era apenas Deus como tal que ele desejava adorar, ou a quem ele agora apelava, mas Deus como seu Deus: “ó Deus, Deus meu.”(v.4d).  O Deus a quem ele havia se dedicado e a quem ele considerava seu Deus mesmo em aflição e problemas.Deus já é alegria em sua vida?

O autor do Salmo encontrou consolo quando pensou no seu grande privilégio de adorar ao Senhor ao som da harpa. Com esse pensamento confortante, o salmista cantou o refrão do seu hino: Por que estás abatida, ó minha alma?   Por que te perturbas dentro de mim? (v.5a).   O termo “abatida” significa inclinar, agachar, curvar-se.É alguém que está enfraquecido,caído, derrubado, diminuído, debilitado. Esta era a situação do salmista.Ele sabia que por maior que fosse a dor e as lembranças que o levaram a estar abatido, ele preferiu esperar em Deus: “Espera em Deus, pois ainda o louvarei; a ele, meu auxílio e Deus meu.”(v.5b). Que descanso! Que esperança! O salmista ainda afirma no versiculo 8 do Salmo 42: “Contudo, o Senhor, durante o dia, me concede a sua misericórdia, e à noite está comigo o seu cântico, uma oração ao Deus da minha vida.” O salmista,um vez  enfraquecido e desanimado,louva ao Senhor pela sua miseircórdia , seu favor imerecido, e mais do que isso, o cântico de Deus encherá o seu coração. Aquela era uma música suplicante,isto é, era uma música que suplicava pela vida do salmista.

Esta é a mesma pergunta que fazemo diariamente,pois há momentos em que nossa   alma está aflita e abatida. Momentos complicados que não encontramos uma saída.Momentos onde as lágrimas são inevitáveis. Momentos em que tentamos ser fortes, tentamos suportar, mas  a tristeza inunda nosso coração, de uma hora para outra,  tentando roubar nosso ânimo, nossas motivações e nossa esperança. Saímos do controle de Deus e agimos seguindo nossas emoções e sentimentos, esquecendo da fé. Este agir pelos sentimentos e emoções nos causam sofrimentos e angústias. Parece que chegamos ao fim, onde o prazer de viver é substituída por uma forte vontade de morrer,

O que fazer quando a alma fica abatida? Muitas pessoas buscam inúmeras curas  e tentam escapar das realidades deprimentes de suas vidas através das drogas, bebida, suicidio, etc. É algo que melhora ou alivia momentaneamente, mas não é capaz de curar ou resolver o problema. No entanto,o salmista apresenta algo consistente para a nossa alma: “ Espera em Deus, pois ainda o louvarei; a ele, meu auxílio e Deus meu.”(v.5b). Será que sabemos esperar? Na verdade,ninguém gosta de esperar.Pertencemos a uma geração que exige informação instantânea. Estamos acostumados a termos tudo rápido: comida instantânea, entrega imediata, fila preferencial, comunicação direta etc.Enfim,queremos que os problemas sejam resolvidos em curto prazo e as respostas devem ser imediatas,e com isso, ficamos ansiosos, inquietos e impacientes. Simplesmente não sabemos esperar.

Também na vida espiritual muitos  querem que Deus responda seus pedidos imediatamente,pois não sabem esperar. Esperar em Deus  é uma grande prova de confiança. É entregar todas as nossas inquietações, depositar toda a nossa confiança, independentemente, de qualquer coisa que aconteça. A Palavra nos ensina que precisamos aprender a esperar em Deus, esperar pelas promessas, pela vontade de Deus na nossa vida.No Salmo 27, verso 14, vemos algumas razões para esperar em Deus. “Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração; espera, pois, pelo Senhor”.Se temos que esperar, que façamos isso como filhos amados, confiando na bondade do nosso Pai, pois sua Palavra nos assegura, a sua promessa é verdadeira, de que Ele faz com que todas as coisas cooperem para o bem dos seus Filhos.Por isso, não temos motivos para nos angustiarmos e vivermos abatidos e desanimados.Você tem esperado em Deus mesmo diante de dificuldades na vida?

Estimados irmãos! Enquanto vivermos aqui, neste mundo, estamos sujeitos a enfermidades, tribulações, sofrimentos, situações diversas que trazem à nossa alma um profundo abatimento, uma sensação de que as portas estão fechadas para nós e ninguém está nos ouvindo.Mas façamos como o salmista! Busquemos à presença de Deus em meio às nossas próprias lutas e dificuldades. Lembrando de que Deus está sempre conosco. Ele  é fiel e poderoso para nos ajudar a superar qualquer obstáculo, e que podemos confiar Nele em todos os momentos. Amém!

 

APONTAMENTOS


 Muitos manuscritos hebraicos antigos apresentam o Salmo 42 e 43 como uma única obra. Eles até compartilham frases em três locais, marcando o término de cada divisão da poesia (Sl 42.5,11; 43.5).  Compartilham temas como de luto, opressão (Sl 42.9, 43.2) e a presença de Deus (Sl 42.2; 43.4), formando,assim, um salmo de lamentação individual. Ele não possui titulo, o  que torna plausível ser uma continuação do Salmo 42.

 

sábado, 18 de maio de 2024

 TEXTO: JO 3.1-17

TEMA: IMPORTA-VOS NASCER DE NOVO

Hoje celebramos o primeiro domingo da Santíssima Trindade. São domingos em que a igreja cristã medita sobre a ação do Espírito Santo, ou seja, o relacionamento da igreja com o Espírito Santo, a santificação, a luta da igreja contra o mal e os tempos do fim.

Diante do tema exposto, “Importa-vos nascer de novo”, surge à pergunta: Havia necessidade de nascer de novo? Afinal, Nicodemos era homem justo e piedoso. Era membro do Sinédrio. Fazia parte da elite dos líderes religiosos. Era “um dos principais dos judeus” (v.1) e mestre da lei, pois estudava, interpretava e ensinava as Escrituras ao povo. Era um homem extremamente religioso, frequentava assiduamente as sinagogas, dava esmolas e era fiel nos dízimos.

No entanto, apesar de todas as suas qualidades e méritos religiosos, Nicodemos era um homem perdido, que não tinha ainda alcançado a verdadeira salvação.  Precisava “nascer de novo.” Sendo assim, foi em busca de maior entendimento do que Jesus falava sobre “nascer de novo”. Jesus conversa com Nicodemos. Jesus o corrige, mostra a necessidade de “nascer de novo”, e com amor o explicou e lhe deu o entendimento do verdadeiro sentido.

Mas, afinal, em que consiste este “nascer de novo?” Seria “voltar ao ventre materno?” Como ironicamente perguntou Nicodemos! Não! “Nascer de novo”, é um afogar do velho homem e um nascer do novo homem. É uma renúncia ao pecado e um despertar para Deus. É ter uma fé inabalável em Cristo como único Redentor. E isto é possível pela água e pelo Espírito Santo. Pelo batismo e pela Palavra de Deus, por ambos o Espírito Santo realiza o novo nascimento. Jesus apresenta a Nicodemos às necessidades deste novo nascimento: Em primeiro lugar, porque o que é nascido da carne é carne. E carne não pode herdar o reino dos céus. Em segundo lugar, porque sem o renascer, não podemos ver o reino de Deus. Enfim, porque renascido para Deus temos vida em Cristo.

Os últimos acontecimentos ocorridos na cidade de Jerusalém causaram um verdadeiro alvoroço, especialmente, na vida dos fariseus. Jesus havia realizado o seu primeiro milagre em Caná da Galileia e com autoridade expulsou os que vendiam animais no templo, bem como os cambistas que estavam se aproveitando do ambiente para fazerem negócios. Além disso, a forma como Jesus ensinava, chamando às pessoas ao arrependimento e fé, abalou a religião dos fariseus e seus alicerces, pois sua religião consistia no cumprir cerimônias eclesiásticas e na disciplina pessoal. Em outras palavras, consistia em praticar as boas obras.

Os fariseus que viram Jesus expulsando os mercadores do templo, não queria realmente sua presença, e ainda questionam, dizendo: Quem é este? Por que procede desta maneira? Com que autoridade? Ferido em seu orgulho, os fariseus agrupavam-se para formarem oposição a Jesus. No entanto, um homem, de nome Nicodemos, tomou outro caminho. Não conseguia suportar a dúvida, pois sentia uma sensação de vazio e de incerteza em seu coração. Sendo assim, certo dia, procurou Jesus no silêncio da noite, às escondidas para saber a verdade. Preferiu fazer à noite, este encontro com Jesus para evitar críticas dos demais membros do Sinédrio.

Impressionado com as palavras de Jesus, ele reconhece o valor profético dos sinais realizados pelo Senhor: “Rabi, sabemos que vens da parte de Deus como um mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes se Deus não estiver com ele.” (v.2b) Nicodemos reconhece que Jesus é mestre e tem autoridade divina.  A palavra Rabi significa “professor, mestre” ou literalmente "grande". O termo é utilizado dentro do judaísmo para definir rabinos de grande importância em uma determinada área de atuação, servindo como um título que significa "mestre" ou "aquele que detém grande conhecimento”. Jesus era mais que um Rabi. Era o Messias, porém isso, Nicodemos ainda não admitia.

Nicodemos quando chama Jesus de mestre, a sua expectativa era aprender de Jesus o necessário para viver melhor. Mas Jesus, surpreendentemente, não lhe ensina esse algo mais que ele procurava. Para o Jesus a questão não é melhorar nesse ou naquele ponto, mas mudar completamente o rumo de sua vida. Ao contrário do que Nicodemos pensava, Jesus fala do poder de sua cruz e de um novo nascimento no Espírito Santo. Jesus disse: “Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, (ανουεν) não pode ver (ιδειν) o reino de Deus.” (v.3). A duplicação inicial das palavras de Jesus, mostra que suas palavras são verdadeiras. É uma afirmação enfática. Mostra que ninguém pode ver, conhecer, identificar o reino de Deus sem o “nascer de novo”. Mostra a Nicodemos que se trata de um assunto da mais alta importância: a sua salvação.

Entretanto, Nicodemos, admirado pela imediata afirmação de Jesus, ele procura defender-se, uma vez que Nicodemos não fez uma pergunta. Jesus havia respondido imediatamente. Por isso, seu coração está inquieto e confuso. Sua voz assume um tom áspero. Ele parece não entender bem a proposta de Jesus e, pensando em termos racionais, lança novos questionamentos: “Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, voltar ao ventre materno e nascer segunda vez?” (v.4). Estas colocações revelam que Nicodemos entendeu “de novo” sem a menor dúvida. Como pode? Eu nascer de novo, para quê? Será que minha conduta moral não está em ordem? Será que me falta conhecimento? Será que sou leviano em questões religiosas? Nascer de novo. Conheço profundamente a Bíblia. Tomo a religião muito a sério. Minha vida é exemplo. Tenho boa fama. O povo ao me eleger para o Sinédrio testemunhou disto. Toda a minha vida, desde a infância consistiu em prestar culto a Deus. Cumpro rigorosamente as cerimônias da igreja e vivi uma vida altamente disciplinada. Não compreendia, porque Jesus lhe dizia ser necessário nascer de novo

Muitos querem entrar no Reino de Deus como Nicodemos. Procuram justificar-se a si mesmo, enumeram: sou batizado, sou confirmado, vou à igreja, participo da Santa Ceia e contribuo. Não sou assassino, nem adúltero, nem ladrão. E como tal, estou em dia com o meu Deus. São pessoas que vivem com seu coração endurecido, que pensam somente em si, que não conseguem compreender o imenso amor de Deus por nós. Na verdade, precisamos fazer uma análise da nossa vida. O nosso coração precisa de limpeza; precisa ser trocado, pois ele é egoísta, mundano, influenciado pelo pecado, e devido a isso não pode ouvir a voz de Deus, seguir suas orientações e o caminho que ele nos propõe a seguir.

Para Nicodemos não havia necessidade de um “nascer de novo”. Segundo ele, o simples fato de ser descendência de Abraão lhes conferia o reino de Deus. Era uma concepção totalmente errada. E Jesus derruba tal conceito exigindo como condição, para entrar no reino de Deus o novo nascimento. Deixa bem claro que no reino de Deus não se concede por hereditariedade, mas procede de “nascer de novo”: “Quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus.” (v.5a). Jesus não retira o que disse. Ao contrário, confirma-o, especificando que o nascimento deve ser por meio “de água e de Espírito”. E ainda reforça a sua colocação. Ele é enfático ao afirmar: o que é nascido da carne é carne; e o é nascido do Espírito é espírito (ἐκ τοῦ πνεύματος πνεῦμά ἐστιν). (v.6).

O que se conclui que carne não pode herdar o reino dos céus. Todas as obras da carne, por mais brilhante que sejam, são corrupção. Provém do egoísmo. São inimizade contra Deus. Além disto, a imaginação do coração humano é má desde a sua meninice. Portanto, viver na carne é satisfazer a vontade dela; é estar nos caminhos pecaminosos. É satisfazer o seu próprio desejo de realização. O que é nascida da carne produz frutos da carne. O apóstolo Paulo fala, em Gálatas 5.17-23. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: “prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, distensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já, outrora, vos preveni, que não herdarão o Reino de Deus os que tais cousas praticam.” 

Somos exortados a andar no Espírito. A nossa vida cristã, em última análise, consiste em sermos guiados pelo Espírito. A meta das nossas vidas é cumprir a obra do Espírito, que é pregar o evangelho da água e do Espírito. Esse é o centro da vida cristã: Deus habita em nós na pessoa do Espírito. Em várias cartas, Paulo chama atenção sobre o perigo de existirem nas igrejas pessoas vivendo conforme as obras da carne. Essas pessoas causam discórdias, atrapalham o crescimento e dão péssimos testemunhos. Sendo assim, ele aconselha: “Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne. Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei.” (Gl 5.16-18).

O diálogo de Nicodemos com Jesus estende-se. Quase num último esforço, diante da incompreensão de Nicodemos, Jesus volta a dizer-lhe. Não te admiras. Você não o poderá compreender. Nem é necessário. Na natureza há também muitas coisas que você não compreende o vento por exemplo. O vento é uma realidade. Vemos a sua força, sua ação sopra onde quer, ouve-se o seu ruído, mas não se sabe donde vem.  Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito. (v.8), afirma Jesus. Nicodemos sente o impacto dessas palavras. No entanto, mesmo diante desta figura que Jesus usa, Nicodemos luta contra as palavras de Jesus. Ele não quer deixar afogar-se. Ele não quer morrer, não quer dar lugar ao Espírito.

Nicodemos necessitava de uma mudança em seu coração, uma transformação espiritual. De fato, a mudança também deve acontecer em nosso interior.  É preciso tirar tudo o que está estragado e colocar algo novo em nossa vida. Esta mudança em nosso coração apenas o Espírito Santo é capaz de realizar.  “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. O Espírito Santo é que nos converte, regenera e arranca o nosso “coração de pedra” e coloca um coração cheio de fé, amor, bondade e compaixão. Então, sim, teremos paz com Deus. E tendo paz com Deus, seremos criaturas felizes e alegres. E já nenhuma tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez, perigo, espada nos separara do amor de Deus. Com o coração purificado, saberemos amar a Deus e nele permanecer fiéis até a morte. Saberemos andar em seus estatutos, guardar e observar a sua palavra, e poder estar em constante comunhão com o nosso Deus.

Com muito amor Jesus revela o plano da salvação, diante da pergunta que Nicodemos fez: “Como pode suceder isso?” (v.9). Primeiro Jesus exemplifica que aconteceu no deserto no tempo de Moisés: “Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, da mesma forma importa que o Filho do homem seja levantado…” (v.14). Esse episódio aponta diretamente para Cristo. A imagem suspensa da serpente de metal faz-nos lembrar do sacrifício de Jesus Cristo realizado na cruz. A imagem da serpente de bronze apresenta-se como prefigura da ação redentora de Jesus Cristo na cruz. E não há outra salvação para os homens, senão olhar para a verdadeira serpente de bronze, Jesus Cristo crucificado. Qual o objetivo deste sacrifício? Para que todo que nele crê tenha a vida eterna (v.15). Este é o reino de Deus, a vida eterna. Daí a importância de “nascer de novo”.

Respondendo à pergunta de Nicodemos, podemos afirmar que só pela obra salvadora de Jesus Cristo, levantado e glorificado na cruz, é que se pode experimentar o novo nascimento, entrar na vida eterna, ver o Reino de Deus. Portanto, o nosso olhar deve estar voltado para aquele que assumiu todos os nossos pecados e fracassos para que pudéssemos ser perdoados. Para aquele que sofreu a morte para que nós tivéssemos vida e salvação na cruz. Por isso, olhemos para Jesus, pois Dele vem o amor, a fortaleza e a salvação. Olhemos para Jesus na cruz, pois Jesus tem algo a nos dizer, há um lugar para você no coração de Deus. Você sempre pode voltar. Deus te aceitará de volta e te conduzirá pela estrada da vida. Ele afirma: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” (v.16).Após esta mensagem de Jesus a Nicodemos, Ele,agora, reforça a sua missão salvadora, afirmando que Ele veio ao mundo para salvar, e não para condenar. Não era levar os homens a um julgamento, mas sim à salvação : “Porquanto Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.” (v.17). 

Prezados irmãos! Na vida de Nicodemos aconteceu o novo nascimento. Mais tarde vamos encontrá-lo defendendo Jesus diante do Sinédrio e por ocasião do sepultamento, ajudou a descer o corpo de Jesus da Cruz. Faça como Nicodemos. Deixe que o Espírito Santo faça você nascer de novo. Deixe renovar seu coração, seu espírito, e com toda a certeza você terá uma feliz e abençoada vida com a presença do Senhor Jesus em tua casa, família e na vida profissional. Amém.

 TEXTO: SL 130

TEMA: NO SENHOR ENCONTRAMOS O PERDÃO

O Salmo 130 é considerado um salmo de romagem, ou cântico de subida. Era cantado enquanto o povo caminhava em direção ao templo, se preparando para adorar ao Senhor. Ele relata a situação de uma pessoa que ora, suplicando perdão ao Senhor pelos seus pecados. Assim, como o salmista aguardava uma declaração de perdão por parte do Senhor, esperando por uma palavra de absolvição, também temos a possibilidade de apresentarmos nossas súplicas e esperarmos por uma palavra de perdão da parte do Senhor, pois no Senhor encontramos este perdão. Por isso, peçamos ao Senhor que ouça a nossa súplica, pois Ele quem nos redime de todas as nossas iniquidades.

Davi inicia este salmo ao expressar todo o seu sofrimento que estava enfrentando. Havia uma profunda angústia na vida do salmista, que o levou a clamar: “Das profundezas clamo a ti, senhor”. (v.1). O fato de pedir socorro demonstra a profundidade de seu sofrimento. Mas o que significa profundezas? Refere-se a uma metáfora usada pelo salmista para explicar a sua situação. Das profundezas no texto se referem literalmente as águas profundas, abismo, os lugares mais obscuros e sombrios. Traz a ideia de aflição, miséria total, dor, solidão e sofrimento; situação de desespero, frustração, derrota. Enfim, de insegurança profunda, fracasso e desespero, de certeza onde a vida parece que está a um fio da morte ou do fim de sua existência.

Que situação horrível estava vivendo Davi! Na verdade, ele não estava falando dos seus problemas no dia a dia, mas de seu afastamento de Deus por causa de seus pecados. O pecado o causava aflição, culpa e amargura. Por isso, se sentiu angustiado porque todos seus pensamentos estavam concentrados em como Deus iria tratar seu pecado, uma vez que estava em falta com Deus, e Deus estava cobrando um perfeito arrependimento de seu servo. Ele não tinha outra opção. Precisava do socorro do Senhor. Somente o perdão divino poderia tirá-lo do mais profundo abismo. Neste momento, ele entende que não basta só clamar. Era preciso orar: “Escuta Senhor, a minha voz; estejam alertas os teus ouvidos às minhas súplicas”. (v.2).

Constantemente também passamos por grandes tribulações, profundezas espirituais, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão e a nossa negligência espiritual. Mas como sair das profundezas? Clamando ao Senhor! Deus quer nos tirar das profundezas e renovar o nosso coração Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o Senhor, o único que pode nos salvar, e clamar por socorro, pois temos um Deus em quem nós podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Por isso, clame pelo socorro do Senhor e ele te ouvirá e virá ao teu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em tua vida.

Davi sabia que se não fosse a misericórdia do Senhor nem ele mesmo estaria vivo. Ele mesmo afirma: “Se observardes, Senhor, as iniquidades, quem, Senhor, subsistirá?” (v.3). Se tivesse que prestar contas de cada pecado que cometeu, e se Deus anotasse e o castigasse por todos os pecados, como poderia subsistir diante dele?  Quem, Senhor, subsistirá? É a pergunta que Davi faz. A resposta é: Ninguém. Porque o pecado mata. Ninguém subsiste a ele. Mas Davi tem uma notícia maravilhosa: “Contigo, porém, está o perdão, para que te temam”. (v.4). Por isso, para o salmista a única solução está no perdão, e o perdão só pode ser alcançado no Senhor. Deus lhes apagará do coração todas as suas transgressões. Não porque merecia, mas somente porque Deus é gracioso.

Assim como o salmista, todos nós precisamos ter a consciência de que somos pecadores. É preciso reconhecer que sem a misericórdia do Senhor nenhum de nós resistiria. “Não há quem faça o bem, não há nem se quer um”, “Não há justo, nem um sequer”, estas afirmações devem estar sempre diante de nós para que nunca o orgulho ou a presunção de que somos melhores que os outros tomem conta de nossas mentes. Quando reconheçamos os nossos pecados e pedimos perdão ao Senhor, há paz em nosso coração. Por mais graves que sejam as ofensas cometidas contra Deus, você pode ter certeza absoluta de que Deus ouvirá e atenderá a tua oração, se você se aproximar do Senhor com humildade, reconhecendo as faltas e pedir perdão. Você já experimentou esta paz em seu coração?

Depois de buscar ajuda no Senhor, o salmista se mostra paciente. Confia e espera na palavra do Senhor. (v.5). A palavra do Senhor é a esperança para quem vive nas profundezas. Ninguém que espera em Deus, permanece nas "profundezas." O apóstolo Pedro, numa ocasião, fez uma pergunta a Jesus: Para quem iremos? Ele apresenta dois motivos da sua permanência em Jesus. Primeiro: “Tu tens as palavras da vida eterna”. (v.68b). Pedro respondeu com uma confissão de fé. Só Jesus tem as palavras da vida eterna. Segundo motivo para permanecer em Jesus, Pedro conclui com uma lúdica verdade: “nós temos crido e conhecido que tu és o santo de Deus”. (v.68c).

Esta foi a decisão firmada com tanta convicção, o caminho que Pedro tomou. O que tinha ouvido e visto na companhia de Jesus, o convenceu que valia a pena ficar com ele, e ouvir as suas palavras.  Palavras que não mentem, não enganam e não falham; é a verdade infalível e imutável.  Palavras que anunciam pleno perdão de todas as nossas transgressões. Que nos asseguram a vida eterna nas mansões celestiais. Por isso, ao sabermos que Jesus tem as palavras da vida eterna, é importante dizer que não temos outro refúgio nos momentos de angústia do que a presença de Jesus, porque somente Ele é o Deus que nos pode socorrer. Os ídolos criados pelo homem não falam, não respondem. Também não é na ciência e na filosofia que o homem encontra a salvação. Mas unicamente no Cristo que tem as palavras da vida eterna. Portanto, seria um absurdo voltar a seguir outros caminhos ou buscar outras pessoas para nos tirar das “profundezas”.

O salmista, agora, demonstra uma imensa vontade e anseio de ter uma vida de relacionamento diário com Deus. Ele afirma: “A minha alma anseia pelo Senhor mais do que os guardas pelo romper da manhã. Mais do que os guardas pelo romper da manhã”. (v.6). A expressão “minha alma anseia” significa desejar ardentemente. A sua alma estava sedenta em buscar os caminhos de Deus, de nunca desistir. Esta sua atitude, ele compara com os guardas ou sentinelas que vigiavam durante a noite, que viviam momentos de preocupação com os perigos dos invasores durante a noite. Mas sentiam-se aliviados quando chegava o novo dia! Eles não desistiam! Dessa forma, o salmista desejava ansiosamente a chegada do perdão de Deus, que traria imenso alívio.

Portanto, salmista recebeu aquilo que pediu. O perigo teria passado, e a sua comunhão com o Senhor seria restaurada, porque ele sabia que em Deus encontraria misericórdia e ampla redenção. Ele não se encontra mais nas profundezas. Agora, ele pode, por sua vez, exortar e incentivar o povo de Israel a pôr sua esperança no Senhor. Ele dá testemunho de que no Senhor há misericórdia, e nele há copiosa redenção. (v. 7). Se ele próprio não tivesse sido atendido por Deus, ele jamais exortaria seu povo a ter confiança em Deus. Ele não tem dúvida alguma de que o Deus que o redimiu, redimirá também o povo de Israel. E tem certeza de que o Senhor, assim como não o abandonou, tampouco abandonará o povo.

É assim que devemos desejar a ajuda do Senhor. Esperar com paciência e ter perseverança. A palavra esperar pode parecer difícil, às vezes, até perdemos a paciência esperando por alguma coisa, mas há uma espera que vale a pena: esperar no Senhor. Quaisquer que sejam nossas necessidades, circunstâncias e problemas, nossa primeira solução deve ser esperar no Senhor e em seu auxilio. Devemos ser pacientes e esperar plenamente no Senhor. Por isso, é tempo de buscar o Senhor!

 Precisamos reconhecer nossa fragilidade, nosso pecado, nossas iniquidades, e corrermos na direção de Deus e implorar pelo perdão! Por isso, clame pelo socorro do Senhor e ele te ouvirá e virá ao seu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em sua vida. Amém!

 TEXTO: SL 27

TEMA: COLOQUEMOS A NOSSA CONFIANÇA NO SENHOR!

 Quando falamos de confiança, precisamos nos questionar: Onde estamos colocando nossa confiança? Nas ideologias? Nas riquezas? Nas nossas forças? Na verdade, o que se observa neste mundo moderno é que a maioria das pessoas tem depositado a sua confiança em qualquer outra coisa, menos em Deus. Nos dias do salmista, as pessoas confiavam nas suas próprias forças, na grandeza dos seus exércitos, na quantidade de suas armas, nos seus cavalos. Davi poderia ter depositado toda a sua confiança nestas coisas, mas, escolheu confiar somente no Senhor. Ele expressa esta confiança no Senhor quando tinha que enfrentar as batalhas durante a sua vida. Nestas circunstâncias, ele sempre recorria à segurança, poder e vitória vindas do Senhor. Era um homem de fé genuína, confiante nas promessas do Senhor.

E você, tem confiado somente em Deus? Tem dado exemplo de fé e confiança em Deus? Lembrando que a nossa confiança não está em qualquer coisa ou em qualquer pessoa, mas sim em Deus. Deus é a nossa fortaleza. Somente Ele, com sua infinita sabedoria e misericórdia, poderá nos garantir a paz, mesmo em meio às provações e correria da vida moderna. Somente Ele poderá iluminar as trevas de nossos pecados e apontar saídas para todos os desafios.  Quando tivermos aprendido a confiar em Deus, não mais teremos medo das coisas que enfrentamos neste mundo.

                                                              I

Davi estava sofrendo por causa da fúria e das tramas dos seus inimigos. Seu filho Absalão se tornou o grande inimigo de Davi. Situação que deixou Davi tão apático diante daquela circunstância, e se mostrou temeroso e inseguro. Não havia pretensão de domínio e força para lutar. Amedrontado com a situação que tinha à sua frente, ele demonstrou medo. Na verdade, Davi teve muitos medos ao longo de sua vida. Mas diante de seu medo, a sua confiança não estava na força do seu braço nem no poderio de seus guerreiros. Sua confiança estava depositada em Deus, que sempre foi a sua rocha, o seu escudo e a sua fortaleza. Sendo assim, ele afirma: O Senhor é minha luz e minha salvação. O Senhor é a fortaleza de minha de minha vida.” (vv.1-3). Deus é luz, salvação e fortaleza para Davi. Essa realidade é tão poderosa que ele exclama: “por que ter medo?”  (v.1).

O medo faz parte da vida do ser humano.  Ele remonta-nos a Adão e Eva. Depois de desobedecerem a Deus, e de Deus os ter chamado, Adão respondeu: "Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque estava nu; por isso me escondi”. (Gn 3.10). São tantas fobias que estão presentes na vida do ser humano que tem levado ao desespero e sofrimento. Mas, afinal, o que é o medo? Medo é um sentimento de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário. Ele é um sentimento que está presente na vida das pessoas. Você tem medo de alguma coisa? O que pode lhe deixar com medo? Seria o futuro? A área financeira? Seria medo da morte? Da violência e injustiças que vemos todos os dias na TV? De atravessar uma rua movimentada? De uma tempestade? De ser assaltado? O que lhe deixa com medo?

É justamente nesta situação de medo que Davi busca Deus. Demonstra a sua confiança e ânimo, quando diz que o Senhor é a sua luz, salvação e fortaleza. Ele apresenta as características de Deus e se apropria de seus benefícios para a sua vida. Confiava no Senhor que é a sua luz. A luz que resplandeceu em sua vida. Confiava no Senhor que é a sua salvação. Naquele que livra de situações de perigo, opressão e sofrimento. Confiava no Senhor que é a sua fortaleza. Naquele é forte refúgio para os que estão sendo perseguidos pelos inimigos: “Ainda que um exército se acampe contra mim, não se atemorizará o meu coração; e, se estourar contra mim a guerra, ainda assim terei confiança”, declara o salmista no verso 3. Como se observa, o medo deu lugar ao sentimento de segurança na vida do salmista.

Diante da dimensão de nossos medos, problemas e tribulações, que são densos, quando não conseguimos enxergar absolutamente nada diante de nossos olhos, ou até mesmo, discernir onde estamos, e o que está acontecendo em nossa vida, eu pergunto: temos confiado no Senhor? Onde está a nossa esperança? Nas ideologias? Nas riquezas? Em si mesmo? Verdade é que muitas pessoas tem colocado a confiança em si mesmo, nas riquezas, em coisas que são perecíveis, ou em qualquer outra coisa, menos no Senhor. Mas não esqueçam:  nossa confiança deve estar depositada no Senhor, pois ele nos garante firmeza inigualável, força, paz, persistência e certeza necessárias para seguirmos em frente. Com a confiança no Senhor permaneceremos firmes diante dos problemas e dificuldades, pois temos a certeza de que Ele sempre responderá às nossas súplicas, às vezes, de um modo diferente o que esperávamos, mas sempre responderá.

Confiando no Senhor, o salmista demonstra o seu maior desejo. Ele pede ao Senhor uma coisa que tinha muita necessidade. O que Davi queria?  Morar na Casa do Senhor: “Uma coisa peço ao Senhor, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do Senhor todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo”. (v.4). Davi não queria apenas um livramento do problema. Não almejava se esconder debaixo das cortinas da tenda. (tabernáculo). Também não desejava entrar na Casa do Senhor para realizar um dever social, religioso, ou para rever amigos. Mas a Casa do Senhor era o melhor lugar onde ele poderia estar.  Sentia-se feliz, alegre, seguro, protegido, e podia descansar tranquilamente. E os motivos de se assentar diariamente na Casa do Senhor são expostos: “contemplar a beleza do Senhor”. A palavra “contemplar” implica a ideia da busca de um relacionamento íntimo com Deus; transmite a ideia de fixar o olhar. E para onde se concentrava seu olhar? Na beleza de Deus, ou literalmente, no seu encanto. Portanto, Davi queria meditar no templo do Senhor. Meditar sobre quem é o Senhor e manter comunhão com Ele. Davi tinha tanto carinho pela Casa do Senhor que certa vez exclamou: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos!” (Sl 84.1).

O que você tem pedido ao Senhor em suas orações? Se você tivesse que pedir apenas uma única coisa para Deus, o que você pediria? Talvez esteja pedindo muitas coisas, mas esquecendo da principal. “só uma coisa é necessária...”. E o que é necessário? Estar na Casa do Senhor contemplar a Sua beleza e meditar no templo do Senhor. Este deve ser o nosso maior desejo, mais do que qualquer outra coisa nesta vida. Você não gostaria de usufruir das bênçãos maravilhosas oferecidas por Deus? De contemplar a beleza do Senhor e meditar no seu templo? De manter seu encontro com toda a congregação perante o Senhor, onde se evidência e se fortalece a comunhão entre irmãos na fé? Lembre-se: você é parte integrante da Casa do Senhor. Sem a sua presença e participação, com os demais irmãos na fé, que se reúnem regularmente para ouvir o Evangelho, não existe comunhão e trabalho.

Davi não almejava se esconder na Casa do Senhor como se fosse uma fortaleza, que consistia de muralhas e portas resistentes. O que ele almejava era a proteção divina, de estar debaixo do cuidado do Senhor. Ele afirma que é na Casa do Senhor, no meio de Sua presença, que encontraria paz de espirito que tanto almejava: “Pois, no dia da adversidade, ele me ocultará no seu pavilhão; no recôndito do seu tabernáculo, me acolherá; elevar-me-á sobre uma rocha”. (v.5). O termo pavilhão refere-se a um refúgio, um lugar de proteção. Já o termo recôndito é um lugar mais profundo, íntimo, reservado, baseia-se num relacionamento ligado por afeição e confiança ao Senhor. Sendo assim, o tabernáculo de Deus seria o refúgio, o lugar seguro, que permitiria tranquilidade na vida de Davi, lugar de adoração, pois era onde o Senhor se manifestava.

Infelizmente, vivemos numa época em que muitos cristãos têm perdido a vontade de buscar a presença do Senhor. Quão difícil em nosso tempo de tanta correria é encontrar pessoas na busca pela Casa do Senhor.  Muitos abandonam a Casa do Senhor, deixando de frequentá-la, de se interessar por ela e de zelar pelo seu sustento. Têm perdido a vontade de orar, ler a Bíblia, cantar louvores, glorificar a Jesus Cristo na Casa do Senhor. Na verdade, há um esfriamento espiritual na vida de muitos cristãos.  Como prova disto, encontramos igrejas vazias pessoas “frias” espiritualmente, materialistas, dando mais valor aos negócios do que ir à Casa do Senhor. Precisamos buscar a presença do Senhor constantemente e nunca dispensar a comunhão com Deus e a santificação. Ele é o nosso abrigo e proteção! Se vivemos na Casa do Senhor todos os dias, contemplando a Sua beleza, vamos desfrutar de muitas bênçãos que Ele nos oferece: felicidade, alegria, paz, consolo, comunhão e tantas outras que recebemos, quando dispomos a buscar a face de Deus, unidos em adoração com outros membros do corpo de Cristo.

Essa visão, exposta por Davi, é tão reconfortante que ele faz questão de demostrar sua gratidão, diante da atuação de Deus em seu favor. Ele afirma: “Que eu ofereça, no seu tabernáculo, sacrifícios de alegria; que eu cante e faça músicas ao Senhor”. (v.6b). Aqui está um aspecto importante da vida de Davi. Ele oferece a Deus sacrifício de júbilo – ele canta louvores a Deus, ele se sente alegre por estar na Casa do Senhor. Esta é uma forma de agradecimento ao Senhor, diante das vitórias sobre seus inimigos. Por isso, ele declara seu propósito de oferecer sacrifícios de gratidão ao Senhor.

                                                                     II

Há uma mudança drástica a partir do versículo 7. Toda aquela confiança desaparece. Encontramos um Davi fraco na fé.  As exuberantes expressões de segurança subitamente dão lugar aos lamentos e humildes súplicas do salmista diretamente a Deus. Ele clama para ser ouvido, deseja misericórdia e resposta: “Ouve, SENHOR, a minha voz; eu clamo; compadece-te de mim e responde-me.” (v.7). Ouve, Senhor, a minha voz. Este é o clamor do salmista, um clamor confiante em Deus em que ele suplica misericórdia, compaixão, piedade. No Salmo 51, ele também clama desesperado de alguém que precisa de ajuda. Alguém que é defrontado com seu próprio pecado e não consegue se livrar dele sozinho: “Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a Tua benignidade; e, segundo a multidão das tuas misericórdias, apaga as minhas transgressões.” A primeira coisa que ele faz é se voltar como miserável para a misericórdia e o amor de Deus, pois Deus nunca o desamparou.

Todos nós, em algum momento da vida, podemos nos identificar com o sofrimento do salmista. Constantemente também passamos por grandes tribulações, profundezas espirituais, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão e a nossa negligência espiritual. Talvez seja o momento em que precisamos clamar, insistir, perseverar em nossas orações ao Senhor. Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o Senhor, o único que pode nos salvar, e clamar por socorro, pois temos um Deus em quem nós podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Por isso, clame pelo socorro do Senhor e Ele te ouvirá e virá ao seu encontro ministrando conforto, paz e alegria interior em sua vida.

Davi conta que do seu íntimo surgia um convite divino que lhe apontava o caminho da presença do Senhor. Ele afirma que, agora, a porta foi aberta para ele buscar a Deus. Ele afirma: “Buscai a minha presença; buscarei, pois, Senhor, a tua presença. (v.8) A palavra hebraica פָּנִים (face) no Antigo Testamento é frequentemente traduzida como "presença". Buscar a face do Senhor significa procurar estar na Sua presença, conhecer a Sua força, o Seu auxilio e ser aceito por Ele. Quando nos aproximamos de Deus em oração, estamos buscando a Sua presença. A caminhada cristã é uma vida dedicada a buscar a presença e o favor de Deus. Sendo assim, o Senhor quer que de forma humilde e com confiança busquemos a Sua presença em nossas orações.

Em obediência à ordem de buscar a face do Senhor, o poeta ora: “Não escondas, Senhor, a tua face, não rejeites com ira o teu servo...” (v.9). Neste momento o salmista suplica para que Senhor não afaste a sua face, como uma rejeição à sua súplica. Não o deixe desemparado. Meu pai e minha mãe me desampararam [mas] o Senhor me acolherá ( v.10). Embora ele seja como uma criança abandonada, o Senhor o adotará e cuidará dele. Agora, Davi pede orientação e proteção ao Senhor: "Ensina-me... guia-me... não me deixes". (v.11). Davi gostaria de encontrar o caminho que conduz à presença do Senhor. Às vezes. temos uma série de caminhos possíveis diante de nós e ficamos incertos sobre qual é o melhor; outras vezes temos a impressão de que não temos nenhuma saída. É o momento de pedir orientação ao Senhor para que Ele nos mostre o verdadeiro caminho. Se quisermos confiar-nos a um guia seguro no nosso caminho, lembremo-nos de que Jesus disse de si mesmo: “Eu sou o Caminho…” (Jo 1.6). 

A convicção e a esperança renascem da fé confiante do salmista. Em vez de entregar-se ao desespero, ele manteve sua confiança na bondade do Senhor na terra dos viventes. O versículo 13 apresenta a convicção: "Eu creio": “Eu creio que verei a bondade do Senhor na terra dos viventes.” Eu sei que verei no futuro a bondade de Deus. Esta confiança se manifesta na expressão טוּב יְהוָה (bondade do Senhor), que significa o sustento, a preservação do Senhor e em várias bênçãos sobre toda a humanidade. E a expressão אֶרֶץ חַי (terra dos viventes) significa simplesmente esta vida. Davi estava passando por uma prova, mas tinha a confiança de que nesta vida presente Deus o ajudaria a sair do apuro através da sua bondade. Ele mesmo foi quem disse no salmo 23: ''Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do Senhor para todo o sempre.''

Outra convicção que o salmista possuía, encontra-se nas palavras: קָוָה יְהוָה (espera pelo Senhor). (v.14a). Esta é uma advertência ao próprio salmista. Ele é encorajado a não se desesperar, mas “esperar no Senhor”. Ele sabia por experiência o que significava “esperar ao Senhor”. Ele passou muitos anos esperando ser coroado rei e fugindo da ira de Saul. E, em outro salmo, ele nos encoraja com estas palavras: “Esperei confiantemente pelo Senhor; ele se inclinou para mim quando clamei por socorro, colocou-me os pés sobre uma rocha e me firmou os passos” (40.1-2). Sendo assim, o alvo de sua resignação pessoal e de absoluta confiança é o Senhor. Ele deposita todas as suas inquietações, a sua confiança, independentemente de qualquer coisa que aconteça, no Senhor.

Precisamos aprender a esperar pelo Senhor. No entanto, nesse mundo pós-moderno, onde o instantâneo cada vez mais faz parte da vida das pessoas, ninguém gosta de esperar na fila do supermercado, do banco, hospital, trânsito. A impaciência e o hábito do imediatismo nos fazem sempre ansiar por uma solução rápida por tudo que almejamos. Mas a questão é que somos exortados a “esperar pelo Senhor”. Esperar tem grande importância na vida com Deus. Esperar no Senhor é decidir caminhar na direção que Deus tem para nós. Na verdade, a nossa capacidade de esperar está em grande parte relacionada com o quanto confiamos no Senhor. Quando confiamos no Senhor com todo o nosso coração, Ele nos dará direção certa. Por isso, devemos esperar no Senhor em meio ao sofrimento sem desistir, aguardando o tempo da resposta de Deus.

O salmista também é convidado ater “bom ânimo, e fortificar o seu coração”. (v.14b). Mas que é bom ânimo? Sempre haverá momentos em nossas vidas em que deveremos encarar nossos maiores medos. Para muitos de nós, isso acontece todos os dias, quando nos levantamos de manhã para enfrentar as muitas provações e dificuldades da vida. Você é capaz de esperar sem reclamar e murmurar? Quando as coisas não caminham do jeito que você espera?  Quer aprender a esperar em Deus e a manter o ânimo, enquanto espera? Então vamos pedir a Deus que nos de sabedoria e nos ajude a praticar estes princípios a cada dia de nossas vidas. Aprenda a esperar no Senhor e manter o ânimo enquanto esperamos as bênçãos do Senhor.

Ao após a nossa reflexão sobre este salmo, conclui-se que a circunstância em que se encontrava o salmista, também tem sido a nossa situação. A vida do cristão é comparada a uma jornada. Somo peregrinos neste mundo, e estamos a caminho da nova Jerusalém. Muitos são os perigos nesta jornada. São tantas as dificuldades que temos que enfrentar, mas Deus é o nosso socorro. É justamente do próprio Deus que vem o socorro, aquele que pode nos socorrer que tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor. É maravilhoso ser protegido pelo Senhor! Esta proteção ocorre na vida daqueles que confiam no Senhor. No dia a dia da vida, em meio às lutas e problemas, nos momentos mais duros e cruéis, somos protegidos pela mão do Senhor. Ele nos protege das armadilhas de Satanás, de doenças, enfermidades e epidemias, de violência, acidentes. De fato, quem confia no Senhor pode passar por momentos de segurança.

Precisamos aprender a confiar em Deus. Confiar em Deus é uma atitude que temos de tomar todos os dias, ou melhor, ela deve estar impregnada em nossa mente, ainda que não enxerguemos propósitos nas circunstâncias que enfrentamos, nem nos desafios que somos obrigados a passar. Confiar significa ter fé, esperar, ter esperança em algo ou alguém, ter confiança.  Deus é digno de nossa confiança. Ao contrário dos homens, Ele nunca deixa de cumprir as Suas promessas. Você já parou pra pensar o quanto Deus age, mostrando seu amor e sua bondade em sua vida? Amém.

 TEXTO: JO 10.1-10

TEMA:  JESUS É A PORTA DAS OVELHAS!

Diariamente passamos por muitas portas que se encontram nas casas, igrejas, escolas, hospitais. A porta é um instrumento de passagem que abre e fecha, impedindo ou permitindo o acesso a determinado lugar. Ela dá uma sensação de segurança e proteção dos perigos exteriores. Ela pode ser larga, estreita, grande, pequena, baixa, alta. Nos tempos antigos , não somente as casas tinham portas, como também as cidades fortificadas. As portas permitiam o acesso às fortificações, e junto a estas portas realizavam as trocas comerciais. Eram os lugares de maior afluência do povo, para conversas, passatempos ou negócios. Em caso de ataque de inimigos, as portas eram fechadas, e das muralhas as sentinelas protegiam a cidade.

No entanto, a porta mais importante que podemos atravessar é através de Jesus Cristo. Ele disse: “Eu sou a porta das ovelhas.” Vamos refletir sobre três significados das palavras de Jesus! Primeiro porque Jesus é a porta da salvação. Ele é a porta pela qual todos devem entrar na vida eterna. Não existe outra! Não há outro caminho!  Não há outra via de acesso. Por isso, é necessário entrar por ele. Segundo, quem entrar por esta porta achará pastagem. Encontramos vida com abundância. O amor que recebemos de Deus e a fé que norteará cada um de nossos passos, nos encherá de confiança e poderemos descansar tranquilos em Jesus. Terceiro, hoje a porta está aberta, esperando os pecadores arrependidos. Um dia, porém, essa porta vai se fechar. Por isso, enquanto a porta da graça se encontra aberta, possamos entrar por ela e encontrar em Jesus a solução para os nossos problemas.

                                                                  I

 Jesus inicia seu discurso, contando uma parábola. Ele usa diferentes exemplos neste texto que os judeus estavam familiarizados. Tipo de linguagem que era fácil de ser entendido por todos. Ele fala do aprisco, sobre a porta, o pastor, ladrão, o salteador e os mercenários. É justamente neste contexto que Jesus dirigi às suas palavras.  Primeiramente, Ele fala sobre o “aprisco das ovelhas.” Era um local cercado por muros, feito ,principalmente, de pedras, onde havia uma grande porta. Durante à noite os pastores traziam as suas ovelhas para o aprisco e cuidavam do rebanho. A porta era a única entrada onde ficava o porteiro. Embora, havendo um porteiro, os roubos de ovelhas eram constantes.  Os ladrões saltavam pelo cercado e roubavam as ovelhas sem passar pela porta. Por isso, Jesus afirma: “o que não entra pela porta no aprisco das ovelhas, mas sobe por outra parte, esse é ladrão e salteador.” ( v.1).

Essas palavras foram ditas contra os fariseus. Eles não entravam pela porta do aprisco ,que é Cristo, mas  faziam “buracos” no aprisco onde desejavam entrar  com arrogância, hipocrisia, falsidade e ganância. Por isso, eram considerados “ladrão e salteador.” (v.1b).Jesus ainda disse: “O ladrão vem somente para matar e destruir.”(v.10a). Esse fora o caráter geral dos fariseus e escribas. Eles fingiam ser pastores e guia do povo. Buscavam riqueza, cargo, facilidade às custas do povo, e alegavam ser instrutores, cujo único objetivo era se engrandecer e oprimir o povo. Portanto, mereciam ser chamados de ladrões e salteadores. Lemos em Jeremias 23.1:“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto.” E Jeremias ainda disse que os pastores, " não buscaram ao Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos" (Jeremias 10.21).

No entanto, o verdadeiro pastor de ovelhas, não precisa escalar a cerca, fazer abertura nas paredes para entrar no aprisco. O verdadeiro pastor entra pela porta que é aberta pelo porteiro. Jesus disse, esse que entra “ é o pastor das ovelhas”.(v.2). A este o porteiro abre a porta, chama pelo nome às suas ovelhas, elas ouvem a sua voz e as traz para fora. E, quando tira para fora as suas ovelhas, vai adiante delas, e as ovelhas o seguem. (vv.3 e 4). Ocorre que existe um ótimo relacionamento entre o pastor e as suas ovelhas, ou seja na sua voz, no seu conhecimento , na sua liderança e na sua orientação. Agindo desta forma, diz Jesus que “de modo nenhum seguirão um estranho, antes elas fugirão por não reconhecer a sua voz” (v.5).

No entanto, os fariseus “não compreenderam” o que Jesus que lhes dizia (v.6).Eles também não queriam admitir o recente milagre da cura de um cego de nascença ( Jo.1-41).E diante desta incredulidade, Jesus explica novamente a respeito de si mesmo: “Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelha”.(v.7).A porta é um objeto muito importante. Ela está bem presente em nossas vidas, pois é uma via de acesso que nos permite entrar e sair dos mais diversos lugares. Ela dá uma sensação de segurança e proteção dos perigos exteriores. Ela pode ser larga, estreita, grande, pequena, baixa, alta. Sem ela, nossas vidas seriam difíceis e limitadas.

Nas Escrituras encontramos diversas passagens que falam sobre a porta: Ló estava sentado a porta da cidade de Sodoma. (Gn 19.1). O Tabernáculo tinha portas que dava passagem para outros compartimentos do santuário móvel dos hebreus no período da peregrinação. (Êx 29.32; 33.9). A reconstrução dos muros de Jerusalém, no livro de Neemias, menciona as doze portas da cidade com os seus primitivos nomes. A porta foi também fechada para as néscias, da Parábola das Dez Virgens. Elas batem à porta e pedem para entrar: “Senhor, senhor, abre-nos a porta!” (Mateus 25.11). Mas a porta foi fechada e não abriu mais para aquelas mulheres, que não se prepararam para receber o noivo. Em Gênesis 6.16, Deus pediu que Noé construísse uma arca e colocasse uma porta na lateral. Após a construção da arca Noé e sua família, bem como todo o animal, conforme a sua espécie entraram na arca, e “o Senhor fechou a porta". (7.16).

Num outro momento Jesus faz uma referência à porta das ovelhas. Ele lembra a história do homem paralítico que ficava à beira de um tanque de água, aguardando a cura para sua doença. Um detalhe na história diz que o tanque de água ficava ao lado do Portão das ovelhas em Jerusalém.( João 5.2), lugar por onde as ovelhas eram introduzidas para os sacrifícios por ocasião da Páscoa judaica. No entanto, esta história mudou quando Jesus veio ao mundo, morreu e ressuscitou para nos salvar. Jesus, agora, é a porta das ovelhas. Quando Ele diz “eu sou a porta das ovelha,” às suas palavras são enfáticas.  Assim como Jesus disse em outras ocasiões: “ Eu sou a luz do mundo”, ”Eu sou o caminho”. Observem um detalhe importante: Jesus não diz ser uma porta, ou uma das portas, mas  “Eu sou a porta”, o único acesso a Deus. Cristo é o único caminho para a segurança do aprisco de Deus.

                                                                    II

Jesus também afirma que Ele é a porta da salvação: “Se alguém entrar por mim, será salvo. (v.9a). A palavra “salvo” dentro do texto, vem do termo grego   oσώζω, cujo sentido é: “salvar do perigo ou da destruição”. Mas quando falamos da salvação do homem em Cristo Jesus, torna-se necessário lembrarmos o seu estado pecaminoso. Em Rm 3.23 temos: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Nesta condição, o homem caminha para a perdição eterna, uma vez que o “salário do pecado é a morte…”.( Rm 6.23.3). A única solução para a questão do pecado na vida do homem perdido, é Jesus. Quando deixou o seu lar na glória para habitar entre os homens, Jesus tinha como objetivo principal “buscar e salvar os perdidos”. “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. (Lc 19.10).Agora, aquele que coloca toda a sua esperança  sobre o Redentor crucificado, será salvo. Portanto, Jesus é a porta pela qual todos devem entrar na vida eterna. Não existe outra!  Não há outro caminho!  Não há outra via de acesso. Por isso, é necessário entrar por ele. Ele é a porta que retrata a vida — a salvação, a segurança, o sustento.

Olhando com atenção para este versículo, nos deparamos com dois verbos: “entrará, e sairá…”.(v.9b).Estes verbos significam que as ovelhas entram no aprisco para terem segurança e saem para a pastagem sob os cuidados de seu pastor. Em Jesus, as ovelhas que entram não permanecem lá dentro para serem sacrificadas, mas saem para se alimentar do pasto, pois “achará pastagem.” A expressão “achará pastagem”, tem a ver com o alimento das ovelhas. Sabemos que uma das funções do pastor de ovelhas nos tempos bíblicos era providenciar alimento ao rebanho, o que se tornava uma tarefa árdua, em virtude do clima desértico da Palestina. Os pastos verdes eram raros, escassos, e ,muitas vezes, para procurá-los, o pastor empreendia juntamente com o rebanho, longas viagens. Tornava-se cansativa a peregrinação em busca de pastos verdes. Uma vez encontrando o alimento para o rebanho, as ovelhas tinham descanso e tranquilidade, pois pastos “verdejantes” e “águas tranquilas” são tudo o que uma ovelha necessita.

Em Jesus, o bom Pastor  “acharemos pastagens”. Ele nos oferece “pastos verdejantes” e o “descanso”. Isto significa que o alimento espiritual é o próprio Senhor: “Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim”. (Jo 6.57). Jesus é o pastor por excelência! Nada descreve melhor o seu amor e cuidado pelas suas ovelhas do que o Salmo 23, que nos versos 1-2, trata de sua provisão de alimentos ao rebanho, Ele nos ensina que não faltará tranquilidade: Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso. O termo דָּשָׁא  (pasto) no hebraico significa campinas, relva, grama. São pastos caracterizados como "exuberante”, ou seja, rica em vegetação e o termo מְנֻחוֹת  caracteriza a água refrescante; tranquilas, descanso. Debaixo do cuidado do Senhor nossa fome e sede são saciadas! “Nada nos faltará”!

Como é maravilhoso saber que a nossa provisão espiritual é encontrada em Cristo. Ele é o nosso alimento. Ele é o pão e a água da vida. Ele promete paz, descanso, direção, proteção, vitória e companhia eterna. Em Cristo há plenitude de alegria, paz e comunhão com Deus. Isto demonstra que Jesus, o bom Pastor é diferente do ladrão. O ladrão é o falso pastor. Jesus deixou claro no primeiro versículo que "aquele que entra no aprisco das ovelhas, mas sobe por outro lugar sem ser pela porta é ladrão e assaltante". A sua intenção é invadir o aprisco, e, simplesmente, roubar as ovelhas. Ele não mede as consequências, se vai destruir algo ou se alguém pode perder a vida para que ele consiga o que pretende roubar. Ele vem apenas para roubar, matar e destruir.”(v.10).Essa é sua primeira e principal visão: levar a propriedade alheia. Desta forma, entendemos que o objetivo central do ladrão é entrar no meio das ovelhas. Ele quer entrar de todas as formas, menos pela porta. Esse era o caráter geral dos fariseus e escribas. Eles eram ladrões e salteadores que viviam no meio do povo. Eles fingiam ser pastores e guia do povo. Portanto, mereciam ser chamados de ladrões e salteadores.  

Hoje, os ladrões são todos os que não instruem a igreja na doutrina verdadeira do Evangelho. Muitos deles estão conduzindo as suas ovelhas para o abismo, e que não tem nada para agregar em relação ao verdadeiro conhecimento de Cristo descrito nas Escrituras Sagradas. São mercenários pelo qual trabalham para si e em função dos seus próprios interesses. Não pensam em duas vezes em querer abandonar o rebanho.  Quando o inimigo ataca o rebanho, não fazem nada para defendê-lo. Aparentam serem pastores, mas na verdade não cuidam do rebanho, como deviam. Apresentam-se como enviados de Deus, mas que na realidade, são mercenários cujo interesse está apenas em buscar vantagens, honras e glórias pessoais, e na hora das dificuldades, abandonam as ovelhas porque não as amam de verdade e não estão dispostos a sacrificar suas vidas em proveito delas Lemos em Jeremias 23.1:“Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto.” E Jeremias ainda disse que os pastores, " não buscaram ao Senhor; por isso, não prosperaram, e todos os seus rebanhos se acham dispersos" (Jeremias 10.21).

                                                                      III

Você já entrou pela porta? Ou está apenas perto dela? A porta está fechada para você? Jesus é a porta certa! Ele está esperando os pecadores arrependidos! Ela sempre está aberta para você! Entre! No entanto, não é fácil entrar pela porta. Jesus disse: “ muitos procurarão entrar e não poderão”(LC 13.24b), isto porque exige renúncia, obediência, fidelidade  e perseverança. Exige que carreguemos a cruz. O caminho que leva a uma vida eterna com Deus passa pela cruz de Cristo. Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Exige arrependimento quando pecarmos diante de Deus.(1 Jo 2). E muitas pessoas não querem seguir este caminho. Por isso, preferem passar ao largo desta porta. Desprezam-na. Acreditam poderem encontrar uma mais larga, mais espaçosa. Outras inventam desculpas, pois o amor pelo dinheiro e pelos prazeres do mundo, o desejo de agradar o mundo e as coisas que nele há, a má vontade em abandonar os pecados, que  impedem entrada na porta estreita.

Na verdade,  as pessoas não querem se submeter as exigências que o Senhor requer para segui-lo. Entre abandonar o pecado e abandonar o Senhor, preferem andar pelo caminho largo mesmo que isso signifique ficar sem Deus. Quem não quiser se submeter as práticas espirituais ou se esvaziar das coisas do mundo, jamais passará pela porta. Por isso, é necessário ter uma certa determinação em seguir Jesus diante de um mundo com seus encantos e ofertas, cada vez maiores e constantes. Satanás, fazendo de tudo  para impedir a nossa entrada pela porta. Não se deixe enganar por aqueles que desprezam a porta da graça de Deus em Jesus Cristo. Apesar do desprezo, a porta para o céu está aberta, o tempo da graça ainda opera sobre nós, e assim Jesus ainda pode ser achado. A porta aberta é uma oportunidade que Deus nos dá de ouvir a mensagem do evangelho e crer nele (João 10.7-9).

Lembrem-se que um dia essa porta vai se fechar, assim como no tempo de Noé. (Gênesis 7.16). A Palavra de Deus nos diz que veio o julgamento de Deus em forma de dilúvio e todos que não haviam entrado morreram. No dia do julgamento, que está por vir, a porta se fechará.(Lc. 13.24-27) Quando a porta for fechada, do lado de fora muitos vão dizer: “Senhor, abre-nos a porta”.  quem tiver entrado será salvo, quem ficar de fora, será condenado. Nesse tempo não adiantará bater, nem chorar, muito menos argumentar dizendo: Por que estamos do lado de fora? Nós sempre fizemos o que Deus queria?  Nós não profetizamos em teu nome? E em teu nome não expulsamos nos demónios? E em teu nome não fizemos maravilhas? Além disso, sempre fui a igreja; fui batizado; participava da ceia; dava o dízimo, até orava e lia a Bíblia. Porém a resposta do dono da casa, que é Jesus, é muito simples: “Não sei de onde sois vós”. E ainda  perguntarão a Jesus: Como não nos conhece? “ Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas.” Mas Jesus responderá: “não os conheço, nem sei de onde vocês são. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal,”

Estimados, irmãos! Há muitas portas por onde passamos e construímos a história de nossas vidas. Todos almejam encontrar uma porta aberta para um bom estudo, para um emprego estável e promissor, para o sucesso na vida financeira, para um casamento que lhes garanta a felicidade e muitas outras. No entanto, a porta mais importante que podemos atravessar é a porta da salvação. Jesus Cristo é essa porta. Ele é a única porta, uma porta aberta, uma porta ampla, uma porta segura. Quando entramos por esta Porta  encontramos vida  com abundância. O amor que recebemos de Deus e a fé que norteará cada um de nossos passos, nos encherá de confiança e poderemos descansar tranquilos. Jesus Cristo, a Porta da vida abundante, nos protegerá contra as ciladas do mal e encherá nossos corações de paz mesmo que os perigos estejam ao nosso redor. Por isso, somos  chamados a entrar, agora. Isto significa que a oportunidade de salvação vai terminar.

ORAÇÃO: Querido Pai Celestial, nós te rendemos graças, porque um dia a porta do céu se abriu e o Teu  Filho deixou o céu, abandonou a grandeza celestial, desprezou os palácios de marfim e veio a este mundo morrer pelos pecadores, abrindo a porta da salvação. Hoje a porta está aberta, esperando os pecadores arrependidos. Um dia, porém, essa porta vai se fechar. Enquanto a porta da graça se encontra aberta, possamos entrar por ela e encontrar em Jesus a solução para os nossos problemas. Tudo isto te pedimos em nome e por amor de Teu Filho, Jesus Cristo. Amém!