quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

TEXTO: IS 52.7-10

TEMA: O NOTÍCIA DA VOLTA DO SENHOR À SIÃO

Estamos nos aproximando do dia 25 de dezembro. As pessoas estão eufóricas, agitadas, movimentando-se intensamente para a realização do Natal. Luzes em quantidades incontáveis iluminam casas, edifícios, ruas e lugares públicos. Os supermercados estão cheios de guloseimas natalinas, frutas as mais diversas e as pessoas compram freneticamente para fazerem uma boa ceia de natal. A mídia está dominada pelo “espírito do Natal” e por figuras que simbolizam a festa. Nas igrejas há preparações esmeradas, corais se preparam, crianças ensaiam peças e todos estão esperançosos de terem um “bom Natal”.

Mas há uma noticia maravilhosa para você neste Natal! Você já imaginou um mensageiro correndo o mais rápido possível para anunciar uma notícia boa para você? Essa é a imagem apresentada pelo profeta neste texto. Ele afirma que Deus enviou um mensageiro para anunciar o retorno de seu povo à Sião, que estava no exilio. Uma notícia permeada de consolo, paz, ânimo, salvação e esperança. Ela reflete a alegria dos judeus, pois o Senhor estará presente com eles outra vez. Já para a cidade de Jerusalém, que se encontra em ruínas, é uma grande alegria saber que o Senhor retornará, pois antes era uma cidade entristecida, mas. agora se acha consolada. Ele voltará e estará com eu povo no templo, que será reconstruído.A maneira como esta história é narrada mostra o quanto a mensagem de Isaías foi importante para o entendimento dos primeiros cristãos sobre o que Jesus veio fazer no mundo. O Evangelho de Lucas nos mostra esta finalidade ao lembrarmos a história do nascimento de Jesus quando o mensageiro do Senhor disse: “Não temais; hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Era uma notícia maravilhosa que fala sobre a vinda do Messias, que era algo que estava sendo esperado pelos homens durante muito tempo.

Estimados irmãos” O povo de Israel desobedeceu, pecou, não se arrependeu, e, consequentemente, abandonou o Senhor. Sendo assim, o Senhor permitiu que seu povo fosse levado pelos Babilônios, por causa de seus pecados, especialmente, o pecado da idolatria. Em uma terra distante, o povo chorava, vivia humilhado, explorado, desolado e sem esperança. É nessas condições que o profeta anuncia a libertação dos israelitas, garantindo que Deus os trará de volta do cativeiro para que possam começar uma vida nova na terra de Israel. Quando voltar, certamente, encontrará uma cidade em ruinas, muros derrubados e o templo em escombros. Este era um cenário que causou desanimo e frustração na vida daquele povo.

No entanto, neste momento de aflição, Deus não abandona seu povo. Ele anuncia o seu retorno à Sião. O profeta descreve esta imagem através de  um mensageiro, visto a princípio, saltando ou correndo em uma colina distante. Uma indicação de que ele carrega uma mensagem de alegria, e que a nação está prestes a ser restaurada. Ele faz uma declaração que fala sobre o glorioso ministério daqueles que proclamam a verdade de Deus: “Que formosos são sobre os montes os pés.” (v.7a). É uma forma poética para indicar que são bem vindos aqueles que trazem uma boa notícia. Parece que ao escrever essas palavras, Isaías tinha em mente a figura daqueles mensageiros que traziam do campo de batalha boas notícias. Para levar esta boa notícia às cidades, os mensageiros percorriam grandes distâncias. Era um trabalho árduo e difícil. Seus pés ficavam machucados, sujos, esfolados e empoeirados pela longa viagem.

O apóstolo Paulo usou esta declaração do profeta Isaías justamente em referência àqueles que pregam o Evangelho de Cristo pelo mundo. Em Romanos 10.15, ele afirma: “Quão formosos são os pés dos que anunciam coisas boas!” Em  Isaías esses mensageiros, cujos pés são formosos, se referem àquelas pessoas que anunciaram a restauração do povo de Israel do cativeiro. Era, sem dúvida, boa, animadora e maravilhosa a notícia da restauração de Israel.  Mostra que a mensagem era maravilhosa e amável daqueles que traziam o consolo de Deus.Dessa forma, Deus estava animando o povo a recomeçar uma nova vida, renovando a esperança, libertando e trazendo-o de volta para a terra que o próprio Deus havia dado ao seu povo.

Quanto ao conteúdo da mensagem, o mensageiro anuncia quatro boas notícias. Primeiro: o mensageiro  “anuncia as boas-novas.”(v.7b). O Antigo Testamento costuma usar o termo בָּשַׂר, que significa proclamar boas novas, trazer notícias de vitória. Neste contexto, o mensageiro revela uma boa notícia ao povo. Qual é essa "boa notícia" que o mensageiro traz? Ele anuncia a chegada do Deus libertador. É uma boa notícia! Segundo: o mensageiro anuncia a paz: “que faz ouvir a paz.” (v.7c). Mas não era qualquer paz. Era uma paz que Deus estava oferecendo ao seu povo. Ele concedeu esta paz ao seu povo, não porque este a mereceu por si mesmo, mas foi uma dádiva, um dom, um presente. Ela gerou na vida do povo um momento de bem-estar, harmonia, felicidade sem fim. Sendo assim, a paz era uma bênção para este povo e esperança para Israel. Jerusalém, agora, será um centro, a partir do qual Deus manifestará a sua presença, o seu conforto, amor e misericórdia que nunca se acabam. Se hoje temos a paz, é por causa da obra redentora de Cristo. Ele morreu em nosso lugar nos reconciliando com o Pai.

Quinto: o mensageiro anuncia salvação:  “que faz ouvir a salvação.” (v.7d). O termo יְוּעָה (salvação) no Hebraico significa libertação, vitória, livramento ou salvação. Para os povos do Antigo Testamento, a salvação estava bastante ligada à discussão sobre “livramento de alguma coisa”, seja física, pessoal ou nacional. Para a cidade de Jerusalém que estava em ruínas “, ouvir a “salvação”, era um momento de grande alegria, porque antes estava entristecida, mas agora se acha consolada. Entretanto, todos estes significados estão longe de alcançar a dimensão plena e com mais profundidade, conforme nos ensina o Senhor. A palavra ‘salvação’ descreve um acontecimento futuro, ou seja, a vinda do Messias. Viria com objetivo de salvar a humanidade, libertando-a do cativeiro da morte espiritual. Quarto: o mensageiro anuncia que “o teu Deus reina.” (v.7e). É uma confirmação de que Deus ainda estava no seu trono. Quem reina não é o Egito, nem a Assíria, nem a Babilônia, nem o pecado, nem as dificuldades diárias que enfrentamos todos os dias. Mas é Deus quem reina! É do Senhor que vem a notícia de consolo, libertação e esperança! É necessário dizer e lembrar que o nosso Deus reina e reinará para sempre.

Os primeiros a ver o mensageiro e ouvir a sua mensagem são as sentinelas ou atalaias. O termo  צָפָה  (atalaia) em Hebraico, significa “tomar cuidado”, “espiar”, “olhar ao redor”, “vigiar”, “guardar” ou “prestar atenção”. “aquele que vigia”. Atalaia era uma pessoa que ficava encarregada de vigiar determinada área. Geralmente. ficava posicionado num local elevado e estratégico, com visão ampla sobre o território, do qual deveria permanecer vigilante, em especial em suas entradas e saídas, desse local. Caso algum inimigo se aproximasse, elas gritavam. (v.8a). A Bíblia fala sobre atalaias tanto no sentido literal quanto simbólico. Isso indica que esse termo é aplicado não só para se referir aos guardas da época, mas também no sentido espiritual, ou seja, alguém que avisa às pessoas que precisam deixar o pecado e obedecer a Deus. Encontramos vários exemplos na Bíblia. É o caso do profeta Ezequiel que foi designado por Deus como uma atalaia para advertir o povo de Israel sobre sua conduta pecaminosa (Ezequiel 3.17-21; 33.2-9). O profeta Habacuque também agiu como um tipo de sentinela espiritual. Ele se colocou “em torre de vigia” na espera por ouvir a mensagem de Deus sobre o juízo vindouro (Habacuque 2.1).

Após ver e ouvirem o mensageiro, as sentinelas, agora, erguem a voz, gritam de júbilo e alegria por causa do retorno do Senhor à Sião. (v.8b). Não é, no entanto, um grito de alarme, de guerra, mas de alegria contagiante, de júbilo. O verbo  שׁוּב (retorno) no Hebraico aparece com frequência no Antigo Testamento e tem uma variedade de significados – mudar, retornar ou restaurar. Nesse caso, o profeta pode estar falando da restauração de Sião – ou do retorno do Senhor à Sião – ou de ambos. E o fato de verem com seus “próprios olhos” enfatiza que elas veem “claramente” que é, de fato, o Senhor. Por isso, se alegram, respondem com gritos e com cantos de louvores. Não havia mais choro, pelo contrário, só alegria e gratidão. Deus havia transformado aquele momento em realidade. O fato de voltar à sua terra, de estar livre do cativeiro, de poder cultuar ao Senhor eram motivos suficientes para exultar e alegrar-se.

De fato, notícia era boa que até as “ruínas” de Jerusalém são convocadas para o cântico: “Rompei em júbilo, exultai à uma, ó ruínas de Jerusalém; porque o Senhor consolou o seu povo, remiu a Jerusalém.” (v.9). O verbo  פָּצחַ em Hebraico, que está no imperativo, significa “levar a romper ou explodir, irromper, exclamar”. A expressão “ruínas de Jerusalém” é um simbolismo da condição que encontrava o povo Israel. Isto demostra que aqueles que estavam em ruinas, e que não conseguiam mais acreditar, deveriam explodir em alegria. As ruínas não seriam mais um marco para lamentos, pois o Senhor age. Ele vem, reina e sua ação dá-se através do consolo e do remir à Jerusalém. O Senhor assumiu a tarefa de consolar os israelitas deportados da Babilônia. Sua profecia é introduzida com o imperativo: “Consolai, consolai meu povo, diz vosso Deus” (Is 40.1). O verbo גָּאַל  (remir) no Hebraico significa redimir, reivindicar, resgatar. O termo tem a ver com a libertação da escravidão do seu povo. Ele foi redimido e   o Senhor não teve que pagar nenhum preço. Agora, ele pode se alegrar e cantar. Não será mais um povo arruinado, mas um povo redimido.

A boa notícia do mensageiro provoca os gritos das sentinelas, o júbilo em Jerusalém e agora também chega aos olhos de todas as nações: “O Senhor desnudou o seu santo braço à vista de todas as nações" (v. 10a). Neste versículo, o profeta usa a imagem de mais um elemento do corpo. Ele inicia o texto com imagem dos pés e termina com a do braço. O termo חָשַׂף   (desnudar) significa tirar, despir, deixar desnudo, esticar. E o termo זְרֹועַ   (braço) é um símbolo de força. É uma metáfora usada pelo profeta. Ele tira do contexto de uma batalha, que representa o momento em que o soldado tira a sua capa e seus braços ficam desnudos. Ele estica seu braço para golpear com a mais força, ou para exercer uma força maior.  

No contexto espiritual, o “braço do Senhor” é uma figura de linguagem que fala de seu poder absoluto sobre o mundo. E a expressão “desnudar o braço” implica que o Senhor se prepara para a batalha. Ele tira a capa e seu braço é exposto à batalha: “Então, com toda a força de meu braço vigoroso, com furor, indignação e cólera, combaterei contra vós.” (Jeremias 21.5). Mas também é uma figura de como Ele está amorosamente presente, cuidando, confortando e consolando seu povo. Não era um momento de conquista ou de opressão, mas de resgate, pois o Senhor libertou seu povo da escravidão. Isto significa que Deus veio em socorro de seu povo como guerreiro e que seus atos realizados seriam vistos, reconhecidos por todas as nações: “que todos os confins da terra verão a salvação de Deus”. Significa que a libertação do seu povo seria tão notável, visível em todo o mundo. As nações mais distantes o veriam e seriam constrangidas a reconhecer o seu poder. E a salvação que Deus oferece à sua cidade e ao seu povo será testemunhada por toda a terra, como se o mundo estivesse de olhos postos na ação vitoriosa de Deus em favor de Judá.

Como é maravilhoso ver um mensageiro correndo pelas montanhas, trazendo boas notícias de paz e de salvação! A maneira como esta história é narrada mostra o quanto Isaías 52.7-10 foi importante para o entendimento dos primeiros cristãos sobre o que Jesus veio fazer no mundo. O Evangelho de Lucas nos mostra esta finalidade ao lembrarmos a história do nascimento de Jesus quando o mensageiro do Senhor disse: “Não temais; hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor”. Era uma notícia maravilhosa que fala sobre a vinda do Messias, que era algo que estava sendo esperado pelos homens durante muito tempo. Notícia que os pastores, homens humildes, receberam na quietude do campo, sobre o nascimento do Salvador. Eles estavam reunidos nos campos, e ficaram com medo. Mas o anjo os tranquilizou dizendo: "Não temais!”. A presença do anjo do Senhor envolveu os pastores de forma maravilhosa, de coragem e esperança que desapareceu todo o medo, mediante a presença segura e na certeza de que o Deus onipotente está conosco. Acreditaram na vinda de Cristo ao mundo, e na mais bela e emocionante notícia: “a boa-nova de grande alegria”.

No entanto, não era uma simples alegria! É a maior alegria, que enche nosso coração de júbilo. Que dissipa toda a tristeza. Que supera as tribulações, as tempestades, as lágrimas, a dor, a perda, o abandono, tudo. Qual era a boa-nova? Nasceu o Salvador! Nasceu Jesus!  O nascimento de Jesus são boas novas, boas notícias. Boas notícias de que Deus cumpre suas promessas. Ele disse que enviaria o Salvador ao mundo, e cumpriu. Por isso que celebramos com tanta gratidão e alegria o Natal. Mas a alegria não seria apenas para os pastores, mas para todo o povo. A mesma mensagem que encheu seus corações de alegria é anunciada a cada um de nós ainda hoje. Ela é para todas as raças, todas as línguas, todas as nações, pois Deus ama o mundo, e de tal maneira que mandou seu filho unigênito para que todo o que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna. No coração de Deus há lugar para todas as pessoas, de todos os lugares. Já recebeu esta boa-nova de grande alegria em sua vida? Está disposto a proclamar está boa nova a todo o povo?

Estimados, irmãos! O mensageiro anunciou uma mensagem maravilho da vinda do Senhor à Sião. Ele traz boas notícias. Hoje, não vivemos em cativeiros como Israel viveu, mas conhecemos bem a escravidão do pecado, a distância de Deus, o medo de sermos esquecidos em nossos sofrimentos. A mensagem de Isaías nos chama a acordarmos para uma nova realidade. Porque o Rei veio, e ele é a grande manifestação do poder de Deus e é maior do que qualquer problema. Sendo assim, podemos juntos celebrar a paz e a salvação recebidas, com uma nova roupa de pureza, e uma esperança segura. Amém!

 

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