TEXTO: JO 21.1-14 (15-19)
TEMA: PEDRO, TU ME AMAS?
Após uma madrugada de desanimo, uma pescaria frustrada, pois os discípulos nada apanharam, Jesus, o Cristo ressuscitado, aparece aos seus seguidores. Seu objetivo é acolher aqueles que ainda estavam com medo por causa de Sua morte. Isto demostra o quando Jesus amava seus discípulos, principalmente, a Pedro. É justamente à beira daquele mar, no momento da refeição, Jesus mantém um diálogo pessoal com Pedro e pergunta-lhe: “Pedro, tu me amas?”
Jesus repetiu três vezes essa mesma pergunta. E Pedro respondeu três vezes: “Tu sabes que te amo!” Neste dialogo, Jesus define bem o tipo de amor que Pedro deveria sentir por Ele, pois no momento, o que Pedro sentia por Cristo era um amor de amigo, de companheiro. O que Jesus queria era um amor incondicional, que não mede sacrifícios para servir ao reino de Deus, que deveria provar com gestos, não apenas com palavras. Portanto, somente este amor daria a Pedro a capacidade de pastorear as ovelhas do Senhor, de cuidar da igreja de Cristo, pois se não tivesse este amor, a sua missão não seria completa.
Esta é uma pergunta que Jesus faz a todos os cristãos diariamente: “Tu me amas?” Mas será que amamos verdadeiramente a Deus? Amamos mais do que as outras coisas neste mundo? Qual o amor que você sente por Jesus, um amor de amigo, ou um amor incondicional? É muito fácil dizer que amamos a Deus, quando tudo está favorável, quando as circunstâncias estão tranquilas. No entanto, difícil é amar a Deus diante dos nossos sofrimentos, em situações de vida ou morte. Mas independente das circunstâncias, somos convidados a amar a Jesus. Não seja como Pedro, ame o Senhor Jesus com amor intenso, fervoroso, incondicional, de forma sacrificial. Lembre-se que devemos estar conscientes de que para servir ao Senhor é necessário amá-lo de coração.
I
Estimados irmãos! No texto anterior, Jesus teve um encontro com os discípulos, principalmente, com Tomé. Depois disso, tornou a manifestar-se ,novamente, aos discípulos junto do mar de Tiberíades. Estavam naquele lugar, juntos Simão Pedro, e Tomé, chamado Dídimo, e Natanael, que era de Caná da Galiléia, os filhos de Zebedeu, e outros dois dos seus discípulos. Nesta ocasião, Pedro teve a ideia de ir pescar. Os outros discípulos disseram: “Também vamos contigo.” (v.3a). Apesar da tristeza, diante das cenas que presenciaram durante a morte de Jesus, foram pescar, dando continuidade ao trabalho de pescadores. Eles passaram toda a noite pescando, mas não apanharam nada. (v.3b).
Os discípulos nada apanharam! É difícil de entender esta situação! Afinal, eram experientes. Conheciam as técnicas da pescaria. Mas mesmo possuindo profundo conhecimento sobre o assunto, regressaram cansados e frustrados, pois não pescaram nada naquela noite. Nada apanharam! Esgotaram suas forças no empenho daquele trabalho. Que situação difícil vivenciaram os discípulos! Há momentos na vida de um pescador, que após um longo dia de trabalho, volta para casa sem pegar nenhum peixe. Voltar sem nenhum peixe, causa uma sensação de frustração, desanimo, cansaço, quando olhamos ao nosso redor e encontramos as nossas redes vazias. Não atingimos os resultados que pretendíamos, e nos sentimos impotentes, sem motivação e sem auto estima. Parece que tudo que fizemos, acabou sendo em vão. Na verdade, as nossas expectativas não foram alcançadas, e os nossos sonhos não aconteceram. E, consequentemente, a ansiedade, o estresse e a impaciência aumentam, gerando um desconforto constante.
Mas, ao clarear da madrugada, estava Jesus na praia. Os discípulos, porém, não reconheceram que era Jesus. Ele se aproxima daqueles homens, que ainda guardavam na memória os acontecimentos ocorridos em Jerusalém, e pede a eles algo para comer: “tendes alguma coisa de comer? Responderam-lhe: Não.” (v.5). No entanto, os discípulos não estavam desamparados, pois a ajuda estava ali, diante deles: “Então, lhes disse: “Lançai a rede à direita do barco e achareis.” (v.6). Talvez, cansados e sem saber o que fazer, rapidamente o obedecem. Não duvidaram da ordem de Jesus. Aceitam o desafio, demonstram confiança e obediência. São desafiados a pescar ,novamente, arriscar-se, enfrentar o medo, tempestades, altas ondas para pescar. O resultado foi surpreendente: “Assim fizeram e já não podiam puxar a rede, tão grande era a quantidade de peixes,” (v.6). Foi um sinal maravilhoso, realizado por Jesus através de sua palavra.
Nem sempre as nossas redes estão repletas de peixes. Ha momentos que temos de aprender a conviver com as fadigas e o cansaço. Vamos ter que pescar a noite toda e nada apanhar no mar da vida, mas o Senhor continuamente virá em nosso socorro. Virá ao nosso encontro, pois Ele se importa conosco. Ele intervém quando estamos perdidos. Sabe das nossas necessidades, e nos convida a lançarmos as nossas redes em meio ao cansaço e angustia que nos deparamos no dia a dia, diante da nossa vida que é coroada de dor e de fracassos. Ele nos convida a lançarmos as redes diante das constantes derrotas que vivenciamos. E aqueles que assim procedem são abençoados, pois confiam na Palavra do Senhor nas mais difíceis circunstâncias da vida. Como é maravilhoso saber que o Senhor tem a resposta aos nossos anseios mais profundos, ou seja, a tristeza, o desânimo, o desespero, agonia, sentimentos que enfraquecem a nossa alma. É maravilhoso saber que o Cristo Vivo e Ressuscitado, vem ao nosso encontro e nos convida a lançarmos as redes no mar.
Os discípulos foram abençoados com a presença de Jesus. Realmente, redera frutos o trabalho feito sob a palavra do Senhor. (vv.8,11). E,imediatamente, os discípulos perceberam que era Jesus: “Então aquele discípulo, a quem Jesus amava, disse a Pedro: É o Senhor.” (v.7). Ele estava convencido, talvez, pelos milagres e a forma como Jesus estava agindo. E Pedro ao ouvir que era o Senhor, cingiu-se com a túnica e lançou-se ao mar com a vontade de reencontrar seu Senhor e demonstrar afeição por ele. Os outros discípulos apanharam o barco e foram para praia, para perto de Jesus onde ali viram umas brasas e, em cima, peixes e pão. (v.8). A passagem não diz de onde veio o peixe. Apesar de não ser especificado, é possível que fizesse parte da grande quantidade de peixes que os discípulos pescaram. Mas neste momento, Jesus pediu a eles que trouxessem também dos peixes que acabaram de pescar. (v.10). Ele motiva os discípulos a trazer uma parte, que venha somar com o que o Ressurreto havia preparado, pois Jesus queria que os discípulos desfrutassem de toda a alegria do seu trabalho.
Os discípulos sentiram-se felizes, alegres, respeitado na presença do Senhor, quando receberam o convite: “Vinde, comei.” (v.12a). Não fizeram qualquer pergunta. Ficaram num silêncio respeitoso diante daquele que estava convidando-os para jantar. (v.12b). Se naquele momento ainda havia certa vontade de perguntar quem és tu? agora, após o convite, esta pergunta perdeu seu sentido. Eles já sabiam quem era Jesus. Esta refeição especial com o Jesus ressuscitado teve um efeito profundo na vida nestes sete discípulos. Na verdade, o encontro foi um momento maravilhoso. Jesus procurou incentivá-los a respeito do seu trabalho futuro. Lembrá-los de que não deviam voltar à sua antiga vida de pescadores. Ele os tinha chamado para que fossem “pescadores de homens” (Lc 5.10) e para iniciar a igreja (Mt 16.19). Pedro, o líder entre eles, precisava estar preparado para as responsabilidades que em breve iria assumir. Ele iria liderar e apascentar o rebanho. não com alimento físico, mas com alimento espiritual.
II
Mas antes de serem “pescadores de homens”, Jesus aproveita o encontro com seus discípulos para encorajá-los e exortá-los sobre a missão que teriam que exercê-la, principalmente, Pedro. Ele é um dos discípulos mais citados nas Escrituras. Sempre esteve próximo ao Senhor. Foi ele quem andou nas águas com o Mestre. Foi ele quem não queria que Jesus se entregasse à morte. Foi ele quem cortou a orelha de Malco, lutando pelo seu Senhor. Enfim, foi ele quem prometeu, que se preciso for, morreria junto com Jesus! No entanto, Pedro era um homem de contrastes, passava de um extremo ao outro. Quando Jesus queria lavar seus pés no cenáculo, o imoderado discípulo exclamou: "Nunca me lavarás os pés." Jesus, porém, insistiu e Pedro disse: "Senhor, não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça" (Jo 13.8-9). Na última noite que passaram juntos, ele disse a Jesus: "Ainda que todos se escandalizem, eu jamais!" (Mc 14.29). Entretanto, dentro de poucas horas, ele não somente negou a Jesus, mas praguejou (Mc 14.71).
Este temperamento volátil, imprevisível, muitas vezes, deixou Pedro em dificuldades. Por isso, Jesus aproveita este momento para orientá-lo e prepará-lo diante da sua missão de “pescadores de homens”, e de certa forma, até para profetizar a maneira pela qual ele morreria. Ele ainda precisava entender mais profundamente o significado da cruz como sinal de nossa redenção, salvação, vida, perdão, consolo que Cristo obteve por nós, e o significado de servir o reino de Deus. Na verdade, Pedro sempre teve dúvidas na decisão de seguir a Jesus. Sempre entendia de outra forma o seguir a Jesus. Por isso, precisava entender que seguir a Cristo seria árduo e traria sofrimento, tão horríveis como a morte na cruz. Mas estaria Pedro preparado para anunciar o Cristo ressuscitado neste momento? Será que amava a Jesus, como de fato afirmava?
Pedro tinha consciência de que o amor de Jesus era misericordioso e o sustentava na sua miséria. Ele amava, sim, a Cristo, mas não incondicionalmente. Por isso, Jesus resolve questioná-lo. Ele não queria deixar dúvidas no seu coração. Então, Jesus, pergunta a Pedro em três momentos: "Pedro, tu me amas?" A insistência de Jesus em perguntar: "Pedro, tu me amas?" não era para envergonhar o apóstolo, mas era para que ele compreendesse que o amor que Cristo queria era outro, não um simples amor. Por isso, toda fala do ressuscitado gira em torno do amor e da fidelidade. Isto significa que a repetição da pergunta por três vezes nos indica que o amor era o foco principal que Pedro deveria ter em seu trabalho como apóstolo. O amor que deveria provar com gestos, não apenas com palavras.
Mas sobre que amor, Jesus está falando a Pedro? É interessante notar que nas duas primeiras perguntas feitas a Pedro, Jesus utiliza o amor incondicional. É o amor sacrificial, amor sem reservas, amor que nos leva a nos entregarmos completamente a Jesus, o amor que devemos ter em nossos corações ao servirmos a Deus. Este deveria ser o procedimento de Pedro, que entendesse a importância de ter seu coração cheio desse amor, incondicional, que não mede sacrifícios para servir ao reino de Deus. Somente este amor daria a Pedro a capacidade de pastorear as ovelhas do Senhor, de cuidar da igreja de Cristo. Seria um grande desafio, pois sem o suporte do amor a Deus, não seria plenamente completado que Pedro deveria realizar.
Enquanto, Jesus falava para Pedro do amor incondicional, Pedro respondia que amava a Cristo através de um amor fraternal, um amor afetivo, o amor de pai e mãe, de filho e de filha (Mateus 10.37), um amor imperfeito, que necessita da graça de Deus para se tornar um amor incondicional. Mas ao perguntar a Pedro pela terceira vez: “Tu me amas? Pedro fica entristecido ao dizer: "Senhor tu sabes todas as coisas; tu sabes que eu te amo". Certamente, Pedro agiu desta forma, porque havia percebido que suas palavras ainda não correspondiam a realidade vivida. Ele descobre naquele instante que servia a Cristo, porém, sem muita intensidade, profundidade e compromisso. Por isso, demostrou humildade suficiente para reconhecer que Jesus sabia de tudo, que ele o amava, mas não o suficiente. E foi essa humildade, essa resposta corajosa que fez com que o Senhor Jesus mudasse a sua vida, através do amor e perdão de Jesus. Pedro foi transformado. Converteu-se, então, num seguidor obediente, perseverante e amoroso. Sua percepção de amor foi restaurada por Cristo.
Desprovido do orgulho, Pedro, agora, estava pronto para seguir a Cristo de uma nova maneira. Para ele significava um discipulado coerente, uma procura constante de Cristo, mesmo se isto exigisse o martírio. Agora, estava disposto a dar a sua vida por amor ao reino de Deus, tal como o Senhor Jesus profetizou que seria “Pescador de homens”. Agora, deveria continuar com a obra de Cristo da maneira como Ele quer que seja realizada, não da maneira como Pedro queria realizá-la. Agora, passa a viver na dependência do Senhor, passa a viver uma nova vida, porque antes agia por si mesmo, pela sua razão: “Em verdade, em verdade te digo que, quando eras mais moço, te cingias a ti mesmo, e andavas por onde querias; mas, quando já fores velho, estenderás as tuas mãos, e outro te cingirá, e te levará para onde tu não queiras.” (v.18). Que segurança estas palavras devem ter dado a Pedro.
Ao falar da importância do amor em I Coríntios 13, Paulo nos ensina: “se não tiver amor, nada disso me aproveitará.” (1 Coríntios 13.1-3) Observe bem o que diz Paulo nestes versos. Ele está nos mostrando que ainda que fossemos capazes de realizar coisas impressionantes como falar a língua dos próprios anjos, ou profetizar, ou conhecer os mais profundos mistérios da humanidade, ou ainda distribuir fortunas, tudo isso seria vão se fosse feito sem amor. Sendo assim, tudo que realizamos no reino de Deus deve ser através do amor. Um músico faz seu trabalho com amor, um pastor realiza seu trabalho amor. Muitos cristãos trabalham na igreja e não se cansam de afirmar que amam a Deus, que fazem o trabalho com amor. Mas será que temos compromisso com Deus? É muito fácil dizer que amamos a Deus, quando tudo está favorável, quando as circunstâncias estão tranquilas. No entanto, difícil é amar a Deus diante dos nossos sofrimentos, em situações de vida ou morte. Mas independente das circunstâncias, somos convidados a amar a Jesus. Não seja como Pedro, ame o Senhor Jesus com amor intenso, fervoroso, incondicional, de forma sacrificial. Lembre-se que devemos estar conscientes de que para servir ao Senhor é necessário amá-lo de coração.
O que é maravilhoso na vida de Pedro, é que Jesus aceita o seu amor imperfeito. Ele não olhou com olhar de condenação e julgamento para Pedro. Mas foi um olhar de amor e acolhimento, restaurando a sua autoestima. Incentivando a não desistir de seu ministério por causa de seu erro. Agora, Jesus renova o convida: “segue-me”. Mas também Jesus deixa claro que seguir o seu caminho, o seu amor, a sua entrega, iria custar a sua própria vida, que seria a crucificação.
Estimados irmãos! Ao encerrar esta mensagem deixo uma pergunta para reflexão: Qual o amor que você sente por Jesus, um amor de amigo, ou um amor incondicional? Amém.