sexta-feira, 27 de junho de 2025

 TEXTO:SL 66

TEMA:LOUVEMOS A DEUS POR SEUS GRANDES FEITOS

O Salmo 66 é um hino de gratidão a Deus por seu livramento. Não sabemos o autor, nem a circunstância da sua composição. Mas pelos exemplos, expressões e estilo citados, é possível que seja de Davi. O Salmo oferece uma grande contribuição à nossa compreensão do valor do louvor bíblico. No decorrer do Salma, o poeta fala de um louvor descritivo, exaltando a Deus pelo que é e pelo que faz, bem como um louvor declarativo, adorando a Deus por determinadas respostas específicas às suas orações. Ele coloca diversos motivos que nos levam a reconhecer a grandeza de Deus. Ele mesmo reconhece as grandes obras de Deus do passado, tais como a abertura do Mar Vermelho nos dias de Moisés e a travessia dos israelitas no Rio Jordão nos dias de Josué. Israel se alegrou sobremaneira no Senhor, em ambas as ocasiões.

O salmista passou por uma grande crise, a qual ele chama de “minha aflição” que o levou a fazer voto, e clamar a Deus em oração. Pelo modo como se expressa no salmo, é provável que tenha sido uma crise nacional, afligindo todo o povo. Entretanto, essa crise havia cessado por uma ação poderosa do Senhor. Diante da grande libertação, toda a nação está tremendamente feliz e o salmista se vê, não apenas devedor, mas desejoso de oferecer a Deus todo louvor e agradecimento com toda sua força. Sendo assim, ele convida a todos, não apenas o povo de Israel, mas os povos que habitam todas as terras se unirem a louvar ao Senhor por suas obras: “Aclamai a Deus, toda a terra. Salmodiai a glória do seu nome, dai glória ao seu louvor” (vs.1 e 2).

Essa atitude do salmista, em demonstrar sua gratidão, aclamando, glorificando, enaltecendo o poder de Deus, tem um motivo: “quão tremendos são os teus feitos!” (v.3a). A palavra “tremendos” significa que seus atos são tão grandes que eles causam espanto e admiração. As obras de Deus causam sensação de assombro e admiração (Salmo 19.1,2). Diante desta grandiosidade do poder de Deus, todos os povos da terra são convidados a salmodiar a glória do nome do Senhor, prostrando-se perante Deus. (v.4). O termo “prostrar”, “curvar” significa render honra prestar reverência e homenagem a alguém em admiração e reconhecimento de sua posição hierárquica superior. Esta honra até mesmo os inimigos se mostram submissos à grandeza divina: “Pela grandeza do teu poder, a ti se mostram submissos os teus inimigos”. (v.3b).

Também somos convidados a exaltar e proclamar os grandes feitos de Deus, pois são impressionantes em nossas vidas. Deus nunca está distante. Ele ouve nossas súplicas e não afasta de nós o seu amor. Olhando para o passado, lembramos quão bom o Senhor tem sido em nossas vidas. Ele manifestou a sua graça ao longo da história, e continua a manifestá-la até hoje. Isto se verifica nas bênçãos materiais e espirituais, no cuidado e proteção, no conforto diante de uma enfermidade ou aflição, na direção da vida, mas principalmente da salvação do homem através de Jesus Cristo. Por isso, este é o momento de reconhecimento do homem para com Deus, agradecendo pelas bênçãos recebidas. Como Paulo escreveu aos Tessalonicenses: “Em tudo daí graças, porque esta é a vontade de Deus” (I Ts 5.18).

No versículo 5, o salmista estende o convite a todas as nações para adoração a Deus: “Vinde e vede as obras de Deus: tremendos feitos para os filhos dos homens”. “Vinde e vede” é um convite para reconhecer as obras maravilhosas manifestadas junto ao povo de Israel. Quais são estas obras? O salmista relembra feitos grandiosos de Deus a fim de comparar a atuação do passado com a que ele presenciou com seus olhos no momento. O texto relembra dois fatos impressionantes: “Converteu o mar em terra seca atravessaram o rio a pé; ali, nos alegramos nele.” (v.6). Essa é uma clara menção do poder de Deus demonstrado nos feitos miraculosos ao abrir o mar Vermelho para que o povo pudesse passar. (Ex 14.15-31), e parar o curso de água do rio Jordão para Israel iniciar a conquista de Canaã (Js 3.12-17). Quanta alegria houve em Israel naqueles dias! O povo exultou no Senhor, cujo poder e domínio nunca terminam.

Esta grandiosidade de Deus demonstra que o universo é governado pelo Criador e todas as coisas existentes cumprem o seu desejo. Ele tem um propósito para a humanidade e cumprirá os seus desígnios. O salmista resume este pensamento ao dizer: “Ele, em seu poder, governa eternamente; os seus olhos vigiam as nações não se exaltam os rebeldes.” (v.7). Na verdade, Deus é o controlador da história e das nações: “Teus olhos vigiam as nações” É interessante que a recordação dos seus feitos do passado é um dos instrumentos que o povo de Deus sempre utilizou para enfrentar os problemas do presente. O que realizou no passado serve de parâmetro para que o povo reconhecesse a grandiosidade das obras de Deus. Jeremias em suas Lamentações relembra os acontecimentos do passado: “Quero trazer à memória o que me pode dar esperança.” (3.21). O profeta estava lembrando, recordando, trazendo de volta algo que poderia dar esperança. Estava recordando a grandiosidade que Deus tinha demostrado ao seu povo no passado.

Assim, deve ser a vida do cristão. Olhar diariamente as bênçãos recebidas, reconhecendo que elas vêm do Senhor, e dando graças a ele por tão grande amor. Ao contemplar estas bênçãos maravilhosas, perguntamos: O que Deus tem feito em nossas vidas? O que ainda fará no futuro? Ele tem realizado grandes feitos em nossas vidas e continua realizando! Esta confiança deve nos ajudar nos momentos em que nos sentimos incapazes de superar um problema que nos aflige. Devemos contemplar o Senhor, suas obras, sua Palavra, seus feitos, sua memória viva em nossa história. Olhar para Deus nos lembra de que, não importa a origem ou causa de nossa aflição, o final último de nossa vida está em Deus e em suas promessas de aliança e resgate.

Ao lembrar toda a grandiosidade das obras de Deus, o salmista convida a todos a agradecer a Deus: “Bendizei, ó povos, o nosso Deus, fazei ouvir a voz do seu louvor”. (v.8). Bendizer significa reconhecer, elogiar. Já o termo louvor significa glória, cânticos de louvor, exaltar. Portanto é um convite para louvar e adorar, reconhecendo a magnitude de Deus por suas obras e feitos. Lembrar que Deus “preserva com vida a nossa alma e não permite que nos resvalem (escorregar) os pés”, (v.9), mostrando assim o seu cuidado, proteção e condução no nosso caminhar. Lembre-se: só Deus pode fazer com que nossos pés não fraquejem, não vacilem. Só Deus pode nos firmar em momentos tão difíceis pelos quais temos passado. Nenhum filho de Deus permaneceria de pé, por um momento sequer, diante de abismos, armadilhas, fraquezas físicas e inimigos sutis, se não fosse por causa do fiel amor de Deus, que não permitirá que os pés de seus filhos vacilem. Portanto, temos muitos motivos para louvar, adorar e render graças ao Senhor.

O salmista ainda, no reconhecimento dos feitos e propósitos de Deus, O bendiz também nas tribulações, nas lutas, na angústia, nas lágrimas, na dor, afirmando, “pois, Tu, Ó Deus, nos provaste” (v.10a). O salmista entendeu o propósito de Deus através das provações. Ele admite que a provação é algo essencial na vida do povo, por causa dos pecados em Israel. O povo precisava ser lapidado, transformado, regenerado, purificado pelo próprio Deus: “acrisolaste-nos como se acrisola a prata” (v.10b). Outra tradução seria: “Tu nos purificaste assim como se purifica a prata”.  O verbo acrisolar significa tirar as impurezas, aperfeiçoar, apurar, dar qualidade. Como todo o metal, a prata precisa ser lapidada para que tenha algum valor comercial. Para que isto ocorresse, colocava-se a pedra bruta de prata no crisol, submetendo-a a altíssimas temperaturas. O crisol é um vaso de fundir metais, como prata e ouro.

Deus fez isso com Israel. Colocou Israel no fogo para retirar as impurezas e deixar o povo mais puro, e esse processo se repetiu várias vezes, porque Deus não queria ver seu povo destruído, mas purificado. Por isso, Deus havia colocado seu povo em situações tão difíceis que não podia resolver sem o auxílio do Senhor: “Tu nos deixaste cair na armadilha; oprimiste as nossas costas”. (v.11). “fizeste que os homens cavalgassem sobre nossas cabeças”. (v.12a). Era como se tivessem sido obrigados a passar por chamas ardentes e inundações furiosas: “...passamos pelo fogo e pela água...” (v. 12b). Apesar disso, Deus não permitiu que o povo fosse derrotado. Pelo contrário, trouxe-o para um lugar espaçoso, ou seja, uma terra onde havia amplos rios, nascentes e córregos, produzindo fertilidade e abundância.

O mesmo acontece conosco. Encontramo-nos numa época de tantas provações. Deus nos dá diversas provas e literalmente nos coloca no fogo para nos acrisolar. E quando passamos por essas provações, ficamos sem alegria, sem paz e em desespero. São situações que nunca pensávamos em viver, e parecem que nunca terão fim. É nessas horas que os questionamentos a Deus começam a surgir:  Que Deus é esse que deixa seus filhos desemparados? Que Deus é esse que não tem piedade com aqueles que sofrem? Mas se você anda nesse vale de lagrimas, diante de situações adversas, como enfermidade, problema financeiro, crises, relacionamentos. Lembre-se que os filhos de Deus ao longo da história enfrentaram as mesmas circunstâncias e sempre foram amparados pelo Senhor.

A Bíblia, possui muitos exemplos de pessoas que passaram por provações, e enfatiza o objetivo das provações: servem para nos fortalecer, aperfeiçoar e purificar e ajudar a crescer espiritualmente. O livro de Provérbios, por exemplo, afirma: “Assim como o ouro e a prata são provados pelo fogo, o bom nome de uma pessoa também pode ser posto à prova...” (Provérbios 27.21). Pedro afirma:  “para que, uma vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.(1 Pedro 1.7).Lemos em Zacarias: " Farei passar a terceira parte pelo fogo, e a purificarei como se purifica a prata, e a provarei como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo, e ela dirá: O Senhor é meu Deus." (13.9).

No entanto, ainda, que a provação em si seja algo difícil, o resultado dela é motivo de alegria e gratidão a Deus. O que fazer, então, quando somos assolados pelo sofrimento?  Tiago disse: “Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes” (Tg 1.2-4). A ordem de Tiago é para que nos alegremos face às várias provações a que estamos sujeitos neste mundo. É preciso se manter íntegro e fiel a Deus diante das provações, pois, somente Ele pode nos tirar de um lugar de morte e nos posicionar em um lugar espaçoso, onde passamos encontrar esperança, fé, amor e salvação em seu Filho Jesus Cristo.  É certo que as tribulações continuarão fazendo parte da nossa vida até a volta de Jesus. Mas não podemos nos esquecer por mais difícil que seja a situação, confie que Deus. Ele derramará muitas bênçãos sobre sua vida no momento certo.

Mesmo diante das provações, o salmista agradece a Deus ao realizar a sua oferta. Ele não faz de uma forma mecânica, ao contrário ele o faz de todo o coração. Ele afirma: “Entrarei em tua casa com holocaustos; pagar-te-ei os meus votos.” (v.13). Com isso, o salmista afirma sua fidelidade no relacionamento com Deus, fato evidenciado no culto público e no cumprimento dos compromissos que ele assumiu com o Senhor. Ele também diz: “Oferecer-te-ei holocaustos de vítimas cevadas, com aroma de carneiros; imolarei novilhos com cabritos.” (v.15). A princípio, essa lista de sacrifícios parece não dizer muito. Mas, ao identificar os elementos presentes no texto, é possível notar, na primeira parte, a menção de “holocaustos” – ofertas totalmente queimadas. Na segunda, a menção de um novilho oferecido com cabritos remete às “ofertas pacíficas” – ofertas que, depois de oferecidas a Deus, eram comidas pelos sacerdotes e pela família do ofertante – das tribos israelitas na consagração do tabernáculo. Assim, pela lista de sacrifícios propostos, o salmista garante que adorará o Senhor no culto público com “coração grato, alegre e dedicado”. Era algo grandioso que o salmista estava realizando ao Senhor.

Assim, após a oferta de agradecimento a Deus, atitude do salmista é um desejo de testemunho a respeito do Senhor. Ele faz um convite aberto e amplo, dizendo: “Vinde, ouvi, todas vós que temeis a Deus, e vos contarei o que tem ele feito por minha alma.” (v.16). O salmista quer anunciar as grandezas de Deus. No início do Salmo, ele lembrou:” “Vinde e vede” (v.5) Agora, lembrou dos feitos grandiosos de Deus a fim de comparar a atuação do passado com a que ele presenciou com seus olhos. Tendo recordado os milagres do passado, o salmista anuncia a resposta positiva do Senhor aos seus clamores: “Entretanto, Deus me tem ouvido e me tem atendido a voz da oração.” (v.19). Esse é um fato que não pode ser escondido diante da gratidão que o escritor do salmo sente: Deus ouviu a sua oração.

Deus ouve e atende as nossas orações. Esta é a grande verdade que todo o cristão precisa compreender. Deus diz para Jeremias 33.3 "clama a mim e responder-te-ei; anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas..." Que bom que temos um Pai amoroso que cuida de nós e atende as nossas orações. E ele faz isso tão somente por causa de seu grande amor para conosco. Deus ouve e atende as nossas orações feitas com fé, em nome de Jesus. Mesmo que a resposta seja “não”, ele sabe sempre o que é bom para nós. E, no seu amor, nos dá tudo o que é necessário para a nossa salvação. Se você tem pedido alguma coisa a Deus, ouça a sua resposta em seu coração, acalme-se creia que Ele sabe o que faz. Deus tem o controle do tempo, do modo, da situação, de sua vida. Ele sabe o que é melhor para você.

O salmista termina o salmo, afirmando esta grande verdade. Ela fala da resposta divina aos seus clamores e louva seu nome: “Bendito seja Deus, que não me rejeita a oração, nem aparta de mim a sua graça.” (v.20).  O encerramento do salmo faz transparecer a razão pela qual Deus atende a súplica de homens pequenos e falhos: “Pois não rejeitou a minha oração, nem afastou de mim o seu amor”. Esse “amor” pode ser traduzido como “graça”, “bondade” ou “misericórdia”. Mas sua ênfase é sobre a ideia de um “amor fiel” que não abandona os seus. É o amor que, movido por graça plena, busca o benefício alheio mesmo se – ou principalmente se – esse benefício não pode ser retribuído à altura. Essa é a razão da resposta positiva de Deus libertando a nação do salmista e o motivo pelo qual este depende de Deus para ouvi-lo e para abençoá-lo. Esse é um dos maiores motivos de gratidão que podem existir diante de Deus.

Estimados irmãos! Vamos mostrar a Deus toda a nossa gratidão e louvor diante de seus grandes feitos em nossas vidas! Melhor ainda é fazê-lo de todo o coração em todo o tempo e não apenas quando Deus tem de corrigir os nossos erros. Que possamos, ó povo de Deus, viver constantemente em estado de adoração e gratidão ao nosso Deus. Amém.

 

terça-feira, 24 de junho de 2025

TEXTO: 1 REIS 19.9b-21

TEMA: QUE FAZES AQUI, ELIAS?

Estimados irmãos! Enfrentamos diariamente humilhações, perseguições, zombarias adversidades, angústias, ansiedades. O profeta Elias também se encontrava nesta situação. Ao derrotar os profetas de Baal foi ameaçado de morte por Jezabel. Fugiu para o deserto e foi parar dentro de uma caverna. Mas Deus não o abandonou. Ele queria que seu servo voltasse ao seu povo. E ao pernoitar numa caverna, o Senhor lhe pergunta: “Que fazes aqui, Elias?” (v.9). Em outras palavras o Senhor diz: Não era para você estar aqui. Você não precisava ter feito toda esta caminhada, não precisava ter sofrido tanto. Deus sabia que aquele lugar, não era onde Elias deveria estar.

Também vivemos na mesma situação de Elias. Quem já não se sentiu um fracassado? Ou com vontade de desistir, diante das crises na família e no trabalho? Ficamos, às vezes, desanimados, com medo, decepcionados, frustrados. E diante dos nossos problemas ao invés de lutarmos, avançarmos; recuamos e nos escondemos. Falhamos com o Senhor. Por falta de fé, por falta de coragem, por nossas reclamações, por medo, por decepções com as pessoas. Que fazes aqui? Levante-se e saia desta caverna! Não fique se escondendo, reclamando, questionando. É tempo de estar em outro lugar, servindo a Deus na obra para a qual foi chamado.

Nesses momentos precisamos voltar-nos para o Senhor e permitir que ele nos ajude a superar a depressão, a ansiedade, o medo.  Precisamos confiar no Senhor. Precisamos nos levantar e nos ocupar, deixando de pensar em nós mesmos e realizar a obra do Senhor.

Estimados irmãos! Após Elias confrontar e matar os profetas de Baal no monte Carmelo, o rei Acabe foi até Jezabel, sua esposa, e contou a ela como o profeta Elias confrontou e matou todos os profetas. Quando Jezabel ouviu o relato do rei Acabe, ficou completamente irada, e mandou um mensageiro ao encontro do profeta Elias, determinou e mandou avisar que iria  mata-lo:  “Que os deuses me castiguem com todo rigor, se amanhã nesta hora eu não fizer com a sua vida o que você fez com a deles” (v.2). Ela não quis saber se Elias era homem de Deus, se ele tinha poder para fazer chover fogo do céu. A sua intenção era matar o servo de Deus.

Quando Elias ouviu aquela mensagem teve medo e fugiu para salvar sua vida. Ele deixou o seu servo na cidade de Berseba de Judá, e em completo desespero, saiu correndo para o deserto, a fim de tentar salvar-se. Após caminhar um dia inteiro pelo deserto, Elias cansou e se sentou à sombra de uma árvore. Naquele lugar, olhando para si, reconhece a sua impotência e incapacidade. Continua sozinho! Não quer mais importar-se com ninguém. Deitou-se para morrer!  Então, em total estado de pessimismo, ele pediu à morte a Deus: “Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois sou não melhor do que meus pais.” (v.4). Quem poderia imaginar esta cena? Depois de tudo que ele havia feito? Depois das grandes e poderosas manifestações de poder da parte de Deus por meio de Elias? Depois de sua fidelidade e firmeza, sua coragem e retidão? Onde estava agora a ousadia daquele que desafiara os 450 profetas de Baal?  Para onde estava indo o homem que zombava dos adversários de Israel?

Também vivemos na mesma situação de Elias. Quem já não se sentiu um fracassado? Ou com vontade de desistir, diante das crises na família e no trabalho? Ficamos, às vezes, desanimados, com medo, decepcionados, frustrados. E diante dos nossos problemas ao invés de lutarmos, avançarmos; recuamos e nos escondemos. Falhamos com o Senhor. Por falta de fé, por falta de coragem, por nossas reclamações, por medo, por decepções com as pessoas. Que fazes aqui? Esta pergunta também é dirigida a nós. E a recomendação é: levanta e saia desta caverna! Não fique se escondendo, reclamando, questionando. É tempo de estar em outro lugar, servindo a Deus na obra para a qual foi chamado.

Contudo, Deus não abandona seu servo. Deus queria que ele voltasse ao seu povo. Sendo assim, enviou um anjo ao profeta. Ele fornece alimento para preservar-lhe a vida. Após alimentação com pão e água, se sentido revigorado, segue em direção a Horebe, o monte de Deus. A caminhada durou quarenta dias e quarenta noites, e o profeta foi sustentado pelo Senhor. No entanto, o desânimo logo o cercou novamente, e ele entrou em uma caverna em Horebe, e ali permaneceu.

Ao pernoitar naquela caverna, o Senhor lhe pergunta: Que fazes aqui, Elias? (v.9). Em outras palavras o Senhor diz: Não era para você estar aqui. Você não precisava ter feito toda esta caminhada, não precisava ter sofrido tanto. Então, Elias, procura justificar todas as suas atitudes: “Eu tenho sido zeloso pelo Senhor Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derrubaram os teus altares, e mataram os teus profetas à espada, e eu fiquei só; e procuraram tirar-me a vida”. (v.10). Deus escuta todas as suas lamentações, decepções e as ameaças de morte, e procura consolar o profeta.

Fico imaginando, Elias, o grande profeta, que fez o fogo descer do céu, agora, estava escondido dentro de uma caverna chorando, resmungando com Deus, sentindo o cansaço físico e vivendo as expectativas não cumpridas. Deus não quer seus servos escondidos e, sim, dispostos para lutar. Mas, infelizmente, muitos servos continuam escondidos em cavernas, perguntando: de que serviu tanto esforço, ou porque foi injustiçado? Lamentam e oram: “Senhor sinto-me cansado, decepcionado, frustrado. Estou sozinho. Tenho Te servido, todos estes anos. Evangelizo, oferto, e até, hoje, não tenho visto o resultado do meu trabalho”. Qual seria a resposta de Deus? Levante-se e saia desta caverna!

Deus não apenas responde, mas também ordena: “Sai e põe-te neste monte perante o Senhor” (v.11). Deus precisa passar diante dos olhos de Elias os elementos raivosos da natureza, muitas vezes, usados por Deus para juízo, mas não para salvação. Através destes exemplos, Deus quer o profeta reconheça o Seu poder, a Sua graça e misericórdia. Assim diz o texto: “Um grande vento forte que fendia os montes e quebrava as penhas... um terremoto... um fogo, e o Senhor não estava nessas coisas. Então, veio um som brando, tranquilo e suave”.  Era o Senhor que falava com o profeta, mostrando o contraste dessa suavidade com aquele espírito revoltado e rancoroso, que tinha se instalado no coração de Elias. Foi uma lição que Deus deu a Elias. Ele precisava confiar em Deus.

Após esta manifestação de Deus, Elias envolveu o seu rosto na sua capa, e saiu para fora e pôs-se à entrada da caverna. E outra vez Deus pergunta: “Que fazes aqui Elias?   A segunda pergunta pode deixar implícito algo como: é tempo de estar em outro lugar, servindo a Deus na obra para a qual foi chamado. Ali, naquela caverna, Ele teve um tempo de preparação e meditação, onde a aproximação com Deus foi fortalecida. Agora, o Senhor lhe dá uma nova tarefa: “Vai, volta ao teu caminho para o deserto...” (v.15). Deus mandou que Elias voltasse pelo caminho do deserto e ungisse dois reis, um sobre a Síria e outro sobre Israel, e a Eliseu como profeta em seu lugar. Eliseu, homem da roça, aceitou o manto de Elias. Era um gesto simbólico. E, imediatamente, compreendido este gesto, Eliseu aceitou o chamado. Deus o escolheu e o separou para a sua obra. O motivo foi para que ele continuasse a missão de Elias. Prontamente deixou o que estava fazendo, pediu para despedir de seus pais e irmãos, e seguiu Elias.

A vida de Elias não foi fácil. Lutou com todas as forças para preservar a aliança que Deus estabeleceu com o povo. Foi perseguido, ameaçado de morte. Apesar das dificuldades e dos altos e baixos, vemos que a sua vida se tornou tranquila e feliz. Mas Deus deu-lhe os meios que necessitava para cumprir a sua missão. A sua vida serve de exemplo. O seu chamado, sua vocação profética, as marcas que ele deixou no mundo é um exemplo para todos nós. Sua renúncia aos bens materiais, profissionais e seculares, nos dá uma nítida sensação que precisamos aprender mais a cada dia e a nos dispormos ao serviço da obra de Deus na terra. Com certeza é uma referência para todo aquele que deseja servir ao Senhor. Na verdade, quando nos dedicamos à vontade de Deus, Ele nos dá aquilo que precisamos, mesmo quando a situação parece impossível. Quando estamos atentos à voz de Deus e andando em obediência à Sua Palavra, podemos encontrar encorajamento, vitória e recompensa.

Estimados irmãos! Assim como Deus ajudou a Elias a recuperar-se, Ele também pode restaurar a vida daqueles que vivem na angustia. Por isso, confie em Deus, a tristeza não durará para sempre! Ele não abandona quem O ama.  Quem possamos encontrar forças no Senhor para se posicionar, sair da caverna e viver em plenitude da sua vontade. Amém!

segunda-feira, 16 de junho de 2025

 TEXTO: SL 3

TEMA: A CONFIANÇA DE DAVI EM DEUS NAS SUAS ADVERSIDADES

 Este salmo foi escrito por Davi, quando fugia de seu filho, Absalão. Ele expressa o momento que Davi vivia. Enfrentava uma situação de preocupação, angústia e tristeza, e necessitava de ajuda, auxílio, socorro, pois encontrava-se sob ameaças de Absalão, que tentava usurpar seu trono. Foi, sem dúvida, um dos piores dias da vida de Davi. O seu filho o acusava, os seus oficiais o repreendiam, o profeta Natã o censurou e o povo falava mal dele. Estava condenado à morte. E ,certamente, não escaparia. Foi justamente nessa ocasião difícil e marcante em sua vida, que ele compôs esse salmo.

Constantemente, também passamos por grandes tribulações, sofrimentos e adversidades, dos quais ficamos muito abalados. São sofrimentos oriundos das crises financeiras e conjugais, enfermidades, frustrações, ameaças, solidão. Além disso, temos os nossos inimigos. Alguns difamam; outros tentam fazer mal, prejudicando ao máximo. Enfim, somos injustiçadas, caluniadas e perseguidas por motivos diversos, até por confessar a nossa fé em Jesus Cristo.

Mas como sair dessa situação? Aonde buscar solução para os problemas? Em si mesmos ou em algum objeto? Na riqueza? Na filosofia? Quando nos encontramos nessa situação devemos olhar para o SENHOR, o único que pode nos salvar, e que podemos clamar por socorro, pois temos um Deus em quem podemos sempre confiar. Ele sempre está conosco. Foi justamente o que fez Davi. Ele clamou ao SENHOR! Ele sabia que podia confiar em Deus e que não seria envergonhado, não seria decepcionado. Ele procurou a ajuda do SENHOR. Pediu socorro ao Deus verdadeiro, ao Criador de todas as coisas, pois  não confiava nas suas próprias forças, no seu poder político, nas suas riquezas, mas, depositava a sua confiança em Deus. Ele sabia que pela sua bondade, suas misericórdias, sua compaixão poderia tirá-lo da situação que estava vivendo.

A nossa reflexão começa quando  Absalão, ao tentar usurpar o trono de seu pai, elaborou diversas formas de dar um golpe e tornar-se  rei sobre Israel. Ficava à porta da cidade, ouvindo os problemas do povo, e assim “furtava o coração dos homens de Israel” (2 Sm 15.6), atraindo a atenção do povo para si. Pediu a Davi autorização para ir a Hebrom pagar um voto, mas quando estava distante de Jerusalém, elaborou uma conspiração contra Davi. Para que o plano se concretiza-se, contou com o apoio de um dos principais conselheiros de Davi, Aitofel. E assim a conspiração tornou-se poderosa, e crescia em número de pessoas que tomava o partido de Absalão. Davi, ao saber da conspiração, imediatamente, reuniu os seus aliados e abandonou Jerusalém.

 Diante dessa situação, Davi exclama ao SENHOR: “Como têm se multiplicado os meus inimigos; são muitos os que se levantam contra mim!” (v.1). Davi tinha um histórico glorioso como guerreiro e como general. Venceu, muitas vezes, tropas numerosas. Já tinha travado lutas terríveis com os filisteus e o gigante Golias. Mas, dessa vez, a situação era desesperadora. Ele usa a expressão צַר , que significa um lugar estreito, apertado, adversário, inimigo. Esta expressão reflete como estivesse em um lugar estreito, apertado. Eram seus problemas que estavam aumentando. Eram os inimigos que estavam se levantado contra ele. Foi perseguido e atacado por inimigos dentre as nações e na família.  Tratava-se de um grupo violento e agressor contra Davi. Suas aflições são agravadas pelo fato de que nessa ocasião o adversário principal é o seu próprio filho, Absalão. Ele, por meio de suas mentiras, queria passar uma imagem de um homem justo e bondoso.

 Você possui inimigos? Quais são os inimigos (adversários) que você tem enfrentado? Temos muitos inimigos! À medida que crescemos, podemos dizer com o salmista: “SENHOR, como tem crescido o número dos meus adversários!” Um inimigo é aquela pessoa contrária a você, que se mostra hostil e intolerante aos seus pensamentos e sentimentos. Ele surge por um desacordo extremo e intolerante entre pessoas, e causam estragos tão estrondosos em nossa vida. Muitos difamam; outros tentam fazer mal, prejudicando ao máximo. Enfim, somos injustiçadas, caluniadas e perseguidas por motivos diversos, até por confessar nossa fé em Jesus Cristo, pelos nossos inimigos. É impossível não ter inimigos! 

No entanto, Jesus nos ensina que devemos amar os nossos inimigos. Embora seja difícil entender isso, porque, infelizmente, o homem tende a amar apenas seus amigos e desprezar seus inimigos. Ama aqueles que são sempre bondosos e agradáveis! Aqueles que nos elogiam, que nos dão prazer e não nos apresentam contrariedades! Mas o verdadeiro cristão, que anda como Jesus andou (1 Jo 2.6), não se faz inimigo de ninguém e não odeia as pessoas que se lhe opõem. Na verdade, Davi não considerava Absalão um inimigo pessoal. Ele o amava, e até mesmo deu instrução aos seus homens que não o matassem.

 De fato, os inimigos se multiplicaram na vida de Davi. Não havia possibilidade de livramento, ajuda e escapatória. Naquele momento, as pessoas olhavam para o rei e diziam: “Não há em Deus salvação para ele” (v.2). Que situação horrível estava vivendo Davi, diante dos seus opositores que se levantaram contra ele. De chegar ao extremo em afirmar que não há em Deus salvação. A afirmação não era de que Deus não existe, e, sim, de que Davi não seria acolhido por Ele, em razão de seu pecado recém cometido (o adultério – 2 Samuel 11ss).

Não é assim que, muitas vezes, nos sentimos ou pensamos? Num mundo conturbado e falta de confiança em Deus, muitas pessoas também chegam a essa situação. Isto se nota principalmente quando a realidade da vida nos atinge, diante dos problemas, tristezas e angústias. Sentimos abandonados e desprezados por Deus e até pensamos que ele está desinteressado. Ficamos desesperados e olhamos ao redor e não encontramos ajuda. Então, perguntamos: Onde está Deus neste momento? Pensamos que não há em Deus ajuda! Esta é a mais amarga de todas as aflições: temer que não haja consolo nem salvação para nós em Deus.

No entanto, Deus está bem perto de você. O grandioso e maravilhoso Deus desceu dos céus em seu Filho Jesus Cristo para dar perdão, paz e vida ao homem. É importante afirmar que não temos outro caminho, refúgio nos momentos de angústia do que a presença de Deus, porque somente Ele é o Deus que pode nos socorrer diante dos nossos dilemas. Nas Sagradas Escrituras, temos vários exemplos de pessoas que confiaram nas promessas de Deus em meio às dificuldades do dia a dia. Davi é um grande exemplo. Ele não se desesperou. Sempre demonstrou confiança em Deus. Ele, em lugar de ouvir o que as pessoas falavam, busca o SENHOR com certas atitudes que devem ser compartilhadas por todos os servos de Deus. Ele confiava, porque sabia das promessas de Deus. Sabia que foi escolhido para governar (1 Samuel 16.12-13) e que seu reinado terminaria em paz, não em derrota (2 Samuel 7.11).

Diante desta esperança, ele não desanima e afirma a sua confiança no SENHOR Deus de Israel. Não ignora os problemas, ele não está alheio às situações adversas, porém, confia que Deus irá lhe proteger, pois o SENHOR é o seu escudo. Ele diz: “Porém, tu SENHOR és o meu escudo” (v.3). Ao usar a expressão, “porém”, Davi tinha esta convicção de que apesar de todos seus pecados, o perdão de Deus era a garantia de que ele podia clamar a Deus e ser ouvido. Ele usa  um escudo que é uma arma de defesa, da mesma forma que o apóstolo Paulo usou durante às suas adversidades. Esta simbologia do escudo que era muito peculiar, quando o soldado enfrentava inimigo. Quando atacado o soldado devia se defender da espada, das flechas com o escudo. Paulo afirma que  devemos embraçar sempre o escudo da fé.  (Ef 6.16). Isto significa que a nossa proteção é o escudo da fé. Através dele apagamos “todos os dardos inflamados do maligno”. (Ef 6.14b). Paulo nos aconselha a usar “sempre o escudo da fé”. Deve ser um ato contínuo, de hora após hora, sem parar. 

 Tudo parecia estar contribuindo para a destruição de Davi. Ele poderia desistir e morrer. Poderia perder as esperanças. Mas em vez de desistir, Davi expressa sua fé em Deus. Devido a sua confiança absoluta em Deus, Davi sabia que suas orações seriam ouvidas e respondidas. E na certeza que Deus o ouvirá do seu santo monte, ele afirma: “Com a minha voz clamo ao  SENHOR, e ele do seu santo monte me responde” (v 4).  No “santo monte” de Deus em Jerusalém, Davi levanta seus olhos para o alto e sublime trono de Deus e o busca com toda a sua força. Ele coloca sua fé e ora ao SENHOR. Ele sabe que o SENHOR o sustentará em todos os momentos de sua vida. Deus sempre esteve e não vai ser agora que Deus o deixaria desamparado.

Quando terminou de orar, Davi descansa em Deus: “Deito-me e pego no sono; acordo porque o SENHOR me mantém” (v.5a).  Mas como dormir tranquilo tendo uma turba desejosa querendo matá-lo? Como dormir diante da aflição que Davi passava? Isso só foi possível por causa do poder de Deus, que o amparava, e podia dormir e descansar sem sofrer de insônia. Além disso, ele demostrava não ter medo de seus inimigos: “Não tenho medo de milhares do povo que tomam posição contra mim de todos os lados.” (v.6). Davi sabia que o SENHOR defende a causa dos justos e afligidos. Ele protege seus filhos. Ele sabia que só o Senhor podia livrá-lo dos seus adversários. Tudo isso, é consequência de sua confiaça com Deus.

Nada melhor do que deitar a cabeça no travesseiro e poder dormir em paz e seguro. Mas o que pode tirar nossa paz e nosso sono? Por que as pessoas não conseguem dormir?  Pode ser dívidas financeiras, conflitos familiares, preocupações com o trabalho, problemas de saúde, inimigos que nos perseguem. Nesses momentos, nos lembramos das palavras de Davi: “Deito-me e pego no sono; acordo porque o SENHOR me mantém”. Ainda: “Em paz me deito e logo pego no sono, porque, SENHOR, só tu me fazes repousar seguro”. (Sl 4.8). Como é bom saber que em Deus podemos dormir tranquilamente. Podemos repousar seguros, certos de que o SENHOR nos guardará, pois quando Deus protege alguém, não há o que temer (SI 23.4; 27.3; 118.6), pois estamos seguros em seus braços poderosos. Davi entendeu esta grande verdade: Deus é maior do que todos os problemas, provações e adversários que nos perturbam.

Davi, após o sono tranquilo, faz seu pedido ao SENHOR. Ele deixa de lado a pompa, os métodos e os costumes, simplesmente, se dirige a Deus com o clamor que sua necessidade exige. Ele clama dizendo: “Levanta-se, Senhor e salva-me, Deus meu”. (v.7). Davi clama: vem ao meu socorro. Livra-me dos meus adversários. Mas há uma expressão singular na sua oração: “pois feres nos queixos a todos os meus inimigos e aos ímpios quebras os dentes.” (v.7b). Os inimigos de Davi eram também inimigos de Deus, pois são chamados de “ímpios”. O Salmo 1, diz que “o caminho dos ímpios perecerá” (v. 6); o Salmo 2, diz que o Messias regerá as nações de ímpios “com vara de ferro”, e serão despedaçadas (v. 9).

  Davi pediu que Deus agisse, que revelasse o desejo da justiça do rei contra seus perseguidores.  Ora castigar esses malfeitores não seria um ato de vingança humana, e sim uma manifestação da justiça divina. Davi está falando em termos proféticos sobre o que acontecerá, finalmente, com todos os adversários de Deus. e esta é uma profecia que se cumpre escatologicamente em Ap 19.15, onde lemos: “Sai da sua boca uma espada afiada, para com ela ferir as nações; e ele mesmo as regerá com cetro de ferro e, pessoalmente, pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus Todo-Poderoso.”

 Ao encerrar o salmo, Davi, sem duvida, confirma sua fé: “Do SENHOR é a salvação, e sobre o teu povo, a tua bênção” (v.8). Esta é declaração final de Davi. Ele tem certeza da salvação e das bênçãos que o SENHOR concede. Ele tem a certeza de que a salvação é propriedade de Deus. E é muito gratificante saber disto. Deus, sempre nos salva e ainda nos concede bênçãos. Ele sempre cuida para que cada um de seus filhos persevere. Por isso, é muito importante sempre confiarmos em Deus. Ele está sempre disposto a nos ajudar. Ele nunca se aparta de seus filhos amados.

Portanto, busquemos ao SENHO, porque Ele está sempre disposto a nos socorrer. Clamemos pelo socorro do SENHOR, e ele nos ouvirá e virá ao nosso encontro, ministrando conforto, paz e alegria interior em nossa vida.Amém!

 

 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

TEXTO: SL 8

TEMA: A MAJESTADE DE DEUS E A DIGNIDADE HUMANA

Estimados irmãos em Cristo! É uma grande alegria e um privilégio estarmos reunidos, com nossos corações abertos para ouvir a Palavra de Deus. Hoje, celebramos o Domingo da Santíssima Trindade. Este é um domingo em que a Igreja Cristã reflete sobre a ação do Espírito Santo, ou seja, sobre a relação entre a Igreja Cristã e o Espírito Santo, a santificação, a luta da Igreja contra o mal e os fins dos tempos. O Salmo 8 serve como fundamento para a nossa meditação neste Domingo da Santíssima Trindade. Trata-se de um salmo breve, mas de uma profundidade imensa, que nos convida a contemplar a grandeza do Criador e,ao mesmo tempo, um hino de louvor e admiração pela dignidade que Ele concedeu à humanidade. 

Mas o que o salmo nos ensina sobre a criação de Deus? Primeiro, nos revela que uma mera contemplação dos céus (lua, estrelas, etc.) é suficiente para atestar a glória, a sabedoria e o poder infinitos do Criador. Não necessitamos de elaborados argumentos filosóficos para reconhecer a existência e a magnificência do Senhor. A própria natureza clama por Sua majestade.

Segundo, mesmo por meio dos mais simples e humildes (como crianças e bebês), Deus estabelece Sua força, demonstrando que Seu poder não depende da grandiosidade humana, mas é inerente a Ele, manifestando-se de maneiras inesperadas.

Terceiro, nos ensina que a humanidade possui um valor intrínseco, uma dignidade singular que emana diretamente de Deus, e não de suas próprias realizações ou capacidades. Somos criaturas dotadas de um propósito divino, distinguidas e honradas pelo próprio Criador.

Enfim, Deus não apenas nos dignificou, mas nos concedeu domínio sobre "as obras das Suas mãos", colocando "tudo debaixo dos seus pés". Isso inclui os animais (ovelhas, bois, animais do campo, aves do céu, peixes do mar). Ao exercermos essa mordomia com sabedoria e amor, estamos, de certa forma, refletindo a própria glória de Deus que nos foi confiada.

Ao refletir sobre a grandeza do universo, como me sinto em relação à minha própria existência? Como a imensidão do universo (céus, estrelas, lua) o que me leva a glorificar a Deus, hoje? De que forma, em nossa vida, a glória de Deus se manifesta até mesmo através de coisas ou pessoas "pequenas" ou "simples", como as crianças mencionadas no salmo? Em que áreas da minha vida eu preciso melhorar minha mordomia sobre aquilo que me foi confiado (tempo, talentos, recursos materiais)? São perguntas que requerem respostas diante da nossa meditação.

O salmista inicia e conclui este salmo com uma exclamação de admiração e louvor: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome!” (v.1a). Observem que Davi emprega duas designações distintas para o nome do “Senhor.” O primeiro nome, escrito com letras maiúsculas em Hebraico, refere-se a יְהוָה (Yahweh). Este é o nome verdadeiro de Deus, revelado a Moisés na sarça ardente. Trata-se do nome pessoal e sagrado do Deus da aliança. O segundo nome, por sua vez, denota "senhor", "mestre", "soberano", exercendo como um título. Essa dupla afirmação do salmista é uma confissão de fé coletiva (Senhor nosso). Isto significa que o Deus de Israel, não é nenhum tipo de divindade nacional, como se pode ver nos povos vizinhos do Antigo Oriente.É desta forma que Davi se dirige a Deus neste Salmo, tanto pelo nome quanto pelo título divino. Ele procede dessa maneira, porque o "nome" de Deus aqui simboliza Seu caráter, autoridade e revelação. Ele  transcende a mera palavra. É uma manifestação de Sua natureza, poder e amor. Como  Deus é magnifico! Por isso, devemos agradecer todos os dias o dom da vida e por sermos filhos do altíssimo,

Mas  a majestade de Deus não é vista apenas na terra, mas também no céu. O céu é o lugar por excelência da habitação e da atuação de Deus. É no céu que a glória de Deus se manifesta de forma visível: “Tu puseste a tua glória acima dos céus” (v.1b). Aqui,  termo הוֹד (glória) denota grandeza, esplendor e excelência. Essa afirmação ressalta a  majestade   e o poder de Deus manifestos através da criação. Ela nos revela que uma mera contemplação dos céus (lua, estrelas, etc.) é suficiente para atestar a glória, a sabedoria e o poder infinitos do Criador. Não necessitamos de elaborados argumentos filosóficos para reconhecer a existência e a magnificência do Senhor. A própria natureza clama por Sua majestade. A Bíblia nos ensina que a natureza é um poderoso testemunho da glória de Deus. O Salmo 19.1 declara: "Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos." Isto demonstra que a glória de Deus, não apenas permeia o universo, mas se estende acima e além de todas as coisas criadas. Portanto, nada se compara  com à Sua glória. Assim, reconhecemos que Ele é digno de toda adoração, pois Sua glória é inatingível e incomparável.

Como podemos observar, Davi contemplou a magnificência de Deus através de Seu poder e glória manifestos na criação, tanto na terra quanto nos céus. Neste contexto, ele reflete que o poder e a glória de Deus também se revelam nas crianças pequenas – nos bebês e lactentes – pois a força divina é claramente evidente nelas: “Da boca de pequeninos e crianças de peito.” (v.2a). Interessante que o salmista fala do poder de Deus a partir de duas figuras contrastantes no Antigo Testamento. primeiro o termo hebraico עוֹלֵל  que evoca a ideia de crianças, menino. Segundo ele usa o termo יָנַק  que significa lactente, bebê. Estes termos simbolizam a pureza, a simplicidade e a vulnerabilidade dos pequeninos. São aquelas que, sob a perspectiva humana, não possuiriam força ou voz para enfrentar grandes adversários. No entanto, por meio de crianças inofensivas e indefesas, Deus utiliza elementos que, à primeira vista, poderiam parecer frágeis para exibir Sua glória e poder. Vejamoso que diz Paulo em Coríntios 1.27: “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes.”

As palavras do salmista evidenciam que o louvor puro e despretensioso das crianças é uma força poderosa capaz de silenciar críticos e adversários: “ “suscitaste força, por causa dos teus adversários.”(v.2b). A palavra יָסַד (suscitar) significa fundar, fixar, estabelecer, lançar alicerce (Esdras 3.12; Isaías 54.11). E a expressão עֹז (força) não vem dos próprios pequeninos, mas é originada por uma intervenção divina. É uma força que transcende a capacidade natural. Ela não é física ou intelectual, mas uma manifestação da soberania de Deus que opera através da simplicidade e pureza. Ela pode ser manifestada de várias formas, como o louvor sincero, a fé inabalável ou até mesmo a simples existência que testemunha a grandeza do Criador. Na Septuaginta a palavra é traduzida por “louvor”,  traz um significado profundo sobre o "perfeito louvor" das crianças a Jesus. (Mt 21.16). Era a força que emudecia os líderes religiosos e suas críticas. O louvor desta crianças, reconhecendo Jesus como Messias, era um testemunho irrefutável e um desafio direto à autoridade e incredulidade dos que se opunham a Ele. Mas  era um louvor forçado ou intelectualizado, mas uma admiração espontânea pela criação de Deus e Seu poder.

No entanto, esta  força de Deus , tem como objetivo neutralizar a oposição do adversário, afastando todo o caos gerado por eles : “para fazeres emudecer o inimigo e o vingador.” (v.2c). Emudecer significa tirar a voz, deslegitimar as palavras e anular o poder de ataque verbal ou de difamação. É como os  argumentos perdessem a força e se tornassem vazios. Emudecer  também pode ir além da fala, significando paralisar a capacidade de agir, do inimigo quando fala, acusa, calunia e zomba. Portanto,  o inimigo e o vingador  buscam prejudicar, retaliar ou destruir. Mas quem eram esses inimigos vingadores? Eles não são especificados no texto. Mas é natural supor que  a referência seja a alguns dos inimigos do autor do salmo que estava tentando se vingar. Sendo  que  objetivo final era calar, confundir e desarmar os inimigos ou adversários. Desmascarar sua arrogância, frustrar seus planos ou simplesmente mostrar que seus ataques são impotentes diante do poder divino. A verdade é que Deus os impede de executar seus planos maliciosos, frustrando suas intenções, especialmente através de instrumentos que eles consideram fracos, como "pequeninos e crianças de peito" – isso os desorienta e os leva à derrota.

Na sequência o salmista coloca ênfase na obra da criação de Deus. Nesse sentido ele lança mão do antropomorfismo para falar da vastidão do universo como obra dos “dedos de Deus.”  No Antigo Testamento, falar dos dedos de Deus aponta para a intervenção e o agir direto e imediato do SENHOR. Por isso,somos convidados contemplar a grandiosidade da criação, não apenas como um espetáculo visual, mas como a obra primorosa dos "dedos de Deus." Veja o que disse o salmista: “Quando contemplo os teus céus, obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste.” (v.3). Ao meditar sobre estas palavras, ele revela  dois contrastes impressionantes: primeiro, os céus, a lua, as estrelas – tudo isso representa a vastidão, a distância e o poder do universo. É algo que nos faz sentir pequenos e, ao mesmo tempo, maravilhados com a grandiosidade deste universo. Segundo, a expressão “teus dedos” é uma metáfora poderosa. Ela sugere não apenas o poder de Deus para criar algo tão gigantesco, mas também a delicadeza, a precisão e o cuidado com que o SENHOR o fez. Não é um ato de força bruta, mas de uma arte minuciosa. Imagine a precisão necessária para "estabelecer" cada estrela em seu lugar, para que a lua siga sua órbita perfeita, influenciando as marés e iluminando a noite. Mas o  que esta contemplação nos revela?  Somos lembrados da grandiosidade de Deus e de Sua obra de criação, que revela Seu poder, sabedoria e cuidado. Por isso, precisamos reconhecer a soberania de Deue e sentir admiração e humildade.

O ocorre que o salmista, ao observar a imensidão do universo, se sente pequeno e insignificante. Ele faz um pergunta retórica sobre a identidade do ser humano  e nos  ausa admiração: “Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o vcisites?” (v.4). A expressão אֱנוֹשׁ (homem) pode carregar a conotação de fraqueza, mortalidade e fragilidade. É o ser humano em sua condição mais vulnerável e finita. Da mesma form,   בֵּן אָדָם     (filho do homem), reforça a ideia de humanidade, a descendência de Adão, o que nos liga à nossa natureza terrena e passageira. Davi está basicamente dizendo: “Por que Deus deveria notar um pequeno homem no meio de um vasto universo? Por que Deus deveria se lembrar de que estamos aqui ou prestar atenção em nós?”  Obviamente o salmista está se referindo à fragilidade e a transitoriedade dos seres humanos diante da majestade de Deus. A pergunta, portanto, expressa um profundo  o quanto somos tão pequeno comparando com a magnificência e o poder infinitos de Deus. Não somos nada por nós mesmos em comparação com a grandiosidade divina. Mas tudo o que o ser humano é, ele deve ao cuidado amoroso e  misericordioso de Deus. Ele lembra do homem e o visita diariamente.

Entretanto, de maneira surpreendente, Davi afirma, sobre a condição do homem. Fala sobre  o lugar da humanidade na criação:  “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus.” (v.5a). A conjunção adversativa  ( וַ ), traduzida por “no entanto”, demonstra a distância entre a dignidade do homem como criatura e a dignidade conferida por Deus a ele. É a enorme distância entre o que deveríamos ser e o que somos. Literalmente, podemos afirmar: "Fizeste-o, no entanto, um pouco inferior", ou “um pouco menor do que os anjos.”  Algumas traduções sugerem, "pouco menor do que Deus" ( אֱלֹהִים ), usam o termo "Deus" (veja ARA). Independentemente, da tradução exata, a mensagem é clara: Deus conferiu à humanidade uma dignidade extraordinária, uma posição privilegiada na Sua criação. Fomos coroados com glória e honra (v.5b). Isso não é algo que conquistamos. É um presente da graça divina. Sim, o homem é pequeno no universo. Mas ele é significativo,pois foi coroado com a glória e a honra da imagem de Deus

O homem pode ser pequeno, mas Deus se importa com ele!  O SENHOR concedeu a ele a grande a responsabilidade e o privilégio de ser  mordomo sobre a criação. Não para explorar e destruir, mas para cuidar, cultivr e administrar com sabedoria, refletindo o caráter do Criador:   “Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste.” (v.6). Esse "domínio" reflete uma grande responsabilidade do homem. Mas não se trata de ser opressor, mas de mordomia e gestão responsável sobre toda a criação. É uma posição única de governança que  o SENHOR concedeu ao homem. O samista lista ainda exemplos específicos de criaturas sobre as quais os humanos receberam autoridade de dominar. Ele  começa com os animais domesticados, essenciais para a sobrevivência e o sustento humano: ”todas as ovelhas e bois, e os animais do campo, as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo.”(v.7)."  E depois se estende aos animais selvagens: “as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que percorre as sendas dos mares.” (v.8).

E assim, o salmo termina da forma como começou, repetindo as palavras do verso inicial: “Ó SENHOR, Senhor nosso, quão magnífico em toda a terra é o teu nome.”(v.9). Essa repetição enfática sublinha que a glória e a soberania de Deus são universais, inquestionáveis e transcendem toda a compreensão humana. Ele é o Criador, e toda a criação, desde os corpos celestes mais distantes até a voz de uma criança, testemunha Sua grandeza e poder. Outro destalhe importante é que Deus, em Sua infinita graça, não apenas se lembra de nós, mas nos fez "pouco menores que os anjos" e nos coroou "de glória e de honra".

Estimados irmãos! O salmo reitera que, apesar da nossa insignificância aparente no vasto universo, a majestade de Deus permanece  como ponto central,   e é a razão para toda a nossa adoração. Sendo assim, somos chamados a adorar a Deus por Sua majestade, a reconhecer o valor e dignidade inerentes de cada pessoa, exercendo a nossa responsabilidade dada por Deus de cuidar da terra e suas criaturas. 

Porrtanto,vivamos uma vida de uma maneira que reflita a honra e glória com que Deus nos coroou, apontando, em última análise, para o cumprimento desta visão em Jesus Cristo. Amém!

terça-feira, 10 de junho de 2025

TEXTO: ATOS 2.14a,22-36

TEMA: A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA DE PENTECOSTES

 É impressionante a atitude de Pedro. Ele falou com imenso ânimo.  Demonstrou grande autoridade em seus ensinamentos às pessoas que estavam em Jerusalém. Naquele momento, expôs às Escrituras e proclamou uma pregação envolvente, destacando a necessidade de explicar o envio do Espírito, aos que simplesmente não entenderam ou zombavam dos que falavam em outras línguas, chamando-os de embriagados.  Em seu sermão, pregou uma mensagem Cristocêntrico. Apresentou Jesus Cristo como Senhor e Messias. Pregou sobre a morte de Cristo, a ressurreição, a ascensão e a sua glorificação. Em sua mensagem,  ele traz o veredito final, a palavra de validação de tal senhorio nas seguintes palavras, “Portanto, que todo o Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo.” Este era o foco de sua mensagem!

Que pregação maravilhosa! Penso que nenhum sermão já pregado, teve um efeito tão grande. Isto se deveu ao derramamento do Espírito Santo. A presença do Espírito Santo capacitou Pedro e  os demais apóstolos a entender e interpretar a verdade. Jesus disse: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (João 16.13). Ele é o verdadeiro guia, mostrando o caminho, removendo os obstáculos, abrindo as portas para o entendimento e fazendo todas as coisas claras e evidentes. Ele nos mostra o caminho que devemos seguir em todas as questões espirituais. Sem um guia assim, seríamos propensos a cair em erro nas nossas mensagens.

Esta foi a grandiosa mensagem de Pedro no Pentecostes.  E diante de uma pregação cada vez mais desvalorizada e relativizada,ela serve de exemplo para muitos pregadores que transformam as suas pregações em mensagens superficiais, permeados de chavões,conduzindo de forma frenética, sem tempo para respirar, com muita gritaria e histeria para todos os lados. Outros criam  uma anomalia na pregação, sustentando uma visão centralizada no homem, não em Deus. Substituem a verdadeira pregação por uma abordagem genérica que, embora chame a atenção do povo em razão da natureza do seu discurso utilitário, não tem o mínimo compromisso com o conteúdo das Escrituras.

No entanto, é preciso lembrar que a eficácia da pregação não está, primordialmente, nas habilidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. Mas está na operação do Espírito Santo, tanto na preparação e entrega da mensagem, como na sua recepção.  Somente o Espírito Santo pode conferir eficácia à pregação, assistindo e capacitando o pregador, e iluminando e convencendo os ouvintes do pecado e da graça de Deus em Cristo. Por isso, o pregador deve buscar a presença do Espírito Santo. Pedir que  o Espírito Santo o guie para selecionar os assuntos corretos e os textos e aplicações para seus sermões.

Em meio a perplexidade, alguns pessoas buscavam entender o que estava acontecendo naquele Dia de Pentecoste, Pedro se levanta juntamente com os onze, e tomando a palavra, dirige-se aos judeus e a todos os que se encontravam em Jerusalém: “Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras.” (v.14). Pedro naquele momento estava cumprindo a sua missão, sobre o que Jesus havia solicitado anteriomente dos discipulos. Ele não perde tempo, e começa a evangelizar, começando em Jerusalém: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Pedro  é um exemplo. Ele  nos inspira no serviço de evangelização, pois esta deve ser a grande preocupação de todo o cristão. Uma vez que vivemos em uma época, na qual a fiel pregação das Escrituras não encontra mais espaço dentro de algumas igrejas de nossos dias. Há um desvio de objetivos na pregação, uma falta de compromisso com o estudo da Palavra que possa apresentar ao homem de nossos dias um sermão cristocêntrico, que glorifique a Deus, uma pregação que apresente o estado pecaminoso do homem e lhe mostre o caminho da salvação. A verdade é que alguns pregadores não estão mais preocupados em anunciar toda a verdade a respeito de Deus. Não se preocupam mais em pregar o que é certo. Dá nos entender que Jesus está longe em muitas pregações. 

O Jesus que Pedro fala, foi aquele que  realizou grandes milagres, prodígios e sinais. Não era qualquer nome. Era alguém conhecido, e os judeus sabiam quem era Jesus e todos os acontecimento ocorridos na vida Dele. Pedro deixa evidente quando afirma “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis.” (v.22). Mas eles haviam desprezado Jesus. Entregaram Jesus às mãos de iníquos, aqueles que ignoravam a lei de Deus para que fosse crucificado e morto. Mas a morte de Jesus foi de acordo  a vontade de Deus: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos.” (v.23). No entanto, este plano de Deus não isenta de culpa os que mataram o Filho de Deus, nem romanos nem judeus, todos são culpados.

Pedro ainda em sua mensagem afirma que a ressurreição de Jesus também estava nos planos de Deus Na verdade, nada podia impedir que ele ressuscitasse. Pedro afirma: “ao qual, porém, Deus ressuscitou”. (v.24). De fato, a morte deu lugar à vida. Pedro, porém, para sustentar as suas afirmações, ele cita vária profecias que estavam se cumprindo, prevista na Escritura do AT. Primeiro ele cita o Salmo16.8-11, uma passagem que no seu próprio contexto refere-se a Davi e a sua esperança de salvação da morte. Davi estava confiante que Deus lhe mostraria os caminhos da vida e lhe proporcionaria a plenitude da alegria da presença divina mesmo depois da morte. Ele esperava ver a face do Senhor. Expressa a sua confiança de que não ficará na cova. Vivia na esperança de que Deus não abandonaria a sua alma na morte. Portanto, espera que o Senhor o mantenha consigo.

De forma profética, Pedro aplica as palavras do salmista a Cristo. No versículo 27 nos dá a prova da certeza da ressurreição: “Pois tu não deixarás minha alma ir para a sepultura, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. A expressão o “teu Santo”, significa o Messias prometido. O termo é aplicado a qualquer pessoa piedosa ou religiosa, mas aqui é restrita àquela que o salmista tinha em mente, o Messias. Baseado neste salmo, Pedro entende que Deus não permitiu que a morte tomasse conta da “alma” da vida de Jesus. Ela não teve poder sobre a sua alma, não pode colocar sob seu domínio. No entender de Pedro, o Messias seria ressuscitado do túmulo “sem” experimentar à corrupção, ou seja, não voltaria a se transformar em pó no túmulo. Venceria a morte ao ressuscitar.

Com relação a Davi, ele morreu e experimentou a corrupção no túmulo como outros homens. Pedro deixa evidente esta questão: “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje,”( v.29).Interessante que Davi conhecia detalhes da história de Davi. Sabia que os seus restos mortais ainda estavam naquele túmulo. Conclui-se que esta profecia não se refere a Davi, mas a Jesus, no entender de Pedro. Ele afirma: “Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono.” (v.30). Esta promessa dada sob juramento encontra-se em 2Sm7,13. Pela boca do salmistas Deus reforça esta promessa no Sl 89.4. Deduz-se que o salmista falou profeticamente de um dos seus descendentes, o Cristo que se assentaria no trono de Davi .Portante o descendente aqui é Cristo. É examente este o destaque que Pedro pretende nesta hora mostrar aos seus ouvintes.Ele  “se referiu à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.” (v.31).

Portanto, a ressurreição do Messias, prevista pelo salmista, podia ser agora comprovada pela experiência dos apóstolos. Eles são testemunhas da ressurreição e da ascensão de Jesus. Pedro afirma: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” (v 32). De fato, os discipulos,  tornaram testemunhas da ressureição de Jesus. Não somente da ressurreição, mas também da ascensão.  Pedro em sua pregação afirma  que Cristo não foi apenas ressuscitado dos mortos, mas foi também “exaltado à destra de Deus” (v.33a).Aqui podemos observar que  há  uma relação entre a ressurreição e ascensão de Jesus. Contudo, Pedro em sua pregação pretende deixar abasolutamente claro que esta profecia não pode referir-se a Davi: “  Porque Davi não subiu aos céus.”(v.34).Neste sentido,Pedro citou o Salmo 110.1 para mostrar que a exaltação de Cristo também fora profetizada. O próprio Senhor declara: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita,  até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.” (v. 34b,35). Desses versículos podemos concluir que Cristo continua entronizado nos céus e no sentido literal está exercendo o seu reinado messiânico (Ap. 3.21).

Pedro encerra a sua pregação,afirmando: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.”  ( v.36). Estas palavras resume a pregação de Pedro. Ele transmite com convicção aos ouvites que toda  a “casa de Israel” que eles crucificarão a Cristo. Eles eram os representantes, os primeiros que deveriam ouvir a mensagem de Pedro .No entanto, desprezaram Jesus. Por isso, Pedro prega de forma muito dura e abrangente: “vós crucificastes.”  Que vergonha! Os representantes da “casa de Israel crucificaram seu proprio Senhor! Mas Aquele que foi desprezado,foi feito Senhor e Cristo,isto é,Messias,da parte de Deus,o Senhor dos senhores. Portanto, para aqueles que desprezaram Jesus era uma mensagem assustadora.mas para aqueles aceitaram e creram na mensagem da ressurreição,foi algo glorioso.

Esta foi a grandiosa mensagem de Pedro no Pentecostes. A sua  proclamação da Palavra de Deus era inconfundivelmente cristocêntrica. Paulo considera anátema, isto é, maldito, aquele que prega outro evangelho que vá além do puro e autêntico evangelho de Cristo (Gl 1.1-9). Sendo assim, o conteúdo da nossa mensagem tem de ser a Pessoa de Cristo, na sua obra salvífica e redentora, em outras palavras o sermão será cristocêntrico, Cristo é o centro da exposição. Portanto, este deve ser o assunto e conteudo de todas as nossas pregações e testemunhos, até o dia que Jesus retornar. Amém!