TEXTO: ATOS 2.14a,22-36
TEMA: A PROCLAMAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS NO DIA DE PENTECOSTES
Que pregação maravilhosa! Penso que nenhum sermão já pregado, teve um efeito tão grande. Isto se deveu ao derramamento do Espírito Santo. A presença do Espírito Santo capacitou Pedro e os demais apóstolos a entender e interpretar a verdade. Jesus disse: “quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade” (João 16.13). Ele é o verdadeiro guia, mostrando o caminho, removendo os obstáculos, abrindo as portas para o entendimento e fazendo todas as coisas claras e evidentes. Ele nos mostra o caminho que devemos seguir em todas as questões espirituais. Sem um guia assim, seríamos propensos a cair em erro nas nossas mensagens.
Esta foi a grandiosa mensagem de Pedro no Pentecostes. E diante de uma pregação cada vez mais desvalorizada e relativizada,ela serve de exemplo para muitos pregadores que transformam as suas pregações em mensagens superficiais, permeados de chavões,conduzindo de forma frenética, sem tempo para respirar, com muita gritaria e histeria para todos os lados. Outros criam uma anomalia na pregação, sustentando uma visão centralizada no homem, não em Deus. Substituem a verdadeira pregação por uma abordagem genérica que, embora chame a atenção do povo em razão da natureza do seu discurso utilitário, não tem o mínimo compromisso com o conteúdo das Escrituras.
No entanto, é preciso lembrar que a eficácia da pregação não está, primordialmente, nas habilidades pessoais do pregador ou dos ouvintes. Mas está na operação do Espírito Santo, tanto na preparação e entrega da mensagem, como na sua recepção. Somente o Espírito Santo pode conferir eficácia à pregação, assistindo e capacitando o pregador, e iluminando e convencendo os ouvintes do pecado e da graça de Deus em Cristo. Por isso, o pregador deve buscar a presença do Espírito Santo. Pedir que o Espírito Santo o guie para selecionar os assuntos corretos e os textos e aplicações para seus sermões.
Em meio a perplexidade, alguns pessoas buscavam entender o que estava acontecendo naquele Dia de Pentecoste, Pedro se levanta juntamente com os onze, e tomando a palavra, dirige-se aos judeus e a todos os que se encontravam em Jerusalém: “Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras.” (v.14). Pedro naquele momento estava cumprindo a sua missão, sobre o que Jesus havia solicitado anteriomente dos discipulos. Ele não perde tempo, e começa a evangelizar, começando em Jerusalém: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra.” (Atos 1.8). Pedro é um exemplo. Ele nos inspira no serviço de evangelização, pois esta deve ser a grande preocupação de todo o cristão. Uma vez que vivemos em uma época, na qual a fiel pregação das Escrituras não encontra mais espaço dentro de algumas igrejas de nossos dias. Há um desvio de objetivos na pregação, uma falta de compromisso com o estudo da Palavra que possa apresentar ao homem de nossos dias um sermão cristocêntrico, que glorifique a Deus, uma pregação que apresente o estado pecaminoso do homem e lhe mostre o caminho da salvação. A verdade é que alguns pregadores não estão mais preocupados em anunciar toda a verdade a respeito de Deus. Não se preocupam mais em pregar o que é certo. Dá nos entender que Jesus está longe em muitas pregações.
O Jesus que Pedro fala, foi aquele que realizou grandes milagres, prodígios e sinais. Não era qualquer nome. Era alguém conhecido, e os judeus sabiam quem era Jesus e todos os acontecimento ocorridos na vida Dele. Pedro deixa evidente quando afirma “Varões israelitas, atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis.” (v.22). Mas eles haviam desprezado Jesus. Entregaram Jesus às mãos de iníquos, aqueles que ignoravam a lei de Deus para que fosse crucificado e morto. Mas a morte de Jesus foi de acordo a vontade de Deus: “sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos de iníquos.” (v.23). No entanto, este plano de Deus não isenta de culpa os que mataram o Filho de Deus, nem romanos nem judeus, todos são culpados.
Pedro ainda em sua mensagem afirma que a ressurreição de Jesus também estava nos planos de Deus Na verdade, nada podia impedir que ele ressuscitasse. Pedro afirma: “ao qual, porém, Deus ressuscitou”. (v.24). De fato, a morte deu lugar à vida. Pedro, porém, para sustentar as suas afirmações, ele cita vária profecias que estavam se cumprindo, prevista na Escritura do AT. Primeiro ele cita o Salmo16.8-11, uma passagem que no seu próprio contexto refere-se a Davi e a sua esperança de salvação da morte. Davi estava confiante que Deus lhe mostraria os caminhos da vida e lhe proporcionaria a plenitude da alegria da presença divina mesmo depois da morte. Ele esperava ver a face do Senhor. Expressa a sua confiança de que não ficará na cova. Vivia na esperança de que Deus não abandonaria a sua alma na morte. Portanto, espera que o Senhor o mantenha consigo.
De forma profética, Pedro aplica as palavras do salmista a Cristo. No versículo 27 nos dá a prova da certeza da ressurreição: “Pois tu não deixarás minha alma ir para a sepultura, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção. A expressão o “teu Santo”, significa o Messias prometido. O termo é aplicado a qualquer pessoa piedosa ou religiosa, mas aqui é restrita àquela que o salmista tinha em mente, o Messias. Baseado neste salmo, Pedro entende que Deus não permitiu que a morte tomasse conta da “alma” da vida de Jesus. Ela não teve poder sobre a sua alma, não pode colocar sob seu domínio. No entender de Pedro, o Messias seria ressuscitado do túmulo “sem” experimentar à corrupção, ou seja, não voltaria a se transformar em pó no túmulo. Venceria a morte ao ressuscitar.
Com relação a Davi, ele morreu e experimentou a corrupção no túmulo como outros homens. Pedro deixa evidente esta questão: “Irmãos, seja-me permitido dizer-vos claramente a respeito do patriarca Davi que ele morreu e foi sepultado, e o seu túmulo permanece entre nós até hoje,”( v.29).Interessante que Davi conhecia detalhes da história de Davi. Sabia que os seus restos mortais ainda estavam naquele túmulo. Conclui-se que esta profecia não se refere a Davi, mas a Jesus, no entender de Pedro. Ele afirma: “Sendo, pois, profeta e sabendo que Deus lhe havia jurado que um dos seus descendentes se assentaria no seu trono.” (v.30). Esta promessa dada sob juramento encontra-se em 2Sm7,13. Pela boca do salmistas Deus reforça esta promessa no Sl 89.4. Deduz-se que o salmista falou profeticamente de um dos seus descendentes, o Cristo que se assentaria no trono de Davi .Portante o descendente aqui é Cristo. É examente este o destaque que Pedro pretende nesta hora mostrar aos seus ouvintes.Ele “se referiu à ressurreição de Cristo, que nem foi deixado na morte, nem o seu corpo experimentou corrupção.” (v.31).
Portanto, a ressurreição do Messias, prevista pelo salmista, podia ser agora comprovada pela experiência dos apóstolos. Eles são testemunhas da ressurreição e da ascensão de Jesus. Pedro afirma: “A este Jesus Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas.” (v 32). De fato, os discipulos, tornaram testemunhas da ressureição de Jesus. Não somente da ressurreição, mas também da ascensão. Pedro em sua pregação afirma que Cristo não foi apenas ressuscitado dos mortos, mas foi também “exaltado à destra de Deus” (v.33a).Aqui podemos observar que há uma relação entre a ressurreição e ascensão de Jesus. Contudo, Pedro em sua pregação pretende deixar abasolutamente claro que esta profecia não pode referir-se a Davi: “ Porque Davi não subiu aos céus.”(v.34).Neste sentido,Pedro citou o Salmo 110.1 para mostrar que a exaltação de Cristo também fora profetizada. O próprio Senhor declara: “Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por estrado dos teus pés.” (v. 34b,35). Desses versículos podemos concluir que Cristo continua entronizado nos céus e no sentido literal está exercendo o seu reinado messiânico (Ap. 3.21).
Pedro encerra a sua pregação,afirmando: “Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo.” ( v.36). Estas palavras resume a pregação de Pedro. Ele transmite com convicção aos ouvites que toda a “casa de Israel” que eles crucificarão a Cristo. Eles eram os representantes, os primeiros que deveriam ouvir a mensagem de Pedro .No entanto, desprezaram Jesus. Por isso, Pedro prega de forma muito dura e abrangente: “vós crucificastes.” Que vergonha! Os representantes da “casa de Israel crucificaram seu proprio Senhor! Mas Aquele que foi desprezado,foi feito Senhor e Cristo,isto é,Messias,da parte de Deus,o Senhor dos senhores. Portanto, para aqueles que desprezaram Jesus era uma mensagem assustadora.mas para aqueles aceitaram e creram na mensagem da ressurreição,foi algo glorioso.
Esta foi a grandiosa mensagem de Pedro no Pentecostes. A sua proclamação da Palavra de Deus era inconfundivelmente cristocêntrica. Paulo considera anátema, isto é, maldito, aquele que prega outro evangelho que vá além do puro e autêntico evangelho de Cristo (Gl 1.1-9). Sendo assim, o conteúdo da nossa mensagem tem de ser a Pessoa de Cristo, na sua obra salvífica e redentora, em outras palavras o sermão será cristocêntrico, Cristo é o centro da exposição. Portanto, este deve ser o assunto e conteudo de todas as nossas pregações e testemunhos, até o dia que Jesus retornar. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário