terça-feira, 30 de setembro de 2025

TEXTO: Hc 1.1-4;2.1-4

TEMA: A FÉ  SUPORTA  A  AFLIÇÃO E ENCONTRA JUSTIÇA

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em Habacuque 1,14;2,1-4, para refletirmos juntos sobre nossa caminhada cristã. O  tema de hoje é: a fé  suporta a aflição e encontra justiça.

Vivemos em uma sociedade marcada por injustiças recorrentes, como corrupção, violência e desigualdade social, que evidenciam a fragilidade das instituições e a falência estrutural na organização social. Esses problemas não são recentes, mas refletem um dilema histórico que continua a afetar indivíduos inocentes e desafia a busca por equidade e justiça.

O profeta Habacuque viveu em meio a uma sociedade marcada pela injustiça, opressão e violência em Judá. Angustiado, ele via a Lei inoperante e os ímpios dominando os justos, o que o levava a questionar como um Deus justo permitia a prosperidade do mal. Seu clamor expressava não só seu sofrimento, mas também sua perplexidade diante do silêncio divino frente à corrupção e à ausência de justiça.

Em um mundo repleto de injustiça e sofrimento, a fé é constantemente desafiada. Muitos se perguntam como acreditar em um Deus justo diante da prevalência do mal. Essa tensão já era vivida por profetas como Habacuque, cuja fé o levava a questionar e buscar respostas diante do silêncio de Deus. A verdadeira fé, como a dele, não ignora a injustiça, mas a confronta com esperança, confiando que a justiça divina prevalecerá, mesmo que demore.

Quando a nossa vida está repleta de injustiças e sofrimentos, isso nos faz questionar o propósito e a bondade de Deus. Nessas horas, surge a inevitável pergunta: por que Deus permite que o mal prevaleça? Por que a injustiça parece dominar e a dor persistir?  Diante de situações tão difíceis e, muitas vezes, injustas, a resposta não é simples nem imediata. Muitas vezes, somos levados ao silêncio, à dúvida ou mesmo à revolta. É nesse momento que Habacuque nos dá a resposta diante das nossas dúvidas. Ele nos mostra que a fé suporta a aflição e encontra justiça. Como isto é possível? Apresento quatro respostas,conforme o texto.

Primeiro, a fé  suporta a aflição. A  fé é um pilar fundamental para suportar a aflição, dando novo significado ao sofrimento. Viver pela fé implica paciência e confiança em Deus, que é justo e fiel, independentemente das circunstâncias. Mesmo diante da incerteza, a fé nos sustenta e nos leva a uma vida que agrada a Deus. Ela oferece esperança, consolo e a certeza de que não estamos sozinhos em nossas lutas, pois Deus está presente para fortalecer e amparar aqueles que confiam n,Ele.

Segundo,Deus ouve nossas súplicas. Habacuque, diante do sofrimento do povo, adotou uma postura de fé e humildade, esperando com paciência na "torre de vigia" pela resposta divina.  Ele escolhe esperar pela resposta divina, demonstrando que a fé também é coragem para aguardar, mesmo quando a resposta demora. Deus assegura que, mesmo que tarde, a justiça virá. Esta disposição divina em escutar reforça a importância e eficácia da oração e da intercessão em nossas vidas.

Terceiro, Deus age conforme o tempo determinado.Diante das injustiças e sofrimentos, o ser humano tende a buscar respostas imediatas, revelando sua dificuldade em compreender o tempo e os propósitos de Deus.Espera que Deus intervenha de forma clara, previsível, conforme o nosso tempo. Mas Deus nos assegura que a justiça será feita, conforme o tempo determinado por Ele. Essa verdade desafia nossa impaciência e nos convida a confiar, mesmo quando não entendemos o porquê dos acontecimentos.

Quarta, a fé e a busca pela justiça.O lamento sincero do profeta Habacuque é o primeiro passo para a busca da justiça. Em vez de se calar ou revoltar contra Deus, ele expressa suas queixas abertamente, revelando que a honestidade diante de Deus é fundamental para uma fé genuína. Este exemplo nos desafia a se posicionar contra as injustiças, clamando por justiça e agindo em favor dos oprimidos e combatendo a discriminação.

Estimados irmãos! O livro de Habacuque não começa com uma visão gloriosa ou uma revelação impressionante. Ele começa com uma "sentença", ou seja, um oráculo em que o profeta Habacuque expõe a profunda angústia, indignação, desespero e perplexidade que sentia. Ele observava a violência, o roubo e a intensa injustiça social que assolavam Judá. A lei e a justiça estavam corrompidas, os ímpios oprimiam os justos, e a sociedade parecia estar em um estado de total colapso moral. Diante desta situação, o profeta expressa suas preocupações em relação a  Judá em sua época.  Ele começa seu protesto com a frase interrogativa: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e tu não me escutarás?”  (1.2a). Em sua comunicação, Habacuque não faz uma simples pergunta retórica. Esta expressão não é apenas sobre o tempo, mas sobre a exaustão e a impaciência. É um clamor que indica que a opressão já se prolonga por muito tempo. Isto demonstra que  o profeta se sente abandonado, ignorado, e o silêncio de Deus parece insuportável.

A pergunta "Até quando, Senhor?" é um clamor universal que expressa nossa angústia diante da dor e da injustiça. É um grito por ajuda e uma busca por respostas em meio às aflições da vida — seja em relação a uma enfermidade prolongada, à humilhação do desemprego, à pressão das dificuldades financeiras, à perda de um ente querido ou à aparente prosperidade do mal no mundo.Vemos, muitas vezes, a injustiça dominar, a opressão prevalecer e os ímpios prosperarem, enquanto os justos sofrem. Não se trata apenas de uma pergunta intelectual, mas de um grito da alma, sobrecarregada pela injustiça e pela opressão. Esse clamor reflete nossa perplexidade e nosso desespero diante da aparente inatividade de Deus, revelando uma busca sincera por esperança e intervenção. Nesses momentos, surge a inevitável pergunta: por que Deus permite que o mal prevaleça? Por que a injustiça parece dominar e a dor, persistir?

É justamente nessas circunstâncias que Habacuque clama. O verbo hebraico שָׁוַע  significa "clamar por socorro" ou "pedir ajuda", geralmente em uma situação de angústia, sendo um grito de socorro, uma súplica desesperada. Ele se encontra no perfeito, o que sugere uma ação que começou no passado e continua até o presente. Essa forma verbal indica que o profeta clamava a Deus por um longo tempo, sem interrupção. Ele clamava não apenas uma vez, mas insistentemente, o que evidencia sua paciência esgotada, pois Deus estava demorando para cumprir Sua justiça. Sentindo que não estava sendo ouvido, o profeta se expressa em: “não me escutarás?”. O verbo שָׁמַע , cuja tradução mais comum é “ouvir” ou “escutar”, não significa apenas "ouvir", mas também "dar ouvidos" e "agir em resposta".Tudo isso demonstra a profundidade do desespero que o profeta vivia diante da maldade que o cercava. É, enfim, um clamor carregado de emoção, que revela o desespero e o sentimento de abandono que o profeta vivia. Ele não duvida da existência de Deus, mas questiona Sua justiça e Sua ação no mundo. É, na verdade, um pedido desesperado para que Deus intervenha e demonstre Seu cuidado com o povo.

No entanto, não havendo resposta, o profeta clama a Deus aos gritos.: “Gritar-te-ei: Violência! E não salvarás?” (1.2d). O profeta usa aqui o verbo זָעַק. Este verbo é mais intenso do que o verbo  שָׁוַע. O  verbo זָעַק significa "gritar", "berrar" ou "clamar em voz alta", geralmente de fúria, dor ou desespero. É um grito mais agudo e imediato. Ele está no tempo imperfeito, na primeira pessoa ("eu"). Isso descreve uma ação contínua ou no presente. Mostra a progressão do desespero de Habacuque: primeiro, ele diz a Deus: "Eu tenho clamado por socorro (שִׁוַּעְתִּי) por um longo tempo, e tu não me escutas!" (uma reclamação sobre o passado e a falta de resposta).Em seguida, ele intensifica o lamento: "E agora eu grito de angústia (אֶזְעָק), por causa da violência, e tu não salvas!" (um grito de protesto sobre a situação presente).Juntos, eles pintam o quadro de um profeta que começou com um clamor insistente e, ao não ser respondido, eleva sua voz para um grito de dor e indignação.

As palavras do profeta  mostra a profundidade de sua angústia ao clamar por ajuda contra a violência. O termo hebraico חָמָס (violência) é uma palavra carregada de significado moral — refere-se a injustiça, opressão, abuso de poder e destruição social. Enfim,não se trata apenas de violência física, mas de um tipo de violência que viola a lei e a justiça, gerando opressão e destruição. O profeta vê esta situação dentro do próprio povo de Deus, e não entre nações inimigas. Ele também não está apenas descrevendo um evento; ele está denunciando a essência do problema: a injustiça e a opressão que testemunha todos os dias. Ele está apresentando a Deus um problema que exige uma ação imediata. Mas Deus vê tudo isso e não age para salvar: "E tu não salvarás?". O verbo יָשַׁע no hifil significa "causar salvação" ou "trazer libertação". A queixa final é um desafio direto à natureza de Deus: se Ele é o Salvador, por que não age diante de tanta injustiça?

O profeta vê a iniquidade e a opressão como um peso insuportável. Seus olhos estão cheios de imagens de destruição, violência, contendas e litígios. Ele, então, se desespera ao ver esta maldade e a opressão: “Por que me mostras a iniquidade e me fazes ver a opressão?”(1.3a).  A pergunta feita pelo profeta Habacuque expressa uma profunda angústia diante da realidade do mal no mundo. Ele se dirige diretamente a Deus, questionando por que razão é exposto constantemente à injustiça, à violência e à opressão ao seu redor. Essa não é apenas uma constatação, mas um clamor de um coração que sofre ao ver o mal prosperar enquanto o justo é oprimido. Habacuque sente que a iniquidade e a opressão não são apenas fatos do mundo, mas algo que Deus o força a testemunhar. É um grito de "por quê?" de alguém que está na linha de frente, vendo a violência, as brigas e as injustiças se desenrolarem, e não ação. Ele se sente oprimido não só pelo mal em si, mas pela sensação de que Deus o deixou ver tudo isso sem intervir.

O profeta também, de forma questionadora e angustiada, expõe a injustiça e a violência que presencia em sua sociedade, clamando a Deus pelo motivo de permitir tal maldade e iniquidade sem uma intervenção mais imediata. É um lamento que questiona a passividade de Deus. Mas ele descreve o que vê: “Pois a destruição e a violência estão diante de mim.” (1.3b). Ele vê a destruição. A palavra "destruição"  evoca devastação, ruína e saques, enquanto "violência" é uma injustiça agressiva e desenfreada. A repetição do pronome "diante de mim" reforça a experiência pessoal e direta do profeta com o mal. E aponta para o colapso da ordem social: "Há contendas, e o litígio se suscita"(v.3c).  As "contendas" e o "litígio" são termos jurídicos. O que Habacuque está testemunhando não são apenas atos criminosos isolados, mas a falência do próprio sistema de justiça. O direito está sendo pervertido, e aqueles que deveriam proteger o povo se tornaram parte do problema.

O profeta conclui seu lamento afirmando que a lei está sem vigor e a justiça jamais prevalece. Os ímpios cercam os justos, e a justiça se torna "pervertida": “Por esta causa, a lei se afrouxa, e a justiça nunca se manifesta, porque o perverso cerca o justo, a justiça é torcida.” (1.4). O profeta afirma que a lei perdeu sua força e autoridade.  Ela existe, mas não é aplicado,porque tornou-se  "entorpecida" ou "afrouxada", um conjunto de palavras vazias, sem poder para conter o mal. Essa não é uma crítica à lei de Moisés em si, mas à sua aplicação pelo povo e pelas autoridades. A lei, que deveria ser um instrumento para a ordem e a justiça, perde sua força e é ignorada. Como resultado, a justiça "nunca se manifesta". A expectativa de que o direito prevaleceria e que a retidão seria visível na sociedade é frustrada. A justiça não se concretiza, e o mal prospera abertamente, sem consequência. Enfim, a consequência direta desse cenário: a justiça é "torcida" ou "distorcida". Essa palavra hebraica transmite a ideia de algo que é pervertido, manipulado, retorcido ou desviado de sua forma original. Os argumentos são distorcidos, as evidências são ignoradas e a verdade é subjugada pela mentira. Isso mostra que o sistema de justiça de Judá estava corrompido, e a situação parecia irreversível do ponto de vista humano.

Após apresentar suas perguntas, Habacuque demonstrou uma atitude admirável. Ele sabia que podia clamar por socorro e que somente Deus era capaz de intervir com justiça.Angustiado com a injustiça e a violência que presenciava, e perplexo com a resposta de Deus de que usaria os babilônios para punir Judá, o profeta decide fazer algo fundamental: parar e esperar. Então, ele declarou: “Pôr-me-ei na minha torre de vigia, colocar-me-ei sobre a fortaleza e vigiarei para ver o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa.” (2.1).Habacuque se posiciona em um lugar elevado para obter uma perspectiva clara e aguardar a resposta divina, sem pressa. Ele usa duas metáforas, a "torre de vigia" e a "fortaleza", que representam não apenas lugares físicos, mas a postura de um vigilante. Isso demonstra que o profeta está em estado de alerta. Ele não está apenas esperando, mas "vigiando para ver". Está pronto para receber a mensagem divina e, apesar de sua angústia, confia que Deus lhe dará uma resposta para a sua "queixa", que era o problema da injustiça, conforme ele mesmo reitera: "o que Deus me dirá e que resposta eu terei à minha queixa."

Habacuque lamenta e questiona, mas, em vez de continuar apenas com suas reclamações, decide silenciar e esperar a resposta divina. A sua atitude pode ser resumida assim: "Não consigo entender nada do que está acontecendo, mas, em vez de ficar questionando, vou silenciar e esperar para ouvir o que Deus me dirá." Deus finalmente se manifesta. A paciência de Habacuque é recompensada; “ Escreve a visão, grava-a sobre tábuas.” ( 2.2a). A resposta divina não é apenas para acalmar a ansiedade do profeta, mas para estabelecer um plano e uma promessa a ser transmitida.

Contudo, Deus quer que a Sua mensagem seja permanente e acessível. Ao invés de uma comunicação efêmera. Sendo assim, o SENHOR  ordena que Habacuque “escreva a visão”.A palavra "visão" (חֲזוֹן) refere-se ao que Deus está prestes a revelar sobre o futuro, incluindo o julgamento de Babilônia e a restauração de Israel.Este não é um mero sonho, mas uma revelação divina com um propósito e um cronograma definido.

Ele aconselha ainda  registrar este material durável em "tábuas". O ato de gravar em tábuas (provavelmente de argila ou madeira) torna a mensagem permanente e oficial. Na cultura antiga, textos importantes eram gravados dessa forma para durabilidade e para servirem como documento público. Isso legitima a mensagem como sendo de origem divina e não meramente humana. Isso garante que a visão, ou seja, o plano de Deus para punir os babilônios e salvar Seu povo, não se perca com o tempo. Ela sugere que a mensagem deve ser tão clara e visível que mesmo alguém apressado, em meio à agitação do dia a dia, consiga compreendê-la: “para que a possa ler até quem passa correndo.” ( 2.2b). A mensagem de Deus deve ser escrita de forma tão clara e visível que qualquer pessoa, mesmo com pressa, possa compreendê-la de imediato. A ideia é que a Palavra de Deus é acessível a todos,pois quem entende a mensagem divina deve se apressar para proclamá-la com urgência a outros. A revelação de Deus é vital e deve ser compartilhada rapidamente.

No entanto, Deus revela que a visão que Ele ordenou a Habacuque que escrevesse não se cumprirá imediatamente. Há um tempo específico, um "tempo determinado" : “Porque a visão ainda está para cumprir-se no tempo determinado.” ( 2.3a). A palavra hebraica para "tempo determinado" é מוֹעֵד. Este termo não significa um período de tempo vago, mas sim um tempo fixo, uma data marcada, um "encontro" divino. A revelação que Deus deu a Habacuque não será cumprida de imediato, mas acontecerá no momento exato que Ele estabeleceu. Isso tranquiliza o profeta  de que o plano de Deus não está fora de controle, mas sim em um cronograma preciso, embora desconhecido para os humanos.

A promessas de Deus está aproxima de sua realização, O desfecho do seu plano se cumprirá:  “mas se apressa para o fim e não falhará.”(2.3b). A palavra hebraica para "apressa" é יָפֵץ, que também pode ser traduzida como "espirra" ou "explode", sugerindo uma urgência e um movimento inevitável para o cumprimento.  E a frase "não falhará" (לֹא יְכַזֵּב)  garante a veracidade e a certeza do cumprimento da promessa. É uma garantia da fidelidade de Deus. Mas “ se tardar, espera-o, porque, certamente, virá, não tardará.” (v.2.3c).   Esta é a parte central e mais encorajadora. Deus instrui Habacuque a esperar com paciência e fé. A repetição da ideia de que "virá" e "não tardará" serve para reforçar a certeza da promessa divina. A aparente lentidão não é um sinal de falha, mas parte do plano de Deus. A mensagem é clara: a espera é um teste de fé, mas o cumprimento da promessa é garantido. O cumprimento virá no tempo perfeito de Deus, e a atitude correta é a espera confiante.

A resposta de Deus à angústia do profeta não é uma explicação detalhada sobre os babilônios, mas uma revelação sobre a justiça divina e a condição humana: “Eis o soberbo!” (2.4a).Deus começa descrevendo o "soberbo", que é o oposto do justo. Este não é apenas alguém orgulhoso, mas uma pessoa arrogante e autossuficiente que confia na sua própria força e poder. Essa soberba é vista como uma doença interior, expressa na frase: "Sua alma não é reta nele."(2.4b). A palavra hebraica para "reta" implica em retidão, integridade e estar em harmonia com Deus. Por isso, a alma do soberbo está em desordem, desequilibrada e fora de sintonia com o plano divino. Ele é o símbolo da iniquidade que Habacuque questionava no início e que acabará por cair.Em contraste total, a segunda parte do versículo revela o caminho da salvação e da vida verdadeira: "mas o justo viverá pela sua fé." Quem é o justo? (צַדִּיק). O justo é aquele que está alinhado com a vontade de Deus. Sua justiça não é baseada em suas próprias obras, mas em sua relação com Deus.A vida dele não se baseia em poder, riqueza ou força, mas em um princípio radicalmente diferente: a fé. O termo  significa mais do que apenas acreditar. Ela implica em fidelidade, confiança e firmeza. É a confiança inabalável na promessa e no caráter de Deus, mesmo quando tudo parece estar dando errado. O justo confia em Deus e o soberbo O despreza,

Mas o que Deus nos responde diante do nosso clamor por justiça, paz e alívio? Às vezes, parece que Ele se cala. A resposta de Deus, muitas vezes, não vem no nosso tempo, mas conforme o tempo d’Ele. Sua aparente demora não é desinteresse, mas parte de um plano maior, que envolve paciência, misericórdia e redenção. A Bíblia é clara: Deus sempre intervém.Ele libertou Israel do Egito, resgatou o Seu povo do exílio e, mais importante ainda, enviou Seu Filho ao mundo como resposta definitiva à dor humana. Diante da demora aparente, não devemos nos paralisar com perguntas, mas sim nos mover em direção a Deus. Somos chamados a orar, a clamar e a sermos honestos sobre a nossa dor.

Portanto, a pergunta “Até quando, Senhor?” não é sinal de fraqueza, mas prova de que nossa fé está viva. Ela revela um coração que ainda crê, que não se acomodou, que continua esperando e desejando ver o agir de Deus. Essa pergunta também nos lembra que este mundo não é o nosso lar final, e nos leva a ansiar por “um novo céu e uma nova terra, onde habita a justiça” (2 Pedro 3.13). Nossa maior esperança, no entanto, não está nas mudanças imediatas do mundo, mas em Cristo. Ele é a resposta diante do nosso clamor.

Estimados irmãos! Habacuque questionou a aparente inatividade de Deus, mas aprendeu que o Senhor age no tempo certo e nunca falha. Essa lição nos ensina a importância de esperar com fé, em vez de agir com pressa. Em um mundo apressado, somos chamados a confiar em Deus, pois a verdadeira paz e a solução dos problemas vêm d’Ele. No fim, “o justo viverá pela sua fé”. Amém!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 29 de setembro de 2025

TEXTO: LC 17.1-10

TEMA:    VIVENDO COMO SERVOS FIÉIS NO REINO DE DEUS.

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em Lucas  , capítulo 17, versículos 1 a 10, e refletirmos sobre a nossa mensagem. O nosso tema é: "vivendo como servos fiéis no Reino de Deus." Como?A resposta de Jesus é clara e direta. Ele presenta quatro respostas:

Primeiro, tendo cuidado com o impacto de suas ações .Jesus ensinou que seus discípulos devem tratar os pequeninos com grande cuidado e respeito. Diferentemente dos fariseus, que os desprezavam e causavam escândalos que afastavam as pessoas de Deus, um verdadeiro servo de Deus deve evitar atitudes que levem outros ao pecado. Esses escândalos não apenas enfraquecem a fé dos recém-convertidos, mas também prejudicam a unidade entre os crentes.

Segundo, tendo  responsabilidade de perdoar. Jesus ensina que o perdão é uma marca essencial de quem O segue. Ele deixa claro que o perdão não tem limites — “sete vezes no dia” simboliza uma disposição constante de perdoar.Um verdadeiro servo de Deus não guarda rancor, nem vive em ressentimento. Ele perdoa. E não perdoa porque sente vontade, mas porque compreende o quanto já foi perdoado. Vive o Evangelho não apenas com palavras, mas com atitudes — e o perdão é uma das mais poderosas e visíveis delas.

Terceiro, tendo um fé autenticidade e genuína.Jesus compara a fé ao grão de mostarda, pequeno, mas com grande potencial. A fé verdadeira começa de forma simples, mas cresce e se fortalece com o tempo na vida de quem segue a Cristo com sinceridade. Para viver os ensinamentos de Jesus, como o perdão e a reconciliação, é essencial ter uma fé verdadeira. Os discípulos, ao reconhecerem suas limitações, pediram mais fé. No entanto, Jesus ensinou que não importa a quantidade, mas sim a autenticidade da fé — uma fé pura, sincera, sem egoísmo ou falsidade, nascida de um coração íntegro e coerente com a vontade de Deus.

Quarto, tendo  humildade.Jesus convida os seus discipulo a ter profunda humildade. Ensina que, mesmo após cumprir as obrigações espirituais e obedecer aos mandamentos, não devem se vangloriar ou esperar méritos especiais, pois apenas realizar aquilo que foi pedido. O verdadeiro servo de Deus age por amor e obediência, não por reconhecimento ou recompensa. O foco deve estar na fidelidade e na disposição de servir, com humildade, sem esperar aplausos ou elogios.

Estimados irmãos! Durante todo o seu ministério, Jesus foi criticado pelos líderes religiosos de sua época. Eles se escandalizavam com Jesus e com Suas palavras, armando “ciladas” diante dos outros e considerando a cruz de Cristo um “escândalo”.Como consequência, esses líderes levavam as pessoas a pecar por meio de suas palavras e atitudes. Em todos esses casos, observa-se que eles permitiam que as pessoas tropeçassem, pecassem e perdessem a fé dos pequeninos. No entanto, Jesus diz aos Seus discípulos: “É inevitável que venham escândalos” (v.1a). O termo grego σκάνδαλον  significa “tropeço”, “armadilha” ou “cilada”. Ele se refere a um objeto colocado no caminho de alguém para fazê-lo tropeçar, ou a uma “isca” ou “engodo” para atraí-lo para fora de seu caminho e arruiná-lo. É, em suma, uma “atração” que leva à destruição. Contudo, o termo vai além da ideia de tropeçar, denotando sempre a destruição espiritual.

Jesus deixa claro que é impossível que não haja escândalos. Eles virão, e muitos tropeçarão e cairão por causa deles. Muitos que professam a fé, como era o caso dos fariseus que zombavam de Jesus, agirão de maneira inadequada e vergonhosa, dando maus exemplos. A razão pela qual o escândalo é inevitável é porque vivemos em um mundo imperfeito, corrupto e que jaz no Maligno. O mundo está cheio de armadilhas que podem seduzir os incautos ao erro sobre as Escrituras, a salvação e a vida cristã. Acima de tudo, essas armadilhas são estabelecidas pelas mentiras dos falsos mestres, particularmente as mentiras e blasfêmias que os escribas e fariseus espalhavam sobre Jesus Cristo. Na verdade, quando provocamos escândalos, promovemos desunião, levantamos falso testemunho e enfraquecemos a fé dos pequenos, em vez de fortalecê-los. Mas o que fazer quando agimos desta forma? Vamos levar o escândalo adiante, ou vamos praticar o que o Senhor Jesus está nos ensinando neste texto?

Ocorre que, Jesus adverte os que praticam o escândalo. Ele avisou que o julgamento viria sobre aqueles que fizessem com que os pequeninos tropeçassem: “ai do homem pelo qual os escândalos vem!” (v.1b). Ai daquele homem que for responsável por colocar a armadilha. O termo “ai” (οὐαί) é uma exclamação de pesar, tristeza, preocupação como: “ai de mim, meu Deus!” Esta foi uma advertência direcionada possivelmente aos fariseus que estavam dificultando os pequeninos a dedicarem a fidelidade que leva ao reino do céu. Mas o que nos orienta as Escrituras sobre esta questão: lemos em Romanos 14.13 diz que não devemos colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão. Em 1 Coríntios 10.32 adverte os cristãos a “não se tornarem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus.” Portanto, os cristãos não devem fazer com que os irmãos caiam em pecado, nem tampouco impedir que aqueles querem seguir a Cristo. Que tipo de exemplo você está ensinando para aqueles que estão te seguindo? Cada um de nós precisa dar atenção à advertência que Paulo deu a Timóteo, “. . . seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza” (1 Timóteo 4.12).

Você também pode ser uma pedra de tropeço na vida dos pequeninos! Mas se isto ocorrer, o castigo seria severo, uma morte horrível: “Melhor fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma pedra de moinho, e fosse atirado no mar, do que fazer tropeçar a um destes pequeninos”. (v.2). Neste contexto o termo pequeninos (μικρός) significa pessoas convertidas, que já o seguiam, já o aceitavam pela fé. A pedra de moinho descrita aqui é uma rocha grande, redondas e pesada onde eram triturados os grãos. Não sabemos o tamanho da pedra, mas qualquer pedra que fosse amarrada no pescoço e jogado ao mar seria uma sentença de morte certa. Que morte horrível! Mas há um outro castigo terrível, algo pior do que uma pedra no pescoço, para aqueles que procurasse desviar os pequeninos do caminho da salvação, de fazê-los cair no pecado, de arrastá-los pelo exemplo, palavras e engano ao mal:  o castigo eterno no inferno (Mateus 10.28).

Devemos ser cuidadosos para não ser tropeço na vida dos pequeninos, pois o Senhor disse, enfaticamente, aos seus discípulos: “Acautelai-vos “. Este verbo no grego προσέχω significa “assistir a si mesmo, dar atenção a si mesmo ou ter cuidado”. Dessa maneira, tudo deve começar comigo mesmo! Ou seja, devo ser cuidadoso a fim de não me tornar em escândalo (armadilha, cilada) para ninguém, com os meus pecados. Quanto cuidado é necessário da minha parte! Como necessito de dobrada atenção! Este deveria ser o procedimento dos discípulos. Por isso, Jesus ensina como proceder sobre a necessidade de perdoar um irmão. É um grande desafio que Jesus lança aos discípulos: ter a disposição para perdoar. Sendo assim, Jesus estabelece um certo procedimento que os discípulos deveriam observar ao perdoar o irmão. Vejamos dois pontos:  

Primeiro: “Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o” (v.3a). O termo ἐπιτιμάω traduzido por repreender significa ainda acusar, admoestar, reprovar, censurar severamente. Este deve ser o nosso procedimento: dizer ao irmão de forma clara, você errou! Seu comportamento é reprovável! O pecado não pode ser negligenciado, nem tratado com leviandade. É evidente que a pessoa não vai gostar. Ninguém gosta de ouvir que está errado. Mesmo não gostando, precisa ser advertida. Lemos em Mateus 18.15: “Ora, se teu irmão pecar, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, terás ganho teu irmão.” O livro de Provérbios nos incentiva a aceitar as admoestações e usá-las como uma oportunidade para fazer as devidas correções, apesar da repreensão ser dolorosa. Mas de que forma devemos repreender os que praticam escândalos?  Paulo incentivou Timóteo a fazer apelos às pessoas e não as repreender de uma maneira áspera (1 Timóteo 5.1-2). Áquila e Priscila mostraram sabedoria ao conversarem com Apolo em particular para ajudá-lo a aprender o caminho de Deus com mais precisão (Atos 18.24-26). O objetivo é recuperar o pecador, fazendo com amor e mansidão, e não apenas cumprir o nosso dever de admoestá-lo. Que o Senhor nos ajude a corrigir os outros quando for necessário, com amor. E, quando formos corrigidos, que aceitemos a correção com humildade.

Segundo: o perdão é necessário. Deus é bastante enfático sobre isto: “se ele se arrepender, perdoa-lhe.” (v.3b). Entende-se por arrependimento (metanoia) mudança de mente, abandonar conscientemente o pecado e voltar-se para Deus. Já o termo ἀφίημι (perdão) significa enviar para outro lugar, deixar ir abandonar, não guardar mais. O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Ele é fruto de um coração compassivo e benigno. Arrepender-se e perdoar são duas palavras que estão interligadas, sendo que o arrependimento deve preceder o perdão. Mas por que o arrependimento é necessário?  Vamos entender!  Primeiramente, sem arrependimento não há perdão dos pecados. Todos, sem exceção, necessitam de arrependimento para com Deus. E as palavras de nosso Senhor Jesus Cristo são claras, enfáticas e distintas: “Se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”. (Lucas 13.3). Eis a necessidade do arrependimento para que haja perdão. O perdão é, portanto, uma marca dos filhos de Deus. "Perdoai-vos uns aos outros, como Deus vos perdoou em Cristo”. Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende. Ele deseja ver o homem abandonando os seus pecados para os quais deseja obter perdão.

Jesus não estabelece limite para o número de vezes, em que uma pessoa deve ser perdoada. Ele afirma: “Se, por sete vezes no dia, pecar contra ti e, sete vezes, vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe.” (v.4). “Sete vezes no dia!” Sente é o número da perfeição, totalidade. Qual o significado que Jesus queria transmitir aos discípulos? A expressão, “sete vezes no dia”, proferida por Jesus, significa que o perdão não tem limites. Ele não estabelece um limite para perdoar! Devemos praticá-lo sempre, sem contar quantas vezes fomos ofendidos. Enfim, o que devemos fazer é perdoar e esquecer sem guardar qualquer ressentimento e sem qualquer tentativa de vingança contra nossos ofensores. Jesus queria que os discípulos entendessem esta verdade vital: o perdão não é medido pelo número de vezes que alguém nos ofende. Ele deve ser incondicional e infinito. Diferente como pensavam as rabinos. Eles tinham uma concepção de que se uma pessoa pecasse contra alguém uma vez, deveria perdoar. Se ela pecasse duas vezes, também deveria perdoar. Se ela pecasse três vezes, da mesma forma deveria perdoar. Mas se ela pecasse quatro vezes, deveria retribuir-lhe na mesma moeda. Eles achavam suficiente perdoar uma pessoa três vezes. Depois disso, a justiça exigia retribuição.

Diante desta exigência de Jesus sobre o perdão, os discípulos reconhecem suas limitações, pois se veem pequenos, frágeis, limitados e incapaz o suficiente para praticar tal atitude. Eles sentem que não lhes basta a fé que vivem para responder o chamado de Jesus. Os discípulos apesar de estarem sempre com Jesus, lutaram com a falta de fé. Mesmo, diante da proximidade do sofrimento de Jesus na cruz, eles pedem a Jesus: “Aumenta-nos a fé.” (v.5). O verbo προστίθημι (aumentar) no grego literalmente significa “acrescentar, adicionar, desenvolver ou crescer”. Jesus não responde diretamente, pois quer dar a entender que a petição não está bem formulada. Ele não lhes podia aumentar a fé, por mínima que fosse, pois a fé não se trata de quantidade, mas de autenticidade. Jesus tira dos discípulos o conceito de maior ou menor em termos de fé, para o de uma fé genuína. A correção dessa falsa perspectiva foi necessária, pois o pedido, aparentemente piedoso, poderia esconder uma indisposição para obediência ao Senhor. Além disso, exalta a capacidade humana de gerar dentro de si mesmo uma “fé” que, na verdade, não passa de uma fé no “eu”. A fé verdadeira não vem de nós, mas de Deus: “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;” (Ef 2.8). Em outras palavras:  não precisamos de uma grande fé, porque uma pequena fé, sendo genuína, faz grandes coisas.

Depois de receber um pedido sobre a fé aumentada, o Senhor Jesus desvia a atenção da quantidade da fé para o objeto da fé. Certamente, iria de uma vez por todas, esclarecer as possíveis dúvidas existentes na vida de seus discípulos. Ele fortalece a fé dos discípulos ao contar uma parábola: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá”. (v. 6). Jesus usa dois termos para ilustrar sobre a fé. Primeiro, Ele fala sobre o termo σίναπι (mostrada). Nome de uma planta que nos países orientais brota de uma pequena semente e chega à altura de uma árvore. Esta planta é usada como tempero, remédio e alimento em várias regiões. O segundo termo é sobre συκάμινος (amoreira). É uma árvore robusta que chega a uns 6 metros de altura. Tem um sistema de raízes tão extenso e profundo. Seus frutos são vermelho-escuros ou pretos, e suas folhas são grandes e têm formato de coração.

O que Jesus nos ensina nesta analogia? O grão de mostarda é uma semente pequena. Aparentemente, incapaz de suscitar grandes expectativas. Mas quando é plantado na terra, ela cresce de forma impressionante.  Seu poder é sólido e duradouro, tornando-se cada vez maior e acontece algo grandioso, e, finalmente, se torna aquilo que deve ser, ou seja, uma árvore em cujos ramos "aninharam-se as aves do céu" (Lc 13.19). Através desta ilustração, Jesus compara o pequeno grão de mostarda a nossa fé. Ela cresce a partir de dentro, como o grão de mostarda. Amadurece no coração de quem vive como discípulo e seguidor de Jesus. Segundo Paulo, se cremos em Jesus Cristo “nosso interior vai se renovando de dia em dia” (2Co 4.16). Por isso, nada lhe será impossível, pois aqueles que possuem tal fé pode fazer coisas incríveis, que o Senhor retrata ao afirmar: “direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar; e ela vos obedecerá.” (v.6b).

Portanto, Jesus   estava empenhado em mostrar aos seus discípulos que a fé não conhece impossibilidades, que qualquer “tamanho de fé” pode realizar grandes coisas. Em outra ocasião Jesus disse que se alguém tiver fé genuína, colocada no grande Deus e em fazer a Sua vontade (em prática), poderá dizer aos montes que se transportem de lugar (Mateus 17.20). Aqui se fala do poder da fé que nos capacita para fazer aquilo que nos parece impossível. Significa que não há nada impossível para aquele cuja confiança está firmada verdadeiramente em Deus. O que é impossível para os homens é possível para Deus!  A resposta de Jesus é uma palavra de incentivo, de encorajamento e motivação diante do pedido dos discípulos: “Aumenta-nos a fé!”

No entanto, após estes ensinamentos os discípulos  poderiam ficar orgulhosos de si mesmos. Poderiam imaginar que, uma vez tendo uma fé genuína, os habilitasse a realizarem grandes coisas. Então, poderiam perguntar:  O que vamos ganhar? Qual a nossa recompensa? Mas antes que os tornassem vaidosos e orgulhosos, Jesus  faz uma analogia, fazendo uma relação entre um senhor e seu servo, cuja a única obrigação do servo é fazer o que lhe fora pedido: “Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa?” (v.7). O servo arava o campo, alimentava o gado e cumpria todas as tarefas diárias. Quando voltava do trabalho no campo não tinha o direito de ser prontamente servido ou convidado a sentar-se à mesa com o seu senhor. Pelo contrário, seu dever era continuar servindo na casa:  “ Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás?” (v.8). Jesus então enfatiza que o servo não deve esperar recompensa, honra ou agradecimento apenas por ter feito o que já era sua obrigação. E ainda afirma: "Porventura agradecerá ao servo, por ter este feito o que lhe havia ordenado?" (v.9).O objetivo de Jesus não era de despreza-los e sim de lembrá-los que seu valor, bem como sua utilidade, era servir ao Senhor. E, por isso, não tinham direito de exigir recompensa

Jesus conclui esse ensinamento com uma chamada à atitude correta:  “Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer.” (v.10). Mas, afinal, qual o ensinamento que Jesus quis passar para nós? Então, vejamos: o termo δοῦλος significa um escravo, alguém que se rende à vontade de outro. Já o termo ἀχρεῖος é traduzido como alguém inútil, que não serve para nada. Outros preferem o sentido de “sem mérito”. Mas em que sentido “somos servos inúteis”? Três pontos merecem destaque: primeiro, devemos reconhecer que não somos úteis por nós mesmos. Não temos nada para dar ao Senhor. Segundo entender que, tudo que temos de utilidade é Deus quem nos dá. Todo o nosso fazer é dado pelo Senhor. É Ele quem nos dá dons e talentos. Não devemos esperar uma recompensa ou reconhecimento imediato como se tivéssemos feito algo "a mais" ou extraordinário. E, terceiro, apenas cumprimos o nosso dever. Estaríamos errados se não cumpríssemos o nosso dever. Então, “somos servos inúteis.”

Hoje, encontramos muitos servos “inúteis” se vangloriando de suas obras grandiosas. São meros cumpridores de obrigações em troca de pagamento ou reconhecimento. Querem honra, méritos, elogios, medalhas, poder e destaque na vida. Querem que as suas obras realizadas, sejam classificadas como méritos, pelo fato de servirem a Deus. Você já sentiu alguma vez que merece um crédito extra por servir a Deus? Achando que é um cristão obediente pelos seus próprio mérito e Deus irá recompensa-lo? Agir assim, seria vanglória! Para quem vive buscando glórias terrenas, e diz-se cristão, é oportuno meditar nas palavras de Paulo: “... longe esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim e eu para o mundo.” (Gálatas 6.4).

Qual deve ser o nosso procedimento? Devemos servir por amor a Deus e ao próximo, sem buscar reconhecimento ou recompensa humana. Nosso serviço não nos dá direito a mérito, pois fazemos apenas o que nos foi ordenado. A verdadeira recompensa virá no céu, não por merecimento, mas pela graça de Jesus, e não pelas nossas obras ou méritos.Devemos sair da comodidade e cumprir o que Deus nos ordenou — evangelizar, amar, perdoar, obedecer e temer ao Senhor. Ao fazermos isso, apenas cumprimos nosso dever como servos. Ser chamado de "servo inútil" mostra que Deus espera mais de nós, pois somos instrumentos usados por Ele para expandir Seu Reino e glorificar Seu nome.Devemos servir a Deus com fidelidade, mesmo sem reconhecimento ou recompensa, pois Ele não nos deve nada. 

Estimados irmãos! Vamos viver como servos fiéis no Reino de Deus! Cumprindo o que Deus nos ordenou,pois somos instrumentos usados por Ele para expandir Seu Reino e glorificar Seu nome. Amém!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

TEXTO: LC. 16.19-31

TEMA: ONDE PASSARÁ A ETERNIDADE?

Onde você passará o Natal e o Reveillon? Onde passará suas férias ou aquele feriado prolongado? Perguntas como estas são feitas constantemente. Faz parte da nossa cultura ter o interesse em saber onde as pessoas passarão os bons momentos de suas vidas ou as datas mais importantes de nossos dias. Para estas perguntas   sempre há uma resposta empolgante, alegre e muito animadora. Sempre há muita preparação, análises para ter certeza de que a viagem de férias vai ser boa mesmo, que a festa do Natal seja marcante ou que um simples final de semana seja prazeroso.

Entretanto, há uma pergunta que está acima de todos estes questionamentos: Onde passará a eternidade? Esta é a pergunta que o homem sempre tentou desvendar, mas nunca foi possível compreender plenamente no que consiste a eternidade – pelo menos não no presente momento.  Além disso, ele pergunta:  O que há na eternidade? Onde fica? Estarei na eternidade após a morte?

Somente nas Escrituras Sagradas encontramos as respostas. Elas afirmam que marchamos para a eternidade. E é com a morte temporal que a porta se abre para a vida na eternidade, que se decide de imediato o destino eterno do homem. É algo que acontece fatalmente com cada homem. E por mais que ele se rebele, procure afastar de seus pensamentos a ideia da morte, esta terá seu encontro com o homem, na hora precisa que Deus determinar. As Escrituras Sagradas também afirmam que, na eternidade com Deus, receberemos a coroa da vitória. Então, nossa luta terá chegado ao fim, e a dor, o luto, as lágrimas jamais existirão. Não sentiremos fome ou sede. Jamais teremos cansaço ou seremos assolados pela doença, pois estaremos para sempre com o Senhor.

Por esse motivo, devemos nos perguntar: Onde passaremos a eternidade? No céu? No inferno? Esta deve ser a nossa maior preocupação. Lázaro, o mendigo temente a Deus, está passando a eternidade junto de Jesus, em perfeita felicidade. Porém, o rico, que vestia de púrpura e de linho finíssimo, e que rejeitou a graça de Deus, está passando a eternidade junto do diabo, em horríveis chamas no inferna.

O que buscava o homem rico? Qual o alvo, o objetivo de sua vida? Simplesmente o de bem viver, isto porque, era rico, se vestia de púrpura e linho finíssimo. Era um homem que vivia em todo luxo e todos os dias se regalava esplendidamente. Era um homem que desfrutava os bens que possuía. Isto em si não consistia em erro algum. Não é pecado. Afinal, Abraão, Jó, Davi, Salomão também foram ricos. A condenação do rico não lhe foi atribuída porque era rico, mas porque o mesmo não buscava Deus em sua vida. Era avarento, egoísta, apegava-se a si mesmo e ao dinheiro, preocupava com seus próprios interesses, pouco se importava com o pobre Lázaro que vivia na soleira de sua porta. Seu duro coração não sentia nenhuma compaixão. E, assim, havia esquecido de deixar que Deus guiasse a sua vida.

Todavia, não devemos ignorar que a riqueza constitui uma ameaça à vida espiritual do cristão. Endurece o coração para as necessidades espirituais e desvia a mente do homem, colocando em primeiro lugar as suas ansiedades materiais.  Com certeza, os bens materiais acabam se tornando um grande impedimento para aqueles que desejam a vida eterna. No dizer de Jesus não há como servir a Deus e ao mesmo tempo amar e servir as riquezas: "Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a riqueza" (Mt 6.24).

O rico também não levava a sério a sua vida com Deus. Conhecia os ensinamentos do “Pai Abraão”. Pertencia ao povo escolhido de Deus, a nação eleita, tinha a Lei de Deus, os Mandamentos, era filho legítimo de Abraão, mas não viveu os ensinamentos de Abraão, Moisés e os profetas. Ele falhou com respeito ao pobre Lázaro. Fechou sua porta ao faminto e enfermo mendigo. Apenas lhe deu “migalhas”. Faltou compaixão para com o pobre Lázaro. Igualmente falhou com respeito aos cinco irmãos em casa. Não lhes foi bom conselheiro. Não lhes serviu de exemplo. Fê-los trilhar o caminho errado. Por isso, os irmãos que ficaram atrás corriam o perigo de virem para o mesmo lugar.

O rico, agora, se encontrava no inferno no lugar dos tormentos. Aqui, neste mundo tivera lindo enterro, homenagens, encomendas de estilo, nada faltava. Viveu para o mundo, e o mundo solenizou a despedida. E agora? Agora, com a sua morte aumentaram os seus sofrimentos, porque desprezou a mensagem da salvação. Agora, o homem está só diante do tribunal divino, só com Deus a quem havia desprezado. Agora, no inferno, estando em tormentos, revela a grandeza do horror do lugar onde ele estava, e suplica uma gota de água que já seria suficiente para aplacar o seu terrível tormento: “Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta de seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nessa chama.” (v.24).

Entretanto, Abraão é forçado a dar as más notícias para o rico. Não será possível: “Está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós não podem, nem os de lá passar para nó.” (v.26). A resposta de Abraão ao rico é que Lázaro não poderia sair do lugar onde se encontra (Seio de Abraão) para ir até o local onde o rico está (Lugar de Tormento). A verdade é que havia um abismo intransponível entre aqueles dois mundos, impedindo um de adentrar no território do outro. No entanto, quando as palavras de Abraão fazem o homem rico reconhecer a realidade da sua situação, ele pensa nas outras pessoas e diz: “tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento.” (v.28).

Ocorre que, essa mesma solicitação altruísta não pode ser atendida, pois Abraão diz que os irmãos têm os ensinamentos de Moisés e dos profetas. Mas o homem rico insistiu: “Não, pai Abraão, mas, se algum dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão”. (v 30). O rico reforça os argumentos sobre o pedido que fizera anteriormente.  Ele está determinado a salvar os seus familiares de qualquer maneira. O rico entendia que, segundo ele, seria mais eficaz o testemunho de Lázaro se este ressuscitasse e fosse ter com os seus irmãos, do que o de Moisés e dos profetas. Mas Abraão lhe diz a dura verdade: “Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que algum dos mortos ressuscite.” (v.31). Se não queriam ouvir Moisés e os profetas, não se deixariam persuadir a abandonar os seus maus caminhos, tampouco pelo testemunho de um morto regressado à vida.

A história desse homem é tão triste. Quantas vezes o rico não deve ter sentido, dentro de si, a voz da consciência, recriminando - lhe o apego desregrado pelas roupas, pelos prazeres excessivos da mesa e, sobretudo, pelo dinheiro. A história desse homem é tão funesta, que deveria estremecer todos aqueles que possuem  tanta riqueza, bens, poder, e outras coisas mais que os fazem destacar-se de seus semelhantes, e que nada fazem para ajudar o seu próximo. Cuidado, pois o inferno é uma realidade. É o lugar da separação completa do amor de Deus. É um lugar de dores, martírio, desespero, onde o verme da consciência nunca morre. É o lugar onde há pranto e ranger de dentes, onde o rico exclama: estou atormentado nesta chama! O rico está passando a eternidade junto do diabo em horríveis chamas.

O que buscava o homem rico? Qual o alvo, o objetivo de sua vida? Buscava o bem viver, isto porque, era rico, se vestia de púrpura e linho finíssimo. Era um homem que vivia no luxo. Desfrutava os bens que possuía, e todos os dias se regalava esplendidamente. Isto em si não consistia em erro algum. Não é pecado. Afinal, Abraão, Jó, Davi, Salomão também foram ricos. A condenação do rico não lhe foi atribuída porque era rico, mas porque o mesmo não buscava Deus em sua vida. Era avarento, egoísta, apegava-se a si mesmo e ao dinheiro. Preocupava-se com seus próprios interesses, e pouco se importava com o pobre Lázaro, que vivia na soleira de sua porta. Seu duro coração não sentia nenhuma compaixão. E, assim, havia esquecido de deixar que Deus guiasse a sua vida.

O que buscava o pobre Lázaro? Nada para esta vida, mas tudo para a eternidade. Era um pobre miserável mendigo e esmoleiro, um adoentado, com o corpo coberto de chagas e úlceras. Era um senhor que jazia defronte ao palacete do rico, e que se alimentava das migalhas, dos restos que caíam da mesa do rico. Tamanho era a situação que até os cachorros vinham lamber suas feridas. Não teve enterro pomposo. Teve, sim, morte miserável, como fora miserável a vida que levou, segundo o conceito do mundo. Morreu no desamparo, sem que alguém lhe houvesse prestado assistência ou proporcionado um pouco de conforto.

O que podemos aprender desta parábola? Podemos aprender algumas lições importantes com a parábola do rico e Lázaro. A primeira é que, ao morrer, ambos os homens foram para seus destinos eternos. Eles receberam as consequências de como viveram a vida.O homem rico sofreu as consequências de seu egoísmo e falta de fé. Já o homem pobre, Lázaro, recebeu de Deus o que havia sido prometido em Sua Palavra aos que confiam n’Ele.Essa parábola nos ensina que as escolhas que fazemos em vida têm consequências eternas. Não há como reverter esta situação. Não há mudança ou alteração no além. Aprendemos que o destino eterno de cada pessoa é decidido nesta vida, e jamais poderá ser revertido na era vindoura, nem mesmo pela intervenção de Abraão. Aprendemos ainda que para obter vida eterna, o ser humano precisa viver em plena conformidade com a vontade de Deus revelada através das Escrituras.

Olhando a situação destes dois senhores, eu pergunto: Onde passarás a eternidade? No céu? No inferno? Um dos dois lugares te espera. Tu poderás passar no céu, junto de Deus, dos santos anjos e de todos aqueles que estão com o Senhor. Não precisas ir para o lugar dos tormentos. Deus te espera no céu! Isto só é possível no meditar, no crer da Palavra de Deus. Sabemos que não é fácil nesta vida conservar o rumo para o alto. Dentro de nós e fora de nós há lutas, entre o material e o espiritual, entre o terreno e o celestial, entre o tempo e a eternidade. Porém, Jesus nos mostra o caminho rumo a eternidade.  Naquela cruz no Calvário, o Filho de Deus morreu pelos nossos pecados, e depois de três dias no túmulo, Jesus Cristo ressuscitou, e apareceu a mais de quinhentas pessoas diferentes durante um período de quarenta dias! Tudo isto, o Filho de Deus realizou para que não tenhamos de passar nossa eternidade no inferno.

Estimados irmãos! O que Deus fez por nós, através de Cristo, agora, Ele nos dá o privilégio de entrar nos portais eternos de sua glória e contemplar um lugar onde não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor. Todo nosso sofrimento de hoje não existirá mais, e será transformado em uma glória jamais comparada. É um lugar totalmente puro e santo, pois lá não haverá nada que nos contamine. Estaremos num corpo glorificado e para sempre livres do pecado e da presença dele.

Portanto, cabe a nós responder a pergunta às pessoas e darmos a elas o conhecimento da salvação em Jesus Cristo. Mostrar que só encontramos a resposta nas Escrituras. Amém!

TEXTO: SL 146

TEMA: NOSSA ESPERANÇA ESTÁ NO SENHOR

Muitas pessoas vivem preocupadas, tristes e sem esperança, devido aos inúmeros fatores que assolam os seres humanos. São questões financeiras, familiares, medo ou até mesmo as dúvidas. O Salmos 146 traz um convite para que os homens busquem depositar sua esperança em Deus. Ocorre que, muitas vezes, preferimos colocar a nossa esperança nos valores transitórios deste mundo: no nosso dinheiro, nossa família, nas filosofias, nas ideologias. É mais fácil, colocarmos a nossa confiança nestas coisas do que no Senhor todo-poderoso, a quem não vemos. Cometemos um grande erro, pois não existe salvação nos homens, nos especialistas, no dinheiro, no nosso trabalho. Além disso, a nossa esperança não está príncipes e nobres, meros homens mortais e limitados. Eles não cumprem suas funções para com os necessitados, abatidos e estrangeiros. Lembre-se: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Coríntios 15.19).

No entanto, a recomendação do salmista é depositar a nossa esperança no Senhor, pois o Senhor é qualificado como o Deus de Jacó, Deus fiel, Criador e soberano sobre todas as coisas. Ele é eterno e reina para sempre. É o único Deus que merece nosso louvor, por causa das grandiosas obras que Ele fez e continua fazendo em nossas vidas! É Ele quem reina como Rei sobre Sião de geração em geração.  Somente o Senhor tem condições de cumprir as promessas, ajuda, auxilio e bem estar que as camadas mais pobres do povo precisam, tornando-se, assim, o nosso único alvo de esperança no qual devemos depositar toda a nossa confiança.

Estes são exatamente os motivos pelos quais devemos louvar ao Senhor. Quem deposita a sua confiança no Senhor é uma pessoa feliz. Nele reside a nossa única esperança neste mundo, em épocas difíceis, quando homens injustos, governantes irresponsáveis e injustiças sociais assolarem nossa vida. Portanto, vamos louvar e depositar a nossa esperança no Senhor!                                                                       

O salmista inicia o salmo com o louvor a Deus: “Louva, ó minha alma, ao Senhor.” (v.1). Contudo, ele ainda afirma que promete louvor ao Senhor por toda a sua vida, enquanto viver – ou então, “até o seu último suspiro”, (v.2) de forma perene e contínua.  Mas o que leva o salmista a louvar ao Senhor? Primeiro, precisamos entender que confiar em príncipes e nos filhos dos homens não é uma boa ajuda em épocas de grande aflição. Não há salvação. (v.3). "Até mesmo os príncipes são mortais, e alguns não têm nem mesmo meios de ajudarem a si próprios ."(Sl 118.9). Isto demonstra que o homem é frágil. Por isso, o salmista aconselha não colocarmos nossa confiança e nossa esperança em pessoas, pois não podemos ficar dependendo delas. Sendo assim, o salmista conclui que a garantia da paz do seu povo não viria de príncipes ou dos filhos dos homens, pois eles também eram mortais e sujeitos às vicissitudes da vida, perecendo como qualquer homem. O homem é pó e tornará ao pó. (v.4). O que adianta colocar nossa esperança num ser mortal, que no dia em que ele morre, todos os seus desígnios perecem?

Em contraste com a fraqueza e mortalidade do homem estão a grandeza de Deus e sua fidelidade: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no Senhor, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e mantém para sempre a sua fidelidade.” (v.5-6). Aquele que tem o Senhor como seu ajudador é uma pessoa feliz. Isto indica um prazer profundo e permanente, uma alegria imensa. É a descrição mais adequada daqueles cujo refúgio e esperança residem no Senhor. O salmista também aponta a razão para que o servo dependente e esperançoso no Senhor seja feliz ao mostrar quem é Deus. Ele deixa claro que Deus deve ser louvado pelos feitos maravilhosos que já fez. Ele fez os céus e a terra. Deus fez e mantem a sua fidelidade, ou seja, Ele sempre cumpre aquilo que se comprometeu a fazer. Já os homens não podem garantir. Por isso, coloque sua esperança no Senhor que criou todas as coisas e que mantém para sempre Sua fidelidade

Os últimos versículos (7- 9), o salmista descreve vários benefícios de Deus, em favor das pessoas mais humildes, sofridas, aflitas, oprimidas, famintas. Em outras palavras, Deus age em favor das pessoas mais vulneráveis – as pessoas que mais precisam de esperança. Primeiro, Deus é bondoso e justo. Ele faz justiça aos oprimidos, (v.7a) uma vez que vivemos num mundo cheio de opressão por causa da injustiça. Somos oprimidos pelo sistema que vivemos. São problemas financeiros, familiares, sentimentais, profissionais. Estes problemas e muitos outros, o Senhor faz justiça às pessoas que vivem oprimidas. Fazer justiça aos oprimidos quer dizer uma lei justa que protege o mais fraco, com o objetivo de buscar o direito do oprimido; de buscar sua identidade. Isto significa o seu direito de lutar, protestar contra a discriminação e encontrar o seu lugar na sociedade. É neste sentido que contamos com ajuda do nosso Deus. Não estamos sozinhos diante desta situação. O Senhor é Justo. Ele está atento a tudo o que se faz contra os seus justos, e sempre se dispõe a intervir. Deus promete fazer justiça aqueles que O buscam.

Ele dá pão aos têm fome. (v.7b). Isto significa que a justiça de Deus se concretiza no pão aos famintos, aqueles que têm fome e não possuem recursos próprios, mas dependem de alguém que possa sustentá-los. Esta atitude é a primeira condição de justiça. Nenhum plano tem sentido se deixar o povo na fome. O plano de Deus é dar pão aos famintos. Vejamos alguns exemplos: por 40 anos Deus conduziu e sustentou o povo de Israel no deserto, até chegar à terra da promessa, a terra que mana leite e mel. (Ex 16.35) Quando Elias, profeta do Senhor, estava com fome, Deus ordenou aos corvos que o sustentassem (1 Reis 17.4 e 6). Quando a multidão que seguia a Jesus estava com fome, cinco pães e dois peixes foram multiplicados para suprir as necessidades do povo (Mateus 14.19. O Deus que sustentou o seu povo é o mesmo, não mudou. Ele continua nos sustendo. Peça a Deus o que você necessita!

Ele liberta os encarcerados. (v.7c). A opção de Deus pelos oprimidos, famintos, prisioneiros, demonstra claramente a sua justiça. Ele não quer escravos. No êxodo ficou demonstrado como o Senhor rompe as correntes e liberta o povo. De maneira privilegiada esse poder foi confirmado na volta do exílio babilônico. Sem templo, sem rei e sem a terra o pequeno grupo do povo, consegue reorganizar-se para encontrar de novo sua identidade e reconstruir os seus valores. O Senhor liberta seu povo. Como é maravilhoso saber que o Ele é Nosso Libertador. Não há correntes e nem cadeias que possam resistir à força do Seu poder. Ele nos liberta dos vícios, das prisões emocionais relacionadas às mágoas, ressentimentos, dificuldade de perdoar, tristeza ou depressão. Enfim, nada prevalece diante do poder libertador do Senhor.

Ele levanta os abatidos (v.8b). Muitas pessoas estão abatidas devido aos inúmeros fatores. São questões financeiras ou familiares, ou pelo medo ou até mesmo as dúvidas que temos. Diante desta situação, Deus abre um horizonte de esperança para todos os que sofrem sob o peso da opressão e que não podem manter a dignidade de sua postura humana. O salmista nos diz que podemos contar com Deus. Ele irá nos sustentar em suas mãos. Ele irá nos levantar e nos colocar no caminho que devemos trilhar, pois é um Deus de amor, de misericórdia, de bondade, de mansidão e de perdão. Ele nunca nega o pedido de ajuda de qualquer um de seus filhos. Ele é o Deus das nossas esperanças. Ele é poderoso para nos levantar.

 Ele ama os justos. (v.8c). Os justos gozam da atenção constante do Senhor que ouve o seu clamor a qualquer tempo: “Os olhos do Senhor estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.” (Sl 34.15). “Pois tu, Senhor, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo.” (Sl 5.12). Uma das indicações da presença constante do Senhor é, exatamente, o fato de que Ele conhece o caminho dos justos. Não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos acompanha, nos adverte e nos corrige. Ele conhece o caminho do Seu povo porque Ele escolheu para este povo o caminho que ele deve andar. O que o salmista faz é encher o coração dos aflitos de esperança, enquanto enche os injustos de temor, transtornando o seu caminho. (v.9b). Literalmente o hebraico diz “entortar o caminho”, levando os a cair em ruína; morrer. Significa que aqueles que andaram segundo o caminho da sua própria vontade, e não segundo a vontade de Deus, e que viveram para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos, estes perecerão no último dia. Serão condenados ao sofrimento eterno, separados do Senhor.

Ele protege o peregrino. (v.9a): Israel passou por essa experiência. Permaneceu estrangeiro e escravo no Egito. A marca do exílio babilônico fez Israel amargar a vida como estrangeiro. Os patriarcas também foram estrangeiros em Canaã. Deus tem como objetivo recuperar os estrangeiros em seus valores, e lhes dá um lugar na sociedade. Jesus teve grande carinho para com os estrangeiros marginalizados, como demonstra seu trato com a mulher Cananéia (Mt 15.21-28), com o leproso samaritano ( Lc 17.11-19) ou na proposta a todos os que “virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29).

Ele ampara o órfão e a viúva (v. 9b): órfão e viúva formam quase sempre uma só classe na Bíblia. Estas pessoas se encontravam desprotegidas, excluídas, ignoradas, esquecidas e desamparadas na sociedade da época. Eram pessoas não gratas no conceito judaico, tanto no AT quanto o NT. Eram pessoas que mais necessitavam da bondade de Deus. E Deus sempre se preocupou de forma muito peculiar com a vida destas pessoas. (Dt 26.13). Jesus vai ao encontro delas. Ele apresenta a viúva como uma pessoa necessitada em termos de proteção e sustento, e que deve ser honrada e respeitada. Aquela viúva não só deu oferta ao templo como deu “tudo” o que tinha, tal era a sua confiança em Deus e seu abandono nas mãos daquele que era o seu Senhor. Tiago diz que “a religião pura e imaculada consiste em visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações” (Tg 1.27). Qual é a nossa atitude em relação a estas pessoas, muitas vezes, excluídas da sociedade e até mesmo da própria igreja?

Depois de todo esse panorama, uma demonstração o quanto o Senhor é bom, o salmista encerra, trazendo o último motivo para louvarmos ao Senhor. Ele afirma que o reinado de Deus é duradouro e contínuo: “O Senhor reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração.” (v.10). Deus reina por todas as gerações e o faz segundo seu poder, fidelidade, bondade e justiça.  Onde você tem colocando a sua esperança? Em você? Nos planos e sonhos do homem? Nas ideologias? Filosofias? Quando Deus é o nosso motivo de louvor sincero e consciente, não temos outros deuses diante de nós; não reverenciamos e não confiamos em nenhum outro ser ou personalidade; não depositamos nossas vidas e esperanças em outras mãos. Acima de tudo, confiamos em Deus, no Seu amor, na Sua fidelidade. Ele é a nossa esperança. Amém!


segunda-feira, 15 de setembro de 2025

 TEXTO: SL 113

TEMA:DEUS É DIGNO DE LOUVOR ACIMA DOS CÉUS E SOBRE A TERRA!

 Você já se perguntou, por que devemos louvar a Deus? Por que Deus é digno de louvor? Com certeza, teríamos muitas respostas! A Palavra de Deus nos ensina que devemos render louvor e adoração a Deus o tempo todo, porque o ser humano foi criado para louvor o nome de Deus, bem como tudo o que foi criado por Deus. Por isso, o louvor é uma forma eficaz de demonstrarmos nossa gratidão. Seja por agradecimento, misericórdia, alegria, o Senhor é digno de louvor em todo tempo em nossas vidas. Sendo assim, estamos reconhecendo, que seus feitos. Eles são maravilhosos e incontáveis.

Seja qual for o momento  pessoal de sua vida, não deixe de louvar ao Senhor. Precisamos adquirir o hábito saudável de louvar o Senhor em todo o tempo, independentemente do que estiver acontecendo ao nosso redor ou dentro de nós. Vamos exaltar todos os atributos do Deus que acreditamos e servimos. Naquele que se inclina, a fim de levantar os desprezados, rejeitados e humilhados pela sociedade. Naquele que se lembra dos indignos e necessitados, e oferece o seu grande de amor. Naquele que concede esperança para quem já não espera mais nada neste mundo, e  alegria a quem já perdeu todas as expectativas de se alegrar. Enfim, naquele que olha com amor para nós, seres pecadores, fracos e indignos. Naquele é digno de toda a honra, glória e louvor.

O salmo inicia com o convite para louvar ao Senhor. A convocação é endereçada aos servos do Senhor. Aqueles que serviam no templo, ou eram responsáveis pela música. São eles que deveriam louvar o nome do Senhor. O salmista também recomenda que o louvor deveria ser exclusivamente ao Senhor. Ele é digno de todo o louvor: louvai o nome do Senhor! (v.1). O nome do Senhor refere - se à pessoa de Deus. Nos tempos bíblicos, havia forte associação entre o nome e a identidade da pessoa. O nome simbolizava a pessoa. Assim, louvar o nome de Deus significa concentrar o pensamento no caráter de Deus. Significa que o louvor tem endereço certo: no nome do Senhor. O Senhor é único. Não há lugar para outras divindades.

 E, ainda, se torna perceptível esta recomendação, quando o salmista afirma que “o nome do Senhor, seja bendito, agora e sempre.” (v.2). Em outras palavras, o nome do Senhor é abençoado, e a sua presença confere bênção. E somente em seu nome que outros podem conferir estas bênçãos a alguém. Na verdade, o nome de Deus, a glorificação de seu poder, a manifestação de sua natureza redentora, é o centro de toda a bênção que o povo de Israel recebia, diante da aliança firmada com Deus. Já as palavras "agora e para sempre,” o salmista   usa o paralelismo para indicar o tempo que o nome do Senhor deveria ser louvado, ou seja, por toda eternidade. Se o louvor a Deus se estende pelos séculos, também se estende por toda a face da terra: “Do nascimento do sol até ao acaso, louvado seja o nome do Senhor.” (v.3). Do oriente ao ocidente nos apontam para a extensão do louvor. A necessidade de repetir continuamente o convite ao louvor, pressupõe a continuidade do culto, realizado com regular periodicidade a Deus, ou seja, o louvor deveria ser constante. Enfim, é uma expressão que visa apontar para o mundo inteiro.

Além do nome do Senhor que deveria ser louvado, o salmista, agora, revela a soberania do Senhor sobre todas as nações que cercavam e oprimiam o povo de Deus. Ele apresenta Deus como um ser que está acima de todas estas nações. Ele não se limita a certos tribos ou territórios, mas é exaltado acima de todas as nações: “Excelso é o Senhor, acima de todas as nações, e sua glória, acima dos céus”. (v.4). O termo hebraico רוּם, traduzido por excelso significa erguer, levantar, estar alto, ser elevado, ser exaltado. De fato, Ele está em um trono que se eleva acima de todos os reis e reinos do mundo. Na verdade, toda a criação, seja na terra, seja nos céus, estão abaixo do Senhor. A ideia não é exatamente de localização, mas de valor, dignidade e poder. Quando Deus revela o seu poder e santidade, a sua glória é manifestada como um fenômeno luminar, que enche o lugar com a sua presença, conforme o foi no Sinai, no deserto, no santo tabernáculo e no templo. Portanto, é a glória do Senhor que se manifesta “acima dos céus”, a morada de Deus, o firmamento, chamado de trono de Deus, e é a partir desse lugar que Ele estende a mão para realizar sua vontade na terra. E é certo que isso deve ser reconhecido por todos os povos.

Diante da exaltação do Senhor, o salmista faz uma pergunta retórica: “Quem há semelhante ao Senhor, nosso Deus, cujo trono está nas alturas, que se inclina para ver o que se passa no céu e sobre a terra? (vv.5 e 6). Ninguém é como o Senhor, nosso Deus. Não há, portanto, ninguém semelhante ao Senhor, que habita nas alturas. Ele é plenamente incomparável. Ele cuida pessoalmente de cada um de nós, se inclina para ver o que se passa sobre o céu e sobre a terra. O termo em hebraico שָׁפֵל traduzido por “inclinar” significa prostar ou abaixar, ser ou tornar-se humilde. Significa colocar-se em uma postura de facilitar a vida do que está no nível mais abaixo. Isto significa que Deus se inclina, se abaixa para atuar em nossa vida. O olhar de Deus é um agir. Neste contexto, significa dizer quão grande é a preocupação de Deus, diante dos nossos problemas e necessidades. Quem na terra seria capaz de fazer isto? Ninguém! Só mesmo o Senhor é capaz de se identificar com o sofrimento de seu povo e tomar para si mesmo a aflição. Ele se compadece dos necessitados, revela sua compaixão para com os seus e vê as aflições de seu povo. Ele não nos ignora. Pelo contrário, sempre podemos contar com seu grande amor.

Nesse sentido, a primeira ação do Deus sobre a terra é se preocupar com os homens: “Ele ergue do pó o desvalido e do monturo, o necessitado.” (v.7). O termo em hebraico דַּל, traduzido por “desvalido” significa pobre, fraco, pessoa inferior. E o termo “monturo” אְַפֹּת significa monte de cinzas, de refugo. Então, podemos afirmar que o Senhor levanta o pobre do pó e que retira o desamparado do monte de cinzas. Esta é uma demonstração o quanto Deus se preocupa com as condições que os homens vivem neste mundo. Ele transforma vidas, ergue o homem do pó, enche de esperança o coração aflito e dá uma nova posição de honra que antes não tinha. Não somente Deus tira os abatidos de sua condição desfavorável, mas também os exalta e os iguala para “assentar ao lado dos príncipes, sim, com os príncipes do seu povo.” (v.8). O termo em hebraico נָדִיב traduzido por “príncipes” significa uma pessoa nobre. Deus mostra que ele tem poder para dar um título e honra os desvalidos e desemparados, ou seja, de estar ao lado dos nobres, e ter a honra de poder governar uma nação com aqueles que exercem soberania sobre Israel.

Concluído, o salmista apresenta a última ação de Deus no versículo 9: “que faz com que a mulher estéril habite em família e seja alegre mãe de filho.” Ele mostra mais um atributo divino, que é a onipotência, ou seja, o poder supremo, capaz de realizar, aos olhos humanos o impossível, como por exemplo, dar a capacidade de uma mulher estéril gerar filhos, cuja condição, no mundo antigo, era de humilhação e tristeza. Mas ele diz também que até mesmo a estéril ficará alegre pela intervenção direta de Deus na sua vida concedendo-lhe filhos, fazendo dela uma mãe. Nas Sagradas Escrituras temos vários exemplos: Sara, Raquel, Ana, Isabel, entre outras, como inumeráveis outras mulheres anônimas deste mundo.

Deus ainda tem preparado muitas bênçãos maravilhosas para seu povo. Enquanto, vivermos neste mundo, confiamos plenamente nas suas promessas, pois  Ele se inclina até ao pó a fim de levantar ao desprezado, rejeitado e humilhado pela sociedade. Ele se lembra dos pequeninos, indignos e necessitados de amor e atenção. Ele revive a esperança de quem já não espera mais nada e dá alegria a quem já perdeu todas as expectativas de se alegrar. Ele olha com amor para nós, seres pecadores, fracos e indignos. Se você está abatido, ferido, se sentindo rejeitado, ignorado e humilhado pela vida e não consegue louvar, saiba que Deus é bendito, eterno, onipotente, onisciente e onipresente.

Portanto, temos muitas razões para louvar ao Senhor, em todo tempo da nossa vida. Por isso, meus amados, reforço o conselho do salmista: louvemos ao Senhor, a todo tempo e por toda a eternidade. Não nunca perca a oportunidade de prestar louvor ao Senhor que é digno de toda honra e glória. Não só Deus é digno de louvor como, na verdade, somente Ele deve ser adorado. Seja por agradecimento, por misericórdia ou por alegria, o Senhor é digno de louvor em todo tempo em nossas vidas. Você tem aproveitado as oportunidades de louvar a Deus? Amém.

Senhor, eu te agradeço por seres minha força. Obrigada por seres maior do que todas as dificuldades que estou enfrentando neste instante. Eu sou grata por me dares o conhecimento e a força necessária para eu poder caminhar na direção certa. Hoje, eu te louvo pelo que és para mim e por tua bondade para comigo Amém

 

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

TEXTO: EZEQUIEL 34.11-24

TEMA: O SENHOR É UM BOM PASTOR PARA O SEU POVO!

No capítulo 34 de Ezequiel, o profeta anuncia o julgamento divino contra pastores infiéis de Israel, ou seja, os governantes e líderes de Israel e, também, anuncia contra os que estavam no rebanho e adotavam atitudes prejudiciais ao bem-estar coletivo. A maioria destes pastores estavam interessados somente naquilo que as ovelhas poderiam oferecer. Consequentemente, deixaram de ensinar e orientar o rebanho. Deixaram de dizer ao povo várias exortações, e, por conseguinte, as ovelhas tornaram-se desgarradas e sem pastor.  Caminhavam sem direção e tornaram-se alvos fáceis diante dos lobos.

Hoje, encontramos muitos pastores que agem da mesma forma: dispersam, afugentam e não cuidam de suas ovelhas. Há pastores que estão mais interessados no dinheiro das ovelhas do que na salvação delas. Há pastores que mudam a mensagem para obter lucros. Pregam prosperidade e enganam o povo com mensagens tendenciosas para beneficiar-se. Há pastores fraudulentos, gananciosos, avarentos e enganadores. Deus, certamente, tratará com firmeza aqueles que não vivem, não assumem a responsabilidade como pastor e servo a serviço do rebanho do Senhor.

No entanto, se muitos pastores não demostram o cuidado para com as suas ovelhas, o próprio Deus revela as suas ações em favor das suas ovelhas, e anuncia a mensagem de esperança futura. Ele vai resgatar as suas ovelhas que estão desgarradas e vai cuidar do rebanho ao implantar o reino do Messias. Essa profecia foi cumprida em Cristo, o grande pastor das ovelhas (Jo 10.11-14). Ele é o Bom Pastor, porque cuida de nós como um pastor cuida de suas ovelhas. Ele é o Bom Pastor, porque Ele dá a vida pelas ovelhas e as ovelhas conhecem a Sua voz. 

 A palavra do Senhor veio a Ezequiel para anunciar várias exortações, especificamente, aos pastores de Israel. Ele exortou, condenou e fez duras críticas, pois em vez de apascentar o rebanho, os pastores cuidavam apenas de si mesmos: “ Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! A fraca não fortalecestes, a doente não curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza.” (vv.2-4). Ocorre que a maioria destes pastores não davam a maior importância ao cuidado das ovelhas. Eles se esquecerem das principais características de um líder temente a Deus, que deve zelar e cuidar do bem estar de suas ovelhas. Deveriam apascentar, fortalecer, buscar as ovelhas perdidas, mas não fizeram. Consequentemente, as ovelhas tornaram-se desgarradas, foram dispersas e abandonadas. Andavam desgarradas por todos os montes, e por todo alto outeiro; espalhadas por toda a face da terra.  Não tinham quem as procurasse, ou as buscasse. Eram como ovelhas sem pastor.

No entanto, o próprio Deus vai resgatar as Suas ovelhas que estão desgarradas e vai cuidar do rebanho: “Eis que eu mesmo buscarei minhas ovelhas e tomarei conta delas” (v.11). Mas o Senhor ainda olha mais longe e se apresenta como um Bom Pastor de seu povo, diferente como se apresentavam os líderes de Israel. O que Ele promete fazer pelo seu rebanho são coisas graciosas e maravilhosas. Sua forma de cuidado inclui: a busca das ovelhas e o livramento delas (v. 12); o Senhor irá introduzir as Suas ovelhas na terra onde habitavam anteriormente (v. 13); Ele irá cuidar continuamente de suas ovelhas. (v.14); e será o pastor ao oferecer um cuidado especial: “apascentarei as minhas ovelhas e as farei repousar” (v.15). E ainda: “A perdida buscarei, a desgarrada tornarei a trazer, a quebrada ligarei e a enferma fortalecerei.” (v.16). Isso, evidentemente, refere-se aos israelitas que estavam dispersos em muitos lugares, e que viviam o dia de nuvens e de escuridão, ou seja, um tempo de incerteza e medo. Sendo assim, Deus anuncia a sua misericórdia ao buscar o pecador e o constrangendo a voltar para o rebanho. E de fato. Estas palavras se cumpriram quando o povo arrependido, retornou para casa. O Senhor o regatou e restabeleceu na Terra Prometida.

Como é bom saber que o Senhor busca as suas ovelhas desgarradas, a fim de vê-las em sua presença novamente. De certa forma todos nós já fomos ovelhas perdidas. Já estivemos longe de Deus e, Ele, amorosamente, nos resgatou e nos trouxe de volta à sua presença através de seu Filho, Jesus Cristo. Ele, agora, nos oferece o verdadeiro descanso. Ele nos alivia das insuportáveis aflições e nos dá descanso, paz, e seu Espírito Santo como guia. Ele cuida de cada uma de suas ovelhas e nada nos deixa faltar. Mesmo em meio aos desertos da vida, Ele nos tira dos campos secos e nos leva em segurança para os pastos verdejantes, onde há mesa farta no deserto. Ele nos afasta das torrentes caudalosas e das corredeiras ameaçadoras e nos leva para as águas tranquilas. Deste modo podemos suportar as provações e inquietações da vida, com o auxílio e a graça de Deus. A certeza de estarmos sob o cuidado de Deus, deve nos fazer caminhar com firmeza em nossa jornada cristã!

No exercício de nossa vocação precisamos refletir sobre a grande responsabilidade do cuidado do rebanho do Senhor. Exige amor, paciência, alegria e abnegação; ordem e humildade ao conduzir as ovelhas. Por isso, aqueles que apascentam as ovelhas, devem garantir o suprimento de alimento, conduzindo as suas ovelhas em direção de bons pastos e de água fresca. No entanto, o que se observa na atualidade são alguns pastores, conduzindo as suas ovelhas para o abismo, e que não tem nada para agregar em relação ao verdadeiro conhecimento de Cristo descrito nas Escrituras Sagradas. São mercenários pelo qual trabalham para si e em função dos seus próprios interesses. Não pensam em duas vezes em querer abandonar o rebanho. Infelizmente essa é a verdade que temos visto nas igrejas de hoje.

O profeta, ao terminar a sua mensagem aos pastores, ele, agora, fala da mensagem de Deus ao seu rebanho. O Senhor o orienta a fazer diferença entre alguns e outros, separar entre o precioso e o vil; os fracos e fortes: “Quanto a vós outras, ó ovelhas minhas, assim diz o Senhor Deus: Eis que julgarei entre ovelhas e ovelhas, entre carneiros e bodes.” (v.17). Interessante as figuras que Ezequiel uso neste texto. Ele fala de bode e ovelha. São animais que possuem características bem distintas. Mas o que representa cada um? Vejamos essas diferenças: muitos bodes andam entre as ovelhas e se misturam com elas. Eles são, por natureza, briguentos, brabos, agressivos. Por isso, é preciso ter muito cuidado. As ovelhas, porém, são tranquilas, obedientes, mansas. Não conseguem viver longe do seu rebanho, e é extremamente dependente do seu pastor, pois caso se afaste é presa fácil para os lobos.

O bode é símbolo de homens desordeiros, profanos e impuros. Eles estão infiltrados no meio do rebanho. Se apresentam como cristãos genuínos, mas em seus corações não existe amor, compaixão, e qualquer senso de coletividade. Não desejam compartilhar com ninguém. Este tipo de pessoa agia como falsos líderes de Israel na época de Ezequiel. Eles, provavelmente, representavam membros das classes altas da sociedade de Jerusalém que tinham oprimido os pobres, ignorando seus direitos. Eram fortes e não davam oportunidade para os fracos, pois comiam toda a comida e nada sobrava para as ovelhas mais pequenas e frágeis. Eles também são acusados de esbanjamento e desperdício. Aquilo que não usavam, eles estragavam para que ninguém mais pudesse usar. Além disso, turvavam as águas de outros onde pisavam. (v.18). O Senhor haveria de destruir a gordura e a força destes bodes: “mas a gorda e a forte destruirei; apascentá-las-ei com justiça.” (v.16c). Na verdade, Deus se apresenta como um juiz justo, que cuida, guia, protege e também julga com justiça e retidão as suas ovelhas, diferente da forma como agiam os pastores.

Somente Deus sabe quem é realmente bode ou ovelha. Quando Jesus retornar em glória todas as pessoas, de todas as nações, tanto os justos como os ímpios, os bons e os maus, sem exceção, todos estarão diante do trono do grande Rei, a saber, Cristo. Neste dia, Ele separará uma das outras: ovelhas à sua direita e bodes à sua esquerda (Mateus 25.31-33). Com isso entendemos que a separação será clara e evidente. As ovelhas e os bodes estarão de lados opostos. Como não sabemos quando será este dia. Ele nos deu a formula do discernimento: “pelos frutos vos conhecereis. Nem todo aquele que me diz: “Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do Pai”. Em que grupo você se encaixa? Saiba que caso esteja agindo como bode, essa é a hora para mudar de lado! Jesus irá levar consigo as ovelhas, ou seja, aqueles que forem obedientes e buscarem prosseguir no propósito.

As ovelhas foram injustiçadas e feridas, e Deus não mostrará misericórdia aos pastores infiéis. No entanto, aquelas ovelhas que ouve a sua voz e segue o Bom Pastor, elas receberão a grande promessa do cuidado e proteção: “eu livrarei as minhas ovelhas, para que já não sirvam de rapina, e julgarei entre ovelhas e ovelhas” (v. 22). Além disso, o Bom Pastor tem planos gloriosos para o seu povo: “Suscitarei para elas um só pastor, e ele as apascentará; o meu servo Davi é que as apascentará; ele lhes servirá de pastor.” (v.23). Que promessa maravilhosa! Deus afirma que haveria de suscitar um só pastor que irá pascentar o seu povo, que tomaria conta de Seu povo. Governaria em paz e retidão, e ultrapassaria aquilo que se conheceu durante o governo do Davi histórico. Seria um governante ideal que asseguraria a paz para o povo Essa profecia messiânica está relacionada com a vinda de Cristo da linhagem de Davi. Em Jo 10.11-14 são utilizadas palavras que refletem as ideias principais de Ezequiel.

Ele de fato, buscou as ovelhas perdidas, trouxe de volta as desgarradas, ligou e sarou as enfermas, deixando exemplo de Bom Pastor que “dá a vida pelas ovelhas”. Sem dúvida alguma, a vida que Jesus deu, foi na cruz quando se entregou à morte espontaneamente, como resgate, como sacrifício único e completo pela culpa de todos os pecadores. Ele deu a sua vida pelas ovelhas, livrando-as da morte, trazendo o pleno perdão. Agora, devemos também, amorosamente, buscar as ovelhas perdidas que estão por esse mundo afora, pois   Jesus não rejeita as ovelhas desgarradas e nem manda embora aquelas que vêm a ele. Ele recebe pecadores! O amor de Cristo acalma qualquer coração angustiado por causa do pecado. Ele está de braços abertos esperando, chamando pelo seu nome. Ele pode curar a ferida profunda que está dentro do seu coração. Ele estende os seus braços e te chama “Vinde a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei”. É consolador saber que Deus esquece os nossos pecados e lança-os no mais profundo mar.

Estimado irmão! Talvez, você seja uma ovelha perdida, desgarrada. Esteja fora do rebanho. Lembre-se que o Bom Pastor, Ele não lhe rejeita. Ele não desiste de lhe amar. A misericórdia de Deus é infinita. Não tem medida. Vai muito além de tudo que podemos pensar e imaginar. Ele mostra que há alegria, que há uma festa no céu, quando um pecador consegue compreender esse amor e arrependido volta para o Pai. Portanto, O SENHOR é um bom pastor para o seu povo! Amém!