sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

 TEXTO: Sl 111

TEMA: LOUVEMOS AO SENHOR POR SUAS OBRAS MAGNÍFICAS!

O salmo 111 é um cântico de louvor. Ele faz parte de uma trilogia (111,112,113) que nos convida a louvar a Deus por Seu amor e bondade.  Ele foi escrito em forma de acróstico, ou seja, são organizados de modo que cada linha, ou cada série de linhas, comece com as letras sucessivas do alfabeto hebraico. Desta forma, foi projetado para caracterizar a poesia no livro, bem como para transmitir a mensagem de que o propósito dos poemas era para encorajar a meditação sobre o louvor e dar-lhe um significado.

Quanto ao conteúdo, o salmista enumera as principais obras de Deus na história de Israel e convida o povo a exaltar a Deus, reconhecendo as suas obras maravilhosasEle livrou o seu povo da mão de faraó e do domínio do Egito. Além disso, abriu diante deles o Mar Vermelho, por onde o povo passou e os sustentou por 40 anos no deserto. Portanto, havia motivos para o povo louvar a Deus pelas obras maravilhosas!

Podemos aprender muito com o salmista Davi, expressando a Deus nosso amor. Dando, glória, honra, exaltando o seu nome e adorando à sua pessoa pelo que Ele é, e em agradecimento pelas bênçãos dele recebidas. Agradecer a Deus, lembrando o que Ele fez e faz por nós, ao reconhecermos as suas obras magnificas. Eis um momento maravilhoso para louvarmos ao nosso Deus. E quando louvamos ao Senhor, estamos reconhecendo que os seus feitos em nossas vidas são maravilhosos. Por isso, somos convidados a louvar a Deus em todo tempo. No dia de paz e no dia dos conflitos. Quando há boa saúde e quando a enfermidade bate à porta. Quando o sonho se realiza e quando perdemos algo precioso. Lembrando que somente Deus é digno de louvor.

                                                               I

O salmista inicia este Salmo, demostrando um grande anseio de louvor ao Senhor diante de todos: Louvai ao Senhor! (aleluia). É uma forma de externar a sua adoração. Além disso, a determinação de louvar ao Senhor parte do coração do salmista, e se propõe ainda a participar com a congregação e  com todos os justos no momento de louvor: “De todo o coração renderei graças ao Senhor, na companhia dos justos e na assembleia.” (v.1). A expressão de todo o coração revela que a atitude do salmista não se tratava de um agradecimento formal, apenas um louvor a Deus, mas se compromete a louvar ao Senhor de todo o coração. Uma verdadeira adoração, que vem do coração, não se isenta de elevar sua voz publicamente, louvando ao Senhor no meio dos seus irmãos, ao demostrar a glória do Todo-poderoso.

Afinal, o que levou o salmista a louvar ao Senhor. Ele explica: “Grandes são as obras do Senhor, consideradas por todos os que nelas se comprazem”. (v.2). O homem tem realizado grandes obras que chamam atenção e provocam espanto e admiração. São megaprojetos em execução no mundo, com construções que possuem orçamentos exorbitantes. Mas jamais se compara com as obras que Deus tem realizado. Não há dúvida, elas são grandes e incomparáveis. Basta olharmos ao nosso redor, e somos levados a refletir sobre   a criação do universo. Desde as grandiosas galáxias dos céus até a mais delicada flor, e o menor organismo conhecido ao homem, todas estas obras refletem a magnitude de Deus, pois “em suas obras há glória e majestade”. (v.3a). Glória e majestade só podem ser atribuídas ao único Deus. A glória é exibida através de suas grandes obras, e faz o ser humano se admirar dela, maravilhar-se, assombrar-se. A Bíblia é clara sobre isso: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos.” (Sl 19.1). O universo está declarando a glória de Deus e a razão pela qual nós existimos é: vermos o universo, ficarmos maravilhados com ele e glorificamos a Deus, porque as suas obras também majestosas, expressa a ideia da grandeza de Deus, nosso Criador e Senhor. Deus criou o mundo “para que ele seja glorificado”

O salmista apresenta outro atributo de Deus: “a sua justiça permanece para sempre”. (v.3b). O salmista faz uso dessa expressão (צְדָקָה) várias vezes em nosso texto. Ele afirma que esta justiça dura eternamente. Mas já parou para pensar que nada nessa vida é permanente ou dura eternamente? Os nossos momentos mais felizes são apenas passageiros, mas por outro lado os mais tristes também não são eternos. Tudo é momentâneo, isso pode ser frustrante em alguns casos e um alívio em outros. Mas tem algo que permanece para sempre em nossas vidas: a justiça de Deus. Mas, afinal, o que é a justiça de Deus? Na verdade, estamos tão acostumados com este mundo injusto que, às vezes, nem conseguimos pensar o que é realmente a justiça de Deus. A justiça é um atributo de Deus, que significa que Ele é perfeitamente justo. Ser justo é uma qualidade fundamental da natureza de Deus. Não há qualquer injustiça em Deus e em seus feitos, pois Ele é plenamente correto e íntegro. Ele cumpre com sua palavra.

Ao longo de todo Antigo Testamento, Deus sempre foi visto como aquele que exerce a justiça. Essa justiça, no entanto, não deve ser vista somente em seu aspecto jurídico, mas no sentido de ação libertadora de Deus diante do povo que sofria opressão. Ele sempre foi fiel à aliança feita com Israel. Nisso consiste a sua justiça. A justiça de Deus, portanto, é justiça que liberta e dá vida. A justiça de Deus está ligada à sua bondade e misericórdia. Por isso, Deus projetou seus atos de salvação para serem lembrados pelo seu povo: “Ele fez memoráveis as suas maravilhas.” (v.4). Isto significa que o Senhor fez um memorial para que o povo lembrasse de suas obras maravilhosas. Por exemplo, a Páscoa foi instituída como memorial perpétua de Seus maravilhosos atos mediante os quais 1srael foi tirado do Egito (Êx 12.14). Esse conjunto de eventos e dádivas sempre era celebrado como a demonstração do poder de Deus e dos seus propósitos para o seu povo escolhido. Eles revelaram que Ele é o seu Rei, dotado dos atributos reais de glória e majestade. A verdade é que Senhor sempre foi benigno e misericordioso para com seu povo, perdoando, restaurando e preservando-o, quando merecia ser totalmente destruídos.

Israel, agora, não deve apenas se lembrar, mas também proclamar às grandes obras da salvação de Deus. O salmista recorda com gratidão essas obras maravilhosas de Deus, naqueles períodos em que Israel andava como um grupo de refugiados pelo deserto. Deus não desamparou o seu povo: “Ele deu sustento aos que o temem e lembrou sempre da sua aliança”. (v.5). O sustento, provavelmente, se refere ao maná no deserto. Durante a caminhada no deserto, o cuidado de Deus com o seu povo é tal que o leva a fazer ampla provisão para o suprimento de todos. Sua provisão de codornízes e maná no deserto foi uma demonstração da sua fidelidade em cumprir as promessas da aliança. E, assim, ao demostrar o seu cuidado e bondade ao povo, Deus nunca esqueceu da aliança que fez com Abraão e seus descendentes ou a aliança que fez com Israel no monte Sinai.

Lembrando ainda das obras de Deus, o salmista recorda a conquista da terra prometida. Primeiro, o salmista “manifesta ao seu povo o poder das suas obras.” (v.6a). A expressão כֹּחַ מַעֲשֶׂה- “poder se suas obras” - mencionado aqui, foi aquele que foi evidenciado na destruição dos egípcios e na subjugação das nações de Canaã. Após este ato, Deus concretiza o que havia prometido ao seu povo, ou seja, a promessa de uma terra rica e abençoada. E durante centenas de anos os hebreus sonhavam com a realização dessa promessa. Muitos morreram aguardando o cumprimento dela. Mas Deus cumpriu a promessas feita a Abraão, de dar uma terra e descanso à sua descendência, e o salmista    vê na posse dessa terra uma dádiva de Deus. O termo נַחֲלָה (herança) é frequentemente usada no sentido de posses, e o significado aqui é que Deus havia mostrado a grandeza de seu poder, dando ao seu povo uma terra abençoada.

                                                                        II

Como é magnífico as obras do Senhor! São obras que podemos confiar plenamente, visto que Suas obras estão repletas de “verdade e justiça”. Só o fato de ter conduzido seu povo à terra de Canaã, mostrou Sua verdade e justiça, isto é, o Senhor foi fiel às promessas. Nenhum de seus atos realizados pode ser interpretado para sustentar injustiça, fraude, engano, ambição, opressão, pois tudo o que Senhor fez, defendeu e protegeu é a “verdade.” E seus atos, portanto, podem ser considerados como uma expressão do que é verdadeiro e correto. Esta “verdade e justiça” encontramos nos seus preceitos (mandamentos). Eles são, inteiramente, dignos e confiança. Por isso, eles devem ser seguidos com retidão e fidelidade. Eles são a base para uma vida abençoada. São imutáveis e permanecem para sempre. (v.8).

Diante de tantas obras que Deus realizou, demostra o quanto foi misericordioso para com seu povo. E uma das grandes obras de Deus foi o resgate de seu povo da opressão e do pecado, fazendo isso no contexto de sua aliança: “Enviou ao seu povo a redenção; estabeleceu para sempre a sua aliança; santo e tremendo é o seu nome.” (v.9). Redenção significa recuperação de algo ou alguém mediante o pagamento de um resgate.  Ele enviou Moisés para resgatar seu povo do Egito. Vários enviou juízes para libertá-lo das mãos de seus opressores. Enviou também profetas para anunciar o retorno do cativeiro na Babilônia (Dt 7. 8; Jr 31.11). Por isso, o Deus que se revelou na história de seu povo, que estabeleceu a sua aliança para sempre é “santo e tremendo”. E foi por meio da aliança que as promessas de Deus se cumpriram na vida de seu povo. Sendo assim, não temos outros deuses diante de nós, porque reconhecemos que Ele é “santo e tremendo”. Isto significa que o Senhor nos mostra que é um Ser que deve ser reverenciado. Além disso, o Seu nome, pelo qual Ele Se revela a nós, também é santo. E nós que usamos o Seu nome, devemos faze-lo com reverência para adora-lo e glorifica-lo através de nossas vidas de santidade para com o Senhor.

Concluindo seu agradecimento pelas obras de Deus, o salmista se expressa, declara que a verdadeira sabedoria começa com o temor a Deus“O temor do Senhor é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.” (v.10). O termo יִרְאָה traduzido por “temor” traz a conotação de medo, terror, temor, coisa temerosa. Mas quando se refere a Deus, o relacionamento do homem com Deus, significa, respeito, reverência, piedade. É um respeito sincero e profundo pelo Senhor. É a maneira correta de alguém se aproximar de Deus com reverência e respeito. Esse temor é puro e permanece eternamente (Salmos 19.9). Além disso, esse temor é a própria fonte da sabedoria, pois o termo   חׇכְמָה (sabedoria) significa a arte de viver a vida na perspectiva da Palavra de Deus. Viver no centro da vontade de Deus, é tomar decisões corretas. E a única forma de chegar a ser verdadeiramente sábio é mediante o temor (reverência) a Deus.

Os primeiros cristãos caminhavam no temor do Senhor (Atos 9.31). A vida diária e a conduta deles eram determinadas pelo temor tinham a Deus. Em suas vidas práticas. eles sempre tinham o Senhor Jesus em suas mentes e andavam com Ele em seus caminhos. Esta deve ser a atitude adequada do cristão em relação ao seu criador. Aquele que teme ao Senhor é sábio e sempre o honrará, sempre dará glória a Ele, sempre andará em seus caminhos, sempre viverá por princípios. Obedecem aos seus mandamentos e são felizes, e vencedores! Tudo prospera na sua casa, no seu trabalho, na sua família. Mesmo vivendo num mundo cheio de aflições e tribulações, os que temem ao Senhor, têm paz e vida com abundancia: “Bem-aventurado aquele que teme ao SENHOR e anda nos seus caminhos! Pois comerás do trabalho das tuas mãos, feliz serás, e te irá bem” (Salmo 128.1,2).

Ocorre que muitas pessoas pensam que pode alcançar sabedoria só pela experiência que dá a vida e o conhecimento acadêmico. Isto significa ter conhecimento intelectual.  No entanto, a verdadeira sabedoria é aquela que vem do alto.  Ela é pacífica, moderada, cheia de misericórdia, de bons frutos e sem hipocrisia. Quem obedece aos mandamentos do Senhor, é uma pessoa feliz, e será atendida. Se temermos o Senhor, respeitando a Sua autoridade sobre todas as coisas, somos retribuídos com o princípio da sabedoria. O salmista afirma que aumenta o nosso entendimento. A palavra original – שׂכל – é traduzida como “entendimento”, denota ainda compreensão e sabedoria. Isto significa quem segue os preceitos(mandamentos) do Senhor terá maior compreensão. Enfim, faça as coisas relacionadas com temor ao Senhor, agindo com sabedoria para que possa ter bom entendimento dos seus mandamentos. Então, viva o melhor de Deus, sabendo que o louvor do Altíssimo permanece sempre. 

Portanto, somos convidados a louvar a Deus em todo tempo. Dando, glória, honra, exaltando o seu nome e adorando à sua pessoa pelo que Ele é, e em agradecimento pelas bênçãos dele recebidas. Agradecer a Deus, lembrando o que Ele fez e faz por nós, ao reconhecermos as suas obras magnificas. Eis um momento maravilhoso para louvarmos ao nosso Deus. E quando louvamos ao Senhor, estamos reconhecendo que os seus feitos em nossas vidas são maravilhosos. Amém!

 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2022

 

TEXTO: SL 24

TEMA: A VINDA DO REI DA GLÓRIA

 O salmo 24 é um dos hinos mais majestoso e imponente de todo o Saltério para este tempo de Advento. É um cântico litúrgico e profético escrito provavelmente por ocasião da chegada da Arca do Senhor até a tenda, preparada para ela no monte Sião (2Sm 6.1-15). Ele reflete o período que estamos vivendo, período maravilhoso que antecede o Natal. Por isso, é tempo de alegria, de espera, no qual nos orientamos nas promessas bíblicas da vinda do Rei da Glória. O Rei da Glória é o Criador de tudo. Ele tem poder de dominar sobre o universo e veio à terra como homem para realizar a obra de salvação (João 1.1 e 14). Ele veio através de Seu Filho. Jesus nasceu e morreu como homem por todos os nossos pecados, e triunfou sobre a morte. A morte não pôde detê-lo. Mas um dia o Rei da Glória, o Senhor forte e poderoso, voltará sobre as nuvens para o julgamento e o estabelecimento definitivo do seu reino. (Mt 25.31). Neste momento todos os anjos estarão com Ele e sua glória brilhará sobre tudo (Mateus 24.30).

É tempo de viver na expectativa da vinda iminente do Rei da Glória. Mas de que forma vamos receber o Rei da Glória? Abrindo as portas da nossa igreja, do nosso lar, dos nossos corações, da nossa existência, e deixar o Rei da Glória entrar.  Vamos buscar Deus com a intensidade de Jacó. Com as mãos limpas, com o coração marcado pela pureza, com uma alma que só se curva diante do Senhor e comprometido com a verdade. Vamos recebê-lo colocando todo o nosso trabalho à sua disposição, e servindo o Rei da Glória com alegria.

O salmista inicia seu cântico confirmando a declaração de domínio do Senhor sobre o mundo e seus habitantes. Ele é enfático ao declarar: “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém, o mundo e os que nele habitam.” (vv.1 e 2). De fato, tudo pertence a Deus, pois tudo foi criado por Ele, e por Ele tudo subsiste. Nele, portanto, devem estar todas as nossas expectativas. Afinal, só ele cria, mantém, faz, conduz e preserva a vida e todas as coisas, pois Ele é o Rei da Glória, o criador de tudo. Por isso, tem o direito de exercer a autoridade absoluta sobre todas as coisas. O direito de governar suas criaturas e delas dispor como lhe apraz, autoridade diante de todos os seus habitantes. Este é o Deus todo poderoso, o Deus de Jacó, o Deus da Salvação. O Deus que nos abriu caminho para subirmos ao monte. Sendo assim, diante do poder e majestade de Deus, Davi faz uma pergunta que nos leva a uma profunda reflexão: “Quem subirá ao monte do Senhor? Quem há de permanecer no seu santo lugar?” (v.3).

Vamos entender estas duas perguntas! Partimos do princípio que Jerusalém era o lugar onde estava o tabernáculo. Onde Davi erigiu para trazer a arca da aliança de seu exílio, desde os dias do sumo sacerdote Eli (1Sm 4). Jerusalém também era chamado de monte Sião, lugar onde o povo expressava seu louvor e adoração. Sendo assim, subir ao monte do Senhor e permanecer no seu santo lugar, exigia-se algo dos que o adorariam. Mas quem seria digno de entrar, ou quem seria merecedor de habitar na presença de Deus? A pergunta do salmista é importantíssima. Ela mostra que não é qualquer pessoa, de qualquer forma, sem critério nenhum, que será admitida na casa de Deus, como hóspede, sob seu teto e desfrutando da comunhão com Ele. 

Penso que este é um momento para refletirmos sobre esta pergunta, pois há muitas pessoas querendo habitar na Casa do Senhor, mas só há interesse numa religião exterior, de aparência. Apenas ocupam espaço no templo de Deus. Muitos se denominam "povo de Deus", mas nunca foram de verdade conhecidos por Deus (Mt 7.23). Cantam, pregam, oram, se reúnem, mas não possuem relacionamento com Deus. Nunca viveram a dimensão pessoal da fé. Nunca consideraram a Deus de verdade; a opinião de Deus sobre suas vidas e atitudes, sobre seus caminhos e modos de viver, sobre a forma com que se relacionam uns com os outros e com o próprio Deus.

No entanto, Davi dá-nos uma dimensão da grandeza e santidade do nosso Deus, e apresenta quatro características daquele que subirá ao monte, que pertence ao Senhor, e que permanecerá no santo lugar. Vejamos a primeira característica: “O que é limpo de mãos” (v.4a). Você já observou as suas mãos? Certamente, você conhece a importância das mãos na rotina e nas tarefas diárias. Elas são responsáveis por várias funções em nosso dia a dia. Elas expressam os mais variados sentimentos: mãos que aplaudem, acariciam, abraçam, curam, sinalizam, escrevem, abençoam. Como se observa, as nossas mãos são instrumentos de ação. Num sentido espiritual, limpar as mãos equivalia a apresentar uma vida limpa diante de Deus. Um dos requisitos cerimoniais judaicos era ter as mãos limpas. Os sacerdotes eram obrigados a lavar as mãos antes de entrarem na presença de Deus no tabernáculo e no templo (Êxodo 30.19-21). Era preciso passar por um processo de limpeza e ter uma vida limpa se quisesse estar perto do Senhor.

David nos mostra que não podemos entrar na presença de Deus com mãos impuras. O Senhor requer mãos limpas. Ter mão limpas significa não se contaminar com as várias formas de corrupção. É manter as mãos consagradas à vontade de Deus. Lembre-se que as mãos que tocam no altar do Senhor, devem estar sempre limpas quando trazemos as nossas ofertas. O seu altar nunca deve ser profanado por mãos sujas, nem por ofertas que não representem a grandeza de Deus, ou que são trazidas de uma forma descuidada. Tiago disse: “Limpe suas mãos. . . e purificai os vossos corações.” (4.8). O apóstolo Paulo falou para Timóteo: “O desejo de Deus é que todos os varões levantem as suas mãos santas, sem ira, sem mácula, sem animosidade”. (I Tm 2.8). As suas mãos estão limpas diante de Deus? Deus nos convida a lavar, purificar as nossas mãos de todo o pecado. O sangue de Jesus Cristo nos lava e nos purifica de todo o pecado (I João 1.7-9)!

Davi apresenta a segunda característica: “ser puro de coração” (v.4b). O termo לֵבָב (coração) abrange todos os aspectos humano, tanto mental quanto emocional, como pensamentos e desejos. Este coração, que Deus havia criado à sua própria imagem, em perfeição, santidade e retidão foi dilacerado e corrompido pelo pecado. Petrificou e tornou-se frio. Quando Davi passou a olhar para o seu coração, cheio de adultério, de traição, de crime que ele havia cometido, aprendeu que não era de qualquer forma que se entra na Casa do Senhor, na presença do Deus Altíssimo. Era preciso ser puro, limpo, sincero, sem pretensões de vantagens próprias, não segundo nossa própria vontade e desígnio. Por isso, mãos limpas e coração puro são características essenciais para alguém que almeja entrar Casa do Senhor,

Mas como podemos ter um coração puro, um coração que agrade ao Senhor, mesmo tendo nossos pecados, nossos defeitos, nossas fraquezas? Na verdade, precisamos buscar aquele que pode tirar o coração de carne e substituí-lo por um coração temente a Deus. Recorrer a Cristo com a súplica: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pobre pecador. Deixar-se purificar pelo sangue do Salvador. Orar diariamente e fervorosamente, como fez Davi no salmo 51: “Ó Deus, lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado; cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova dentro em mim um espírito inabalável”.

O salmista apresenta a terceira característica: “que não entrega a sua alma à falsidade”. (v.4c). O termo נֶפֶשׁ (alma) significa racionalidade, pensamento, personalidade, caráter. Entregar a alma significa desejar, apegar-se. Já o termo שָׁוְא (falsidade) significa mentira, vaidade, inutilidade. Em resumo é uma atitude que não é verdadeira, ou uma atitude em que há mentira. Esta triste realidade está presente na atual sociedade, que se encontra mergulhada na mentira e na falsidade em todas as áreas dos nossos relacionamentos. Falsidade na política, na justiça, na mídia em geral com tantas notícias e propagandas enganosas, na economia, em nosso local de trabalho, muitas vezes, até em nossos relacionamentos familiares e dentro das igrejas.

Não devemos nos entregar a falsidade, esta é a recomendação do salmista. Como cristãos devemos ter cuidado com as “vaidades da vida”. Não devemos gastar nosso tempo, ou ser dominado por aquilo que é vão, fútil e não edifica espiritualmente. Como cristãos devemos permanecer na verdade, pois a libertação de todas as falsidades vem pelo conhecimento da verdade (João 8.32). Lemos em Efésios 4.25 que devemos falar a verdade. Isto porque a falsidade destrói, mas a verdade edifica. Se formos verdadeiros, teremos relacionamentos agradáveis com Deus e o nosso próximo. Deus é único e verdadeiro, é por essa razão que nos receberá no seu santuário. Mas somente quem não entrega a sua alma à falsidade, que não é vaidoso, que não se dedica à adoração de um ídolo, ou não deseja as coisas vãs desta vida, como honra, riquezas, prazeres.

O salmista apresenta a quarta característica: “nem jura dolosamente” (v.4d). O termo מִרְמָה (dolosamente) significa traição, engano. Isto significa que “jurar dolosamente” é uma forma enganosa, mentirosa, dolosa contra as pessoas. É uma conduta que leva as pessoas a viverem, fazendo falsas promessas e falando leviandades, sem medir as consequências. Por isso, subirá ao monte aquele que não jura enganosamente, que não precisa de juramento para confirmar a exatidão de suas palavras, pessoas em quem podemos confiar, que fala sempre a verdade. Precisamos estar comprometidos com a verdade. O apostolo Pedro afirma: "...Refreie a sua língua... Evite que os seus lábios falem dolosamente" (1 Pe 3.10)

Aqueles que agirem em conformidade com estes pré-requisitos, ou seja, vivem uma vida consagrada a Deus, “subirá ao monte e permanecerá no seu santo lugar.” No entanto, precisamos compreender que, entrar e permanecer na presença de Deus, não nos é assegurada por causa das nossas boas obras, não porque somos bons, não pela nossa força. Mas única e exclusivamente por causa do sangue de Cristo que foi vertido na cruz, que nos liberta, nos livra do poder e domínio do pecado, e que nos assegura o direito de entrar na presença de Deus. Sendo assim, quem permanecer na presença do Senhor, receberá algo maravilhoso do nosso Deus: בְּרָכָה (bênção) e צְדָקָה (justiça). (v 5). Deus derrama graça de forma abundante sobre nós e nos abençoa de forma transbordante, para que possamos repartir aquilo que recebemos do nosso Deus. Ele também nos concede justiça, porque é justo, fiel, reto e não comete erros (Êxodo 9.27; Deuteronômio 32.4). O próprio Deus fala sobre Sua justiça: “... Eu sou o Senhor, que falo a justiça e anuncio coisas retas” (Isaías 45.19). Portanto, aquele que não recebe o Senhor com falsidade, mentira, etc., mas recebe com verdade, sinceridade, arrependimento, fé, este receberá: bênção e justiça (misericórdia) da salvação do Senhor.

Esta é a ação de um Deus fiel para com aqueles que buscam a sua face. A expressão face no hebraico é פָּנִים, se refere a presença de Deus, ou seja, buscar a presença de Deus na mesma intensidade que Jacó. (v.6). Na verdade, o que Deus requer é uma geração de pessoas comprometidas com o verdadeiro louvor a Deus, um louvor puro e sincero, uma consagração constante, uma santificação e separação do pecado. Enfim, quem vai estar, de fato, na presença de Deus é quem O está buscando na mesma intensidade de Jacó. Lembrando da luta de Jacó com o Anjo do Senhor em Peniel para receber uma bênção do Senhor (Gênesis 32.24-32).

Há uma transição repentina, uma nova cena introduzida a partir do versículo 7. Podemos imaginar que o cortejo tenha agora alcançado às portas da cidade. Davi ao conduzir a Arca da Aliança, prestes a entrar, clama: “Levantai, ó portas as vossas cabeças; levantai-vos, ó portais eternos, para que entre o Rei da Glória” (v.7). O verbo hebraico נָשָׂא (levantar) significa um sinal de respeito. É uma forma de reconhecimento de que àquele que adentrou é digno de reverência. É uma convocação para que todos os que estão nas portas se levantem em sinal de reverência devido à chegada do Rei da Glória. E o termo שַׁעַר (porta) lembra os tempos antigos quando as cidades fortificadas possuíam portas. Eram portais grandes, colocados em pontos estratégicos nos muros que rodeavam a cidade. Em caso de ataque inimigo, as portas eram fechadas, e das muralhas as sentinelas protegiam a cidade. Já a expressão רֹאשׁ no hebraico é usada com frequência nas Escrituras com referência a palavra cabeça, mas também significa chefe ou líderes.

Quando o texto afirma “Levantai, ó portas, as vossas cabeças”, está conclamando todos os líderes, a se colocarem de pé para adorar e reverenciar Aquele que está chegando. Deus resolveu fazer morada na cidade de Davi. Não foram as portas da cidade simplesmente que foram abertas para receber o Rei da Glória, mas os portais eternos permitiram que Deus entrasse naquela cidade. O texto propõe que as portas se abram porque o Rei está vindo e não será impedido. Ele é forte e poderoso e nenhuma porta pode resistir a sua chegada. Ele vence todas as batalhas. Ele é poderoso e tomou a decisão de que fazer morada naquela cidade. Sendo assim, o salmista anuncia um acontecimento glorioso. Enquanto, se alegrava ao conduzir a arca, ele gritava: "Quem é o Rei da glória?” A resposta do povo: “O Senhor, forte e poderoso, o Senhor, poderoso nas batalhas “(v.8). O Senhor dos exércitos, ele é o Rei da glória". (v 10). 

Estimados irmãos! Estamos na época de advento, e no próximo domingo vamos comemorar o Natal. Vamos celebrar a vinda do Messias. O Messias que vem para reinar, a quem Davi aguardava. Ele será diferente dos reis da época em que os servos honravam, respeitavam reverenciavam. Ele é o verdadeiro Rei, o verdadeiro Senhor de Israel e de Jerusalém. É Ele quem dá à vida, a percepção mais profunda do que realmente importa: viver para a glória de Deus.

Mas como vamos receber o Rei da Glória? Vamos abrir não só as portas da nossa igreja e do nosso lar, mas principalmente as portas de nossos corações. Abrir as portas da nossa existência e deixar o Rei da Glória entrar. Ele quer reinar em nossas vidas, em nosso lar. Vamos buscar Deus com a intensidade de Jacó. Com as mãos limpas de culpa, com o coração marcado pela pureza, com uma alma que só se curva diante do Senhor e comprometido com a verdade. Vamos recebê-lo colocando todo o nosso trabalho à sua disposição, e servindo Rei da Glória com alegria. Amém.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

 

TEXTO: MT 1.18-25

TEMA: DEUS ESTÁ CONOSCO!

Hoje, estamos comemorando o quarto Domingo no Advento. Foram quatro semanas de preparação para celebrarmos a vinda do Messias, ou seja, é o momento quando a Igreja se prepara para o nascimento de Jesus Cristo, partilhando a fé e a esperança nas promessas de Deus, e ao mesmo tempo aguardando o Seu retorno. Logo mais, vamos celebrar o Natal. E a mensagem para este quarto Domingo no Advento são as palavras do evangelho de Mateus 1.18-24, que nos assegura que a promessa fora cumprida.

O natal está se aproximando e certamente concordamos que estamos vivendo numa época de cidades enfeitadas com luzinhas de todas as cores. De lojas enfeitadas, de propagandas de produtos nos jornais, nos rádios e nas televisões, de intenso comércio, de bebedeiras e comilanças. Mas alguém pergunta: isso tudo por um acaso não representa, não recorda, não lembra o natal? Sim, lembra e pode até representar, mas não é o natal! E por quê? Porque o verdadeiro Natal é uma algo bem diferente, mais bonito, mais sublime e importante. O verdadeiro Natal significa e deve significar que Deus está conosco: no seu Filho que Ele nos deu e no seu Filho que nos leva a Ele.

Ao relatar o nascimento de Jesus, Mateus conta que José esteve preocupado com sua esposa, quando percebeu que ela estava grávida e que o filho esperado não era seu. Foi um momento dramático em sua vida. Respaldado pela lei judaica, conforme Deuteronômio 24.1, ele poderia divorciar-se formalmente de Maria, alegando a infidelidade dela, uma vez que eles já tinham feito uma aliança matrimonial. Embora ainda não tivessem consumado o casamento, ele poderia ter tomado público o divórcio, ou ter feito isso de uma forma mais discreta na presença de testemunhas.

No entanto, José não teve este procedimento. Ele era justo e piedoso. Em toda a narração bíblica, ele é visto como alguém submisso, tranquilo, diligente em silêncio, fazendo a sua parte com dedicação e eficiência.  Esta sua característica humilde e discreta está registrada, conforme lemos no versículo 19: “E como José, seu esposo, era justo, e não a queria infamar, intentou deixá-la secretamente.” Ele não quis expor ou prejudicar Maria, por isso, preferiu deixá-la.  Resolveu deixá-la para que não fosse acusada de adultério. Ele entendia que aquela mulher era muito especial. Portanto, soube discernir a situação e a tomou como esposa.

Enquanto refletia sobres estas questões, José foi avisado em sonho, sobre o que estava lhe perturbando: Assim diz o anjo do Senhor: “José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos pecados deles.” (vv. 20 e 21). A ordem do anjo do Senhor é para que ele entendesse que a profecia do Messias se cumpria na sua vida e na vida de sua esposa: “Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (vv.22 e 23).

Esta profecia fora dita pelo profeta Isaías cerca de 700 anos. E Deus prometera e a promessa se cumpriu no dia de Natal. Ele nos amou tanto que nos deu Seu único Filho! Mas por que veio? Para que veio?  Antes de Deus nos visitar, entrar e ficar conosco, nós não podíamos chegar até Deus e estar com Ele. Havia uma barreira intransponível. Uma ponte quebrada. O homem pecou e se afastou de Deus. Separou-se de Deus. Andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo caminho, mas o Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos (Is. 53.6). Estávamos trilhando o caminho errado. O caminho da perdição. Se não fosse o próprio Deus intervir em sua graciosa obra redentora em Cristo, jamais poderíamos qualquer dia de nossa vida, chegar a Deus. Não existiria o natal. Não estaríamos hoje aqui reunidos para orar, louvar e cantar ao nosso Deus.

As Escrituras nos revelam o motivo da sua vinda. O evangelista João responde com incrível clareza: “porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porquanto Deus enviou seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas para o mundo fosse salvo por Ele. Quem nele crê não é julgado; o que não crê já está julgado...” (Jo 3.16-18). Eis a resposta: Ele veio para nos salvar, para nos redimir, para nos libertar dos nossos pecados. Ele veio para nos reconciliar com Deus e nos dar a vida eterna. Portanto, na presença de Jesus, as cadeias que nos prendem são despedaçadas, os grilhões quebrados, toda dominação das trevas cai por terra, toda arma forjada contra nós não prospera. Na presença de Jesus nossa iniquidade é arrancada de dentro e nossas transgressões são transformadas em novas bênçãos. Quem está em Cristo é definitivamente uma nova criação.

Esta é a grande mensagem do Natal. Mas uma visita que o homem não valorizou e nem valoriza hoje. Os homens procuram por todos os meios esquecer, negligenciar, deturpar a visita de Deus e o seu profundo significado.  Procuram esquecer em festejos materiais. Em afirmar que Deus “morreu”. Em construir o céu aqui na terra. Aonde chegará o homem com tudo isso? Por isso, hoje somente há Natal nos corações de quem totalmente creem que Deus está conosco, pois o “verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.

 De fato, o Deus conosco habitou entre nós. Ele chegou a este mundo. Neste mesmo lugar em que moramos, plantamos, construímos nossas casas e esta Igreja. Ele esteve presente entre nós, encarnado na natureza humana através de seu Filho. Nele Deus se revelou como aquele mesmo Deus fiel que acompanhou Abraão, Isaque e Jacó: um Deus solidário, que foi ao encontro das necessidades dos seus para lhes tirar as amarras do medo, da opressão, da escravidão e para conduzi-los nos caminhos da liberdade. Ele veio e cumpriu com sua missão. Agora, por meio de Jesus temos acesso a Deus.

Bíblia nos ensina que não há outro caminho que nos leva ao Pai, a não ser através de Cristo. Jesus diz em João 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim.” Jesus é o único caminho para se chegar a Deus. Somente através de Jesus Cristo alguém consegue ter um encontro com o Pai. Portanto, Cristo é o caminho para Deus. Não nasceu nem nascerá outro redentor. Ele é a única esperança. Ele mesmo diz: Sem mim nada podeis fazer. (João 15.5). E é o próprio Cristo que testificou esta verdade em João 12.44-46: E Jesus chamou dizendo: “Quem crê em mim, crê não em mim, mas naquele que me enviou. Eu vim como luz para todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.”

Deus está conosco. Em sua companhia podemos caminhar confiantes e esperançosos, ainda que as muitas circunstâncias da vida queiram nos obrigar a desanimar e desistir do caminho que nos conduz à sua presença. Ele está conosco no seu Filho que nos leva a Ele. Esta é a verdadeira mensagem que devemos proclamar. Deve ser o nosso Natal. O Natal não deve apenas representar para nós uma bela história, mas também um momento para refletirmos acerca da nossa comunhão com o Deus conosco, pois Deus é o centro de toda a nossa vida. Sendo assim, celebrar o Natal é celebrar que Deus está conosco, na pessoa de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. Esta deve ser a nossa verdadeira alegria, pois o anjo disse aos pastores em Belém: Não temais: “Eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo.” (Lc 2.10).

Portanto, deixemos de lado as celebrações materiais e louvemos neste Natal e em todos os momentos da nossa vida, o Emanuel, o Deus conosco, o Deus Salvador. Que possamos nos alegrar mais uma vez com o nascimento de Jesus e a salvação que ele trouxe e oferece ao mundo para todas as pessoas. Que possamos recebê-lo em nossas vidas, aceitando a proximidade do Deus Conosco que virá com todo esplendor. Amém

quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

 

TEXTO: TG 5.7-11

TEMA: SEJAMOS PACIENTES ATÉ A VINDA DE JESUS!

 Vivemos numa sociedade imediatista, ou seja, as pessoas esperam que eventos ou informações, como notícias, ocorram de forma imediata. E quando não conseguem atingir os seus objetivos, ficam aflitas, e, muitas vezes, acabam perdendo a paciência. São momentos quando as pessoas não encontram um emprego, quando o carro não funciona, quando encontram um trânsito congestionado, quando sentem uma dor física insuportável, etc. São tantas adversidades que, às vezes, as pessoas não conseguem controlar a sua paciência.  Então, podemos concluir que o ser humano de hoje são imediatistas e não possuem muita paciência para esperarem o tempo de determinadas coisas.

Diante destas situações, que geram tanto sofrimento, vamos entender o que é paciência. Paciência é a virtude de permanecer firme diante da dificuldade. É esperar, suportar, manter o ânimo otimista em meio ao colapso. É ter disposição que não se abater nem mesmo diante das piores catástrofes da vida. Suportar com paciência, esta é a recomendação de Tiago! Mas até quando? Por quanto tempo? Ele responde: até a vinda do Senhor! O que Tiago está dizendo é que a vinda do Senhor porá um fim a tudo isso. Já que Deus irá intervir para trazer solução às injustiças sofridas pelos justos. Sendo assim, ao sofredor cabe a prática da paciência. Ele deve exercer a paciência sem desanimar, isto é, não importa o quanto a situação perdure, deve ter paciência até a vinda do Senhor.

No entanto, já se passaram muitos anos depois que a vinda do Senhor foi anunciada. E diante desta demora alguns duvidam da validade das palavras de Jesus acerca de sua volta. Mas qual deve ser a atitude do cristão com respeito a esta demora? Tiago nos alerta a não desanimarmos, vivendo sempre na expectativa de que o Senhor irá se manifestar a qualquer momento. Enquanto aguardamos, devemos fortalecer o nosso coração. Perseverar na fé em Cristo em toda e qualquer situação. Por isso, sejamos pacientes até a vinda de Jesus!

Tiago exorta seus irmãos a terem paciência diante dos sofrimentos, humilhações injustiças e opressões impostas pelos ricos que os maltratavam. (Tg 5.1-6). Ele afirma: “Sede, pois, pacientes, até a vinda do Senhor.” (v.7a). Neste versículo, Tiago usa o termo grego μακροθυμέω para definir sobre a paciência. Significa esperar, suportar, manter o ânimo otimista em meio ao colapso. É ter disposição, não se abater nem mesmo diante das piores catástrofes da vida. Essa é uma virtude que todos aqueles que se declaram cristãos verdadeiros, devem manifestar em suas vidas. O apóstolo Paulo repetidamente ordenou aos cristãos a terem paciência uns para com os outros. Ele instruiu os cristãos de Éfeso a que andassem de modo “digno da vocação com que fostes chamados, com toda a humildade e mansidão, com longanimidade (paciência), suportando-vos uns aos outros em amor, procurando diligentemente guardar a unidade do Espírito no vínculo da paz.” (Ef 4.1-3). Escrevendo a Timóteo, Paulo mostrou o exemplo: “e ao servo do Senhor não convém contender, mas sim ser brando para com todos, apto para ensinar, paciente; corrigindo com mansidão os que resistem”. (2Tm 2.24,25).

Tiago exorta os cristãos a serem pacientes. Ao analisarmos o contexto, ele está reprovando aqueles ricos, provavelmente são descrentes, que estavam adquirindo suas riquezas por meio de fraude. Eles estavam se enriquecendo de uma maneira ilícita. Diante desta situação, alguns fiéis começaram a duvidar da volta do Senhor. Ficaram impacientes ao esperar esta vinda, pois para eles, parecia uma eternidade. É evidente que isto não deveria servir de desculpas para possíveis desesperanças, uma vez que Cristo está às portas para julgá-los. (v.9b). Por isso, deveriam se preocupar com a vinda do Senhor. Ela é o momento mais esperado pelos cristãos de todas as partes do mundo. Todos os crentes fiéis desejam muito que o Senhor Jesus Cristo volte logo e os leve para o lar Celestial, a morada de Deus.

Enquanto aguardamos a volta do Senhor, Tiago admoesta os cristãos a manterem uma atitude de paciência. Ele nos ensina que a demora no aparecimento de Cristo, pode levar os homens a duvidarem, e que Jesus jamais voltará. Por isso, o apóstolo Pedro sentiu a necessidade de escrever aos crentes a respeito deste assunto. Ele diz na sua segunda carta 3.8: “Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia”. Pedro exorta os fiéis a entenderem os caminhos de Deus são diferentes dos caminhos dos homens. E afirma que mil anos para Deus é como um dia. Para nós talvez possa parecer muito demorada a volta de Cristo.

Diante da admoestação de manter uma atitude de paciência, Tiago escreve para aqueles fiéis a não desanimar, não perder as esperanças na volta do Senhor. Para exemplificar esta paciência, Tiago se utiliza de uma figura bastante comum em sua época, o lavrador: “Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.” (v.7b). O que o lavrador faz em seu trabalho? Ele prepara a terra para o plantio. Há todo um preparo e um esforço por parte do lavrador. Depois de lavrar a terra, ele começa a semeá-la. Então, ele fica esperando com paciência que a terra produza o precioso fruto do qual depende a sua vida aqui na terra. Ele espera as primeiras e as últimas chuvas. As primeiras chuvas eram ansiosamente aguardadas para fazer germinar as sementes plantadas. As últimas chuvas serviam para amadurecer o fruto precioso.

Para o lavrador, era o seu trabalho um momento de paciência ao receber o precioso fruto da terra. Ele aguardava, pacientemente, e não se deixava desanimar. É através desta paciência que Tiago compara a nossa espera pela vinda de Cristo. Mas de que forma? Tiago afirma: “Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima.” (v.8). Ele recomenda que devemos nos manter firmes, sermos pacientes e aguardarmos com calma a sua vinda, pois Ele não tardará, voltará, e tudo será transformado. Enquanto, aguardamos, é preciso aprender a esperar e a perseverar em fé. Por isso, devemos fortalecer o nosso coração. O termo στηρίζω (fortalecer) no grego significa tornar firme, estável, apoiar, permanecer. Isso significa que a paciência é aperfeiçoada numa vida que se fortalece. E como ocorre isto? Colocando o coração nas mãos do Senhor. E Ele quem fortalece a nossa vida para suportarmos as batalhas. O Escritor aos Hebreus diz: “É bom que o nosso coração seja fortalecido pela graça” (Hb. 13.9).

Tiago exorta os irmãos, aqueles pobres que sofriam a extorsão por parte dos ricos. Eles estavam se queixando dos mesmos. Tiago já havia falado sobre este assunto, no verso 11 do capítulo 4. Ele agora, fala novamente: “Irmãos, não vos queixeis uns dos outros…”. (v.9a)”. O verbo queixar, no grego, carrega o sentido de gemer, suspirar, lamentar e murmurar. Desta forma, a frase “não vos queixeis”, indica um momento quando se perde a paciência, e começam as queixas e murmurações contra o irmão. Mas, por que   não devemos nos queixar uns dos outros, perguntariam os justos a Tiago? Tiago responde no mesmo verso 9b: “para não serdes julgados.” Sendo assim, quem se queixa, julga as atitudes de outros. Neste sentido, Tiago assevera que tal pessoa não pode esperar outra coisa senão o juízo, haja vista ter assumido a condição de juiz.

Vamos refletir sobre este assunto! O ato de viver murmurando. queixando, reclamando, contra os nossos irmãos, também pode nos condenar. E para que não sejamos julgados e condenados na volta de Cristo, preparemo-nos! De que forma? Examinando o nosso comportamento, pois Cristo está se aproximando.  Como se Ele estivesse em frente da porta de uma casa, preste a bater: “Eis que o juiz está às portas.” (v.9c). O versículo expressa o sentido de chegada a qualquer momento. E aqui se refere a Jesus, a quem, pela vontade do Pai, foi constituído como único Juiz (João 5.22). De fato, Cristo está se aproximando.

 Enquanto, aguardamos vamos colocar em prática o nosso relacionamento com os irmãos!   Ao invés de murmurarmos, lamentarmos e de nos queixarmos contra nossos irmãos, devemos suportá-los em amor e ajuda-los a levar a carga uns dos outros, conforme (Gálatas 6.2). Lembre-se que o nosso modo de viver como cristão, em qualquer situação, deve ser sempre aquele que demonstre o amor fraternal, o qual impede a manifestação de queixa contra os irmãos. Se o cristão não vive como Jesus ensinou em sua Palavra, mas vive desprezando o seu irmão, consequentemente, não demonstra o amor de Jesus em sua vida. Por isso, vivamos como filhos de Deus. Aguardando com paciência a volta de nosso Senhor e suportando uns aos outros sem se queixar. Suportando em amor conforme a vontade de Jesus Cristo.

Após esta advertência, Tiago lembra o exemplo dos profetas: “Irmãos, tomai por modelo no sofrimento e na paciência os profetas, os quais falaram em nome do Senhor.” (v.10). Ele nos exorta, nesta caminhada de paciência pela volta do Senhor Jesus Cristo, a olhar para as Escrituras Sagradas. Mais, precisamente, o Antigo Testamento. Ele cita dois exemplos para a nossa vida. O primeiro exemplo são os profetas. Ele diz aos seus irmãos que eles deveriam observar sofrimento e paciência dos profetas. Homens que foram ungidos por Deus para falar ao povo sobre a aliança. Eles enfrentaram os mais diversos tipos de sofrimentos. Profetas, como Elias desenvolveu seu trabalho sob perseguições, sofrimentos, martírio e rejeição. Jeremias foi chicoteado, lançado em uma cisterna. Porém, todos eles têm algo em comum. É que em meio ao sofrimento não abandonaram a sua fé no Senhor. Mas com paciência perseveraram até o fim. Este é o modelo que o Senhor quer que imitemos nos profetas.

Tiago também usa o exemplo de Jó: “Eis que temos por felizes os que perseveraram firmes. Tendes ouvido da paciência de Jó e vistes que fim o Senhor lhe deu; porque o Senhor é cheio de terna misericórdia e compassivo.” (v.11). Jó foi um exemplo de firmeza na tribulação. Mesmo reclamando amargamente do tratamento que Deus lhe dispensava, ele nunca abandonou a sua fé. No meio da incompreensão, ele se apagou em Deus e continuou a esperar. Ele lutou e questionou, e, algumas vezes, até desafiou, mas a chama da fé nunca se apagou em seu coração. A firmeza de Jó foi recompensada. Tiago lembrou seus ouvintes dizendo: “e vistes que fim o Senhor lhe deu.” Aqui o apóstolo lembra a restauração da sua família e fortuna (Jó 42.13). Por trás dos sofrimentos havia um propósito divino (Jó 42.5,6). Da mesma forma que Deus recompensou a fidelidade dos profetas e do próprio Jó. Assim, também promete recompensar aqueles que permanecem firmes nas tribulações. Tiago diz que felizes são os perseveram. O objetivo de Tiago é incentivar nos cristãos uma firmeza fiel e paciente na aflição.

Estimados irmãos! Como é bom saber que em Cristo é possível ser paciente. Como é bom saber que Ele fortalece os nossos corações. Como é bom saber que Ele nos dá condições de perseverar. Como é bom saber que o nosso Deus é um Deus cheio de compaixão e de misericórdia! Por isso precisamos aprender a esperar e ser pacientes para vencer cada batalha em nossas vidas. Amém!

 

domingo, 4 de dezembro de 2022

 TEXTO: SL 146

TEMA: NOSSA ESPERANÇA ESTÁ NO SENHOR

Muitas pessoas vivem preocupadas, tristes e sem esperança, devido aos inúmeros fatores que assolam os seres humanos. São questões financeiras, familiares, medo ou até mesmo as dúvidas. O Salmos 146 traz um convite para que os homens busquem depositar sua esperança em Deus. Ocorre que, muitas vezes, preferimos colocar a nossa esperança nos valores transitórios deste mundo: no nosso dinheiro, nossa família, nas filosofias, nas ideologias. É mais fácil, colocarmos a nossa confiança nestas coisas do que no Senhor todo-poderoso, a quem não vemos. Cometemos um grande erro, pois não existe salvação nos homens, nos especialistas, no dinheiro, no nosso trabalho. Além disso, a nossa esperança não está príncipes e nobres, meros homens mortais e limitados. Eles não cumprem suas funções para com os necessitados, abatidos e estrangeiros. Lembre-se: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens.” (1 Coríntios 15.19).

No entanto, a recomendação do salmista é depositar a nossa esperança no Senhor, pois o Senhor é qualificado como o Deus de Jacó, Deus fiel, Criador e soberano sobre todas as coisas. Ele é eterno e reina para sempre. É o único Deus que merece nosso louvor, por causa das grandiosas obras que Ele fez e continua fazendo em nossas vidas! É Ele quem reina como Rei sobre Sião de geração em geração.  Somente o Senhor tem condições de cumprir as promessas, ajuda, auxilio e bem estar que as camadas mais pobres do povo precisam, tornando-se, assim, o nosso único alvo de esperança no qual devemos depositar toda a nossa confiança.

Estes são exatamente os motivos pelos quais devemos louvar ao Senhor. Quem deposita a sua confiança no Senhor é uma pessoa feliz. Nele reside a nossa única esperança neste mundo, em épocas difíceis, quando homens injustos, governantes irresponsáveis e injustiças sociais assolarem nossa vida. Portanto, vamos louvar e depositar a nossa esperança no Senhor!                                                                       

O salmista inicia o salmo com o louvor a Deus: “Louva, ó minha alma, ao SENHOR.” (v.1). Contudo, ele ainda afirma que promete louvor ao SENHOR por toda a sua vida, enquanto viver – ou então, “até o seu último suspiro”, (v.2) de forma perene e contínua.  Mas o que leva o salmista a louvar ao Senhor? Primeiro, precisamos entender que confiar em príncipes e nos filhos dos homens não é uma boa ajuda em épocas de grande aflição. Não há salvação. (v.3). "Até mesmo os príncipes são mortais, e alguns não têm nem mesmo meios de ajudarem a si próprios ."(Sl 118.9). Isto demonstra que o homem é frágil. Por isso, o salmista aconselha não colocarmos nossa confiança e nossa esperança em pessoas, pois não podemos ficar dependendo delas. Sendo assim, o salmista conclui que a garantia da paz do seu povo não viria de príncipes ou dos filhos dos homens, pois eles também eram mortais e sujeitos às vicissitudes da vida, perecendo como qualquer homem. O homem é pó e tornará ao pó. (v.4). O que adianta colocar nossa esperança num ser mortal, que no dia em que ele morre, todos os seus desígnios perecem?

Em contraste com a fraqueza e mortalidade do homem estão a grandeza de Deus e sua fidelidade: “Bem-aventurado aquele que tem o Deus de Jacó por seu auxílio, cuja esperança está no SENHOR, seu Deus, que fez os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e mantém para sempre a sua fidelidade.” (v.5-6). Aquele que tem o Senhor como seu ajudador é uma pessoa feliz. Isto indica um prazer profundo e permanente, uma alegria imensa. É a descrição mais adequada daqueles cujo refúgio e esperança residem no Senhor. O salmista também aponta a razão para que o servo dependente e esperançoso no Senhor seja feliz ao mostrar quem é Deus. Ele deixa claro que Deus deve ser louvado pelos feitos maravilhosos que já fez. Ele fez os céus e a terra. Deus fez e mantem a sua fidelidade, ou seja, Ele sempre cumpre aquilo que se comprometeu a fazer. Já os homens não podem garantir. Por isso, coloque sua esperança no Senhor que criou todas as coisas e que mantém para sempre Sua fidelidade

Os últimos versículos (7- 9), o salmista descreve vários benefícios de Deus, em favor das pessoas mais humildes, sofridas, aflitas, oprimidas, famintas. Em outras palavras, Deus age em favor das pessoas mais vulneráveis – as pessoas que mais precisam de esperança. Primeiro, Deus é bondoso e justo. Ele faz justiça aos oprimidos, (v.7a) uma vez que vivemos num mundo cheio de opressão por causa da injustiça. Somos oprimidos pelo sistema que vivemos. São problemas financeiros, familiares, sentimentais, profissionais. Estes problemas e muitos outros, o SENHOR faz justiça às pessoas que vivem oprimidas. Fazer justiça aos oprimidos quer dizer uma lei justa que protege o mais fraco, com o objetivo de buscar o direito do oprimido; de buscar sua identidade. Isto significa o seu direito de lutar, protestar contra a discriminação e encontrar o seu lugar na sociedade. É neste sentido que contamos com ajuda do nosso Deus. Não estamos sozinhos diante desta situação. O Senhor é Justo. Ele está atento a tudo o que se faz contra os seus justos, e sempre se dispõe a intervir. Deus promete fazer justiça aqueles que O buscam.

Ele dá pão aos têm fome. (v.7b). Isto significa que a justiça de Deus se concretiza no pão aos famintos, aqueles que têm fome e não possuem recursos próprios, mas dependem de alguém que possa sustentá-los. Esta atitude é a primeira condição de justiça. Nenhum plano tem sentido se deixar o povo na fome. O plano de Deus é dar pão aos famintos. Vejamos alguns exemplos: por 40 anos Deus conduziu e sustentou o povo de Israel no deserto, até chegar à terra da promessa, a terra que mana leite e mel. (Ex 16.35) Quando Elias, profeta do Senhor, estava com fome, Deus ordenou aos corvos que o sustentassem (1 Reis 17.4 e 6). Quando a multidão que seguia a Jesus estava com fome, cinco pães e dois peixes foram multiplicados para suprir as necessidades do povo (Mateus 14.19. O Deus que sustentou o seu povo é o mesmo, não mudou. Ele continua nos sustendo. Peça a Deus o que você necessita!

Ele liberta os encarcerados. (v.7c). A opção de Deus pelos oprimidos, famintos, prisioneiros, demonstra claramente a sua justiça. Ele não quer escravos. No êxodo ficou demonstrado como o SENHOR rompe as correntes e liberta o povo. De maneira privilegiada esse poder foi confirmado na volta do exílio babilônico. Sem templo, sem rei e sem a terra o pequeno grupo do povo, consegue reorganizar-se para encontrar de novo sua identidade e reconstruir os seus valores. O SENHOR liberta seu povo. Como é maravilhoso saber que o Ele é Nosso Libertador. Não há correntes e nem cadeias que possam resistir à força do Seu poder. Ele nos liberta dos vícios, das prisões emocionais relacionadas às mágoas, ressentimentos, dificuldade de perdoar, tristeza ou depressão. Enfim, nada prevalece diante do poder libertador do Senhor.

Ele levanta os abatidos (v.8b). Muitas pessoas estão abatidas devido aos inúmeros fatores. São questões financeiras ou familiares, ou pelo medo ou até mesmo as dúvidas que temos. Diante desta situação, Deus abre um horizonte de esperança para todos os que sofrem sob o peso da opressão e que não podem manter a dignidade de sua postura humana. O salmista nos diz que podemos contar com Deus. Ele irá nos sustentar em suas mãos. Ele irá nos levantar e nos colocar no caminho que devemos trilhar, pois é um Deus de amor, de misericórdia, de bondade, de mansidão e de perdão. Ele nunca nega o pedido de ajuda de qualquer um de seus filhos. Ele é o Deus das nossas esperanças. Ele é poderoso para nos levantar.

 Ele ama os justos. (v.8c). Os justos gozam da atenção constante do SENHOR que ouve o seu clamor a qualquer tempo: “Os olhos do SENHOR estão sobre os justos; e os seus ouvidos, atentos ao seu clamor.” (Sl 34.15). “Pois tu, SENHOR, abençoarás ao justo; circundá-lo-ás da tua benevolência como de um escudo.” (Sl 5.12). Uma das indicações da presença constante do SENHOR é, exatamente, o fato de que Ele conhece o caminho dos justos. Não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos acompanha, nos adverte e nos corrige. Ele conhece o caminho do Seu povo porque Ele escolheu para este povo o caminho que ele deve andar. O que o salmista faz é encher o coração dos aflitos de esperança, enquanto enche os injustos de temor, transtornando o seu caminho. (v.9b). Literalmente o hebraico diz “entortar o caminho”, levando os a cair em ruína; morrer. Significa que aqueles que andaram segundo o caminho da sua própria vontade, e não segundo a vontade de Deus, e que viveram para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos, estes perecerão no último dia. Serão condenados ao sofrimento eterno, separados do SENHOR

Ele protege o peregrino. (v.9a): Israel passou por essa experiência. Permaneceu estrangeiro e escravo no Egito. A marca do exílio babilônico fez Israel amargar a vida como estrangeiro. Os patriarcas também foram estrangeiros em Canaã. Deus tem como objetivo recuperar os estrangeiros em seus valores, e lhes dá um lugar na sociedade. Jesus teve grande carinho para com os estrangeiros marginalizados, como demonstra seu trato com a mulher Cananéia (Mt 15.21-28), com o leproso samaritano ( Lc 17.11-19) ou na proposta a todos os que “virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e tomarão lugar à mesa no Reino de Deus” (Lc 13,29).

Ele ampara o órfão e a viúva (v. 9b): órfão e viúva formam quase sempre uma só classe na Bíblia. Estas pessoas se encontravam desprotegidas, excluídas, ignoradas, esquecidas e desamparadas na sociedade da época. Eram pessoas não gratas no conceito judaico, tanto no AT quanto o NT. Eram pessoas que mais necessitavam da bondade de Deus. E Deus sempre se preocupou de forma muito peculiar com a vida destas pessoas. (Dt 26.13). Jesus vai ao encontro delas. Ele apresenta a viúva como uma pessoa necessitada em termos de proteção e sustento, e que deve ser honrada e respeitada. Aquela viúva não só deu oferta ao templo como deu “tudo” o que tinha, tal era a sua confiança em Deus e seu abandono nas mãos daquele que era o seu SENHOR. Tiago diz que “a religião pura e imaculada consiste em visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações” (Tg 1.27). Qual é a nossa atitude em relação a estas pessoas, muitas vezes, excluídas da sociedade e até mesmo da própria igreja?

Depois de todo esse panorama, uma demonstração o quanto o SENHOR é bom, o salmista encerra, trazendo o último motivo para louvarmos ao SENHOR. Ele afirma que o reinado de Deus é duradouro e contínuo: “O SENHOR reina para sempre; o teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração.” (v.10). Deus reina por todas as gerações e o faz segundo seu poder, fidelidade, bondade e justiça.  Onde você tem colocando a sua esperança? Em você? Nos planos e sonhos do homem? Nas ideologias? Filosofias? Quando Deus é o nosso motivo de louvor sincero e consciente, não temos outros deuses diante de nós; não reverenciamos e não confiamos em nenhum outro ser ou personalidade; não depositamos nossas vidas e esperanças em outras mãos. Acima de tudo, confiamos em Deus, no Seu amor, na Sua fidelidade. Ele é a nossa esperança. Amém!


sexta-feira, 25 de novembro de 2022

 

 

TEXTO: MT 21.1-11

TEMA: SAUDEMOS O NOSSO REI JESUS!

Em muitos lugares na antiguidade, era costume cobrir com ramos o caminho à frente de alguém que merecesse grandes honras. Essa era a maneira comum que os súditos prestavam honra a um rei quando se aproximava de uma cidade montado num cavalo.

Em nosso texto, acontece algo idêntico. Jesus entra em Jerusalém onde é aclamado pelo povo ao saudar com vestes estendidas em seu caminho e ramos que lhes eram lançados como saudação. Ele entra triunfalmente em Jerusalém, não como um rei guerreiro.  Não como os grandes reis e conquistadores triunfantes depois de uma batalha, ou de um cortejo real cheio de luxo mostrando seus escravos e conquistas. Não como um conquistador militar ou libertador político. Mas como um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja. Como um monarca que vem em paz, como príncipe da paz. Aquele que veio libertar a humanidade do pecado, da morte e condenação eterna. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual. 

Estimados irmãos! Neste domingo, estaremos comemorando o dia denominado de “Domingo de Ramos”. É o momento em que estaremos recordando a entrada triunfal de Cristo em Jerusalém, saudando o nosso Rei Jesus. Temos dois motivos para saudar o nosso Rei Jesus: Primeiro, porque Ele é o nosso verdadeiro Rei e merece toda a nossa honra, glória e louvor. Segundo, porque Ele veio nos salvar como verdadeiro Rei.

Era domingo, Jesus estava a caminho rumo à grande cidade de Jerusalém. Não era a primeira vez que Ele ia a esta cidade. A Escritura registra seis visitas que Jesus fizera antes de sua entrada em Jerusalém, pela última vez. Entretanto, esta entrada em Jerusalém, era uma ocasião especial. Jesus entraria para iniciar o seu sofrimento, a finalidade principal de seu reino. Entraria para salvar a cidade e seus moradores, chamando-os ao arrependimento. Por esta razão, Jesus faz sua entrada publicamente na cidade, fazendo com que o povo aclamasse e falasse da grande missão que o levava até ali. 

De acordo com a finalidade e a importância de sua presença em Jerusalém, ao contrário das vezes anteriores, cogita de preparativos especiais para sua entrada. Ele se aproxima com seus discípulos de Jerusalém. Eles estavam no monte das Oliveiras, e dali contemplavam Betfage e Betânia, duas pequenas aldeias antes de Jerusalém. Betânia fica na encosta Sul do monte das Oliveiras, ao passo que Betfagé se localizava provavelmente na encosta Ocidental do monte das Oliveiras, logo do outro lado do ribeiro de Cedrom em Jerusalém. Era praticamente uma extensão da própria Jerusalém.

Antes de chegar a Jerusalém, Jesus escolhe dois discípulos para enviá-los a Betfage. Neste lugar os discípulos encontrariam uma jumenta e com ela, um jumentinho. O Senhor não disse que precisava de qualquer animal, mas mostrou um específico, e disse que precisava daquele animal; nenhum outro serviria. E a ordem de Jesus era muito simples: “Desprendei-a e trazei-mos” (v.2). Jesus dá uma demonstração, uma ideia de seu inesgotável poder de realizar qualquer coisa aos olhos humanos. Ele não hesita em mostrar aos discípulos quem Ele era. Ele mostra através de suas palavras grande autoridade, pois é o Senhor quem fala e autoriza. Por isso, não há qualquer questionamento da parte dos discípulos. Eles simplesmente obedecem à ordem do Senhor. Mas algumas pessoas questionaram: O evangelista Mateus descreve de forma enfática: “O Senhor precisa deles.” (v.3) Literalmente: “O senhor necessita deles”. Marcos afirma: “Que fazeis, soltando a jumentinha? Os discípulos responderam: conforme as instruções de Jesus (11.6). E de fato, tudo ocorreu como Jesus tinha dito. 

Os discípulos encontraram os animais e, sem problemas os trouxeram. Colocaram em cima dele as suas vestes e Jesus montou. Jesus se prepara para entrar em Jerusalém de forma humilde, manso, brando, pacifico. Esta foi a maneira como Jesus entrou em Jerusalém.  Não como os grandes reis e conquistadores triunfantes depois de uma batalha, ou de um cortejo real cheio de luxo mostrando seus escravos e conquistas. Não como um conquistador militar ou libertador político. Mas como um rei humilde que veio para reinar sobre a sua igreja. Como um monarca que vem em paz, como príncipe da paz. Todos estes aspectos demonstram que o seu reino não é terreno, mas espiritual. 

Aquela entrada triunfal era um momento de jubilo, alegria e de louvor ao Senhor. Os discípulos e numerosa multidão rendiam homenagens espontâneas a Jesus, que se encaminhavam triunfalmente a Jerusalém, preparando-lhe uma passagem ou caminho com as próprias vestes e com ramos que cortavam de árvores e espalhavam pelo caminho. Era o delírio do povo gritando, clamando em alta voz: Hosana! A palavra Hosana em hebraico é אהושענ (hoshana) significa salve-nos, por favor, ou salve-nos agora, te imploramos. Esta expressão encontra-se na Salmo 118.

 No período pós-exílio, este Salmo foi incorporado à liturgia de dias festivos. Por ocasião das principais festas judaicas, os peregrinos que chegavam a Jerusalém podiam ser saudados com esse Salmo. O povo clamava um pedido de socorro a Deus. A libertação orquestrada por alguém que viria da parte de Deus: “Bendito é o que vem em nome do Senhor!” (v.26a). Parece que tanto o salmista como os judeus em geral tinham a esperança da chegada de um rei eterno (Mq 5.2) que promoveria restauração plena para Israel (Mq 5.3,4) e para o mundo (Mq 4.1-4). Sendo assim, o salmista convida o povo a celebrar este momento adornando a festa: “O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até as pontas do altar.” (v.27). Essa festa era um tipo de parada ou procissão festiva, quando as pessoas se reuniam e caminhavam pelas ruas dirigindo-se ao templo, onde finalmente começariam as celebrações religiosas relativas à Páscoa, momento em que afirmavam enfaticamente seu relacionamento pessoal com seu salvador: “Tu és meu Deus! Queremos te exaltar porque a sua misericórdia dura para sempre!”

Em nosso texto, a palavra Hosana ὡσαννά (hosanna) significa grito de exaltação ou adoração entoado em reconhecimento ao messianismo de Jesus em sua entrada em Jerusalém; exclamação de louvor a Deus. Esse é o significado dela também nos tempos atuais. Foi a forma como o povo saudou Jesus. Esta deve ser a nossa atitude: Saudar Jesus com o mesmo entusiasmo, alegria e louvor. Juntar a nossas vocês e cantar: “Bendito o que vem em nome do Senhor!” O Rei dos Reis, que chora para trazer-nos a salvação. É este Rei Jesus que nos convida para acompanharmos todos os seus passos. É a Ele que devemos dar a nossa honra, glória e louvor.

A entrada de Jesus em Jerusalém foi coroada de entusiasmo e empolgação. Jesus montado num jumentinho é recebido com honra como um rei. O povo saudou Jesus com “Hosanas”. Mas à medida que a procissão ia se aproximando, vagarosamente, a cidade alvoroçou, e perguntavam: Quem é este? (v. 10). Era a pergunta que corria de boca em boca, especialmente entre os peregrinos. Sim, quem é este que hoje entra em Jerusalém em marcha triunfal, aclamado pelo povo numa exaltação como a história da cidade não registra há tempos? Quem este Rei que devemos prestar honra e louvor neste período de advento?

Este é o Reis dos reis, o Senhor dos senhores. É o Rei do poder e da glória, santidade e justiça. É o rei que governa este mundo turbulento em que vivemos. É um Rei que morreu por nós, entregou-se humildemente naquela cruz, suportou toda ignomínia, toda humilhação, todas as chicotadas, blasfêmias, acusações, provocações, traições, abandono, tudo para nos salvar. É um Rei justo. Ele nos justificou ao morrer em nosso lugar, pois não tínhamos como nos justificar de nossos pecados, nosso destino era a condenação eterna no inferno. Sendo assim, Ele tomou o nosso lugar e pagou esse preço.  Ele usou  o próprio sangue que Ele derramou para pagar o preço da nossa justificação. Ele deu a Sua própria vida! Ele padeceu por nós na cruz do Calvário para que fôssemos feitos justiça de Deus. Morreu, ressuscitou, e agora se encontra com o Pai.

Estamos aguardando a Sua vinda, para recebe-lo com o mesmo ardor e entusiasmo com que Jerusalém o recebeu, juntando as nossas vozes: “Hosana ao Filho de Davi! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana nas maiores alturas. Mas será que estamos preparados para a vinda do Messias neste período de Advento? Pensemos por um momento no que significa Advento, neste período que estamos aguardando a vinda de Cristo, uma vez que muitas pessoas desconhecem o significado deste maravilhoso período que estamos vivendo. Muitos comemoram este período com muitas bebedeiras e comilanças. Quando na verdade é um período de esperança. Tempo de crer e confiar que o Senhor irá realizar suas promessas para nossas vidas. Tempo de iniciar uma nova caminhada, andando nos caminhos do Senhor. Tempo de aguardar a vinda do Senhor.

Estimados irmãos! Precisamos resgatar este verdadeiro sentido. Por isso, vamos nos preparar para receber o Senhor, a fim de escapar de todas estas coisas que têm de suceder e estar em pé na presença do Filho do homem. De que forma? vigiando e vivendo uma vida santificada neste mundo. Que Deus conceda a cada um abençoado tempo de Advento e que busquemos cada dia viver na paz que vem daquele que em meio à humildade, nasceu por todos nós. Vamos saudar o Filho de Deus! Ele merece o nosso louvor, honra e gloria. Ele nos salvou. Vamos abrir as portas dos nossos corações para que Cristo entre! Amém!