TEXTO: SL 32
TEMA: É FELIZ AQUELE QUE CONFESSA SEUS PECADOS
O salmo 32 foi escrito após Davi ter cometido grave
pecado com Bate-Seba. É um salmo de arrependimento, confissão, perdão,
reconciliação. É um testemunho de Davi do perdão que recebeu mediante sua
confissão de pecados e dos efeitos que o perdão divino teve sobre sua vida. Ele
experimentou a alegria da reconciliação! Tornou-se um homem feliz e abençoado
por Deus.
Mas quem é o homem feliz? O homem feliz é o homem
que foi perdoado. Aquele a quem Deus
encobre o pecado, não querendo ver, recordar ou conhecê-lo. Ele torna-se feliz
porque seus pecados foram apagados e nada mais existe para condená-lo. Ora, se
não há mais transgressão, pecado, iniquidade e engano, o homem está liberto e
será realmente feliz. Esta é a verdadeira felicidade de que nos fala a Bíblia.
Portanto, todos nós precisamos pedir perdão a Deus
pelos nossos pecados e quando o fazemos sentimos a alegria de sermos perdoados
e reconciliados! Através de Jesus, temos a certeza de que "se confessarmos
os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar..." (I João 1.9).
Por isso, a verdadeira felicidade do cristão, a sua maior alegria e consolo é
receber de Deus o perdão dos seus pecados.
I
Davi ressalta que as suas transgressões e os seus
pecados foram perdoados e que, portanto, poderia ser feliz. Assim, ele
finalmente pôde dizer com toda confiança: “Bem-aventurado aquele cuja
iniquidade é perdoada, cujo pecado é coberto. Bem-aventurado o homem a quem o SENHOR
não atribui iniquidade, e em cujo espírito não há dolo”. (vv.1e2). Interessante
que nestes dois versículos, o salmista apresenta quatro palavras que descrevem
a sua situação: a primeira palavra é transgressão, que significa rebelião
contra as leis de Deus; a outra palavra pecado, que significa uma ofensa a
Deus; a terceira palavra é iniquidade, que quer dizer perversidade, injustiça.
E temos a quarta palavra que é dolo, ou engano que significa traição. O estudo
dessas palavras reflete a profundidade do seu pecado diante de Deus.
Ao pecar contra Deus, Davi havia cometido rebelião,
pois praticou aquilo que lhe era proibido. Ele rompeu com o SENHOR. Ele pecou, errou o alvo, se desviou do centro
da vontade de Deus, deixando de fazer o que lhe era agradável. Mas, agora, ele
celebra e partilha com outros a sua alegria. Ele é um homem feliz, pois a sua
transgressão foi perdoada. É feliz porque, embora, tenha se rebelado, desobedecido
e se afastado de Deus, o SENHOR ainda ofereceu Seu gracioso perdão. Como Deus é
rico em perdoar! Aceita o pecador arrependido! Movido por Sua imensa
misericórdia, Deus perdoa, apaga, esquece e cancela os nossos pecados.
Mas vamos entender toda a trajetória da vida do
salmista! Ela começa quando o salmista confessa a situação que vivia diante do
pecado. O texto revela que ele vivia aflito: “Enquanto calei os meus pecados,
envelheceram os meus ossos pelos meus constantes gemidos todo o dia” (v.3).
Esse silêncio significa ausência de confissão do pecado. Entretanto, se Davi
guardou silêncio sobre o pecado, o próprio pecado, por sua vez, gritava em seu
interior e o fazia sofrer diariamente. Ele chorava e se lamentava “todos os
dias” a ponto de sentir seu corpo fraco e debilitado, diante dos efeitos do seu
mau procedimento. Ele descreve, como se seus ossos sofressem um desgaste. É um
preço muito alto para esconder a sua iniquidade! Na verdade, Davi estava com a
consciência pesada, ele afirma: “Porque a tua mão pesava dia e noite sobre mim;
e o meu vigor se tornou em sequidão de estio” (v.4). Sendo assim, já não
suportava mais, não conseguia dormir, não conseguia se alimentar, não tinha
mais alegria em seu coração.
A vida de Davi foi marcada por uma má escolha que o
levou a cair em pecado. O pecado lhe trouxe tanta amargura, tristeza e agonia. Ele
entrou em pânico e desespero com receio de ter sido abandonado por Deus. Era a
lembrança da culpa que tanto o atormentava, mas que lhe parecia ser a mão de
Deus, porque era Deus mesmo que conservava essa memória diante dele. E diante
desta situação, perdeu as forças vitais, e se sentiu em sequidão. Mas diante de
seu pecado, havia um caminho para Davi: o perdão. E o ponto de partida é o
arrependimento. Ele sabe que só Deus pode restaurar a sua vida. Ele sabe que
Deus é benigno, misericordioso e perdoador. Davi sabe que Deus não rejeita quem
tem o coração quebrantado. Por isso, ele pede perdão a Deus, uma vez que a sua
situação chegou ao extremo e se tornou insustentável. No salmo 51, Davi
demonstra todo o seu sofrimento. Este salmo é o registro da agonia da alma de
Davi, após o seu terrível crime de adultério e assassinato.
II
Que situação horrível estava vivendo Davi. Talvez
muitos estejam nesta situação neste momento. O que precisamos fazer é chorar
pelos nossos pecados. Afinal, todos nós já choramos motivados por alguma coisa
ou acontecimento nesta vida. Mas por que devemos chorar continuamente por
nossos pecados? Porque ainda somos pecadores e, por isso, a Bíblia nos
recomenda a fazê-lo. O apóstolo Tiago encoraja os crentes a chorar por seus
pecados dizendo: (Tg 4.8-10). O próprio
Senhor Jesus chorou pelo pecado. Chorou diante do túmulo do seu amigo Lázaro
(Jo 11.35). Não simplesmente por seu amigo ter falecido porque ele sabia que
estava lá para ressuscitá-lo, mas porque estava diante da terrível consequência
do pecado: a morte. Ele também chorou diante da cidade de Jerusalém por causa
do sofrimento que viria sobre ela por tê-lo rejeitado como o Cristo (Lc
19.41-44). Este mesmo que chorou pelos pecados, proferiu as seguintes palavras:
“Felizes os que choram". E acrescentou a promessa: “... porque eles serão
consolados”! Essa é a razão da felicidade dos que choram por seus pecados.
Davi confessa a Deus seu pecado: “Confessei a ti o
meu pecado” (v.5a). Diante disso, Deus poderia castigá-lo. Mas Deus demonstrou
seu grande amor. Ele foi realmente perdoado. Tão logo confessou o seu pecado ao
Senhor, Davi pode dizer: “… tu perdoaste a maldade do meu pecado” (v.5b). A
tumultuada vida que vivia, dá lugar a bonança gerada pela certeza do perdão
divino. Pelo jeito, não foi apenas a culpa que Deus levou, mas os próprios
efeitos dela sobre a vida de Davi, fazendo com que, junto com o perdão, viessem
também o alívio e o bem-estar. Perdoados
e justificados pela fé temos paz com Deus, (Rm 5.1). Lemos em Provérbios 28 13:
“O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará, mas o que as confessa e
deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28.13).
Quantas vezes, nós não agimos assim? Falhamos, mas
não queremos assumir os nossos erros! Muitos tentam encobrir os seus erros e
pecados resistindo à voz da sua própria consciência, cauterizando a sua mente,
entregando-se ao domínio do pecado. Riem e se divertem com o pecado. Lembrem-se
aqueles que não se arrependem, não receberão o consolo de Deus, mas haverão de
lamentar e chorar por toda a eternidade no inferno, um lugar de tormentos onde
só haverá choro e ranger de dentes. Mas ainda há tempo! Ele nos convida, pois
somente em Cristo há consolo e esperança para o pecador arrependido, que chora
amargamente por seus pecados. Ele mesmo nos prometeu: “Felizes os que choram,
porque serão consolados". Eis o momento oportuno da salvação. Cristo está
chamando os pecadores ao arrependimento. Reconheçam seus pecados! Chorem por
eles! Abandonem os e venham a mim, pois eu posso dar o perdão, o consolo e a
vida eterna, disse Jesus.
Davi foi perdoado e purificado pelo sangue do Filho
de Deus. Agora, pode enxergava o que jamais via antes na sua incredulidade. Agora,
pode se refugiar em Deus como o seu esconderijo diante das tribulações. Agora, Deus
continuava a oferecer ao salmista a graça e misericórdia nos momentos de
grandes calamidades: “quando transbordarem muitas águas, não o atingirão”.
(v.6) Sendo assim, o salmista estava preparado para enfrentar as anormalidades
desta vida. Quantas bênçãos maravilhosas recebemos do SENHOR, decorrentes do
perdão! Deus promete abrigo seguro, junto àquele que anda em retidão na sua
presença. Davi disse: “Tu és o meu esconderijo; tu me preservas da tribulação e
me cercas de alegres cantos de livramento.” (v.7). Trata-se de uma atitude de
produzir cantos alegres em louvor a Deus por uma obra de libertação. Davi
passou da lamúria à exultação. Ele não se sente mais como um servo ingrato e
rebelde, mas como um filho amado pelo Pai.
III
O salmista Davi apresenta a vida feliz do homem
perdoado. Então, vejamos: Primeiro, a vida feliz é uma vida de instrução.
“Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves seguir; e, sob as minhas
vistas, te darei conselho” (v.8). Davi, agora, está pronto para receber
instrução do Senhor, pois sabia da dor de estar contaminado pelo pecado e do
alivio que veio de Deus, através do arrependimento. E o mais surpreendente
nesse processo é que a ação de instruir e guiar, fator fundamental para a
santificação da vida do pecador, é uma iniciativa do próprio Deus. Ele é quem,
tomando o servo pela mão, o conduz no caminho correto, conforme as Escrituras.
Deus também nos diz: “Instruir-te-ei e te ensinarei o caminho que deves
seguir!” Os filhos de Deus recebem instrução e orientação do caminho que devem
seguir, ou nos adverte dos perigos do caminho errado.
Segundo, a vida feliz é uma vida de obediência: “Não
sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento, os quais com freios e
cabrestos são dominados; de outra sorte não te obedecem. (v.9). Cavalo e mula.
Duas figuras interessantes. Davi nos aconselha que não devemos imitar o
comportamento dos animais, que tem muita força, mas só obedecem por causa do freio
e cabresto. O cabresto é uma corda com o formato da cara da mula que se coloca
na cabeça para puxá-la e o freio é uma peça de metal que vai presa na boca do
animal. Só obedecem por meio de força e da dor. A palavra-chave é
"obedecem". Os animais obedecem apenas quando são dominados por
freios e cabrestos. Davi nos mostra que devemos ser obedientes de coração sem
precisar de castigos ou ameaças. Uma pessoa que foi perdoada é feliz obedece
voluntariamente, sem constrangimento, sem obrigação. Os cristãos sabem que a
Lei de Deus foi dada para ser obedecida e não para ser discutida e negada. Eles
obedecem aos mandamentos de Deus. São conduzidos pela voz interior da mente de
Cristo que nele habita (1Co 2.13).
Terceiro, a vida feliz é uma vida de confiança.
“Muito sofrimento terá de curtir o ímpio, mas o que confia no SENHOR, a
misericórdia o assistirá “(v.10). É extremamente confortador saber que, numa
época quando as instituições seculares estão fracassando e as promessas humanas
falhando cada vez mais, podemos depositar toda a nossa confiança no Deus
eterno, pronto a cumprir a sua palavra fielmente. Nossa confiança será
depositada no Senhor que é cheio de misericórdia. Essa será o caminho da pessoa
que foi perdoada e é feliz: ela viverá sempre confiando em Deus, não importam
as circunstâncias. Na alegria, na provação, na dor, sempre pode confiar que
Deus o ajudará e nunca será desamparado. A vida do ímpio será de sofrimento sem
escape, mas a vida do justo será de confiança, misericórdia e consequentemente
gratidão.
Finalmente, a vida feliz é cheia de alegria.
“Alegrai-vos no SENHOR e regozijai-vos, ó justos; exultai, vós todos que sois
retos de coração” (v. 11). Há três
verbos, que fecham o salmo com chave de ouro: alegrai-vos, regozijai-vos e
exultai. Este é o convite, é o imperativo que nos indica como será a vida feliz
da pessoa que foi perdoada. Como disse o apóstolo Paulo, repetindo estas
palavras: "Alegrai-vos no Senhor, outra vez vos digo: alegrai-vos”. Depois
de tudo o que se passou na vida, de como ele foi perdoado e transformado, só
pode ser esta a sua vida: alegria, regozijo e felicidade.
Estimados irmãos! Busquem a Deus e confessem seus pecados. Façam como
Davi! E sejam feliz! Amém!
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