terça-feira, 8 de março de 2022

 

TEXTO: SL 4

TEMA: COLOQUEMOS NOSSA CONFIANÇA EM DEUS

Confiança significa depositar esperança em alguém; em alguma coisa; sentimento de segurança, de certeza, tranquilidade, dar crédito plenamente. Mas será que podemos confiar plenamente no que as pessoas dizem? Existem pessoas que honram a sua palavra? A experiência diária parece indicar que a resposta a estas perguntas está sendo cada vez mais negativa. Diminui o número de pessoas em cuja palavra se pode confiar e diminui a credibilidade de uma forma geral. Escutamos tantos discursos vazios e ouvimos tantas mentiras, que desconfiamos de todos, ainda mais quando as pessoas falam e não provam o que dizem.

Num mundo conturbado e falta de confiança entre os homens, em quem nós podemos depositar a nossa esperança? Na filosofia, na ciência, nas leis humanas? Nas Sagradas Escrituras, temos vários exemplos de pessoas que confiaram nas promessas de Deus em meio às dificuldades do dia a dia. Davi é um grande exemplo. Por várias vezes demonstrou confiança em Deus. Em nosso texto, Davi declara que Deus lhe deu alívio em sua angústia, ou seja, Deus concedeu-lhe livramento de um perigo iminente em sua vida, porque ele colocou a sua confiança em Deus.

É importante afirmar que não temos outro caminho, refúgio nos momentos de angustia do que a presença de Deus, porque somente Ele é o Deus que pode nos socorrer diante dos nossos dilemas. Enfim, possamos dizer: Senhor, eu não tenho outro refúgio na angústia de minha alma! Não tenho ninguém em quem confiar na vida e na morte, senão a ti! Tu tens as palavras da vida!

Davi vivia um momento de tristeza, preocupação e angústia. Enfrentava uma situação em que necessitava de ajuda, auxilio, socorro, pois encontrava-se sob ameaças de Absalão, seu filho. Além disso, ele havia sido julgado de forma temerária por falsos amigos, que falavam mal dele, expondo a sua reputação ao ridículo. Traidores que zombavam dele, dizendo que ele não tinha mais salvação, que estava completamente perdido (Sl 2.2). Na verdade, os seus inimigos queriam destruir a sua reputação. o seu bom nome, sua honra. Seria uma ótima ocasião para demonstrar a sua ira contra os seus inimigos, mas ele não toma essa atitude. Ao contrário, ele exorta e aconselha seus inimigos. Ele se dirige ao Senhor chamando-o de “Deus da minha justiça”. A justiça vem de Deus.

Ocorre que todos os dias pessoas são injustiçadas, caluniadas e perseguidas por motivos diversos, até por confessar sua fé em Jesus Cristo. Quando tal situação ocorre, alguns buscam a justiça através de processos judiciais; outros agem pacificamente, ou seja, não fazem nada diante do problema. Davi diante de tantos problemas e injustiças em sua vida, resolveu dar um basta naquela situação. Colocou sua confiança na justiça de Deus. Numa justiça que nunca falha, pois Deus é justo. É soberano. Como é maravilhoso, quando Davi se dirigir a Deus como “Deus da minha justiça”, pois somente a justiça de Deus, que é evidenciada na história de seu povo, poderia lhe trazer o consolo diante de sua angustia. Enfim, ele reconhece a sua incapacidade e indignidade. Deixa de confiar em seus méritos, na sua autojustiça, vangloria, e busca na justiça do Senhor. Sente total segurança na justiça proveniente de Deus

Davi tinha essa certeza. Sabia que Deus faria o que é certo. Confiava plenamente no Senhor. Por isso, ele súplica. Pede, misericórdia ao Deus da justiça: “tem misericórdia de mim e ouve a minha oração”. (v.1b). A verdade é que na angústia aprendemos a depender totalmente da misericórdia de Deus, reconhecendo que sem ele nada podemos fazer. Deus nos ama e não nos abandona na angústia. Ele sempre ouve quem clama por socorro no tempo da angústia. Ele nos dá paz e vitória no meio da angústia. As muitas dificuldades podem nos angustiar, mas quando pedimos ajuda a Deus, ele muda a situação. Ponha a sua vida nas mãos do Senhor, confie nele, e ele o ajudará.

Davi apresenta o problema da sua angústia. Faz inclusive uma pergunta retórica aos homens, como se estivessem diante deles: “Ó homens, até quando tornareis a minha glória em vexame, e amareis a vaidade, e buscareis a mentira?” (v.2). Até quando essas pessoas vão viver no pecado? Quanto tempo? A indignação de Davi aqui era justa, tinha a ver com a glória de Deus e com o Seu povo escolhido. Absalão e os seus homens estavam trazendo vergonha à cidade santa, vergonha à glória de Deus. Estavam amando a vaidade, aquilo que é passageiro, efêmero, que não tem valor eterno. Estavam usando de mentiras para alcançar os seus objetivos. Além disso, Davi questiona esses perversos, uma vez que estava sendo humilhado, afrontado, afligido por muitos que zombavam sobre a sua reputação. Eram os seus inimigos que se baseavam na vaidade e na mentira.

Os seus inimigos queriam, na verdade, destruir a sua reputação. O seu bom nome, sua honra, mas não podiam, por ser ele um eleito de Deus: “O Senhor distingue para si o piedoso.” (v. 3a). O que eles deviam saber? Que Deus é justo e faz distinção entre aquele que serve e não serve a Deus. Ele distingue para Si o “piedoso”. Piedoso é aquele que tem piedade, respeito pelas coisas religiosas, temor e respeito para com Deus. Além disso, Davi era protegido por Deus: “O Senhor me ouve quando eu clamo por ele”. (v.3b). Apesar de todas as adversidades, ele estava sob a proteção de Deus. Deus o ama e o preserva de uma forma especial.

Davi poderia demonstrar a sua ira contra os seus inimigos, mas ele não toma essa atitude. Ele exorta seus inimigos ao arrependimento: “Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai.” (v.4). Davi não estava aconselhando para que os seus inimigos ficassem irados, porque isso seria um absurdo, mas que tremessem diante da ideia de perseguir o ungido de Deus. Como tem sido a nossa atitude diante daqueles que nos ofendem? Quando, muitas vezes, somos dominados pelo ódio, pela vingança, pela ira? Quando temos momentos de raiva e de indignação? Gostaríamos de demostra a nossa ira. Mas não podemos deixar a raiva ou a ansiedade destruírem a nossa confiança no Senhor: “Não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo”. (Ef 4.26-27). Quando a ira aparecer pense antes de tomar uma decisão. Meditamos nas consequências que podem nos causar. O desafio é para que ao invés de ficar olhando amargurado para os problemas, olhe para Deus, o cultue, confie e sossegue. Siga o conselho: “Irai-vos e não pequeis; consultai no travesseiro o coração e sossegai”.

Consultar o coração no travesseiro é a recomendação que temos de fazer, já na cama, antes de pegar no sono, examinando a nossa consciência, perscrutando os nossos caminhos, se estamos andando retamente, ou se há algum caminho mau que devemos abandonar. Temos que fazer um exame de consciência. Temos que consultar o nosso coração em sinceridade. Sendo assim, pergunto: Quais são os nossos planos? Temos ajudado o próximo?  Ou temos prejudicado a alguém com nossas palavras? Temos falado bem dos outros? Qual é a nossa influência sobre as pessoas, boa ou danosa? O que fazemos para enaltecer a reputação dos semelhantes? Se for essa a atitude, podemos dormir e repousar seguros, certos de que o Senhor nos guardará.

No entanto, “muitos” percebiam os problemas existentes e davam lugar ao desespero, pois não conseguiam ver ninguém capaz e disposto em ajuda-los. E, por isso, resolvem questionar “Quem nos dará a conhecer o bem? (v.6a). Esse questionamento era a base filosófica de muitos israelitas que colocavam dúvida quanto a providência de Deus. Eram pessimistas. Hoje, quando as pessoas se deparam com todos estes acontecimentos de forma profunda, elas expressam inquietudes e questionamentos.: “Quem nos dará a conhecer o bem?” Em quem podemos confiar? Quem poderá nos tirar da situação desfavorável que vivemos? São questionamentos de pessoas que não confiam, que o Senhor possa ajudá-las, diante dos sofrimentos, calamidades, dor, desastres

Mas Davi não estava preocupado com questionamentos dos céticos, porque para ele o que realmente importava era a confiança no Senhor. O Senhor era a única esperança, a fonte de todo bem que concederia ao seu povo favor, alegria e paz. Ele entende que a verdadeira alegria, que vem do Senhor, é superior a qualquer tipo de alegria por coisas terrenas: “Mais alegria me puseste no coração do que a alegria deles, quando lhes há fartura de cereal e de vinho” (v.7). Enquanto que a alegria do ser humano está condicionada ao cuidado de suas necessidades diárias, para Davi a sua alegria não estava restrita a esses bens, (seu trigo e o seu vinho), ainda que necessários. A alegria concedida por Deus transcende a alegria da colheita. A produção agrícola, resultado de chuva perene sobre solo fértil, era uma bênção de Deus para o seu povo. Mas há algo maior que celeiros cheios e cisternas transbordando: “Senhor, levanta sobre nós a luz do teu rosto”. (v.6b). A presença iluminadora de Deus lhe é suficiente.

Davi conclui o seu salmo expressando mais uma vez sua profunda confiança no Senhor. Davi tinha, agora, algo que tanto precisava: alegria da presença de Deus. Podia dizer em meio à maior tempestade de sua vida, que havia alegria. Tinha segurança e paz: “Em paz me deito e logo pego no sono.” (v.8a). Ele sabia que podia descansar tranquilo tendo a certeza de que sua vida estava segura em Deus. Podia dormir e descansar sem sofrer de insônia.  Podia dizer em meio à maior tempestade de sua vida: “Senhor, só Tu me fazes repousar seguro!” (v.8b). Segurança é indispensável. Não podemos ter alegria sem segurança. Não podemos ter paz sem segurança. Não podemos ser felizes sem segurança. Sendo assim, os que confiam em Deus estão seguros em seus braços poderosos. Podemos dormir e repousar seguros, certos de que o Senhor nos guardará.

Estimados irmãos! Não coloquem sua confiança em homens, riquezas, fama. Depositem toda sua confiança em Deus, pois, “melhor é buscar refúgio no Senhor que confiar no homem” (Sl 118.8). Amém


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