terça-feira, 14 de novembro de 2023

 TEXTO: MT 25.14-18

TEMA: NÃO ENTERREMOS O NOSSO TALENTO!

Jesus prossegue o seu sermão profético. Anteriormente, ouvimos sobre a Parábola das Dez Virgens. Agora, Jesus conta a Parábola dos Talentos. Nesta parábola, Cristo fala sobre a sua vinda para julgar o mundo, bem como sobre a atitude com que os discípulos deveriam esperar e preparar-se para essa vinda. Fala ainda a respeito da prestação de contas. Contas que teremos prestar sobre todos os talentos que recebemos, para o uso no ministério e na vida da Igreja. Por isso, aqueles que investirem o seu talento, tem a recompensa, mas quem não investir, por medo ou por preguiça de agir para o bem de si e dos outros, não vai receber nada, e ainda ficará fora do Reino definitivo prometido por Deus.                                               

Diante desta constatação, perguntamos: O que temos feito com os  talentos que Deus tem nos dado? Investimos ou enterramos? São questionamentos que requer respostas. E é justamente o que pretendemos fazer em nossa mensagem, baseado em dois pontos, conforme o tema: NÃO ENTERREMOS O NOSSO TALENTO! Por que? Primeiro, porque devemos trabalhar com diligência e responsabilidade, investindo bem a vida e os talentos que Deus nos deu. Investir os talentos significa que devemos desenvolver essas competências em prol do Reino de Deus. Segundo, porque um dia, todos teremos de prestar contas a Jesus quando Ele voltar ,ou seja ,no dia do Julgamento. 

Antes de iniciarmos a análise da parábola propriamente dita, é necessário conhecer os personagens, as comparações de fatos reais e os elementos comuns da época em que foi escrito o texto, pois é de extrema importância para a compreensão desta parábola. O homem rico é Jesus Cristo. Os servos eram em primeira instância, os doze discípulos  e também aqueles que fazem parte da Igreja de Jesus Cristo. A viagem a um país distante se refere à Sua partida para o céu, após a Sua ascensão.  O senhor estar ausente de casa, sugere o fato de Cristo não mais estar visivelmente na terra, e a sua volta é equivalente ao retorno prometido. As negociações empreendidas pelos servos, durante a ausência de seu senhor, revelam o uso fiel que o povo do Senhor deveria fazer com os talentos recebidos e das oportunidades de servirem a Ele. Os elogios que o senhor fez aos servos são os galardões que se pode esperar do julgamento de Cristo, quanto as nossas obras, a Seu serviço. A condenação do servo, que falhou em sua responsabilidade, é uma advertência contra o uso indevido dos talentos.

Jesus ilustra a história de um homem que, ao ausentar-se do país, chamou os seus servos e entregou-lhes os seus bens para que administrassem, enquanto estivesse ausente. Os bens distribuídos eram de um grande valor, uma quantia considerável que ele deu aos   três servos. Ao primeiro deu cinco talentos, ao segundo dois e ao terceiro um. Cada um recebeu uma quantidade de acordo com suas capacidades. (v.15). O termo grego δυναμις traduzido por capacidade tem o sentido de  poder, força, habilidade, ou seja,  uma força herdada que reside em alguém pela virtude de sua natureza. Isto significa que cada um recebeu a quantidade de talentos que estava preparada para lidar, em função de suas características pessoais, de sua força, habilidade e dinamismo.  

O que recebera cinco talentos, foi .imediatamente. negociar com eles e ganhou outros cinco; do mesmo modo o que recebera dois, ganhou outros dois. (v.16 e 17). Mas o que tinha recebido um, enterrou o talento do seu senhor. Depois de muito tempo, retorna o senhor e chama os seus servos para que estes prestassem conta do que fizeram com os bens que receberam de seu senhor. É o momento de acerto de contas.(v.19). O texto grego diz, literalmente: "Ele se reuniu com eles para fazer as contas", isto é, ele "acertou as contas" com eles. O primeiro servo se apresenta e com simplicidade devolve ao seu senhor os cinco talentos recebidos e mais cinco que conseguiu negociando-os com outras pessoas: “Senhor, confiaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei” (v.20 ). O segundo servo se apresenta igualmente diante do senhor e lhe devolve os dois talentos confiados, adicionados de outros dois.(v.22).

Diante desta atitude, os dois servos foram elogiados. Eles eram diferentes quanto aos talentos recebidos, mas idênticos quanto à obediência, diligência e fidelidade ao seu senhor; por serem bons e fiéis, e não por serem capazes e inteligentes: “Muito bem, servo bom e fiel.”(v.21a).Dois termos gregos que o senhor usou para elogiar aqueles servos: ἀγαθὲ que significa de boa constituição ou natureza, bom, amável, honesto, honrado e πιστός  que significa alguém que manteve fiel com a qual se comprometeu, digno de confiança. De forma geral, significa alguém que agradou ao seu senhor, porque fez o melhor com prazer e amor. 

No entanto, não só os qualificou como “bom e fiel,” mas também receberam uma recompensa idêntica.  O senhor faz uma promessa de confiar-lhe tarefas maiores, e ainda os convida para participar do banquete em condições de igualdade com o próprio senhor: “foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”(v.21b).De fato, o servo havia recebido pouco em comparação com a riqueza de seu senhor. Mas haveria de receber uma grande quantidade em função da fidelidade ao senhor: “muito te colocarei.” E ainda, o senhor promete: “entra no gozo do teu senhor.” O termo grego Χαρά ,traduzido por gozo, significa alegria, satisfação, jubilo. Podemos imaginar a imensa alegria que sentiram aqueles dois servos quando receberam o convite: venham e participem da alegria do seu senhor!

Estas palavras são cheias de conforto para aqueles que são “bons e fiéis ao Senhor. São  atitudes que Deus requer de qualquer pessoa. O servo bom é aquele que tem habilidade no que faz, utiliza seus recursos e talentos, e é capaz de realizar um trabalho bem feito ao Senhor. Já o servo fiel é aquele que tem bom caráter e obedece à cada ordem do Seu Senhor. Ele é fiel no serviço. O problema é que, infelizmente, muitos “servos bons” são infiéis ao Senhor. Isto acontece quando deixam de servi-lo, deixam de colocar as suas habilidade ,recursos pela causa do Senhor,  e esperaram reconhecimentos, elogios e promoções pessoais pelo seu trabalho. Sejamos fiéis. Conservemos nosso caráter de verdadeiros homens do Senhor, andemos em Espírito e trabalhemos sem esperar que sejamos reconhecidos, elogiados e nem promovidos.

No entanto, aquele terceiro servo sabia que o seu senhor voltaria, e poderia, perfeitamente,  aumentar o seu investimento com o tempo. Mas não fez! Ele apresenta a sua justificativa: “Senhor, sabendo que és homem severo.”(v.24a).Ele  descreve o senhor como severo. Este termo no grego é σκληρός, que significa duro, difícil, bruto, rígido. Diante desta atitude do servo, Jesus nos faz entender como era a sua visão  em relação ação do senhor, e condicionado por essa percepção, o servo  enche-se de fobia, medo. Isto demonstra que, para aquele servo, o senhor era um homem muito severo (duro). Fica evidente a sua incompreensão, quando acusa o senhor ao dizer  que “ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste.” (v.24b ). Tendo esta reação, enterrou o seu talento: “receoso, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu.” (v.25).Fato que ocorria  em tempos de guerra para que  o dinheiro não caísse nas mãos do inimigo. Talvez, o servo tenha pensado, como era pouco que havia recebido do senhor, sua responsabilidade era menor. Portanto, não tinha nada para fazer com o talento recebido, preferiu enterrá-lo. Assim, ficaria em segurança o seu talento

O que temos feito com os talentos que Deus tem nos dado? Será que investimos ou enterramos? Ao responder estes questionamentos, nos coloquemos no lugar daquele homem, pois representa muitos cristãos de hoje, os quais têm todos os privilégios de investir os seus talentos no reino de Deus, mas nunca o fazem. Enterram cada talento que possuem. Uns trabalham para o crescimento do reino e apresentaram relatórios elogiáveis e recebem um prêmio pelo que fizeram. No entanto, outros enterraram seus talentos. Ficam meditando na severidade de Deus e param no tempo sem nada fazer para o crescimento do reino. Esconder o talento é considerado um descaso no trato de algo tão valioso que recebemos do Senhor. E aqueles que enterram o talento, não prejudicam apenas a si mesmo, mas afeta todo o trabalho da Igreja. Portanto, não inutilize seus talentos, pois o descaso traz consequências ruins.

O senhor condenou aquele servo egoísta, que não tinha feito nada, dizendo que ele era mau e negligente. Assim, em vez do elogio, fez a dura repreensão. Ele foi severo com ele: “Servo mau e negligente...(v.26a). E ainda questiona o servo: “Você não sabe  que ceifo.........?(v.26b).E ainda o senhor julga o servo com base na sua justificativa para lhe mostrar a falta de dignidade na sua  atitude. E uma vez que não investiu o seu talento, ao entregar aos banqueiros, para receber lucros (v.27), teve graves consequências: “Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez...”(v.28). O talento foi tirado desse servo preguiçoso e rebelde e foi dado àquele que era mais capaz  e hábil de usá-lo com proveito. O senhor justifica ou explica a sua atitude: “Porque a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas daquele que não tem, até o que tem lhe será tirado (v. 29).

Deus é generoso e dá cada vez mais a qualquer um que investe naquilo que tem recebido, e aquele que “tem” e aproveita o que já recebeu de Deus,  terá em abundância. É preciso ter consciência permanente  que recebemos algo tão valioso  em nossa vida. Quem compreende isso se enche de entusiasmo. Mas é preciso  lançar-se à ação, para que os talentos recebidos frutifiquem e cresçam. Precisamos investir para não perde-los.  Infelizmente, poucos aproveitam esta generosidade do Senhor. Tem, mas não investem. Sendo assim, são considerados infiéis, indolentes malvados, preguiçosos. Por isso, serão tirados o que tem e punidos. Deus espera que seus filhos exponham seus talentos para a sua glória e louvor! Ele espera que possamos negociar, multiplicar, aumentar .Enfim, produzir frutos para que possamos ouvir as palavras: “Servo bom e fiel receba a recompensa porque foste fiel no pouco”. Será para estes que o Senhor dirá: “Entra no gozo do teu Senhor”.

A punição para aquele servo, ficou evidente: “Lançai-o para fora nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes.” (v 30). Este foi o resultado para o servo inútil. E será também para quem rejeita a Jesus, o Messias e Salvador. Choro e ranger de dentes, faz alusão as tristezas e os terrores do juízo de Deus, ou seja, a exclusão do indivíduo para fora do reino de Deus, e lançado no inferno junto com satanás e seus demônios. O choro ocorrerá porque a pessoa teve a oportunidade de seguir a Cristo e não o fez. A expressão “para fora nas trevas” aparece ao menos três vezes no evangelho de Mateus e significa a condenação eterna. O pecador condenado ficará, por assim dizer, mergulhado em trevas. Já não haverá como recorrer a Deus, pois estará abandonado.

Jesus deixa cloro nesta parábola que no  do dia julgamento, teremos que prestar contas dos nossos talentos. Neste dia, Jesus fará uma pergunta: que fizeste com os talentos que você recebeu? Investiu ou escondeu? E não adianta inventarmos desculpas, quem não investir receberá castigo e punição, como aconteceu o terceiro servo. Na verdade, haverá decepção horrível para quem passou a existência de sua vida sem nunca se preocupar em fazer algo útil. Viveu apenas pensando em si próprio e sempre tirando vantagens apenas para si. Sendo assim, ouvirá esta terrível repreensão: “ Servo mau e negligente.   Tu bem sabias que, um dia, deverias prestar contas de tua vida. Que fizeste de bom com os talentos recebidos?” (v.26). E para esse não haverá a recompensa da felicidade eterna, mas o lamento e a condenação eterna. Mas haverá muita felicidade para aqueles que investirem. Ouvirão do próprio Jesus: “Muito bem, servo bom e fiel; foste fiel no pouco, sobre o muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor.”(v.21).  A recompensa de Deus será grande, por termos dedicado a nossa vida, servindo a Deus e ao próximo.

Portanto, sejamos fiéis no cuidado e na administração dos talentos que Jesus Cristo nos concedeu, não permitindo enterrá-los, seja por insolência, por comodismo, pela busca de prazeres efêmeros ou mesmo por medo da seara não ser suficientemente frutífera como esperávamos. Confiemos no Senhor, sejamos perseverantes e abundantes de fé. Amém!

 

 

 

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