terça-feira, 14 de novembro de 2023

 TEXTO: SL 95

TEMA:UM CONVITE PARA LOUVARMOS AO NOSSO DEUS

O salmo 95 é um hino de louvor, um convite à adoração ao Criador. Ele era utilizado em diferentes épocas com diferentes funções. Não tem nenhum título, e tudo que sabemos de sua autoria é Davi, conforme Hb 4.7.A temática é um convite para louvar com alegria ao Rochedo da nossa salvação. Mas o convite do salmista vai além da ideia de cânticos litúrgicos. Ele nos convida  para cantar, jubilar, reconhecer, crer e confessar que o Senhor é a rocha da salvação. O fato é que este salmo deve estar presente diariamente em nossas mentes quanto ao chamado para louvar a Deus e de anunciar suas grandezas. Louvar significa agradecer a Deus pelas suas muitas dádivas. Ele é um ato de reconhecimento da glória de Deus sobre todos. 

                                                                I

O salmista convoca Israel para louvar ao Senhor. Ele faz através de um convite “Vinde!” O salmista enfatiza este convite ao usar quatro verbos na primeira pessoa do plural: cantemos, celebremos, saiamos e vitoriemo-lo. Cada verbo tem sua explicação de como devemos exultar e a quem devemos dirigir o nosso louvor. Primeiro: “Cantemos ao Senhor com júbilo!” (v.1a). Cantar ao Senhor com alegria é a primeira atitude do salmista ao convidar o povo. Não apenas um cantar de cânticos litúrgicos, mas um cantar com entusiasmo, regozijo e júbilo. Não uma ação mecânica, mas vindo de um coração alegre, da iniciativa de se aproximar de Deus com gratidão verdadeira.

Segundo: “Celebremos o Rochedo da nossa salvação.” (v.1b).O salmista convida o povo para louvar a Deus após livrá-lo dos perigos. É um convite para cantar, jubilar reconhecer, crer e confessar que o Senhor é a Rocha da salvação. Na verdade, um chamado ao povo para louvar e agradecer a Deus por uma libertação diante de uma guerra, ou diante de percalços ocorridos na vida do povo, pois o termo salvação significa ajudar, libertar, salvar; procurar tirar alguém de um fardo; opressão ou perigo. Isso explicaria a descrição de Deus como “rocha da nossa salvação” (v.1). É como um pastor que cuida do rebanho que lhe pertence (v.7).

Terceiro: “Saímos ao seu encontro, com ações de graças” (v.2a). No encontro com Deus havia a necessidade de manifestar a gratidão, com corações agradecidos, reconhecidos diante de todos os benefícios recebidos, pois ações de graça é uma atitude de gratidão. Expressam a gratidão que temos por Deus em relação a todos os benefícios que Ele fez, faz e fará por nós. Lembre-se que Deus é a fonte de todas as coisas boas que recebemos e que existe um princípio espiritual:  quando há gratidão, há multiplicação e há prosperidade em todas as coisas. Pense em como poderá retribuir o Senhor por tudo que Ele tem feito.

Enfim, o salmista encerra o convite: “Vitoriemo-lo com salmos”. (v.2b). O convite do salmista é para sairmos com pressa ao encontro do Senhor. A necessidade de manifestar a nossa gratidão não pode sofrer nenhum atraso. Aproximar-nos de sua presença com corações agradecidos, reconhecendo todos os benefícios recebidos e, em adoração, proclamando com hinos triunfantes a alegria que está dentro de nós pelo privilégio deste louvor.

Somos também convidados a louvarmos, celebrarmos e nos dobrarmos diante de Deus, a fim de adorá-lo por sua graça salvadora em Cristo Jesus.  No salmo 100.1, o salmista nos exorta a celebrar com júbilo (alegria) ao Senhor todos os moradores da terra.  Ele nos resgatou nos remiu com o seu precioso sangue. Ele nos deu paz, a verdadeira paz, enchendo todo o nosso ser do seu amor. No salmo 122.1, vemos o motivo da grande alegria do salmista: fiquei muito alegre quando alguém afirmou que iria à casa do Senhor. Devemos, sim, ter grande prazer em ir até a casa do Senhor com um coração agradecido para lhe dar glórias e louvores ao seu nome e dizer: quão maravilhosas são suas obras, pois Ele se agrada dos verdadeiros adoradores. Por isso, vamos celebrar com muita alegria, com ações de graças, adorar ao Rochedo da nossa Salvação, Jesus Cristo. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã e eternamente.

                                                                  II

Após apresentar o convite ao povo para louvor a Deus, o salmista apresenta três motivos, pelos quais o povo deveria reconhecer a soberania de Deus, isto é, o comprometimento total e o reconhecimento pleno de Deus: O primeiro, “porque o Senhor é o Deus supremo” (v.3a). O Senhor é Deus supremo, isto é, está acima de tudo. A supremacia de Deus é manifesta pela Sua soberania ao criar, governar e salvar a humanidade. A supremacia do Senhor se faz notar também no Seu governo soberano, sobre a Criação. “Reina o Senhor; tremam os povos. Ele está entronizado acima dos querubins; abale-se a terra.” (Sl 99.1). E não menos que isto, a soberania de Deus manifesta-se na salvação: “O Senhor fez notória a sua salvação; manifestou a sua justiça perante os olhos das nações.” (Sl 9.2). Saber que o Senhor é Deus é reconhecer que Ele domina nos céus, na terra e no coração dos homens.

O segundo, “Deus é o Rei acima de todos os deuses” (v.3b). Demonstra a superioridade da soberania de Deus ao anular as divindades. Ele mostrou que os deuses dos egípcios e das outras nações eram falsos deuses. Eles não impediram a libertação de Israel e nem impediram a tomada da terra de Canaã. O terceiro, “Deus é o criador de todas as coisas” (vv.4 e 5). O Senhor é o autor, o dono e governador de toda criação. As profundezas da terra estão na mão do Senhor, as alturas dos montes pertencem a Ele, o grande mar foi o Senhor que fez. Os continentes são obras das mãos do Senhor.

Diante do foi exposto sobre o reconhecimento da grandeza do Criador, o salmista nos convida novamente manifestar a honra e a gloria a Deus: “Vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemos diante do Senhor que nos criou.” (v.6). Ele exemplifica algo que ocorria na época, quando diante do rei as pessoas se prostravam e ajoelhavam em humildade, reverência, admiração, honra e amor. Usa três verbos sequenciais que indicam o ato de se encurvar perante Deus. O primeiro é adorar que significa reconhecer o valor supremo de alguma coisa ou alguém. É expressar um amor sem medida. É dar a glória que alguém merece.  O segundo é prostrar que significa um ato de reverência. O terceiro é o ato de ajoelhar-se que significa humilhar-se, render-se, inclinar-se.

As diversas formas apresentadas pelo salmista, quando nos convida a manifestar a honra e a glória a Deus, há somente um objetivo: “Ele é o nosso Deus, e nós, povo do seu pasto e ovelhas de sua mão”. (v.7a). Esta imagem de um “Deus-Pastor” é muito comum no Antigo Testamento, de modo especial, nos livros sapienciais. Davi foi um dos primeiros a associar a figura do pastor com o cuidado e a provisão de Deus. Neste verso o salmista nos lembra que somos criaturas de Deus. Ele nos fez seu povo, ovelhas do seu pastoreio. Ele está cuidando de nós diariamente, assim como um pastor cuida de seu rebanho. Além disso, somos ovelhas de sua mão. Estar nas mãos de Deus é ser cuidado pelo Senhor, protegido por Ele. Como é bom sentir-se nas mãos do Senhor Deus e crer que estamos estou em sua presença. Por isso, nosso único objetivo é louvá-lo.

                                                                III

Deus exorta o povo aceitar o convite com o coração quebrantado e não com rebeldia. O salmista faz um alerta solene e apresenta exemplos de pessoas que tinham todas as motivações para servir a Deus adequadamente e que, não obstante, se endureceram e se rebelaram. As sérias consequências de endurecer o coração e não dar ouvidos ao Senhor são ilustradas por episódios extraídos da historia de Israel: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o coração, como em Meribá, como no dia de Massá no deserto” (v.8a). Em Meribá (nome que significa “contenda”) e Massá (que significa “tentar”), os israelitas ignoraram todas as suas experiências passadas do cuidado de Deus por ele. O povo murmurou ofensivamente contra Deus quando se viu sem água em Refidim, próximo do monte Sinai (Ex 17.1-7).Esqueceu-se dos milagres que Deus realizou quando o retirou do Egito, e da passagem pelo Mar Vermelho. Quando faltou água em Refidim faltou fé, faltou gratidão, faltou reverência a Deus. Mas, sobejou incredulidade, blasfémia e rebelião na vida do povo. Sobre esse episódio, Deus completa: “Onde vossos pais me tentaram, pondo-me à prova, não obstante terem visto as minhas obras.” (v.9). “Durante quarenta anos, estive desgostado com essa geração e disse: é povo de coração transviado, não conhece os meus caminhos.” (v.10).

Esta referência ao trazer à memória a história do êxodo, serve de alerta para o povo, bem como a geração presente.  Muitas pessoas têm o coração endurecido e não se sensibilizam com o próximo, pensam somente em si, não conseguem compreender o imenso amor de Deus por nós, e viver uma vida de fidelidade para com o Senhor. O nosso coração precisa de limpeza; precisa ser trocado, pois ele é egoísta, mundano, influenciado pelo pecado, e devido a isso não pode ouvir a voz de Deus, seguir suas orientações e o caminho que ele nos propõe a seguir. Na verdade precisamos fazer uma análise do nosso coração, porque o problema não está nas circunstâncias que nos cercam, mas o problema está em nosso interior, em nosso coração. Por isso, a mudança deve acontecer em nosso interior. Tirar tudo o que não presta que está estragado e colocar algo novo em nossa vida. 

Esta mudança em nosso coração apenas o Espírito Santo é capaz de realizar. “Quem não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. O Espírito Santo é que nos converte, regenera e arrancar o nosso “coração de pedra” e coloca um coração cheio de fé, amor, bondade e compaixão. Então, sim, teremos paz com Deus. E tendo paz com Deus, seremos criaturas felizes e alegres, e já nenhum tribulação, ou angustia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou perigo, ou espada nos separara do amor de Deus. Com o coração purificado, saberemos amar a Deus e nele permanecer fiéis até a morte. Saberemos andar em seus estatutos, guardar e observar a sua palavra, e poder estar em constante comunhão com o nosso Deus.

Qual foi a consequência da dureza do coração, da rebeldia, incredulidade e ingratidão do povo? A consequência foi que o Senhor Deus jurou: “Por isso, jurei na minha ira: não entrarão no meu lugar de descanso” (v.11). Não entrar no descanso, ou seja, na terra prometida, não foi uma falha na promessa de Deus. Mas, foi o resultado da incredulidade e da obstinação dos rebeldes. E o resultado da dureza de coração e da incredulidade foi o juízo de Deus. Foi dura a sentença de Deus. Mas, o Senhor é amor e é justiça. Nesse caso, os israelitas dos dias do salmista – e das gerações posteriores – deveriam decidir se queriam ter esse “lugar de descanso” concedido por Deus – ou seja, paz, prosperidade e permanência na terra de Canaã –, ou se queriam ser alvo do juízo de Deus pelas mãos das nações estrangeiras e pelos revezes naturais que lhes recairiam caso se endurecessem diante do Senhor (. Dt 28.15-68).

Davi  lembra de como o Senhor havia libertado os filhos de Israel do Egito. De terem passado em terra seca pelo mar Vermelho, De terem visto seus adversários serem derrotados pelas mãos do Senhor e terem suas necessidades supridas no deserto. Portanto, havia muitos motivos para o povo louvar a Deus. Motivos para celebrar ao Senhor com alegria e gratidão, reconhecendo que Deus é o Senhor de tudo. Que razões mais precisariam para louvar o Senhor glorioso, diante das dificuldades que enfrentaram no deserto?

Deus também nos convida para louvarmos ao nosso Deus. Louvar pelas suas muitas dádivas, pelo reconhecimento da glória de Deus sobre todos. Por isso,  vamos celebrar com muita alegria, com ações de graças, adorar ao Rochedo da nossa Salvação, Jesus Cristo. Ele merece o nosso louvor com hinos e cânticos espirituais, hoje, amanhã e eternamente. Amém!

 

 

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