TEXTO: SL 14
TEMA: NÃO SEJAMOS INSENSATOS, MAS SÁBIOS!
O Salmo 14 foi escrito pelo rei Davi. Mas não sabemos em que ocasião de sua vida isso aconteceu. Alguns acreditam que foi escrito no período do exílio. Quanto ao título, indica que ele foi entregue a um mestre de canto, o que, provavelmente, implica em sua utilização na adoração pública de Israel. Ele é quase idêntico ao Salmo 53.
O Salmo aborda vários ensinamentos e pode ser aplicado em diversas situações da vida. Ele fala da condição universal do pecado e da necessidade de arrependimento e salvação. Descreve um mundo onde as pessoas se afastaram de Deus e se tornaram corruptas, praticando o mal e não buscando a Deus. Ele ainda afirma que Deus está com os justos e expressa esperança para o futuro, sabendo que Deus finalmente restaurará Seu povo.
No entanto, em nossa mensagem, analisarei um assunto que está relacionado com o texto: os insensatos e os sábios. Ocorre que havia entre o próprio povo de Deus, homens insensatos que começaram a viver como se Deus não mais existisse. Mas quem são os insensatos? Os insensatos são aqueles rejeitam a existência de Deus e vivem de acordo com seus próprios desejos. Eles são descritos como tolos, pois não reconhecem a sabedoria e a autoridade de Deus. Além disso, se corrompem e praticam abominações. Enfim, eles não têm sabedoria, valores morais, nem percepção espiritual.
Diferentes são os sábios. Aqueles que ouvem a Palavra de Deus e as praticam. Refletem sobre às suas decisões e examinam com atenção todas as possibilidades. São aqueles que temem ao Senhor e sempre dam honra e glória a Ele. Obedecem aos seus mandamentos, são felizes e vencedores!
Temos vivido como insensatos ou como sábios? Temos procurado fazer a vontade de Deus, ou corremos atrás dos nossos afazeres pessoais, esquecendo de fazer o que de fato interessa ao nosso Deus? Como cristãos, tenhamos cuidado com a maneira como vivemos e que não sejamos como insensatos, mas como sábios.
O salmista inicia o Salmo,falando sobre o insensato.Mas o que é ser insensato? A palavra insensato no texto,diferentemente, do seu sentido na língua portuguesa, que significa pessoa que não tem bom senso, louco, sem noção da realidade, etc, aqui a palavra hebraica para insensato(נָבָל) traz o significado de alguém que é oposto o do sábio, isto é, alguém que não anda segundo o temor do Senhor — que é o princípio da verdadeira sabedoria (Pv. 9.10). Logo, o insensato no salmo é um termo usado para descrever uma pessoa que age de forma imprudente, sem sabedoria ou discernimento; que age sem considerar as consequências de suas ações, ignorando os princípios e ensinamentos divinos; alguém que despreza absolutamente a realidade de que Deus existe!
Contudo, em suas grandes tolices, o insensato chega ao ponto de afirmar que Deus não existe: “Não há Deus.” (v.1b). É lamentável observar esta atitude destas pessoas, Elas vivem como se Deus não existisse. Acreditam que Deus não vai interferir no mundo e nem na sua história. Pensam que Deus não pedirá contas daquilo estão fazendo de errado. Na verdade, diante de todos os seus propósitos práticos, estas pessoas entendem que Deus não faz parte dos seus pensamentos. Portanto, Deus não existe! O britânico Bertrand Russell que era um filósofo agnóstico, certa feita foi arguido sobre quando morresse o que faria ao se deparar na presença de Deus. Russel respondeu: “Deus, você não nos deu provas suficientes da Sua existência!”
Como este insensato ainda podia exigir mais provas? A natureza, o universo, as mais variadas formas de organismos e elementos criados por Deus já seriam suficientes. Olhando para as estrelas, compreendendo a vastidão do universo, observando as maravilhas da natureza, vendo a beleza de um pôr-do-sol – todas estas coisas apontam para um Deus Criador. As Escrituras afirmam que a existência de Deus é percebida naturalmente: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo” (Salmos 19.1- 4). Em Jesus Cristo Deus revelou-se plenamente. Foi possível que conhecêssemos a Deus pessoalmente e que experimentássemos o amor, a paz e a alegria através da morte de seu Filho na cruz.
A verdade é que encontramos tantas pessoas, agindo de acordo com a própria consciência e deixando de lado as coisas de Deus em nossos dias. Muitos nem acreditam na realidade de que há Deus! Por isso, como cristãos, tenhamos cuidado com a maneira como vivemos e que não sejamos como insensatos, mas como sábios. Esta é a recomendação do apóstolo Paulo, conforme Efésios 5.15 e 16. Dentro da importância do testemunho cristão, Paulo exorta seus leitores a verem cuidadosamente a maneira como estavam vivendo perante às pessoas. Esta deve ser a nossa vivência: viver de acordo com os ensinamentos das Escrituras, como sábios, andando com sabedoria ao fazer a vontade de Deus.
Era assim que os mestres e líderes do povo de Israel estavam vivendo quando Davi escreveu este Salmo. Eram insensatos, obreiros da iniquidade. Não buscavam Deus. Desprezavam o povo de Deus. Não agiam com sabedoria em sua vida espiritual e ética. Não sabiam fazer escolhas corretas. E as consequências dessa insensatez são tristes e se refletem tanto no caráter quanto na conduta do povo; se manifesta no seu coração, na sua mente e na sua decisão. O que ocasiona, consequentemente, à violação de todos os princípios, estatutos e leis estabelecidas por Deus, uma vez que eles se “corrompiam e praticavam abominação.” (v.1b).O verbo corromper no hebraico é שִׁחֵת significa agir de maneira corrupta, praticando abominações, ou seja, algo imundo desagradável a Deus; alguém que subverte toda ordem, de modo que não faze mais distinção entre o certo e o errado, e não têm consideração alguma pela honestidade. Portanto, o homem caído é totalmente corrupto, e sua corrupção abrange todas as áreas da sua vida. É o que temos visto em nossos dias:estupro, aborto, pedofilia, homicídio, homossexualismo, bruxaria, terrorismo, zombaria ao nome de Cristo, etc).
Também éramos, outrora, néscios, desobedientes, desgarrados, escravos de toda sorte de paixões e prazeres, vivendo em malícia e inveja. Quando, porém, se manifestou a benignidade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com todos, não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo sua misericórdia, Deus nos salvou mediante o lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou sobre nós ricamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador, a fim de que, justificados por graça, nos tornemos seus herdeiros, segundo a esperança da vida eterna (Tito 3. 3-7).
O apóstolo deixa muito claro esta questão em Romanos 1.21-31. Ele afirma: “Tendo o conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus. Se tornaram nulos em seus próprios raciocínios. Obscureceram o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos. Mudaram a glória de Deus.” O verso 28 nos mostra o resultado de tudo isto: “Por haverem desprezado o conhecimento de Deus, Deus os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem coisas inconvenientes.” O que vem a seguir é uma lista enorme das iniquidades cometidas por estes homens. Portanto, a iniquidade humana é resultado do afastamento de Deus. O salmista estava certo, nas suas afirmações: eles se corromperam e praticaram abominação, “já não há quem faça o bem.” (v.1c).
No entanto, Deus olha para a terra, Deus busca entre os filhos dos homens para ver se há quem entenda e se há quem busque a Deus. (v 2). A expressão, “olha para a terra,” literalmente significa: curvou-se; indicando olhar zeloso e intenso para um exame mais detalhado. E ao olhar Deus encontra uma resposta: “não há nem um sequer que faça bem ou busque a Deus. Consequentemente, todos se extraviaram e juntamente se corromperam.” (v.3). O verbo “extraviar” indica uma ação em que os homens deram as costas para Deus. Desprezaram,ignoraram o propósito para o qual foram criados, ou seja, de glorificar a Deus.Como resultado de sua depravação, o homem caído não apenas nega a existência de Deus, mas também se dedica a explorar o povo: “os obreiros da iniquidade devoraram o meu povo, como quem come pão, que não invocam o Senhor?” (v.4). Agiam com naturalidade e a facilidade com que praticavam sua maldade, explorando os necessitados.
No entanto, embora os insensatos vivendo como se Deus não existisse, eles não poderiam escapar. O Senhor haverá de julgar a terra com retidão,e nesse dia restará aos insensatos apenas o pavor, não encontrarão lugar onde poderão se esconder. O salmista afirma: “Tomar-se-ão de grande pavor.” (v.5a). Não se livrarão da ira do Senhor, pois foram cruéis, cujas ações traziam sofrimento àqueles que, por vezes, não têm como se defender, ou seja,os “justos” e os “humildes”: Eles se aproveitaram para falar mal dos indefesos, julgando-os e discriminando-os: “Meteis a ridículo o conselho dos humildes.” ( 6a). Mas apesar de os justos serem, muitas vezes, escarnecidos, debochados, zombados, “o Senhor é o seu refúgio.” (v.6b).Como é maravilhoso saber que Deus é o nosso refúgio. Nele encontramos toda força e proteção necessárias quando tudo ao nosso redor começa ruir. Ele nunca nos abandona, quer chova ou faça sol, quer sopre ventania ou haja calmaria, na doença ou na saúde. Ele também está com seus filhos para lhes fazer justiça diante dos malfeitores, seja confortando-os no sofrimento e livrando-os das suas armadilhas.
Para reforçar este pensamento, o salmista usa uma expressão de confiança, uma aspiração, um desejo de sua alma: “tomara de Sião viesse já a salvação de Israel!” (v.7a).O desejo de Davi é que Deus traga salvação ao seu povo. Isto significa que a redenção de Israel não será encontrada na força ou sabedoria humana. Ela virá de Sião,do monte onde estava Jerusalém. Este era o lugar da habitação de Deus no meio do seu povo. Na verdade, o que Davi pede é que Deus traga salvação para Israel. diante das mãos dos seus inimigos, para que o seu povo se alegrasse no Senhor e no seu livramento. Davi mostra que, quem reconhece e se submete ao Senhor,tem em seu coração a esperança inabalável. Por isso, Davi afirma: “Quando o Senhor restaurar a sorte do seu povo, então, exultará Jacó, e Israel se alegrará. (v.7b). Será um tempo de regozijo e de alegria para Israel. Essa esperança de Israel, demonstra o seu retorno da Babilônia.
Deus cumpriu o desejo de Davi e lhe atendeu o clamor! Ele restaurou a sorte do seu povo! Mas uma salvação maior estava para chegar. Do meio de Israel, Deus estava trabalhando para trazer ao mundo o Seu Filho para salvar o seu povo dos pecados deles! E na plenitude do tempo, Cristo veio e com seu sangue nos libertou dos nossos pecados e com seu Espírito nos deu novo coração para servir a Deus! Cristo restaurou a nossa sorte! Ele nos salvou! Mas vai chegar o dia em que ele virá para completar a boa obra que iniciou em nós e nos dá plena salvação! Ele prometeu vir nos buscar e nos levar para habitar consigo no novo céu e na nova terra por toda eternidade. Então, nossa alegria será perfeita e completa, pois o mal e toda corrupção não mais existirá, mas somente perfeita paz e justiça para o povo de Deus!
Enquanto aguardamos a vida de Cristo, sejamos sábios. Aqueles que ouvem a Palavra de Deus e as praticam. Refletem sobre às suas decisões e examinam com atenção todas as possibilidades. São aqueles que temem ao Senhor e sempre dam honra e glória a Ele. Obedecem aos seus mandamentos, são felizes e vencedores! Sigamos o exemplo do salmista. Um exemplo é o Salmo 1. Ele Ilustra de uma forma maravilhosa, ao comparar o caminho do justo e do ímpio (ou do sábio e do tolo) e depois nos mostra qual o resultado final desses dois caminhos. Ele começa falando sobre coisas que o justo não faz, ou seja, que devemos evitar, se queremos ser sábios e não tolos. Sigamos o exemplo também de Salomão. Ele vê que ser sábio é melhor e mais proveitoso do que ser tolo, como a luz que traz mais proveito do que as trevas.
O grande exemplo foram os apóstolos. Eles viveram como sábios. Aproveitaram o tempo e procuraram compreender a vontade de Deus, pela leitura e prática da sua Palavra. Mantiveram-se sóbrios em ação constante na prática do bem. Deixaram-se dominar completamente pelo Espírito Santo de Deus, sendo guiados pelos caminhos da verdade e servindo a Deus ao próximo. Dentro da importância do testemunho cristão, Paulo, conforme Efésios 5.15 e 16, exorta seus leitores a verem cuidadosamente a maneira como estavam se portando perante os de fora. Esta deve ser a nossa vivência: viver de acordo com os ensinamentos das Escrituras, como sábios e não tolos. Mas no que consiste o andar com sabedoria? Consiste em fazer a vontade de Deus. Por isso, queremos ser sal da terra, uma luz para as pessoas, refletindo a sabedoria e o amor de Deus neste mundo.
Estimados irmãos! Temos vivido como insensatos ou como sábios? Temos procurado fazer a vontade de Deus, ou corremos atrás dos nossos afazeres pessoais, esquecendo de fazer o que de fato interessa ao nosso Deus? Como cristãos, tenhamos cuidado com a maneira como vivemos e que não sejamos como insensatos, mas como sábios. Amém!
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