sábado, 17 de agosto de 2024

TEXTO: EF 6.10.20

TEMA: COMO NOS FORTALECER NO SENHOR?

Diariamente enfrentamos tantas batalhas neste mundo. Aliás, a nossa vida tem sido uma constante batalha. São as dificuldades, os problemas, os sofrimentos que enfrentamos. Além destas batalhas diárias, também enfrentamos a batalha espiritual. É uma batalha constante que o cristão enfrenta contra as influências do mundo, contra a sua própria natureza pecaminosa (carne), e contra o diabo. Ela é uma realidade sóbria. É uma batalha que será constante até quando Cristo nos chamar para eternidade.

No entanto, nessas batalhas não estamos sozinhos. Deus está conosco. Ele é o Senhor  que peleja pelo seu povo, nos fortalece e nos concede força para vencermos as batalhas. Ele coloca à disposição toda a “força do seu poder”. Poder que nos sustenta diante das dificuldades da vida. E para ficarmos firmes é preciso nos fortalecer no Senhor.

Mas, afinal, como nos fortalecer no Senhor? O apóstolo Paulo nos fala dessa batalha e nos diz que devemos estar preparados e bem armados para lutarmos. É uma ordem divina para ficarmos firmes e vigilantes contra as ciladas do diabo, pois a nossa luta não e contra seres humanos, mas contra forças espirituais do mal. Por isso, devemos ser constantes e sempre vigilantes, pois não sabemos quando e como ele irá nos atacar. E quais são as armas que devemos utilizar nessa guerra? O apóstolo Paulo também responde essa pergunta: precisamos nos revestir da armadura de Deus. Portanto, fiquem sempre em prontidão, e preparem-se para a luta!

Paulo fez diversos estudos para os filhos, pais, jovens, empregados, casais e padrões. E após estes estudos, ele concluiu, afirmando : sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.” (v.10). O apóstolo Paulo  está afirmando que os cristãos de Éfeso deveriam se fortalecer no Senhor na força do seu poder. É uma  expressão que nos  capacita a viver a nossa vida cristã nesta terra, resistindo aos ataques de Satanás. Ele é o principal inimigo do povo de Deus. Ele é um adversário perigoso que lidera “as hostes espirituais da maldade” (v.12). Isso quer dizer que Satanás e seus agentes formam um exército organizado que se opõe à obra de Deus e ao seu povo. Eles atacam de forma astuta e estratégica (v.11).Por isso, precisamos admitir que por nossa própria força,  não somos capazes de vencer as batalhas contra as forças malignas.

Portanto, é necessário nos fortalecer no Senhor Jesus , buscando sua orientação, seus ensinamentos na palavra e sua proteção. Necessitamos estar ,permanentemente, ligados à fonte da qual esta força procede. Afinal, somos fracos em nossa própria natureza, e lutamos com inimigos muito mais fortes do que nós, que são enganosos, sutis, disfarçados. Dependemos, portanto, do poder de Deus para sermos fortalecidos. E quando somos fortalecidos pelo Senhor, nos tornamos capazes de vencer as fraquezas. Daniel foi fortalecido pelo anjo do Senhor: Falava ele comigo quando caí sem sentidos, rosto em terra; ele, porém, me tocou e me pôs em pé no lugar onde eu me achava.”(Daniel 8.18).Isaias foi fortalecido: não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.”( Isaías 41.10). Lembre-se: só permanecerão firmes aqueles que estiverem fortalecidos no Senhor.

Mas, afinal, como nos fortalecer no Senhor? O apóstolo Paulo apresenta uma nova dimensão para fortalecer os irmãos na fé em Cristo, convidando-os a se revestir da “Armadura de Deus”: “Revesti-vos de toda armadura de Deus. (v.11a): O verbo revestir  traz a ideia de vestir-se novamente, ou seja, uma roupa sobre outra. A palavra armadura se refere à armadura de um soldado fortemente armado da cabeça aos pés. Conjunto de peças feitas de metal ou couro, com que os soldados antigos cobriam o corpo para se protegerem das armas de ataque dos inimigos. O uso desta armadura significava manter agressivamente na retaguarda, manter-se à frente e opor-se contra o inimigo.

É impressionate a linguagem militar que o apóstolo emprega neste texto para falar sobre a armadura de Deus. Mas o que é a armadura de Deus? A armadura de Deus é a proteção que Ele nos oferece para resistir ao diabo e vencer as tentações e as lutas da vida. O motivo da necessidade é  para “poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo.” (v.11b). Estas ciladas são os truques de Satanás para enganar os cristãos (2Co 11.14). Outro detalhe é o combate para o qual precisamos estar preparados não é contra inimigos humanos, não contra homens constituídos de carne e sangue: “…porque não temos que lutar contra carne e sangue”. (v.12) Portanto, Paulo deixa claro que não lutamos contra forças humanas, a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. O conflito com Satanás é espiritual e, portanto, nenhuma arma física pode ser usada efetivamente contra ele e seus demônios.

Diante disso, o apóstolo Paulo exorta os cristãos de Éfeso a serem fortalecidos na força do Senhor e se vestir contra as forças malignas,usando determinadas armas. E quais são estas armas/ferramentas que estão à nossa disposição, e que devemos utilizar nessa guerra? Paulo responde essa pergunta. Ele fala das seguintes armas: cingidos com a verdade, vestidos com a couraça da justiça, calçados com o Evangelho da paz, embraçando o escudo da fé e o capacete da salvação. E ainda, tendo em punho a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus, orando em todo o tempo e sendo vigias perseverantes. Essas são as armas que Deus nos oferece para resistir Satanás. É tudo que precisamos para resistir aos ataques do diabo e manter-nos firmes com Deus.

 Quem veste a armadura de Deus não será abalado. Por isso, Paulo nos aconselha: “tomai a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mal e, depois de terdes vencido tudo, permaneceis inabaláveis. (v.13). Ele afirma ,simplesmente, “tomai a armadura de Deus.” Temos apenas que pegar. Há urgência,para que possamos estar preparados contra o dia mau que pode ser qualquer momento, uma guerra perpétua (Salmo 41.1). Neste sentido,Paulo  alerta para que todos se mantenham firmes e estejam preparados. Se tomamos a armadura e lutarmos ,bravamente, até o fim, “resistindo no dia mal” e “ vencendo tudo,” então seremos vitoriosos.

Paulo nos apresenta as ferramentas da armadura de Deus. Para cada peça da armadura existe uma comparação especial, vejamos: a primeira ferramenta: o cinturão - Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade.” (v.14a). A expressão cingir significa pôr à cintura, apertar. Provavelmente, se refere ao cinto usado para apertar a túnica do saldado. Uma túnica solta no campo de batalha poderia atrapalhar os movimentos do soldado, poderia tropeçar. Um soldado preparado para a luta teria um cinto apertado firme às suas vestes. Além disso, era usado para sustentar a adaga e a espada. Era responsável pela estrutura e sustentação de toda a armadura. Era uma peça indispensável para o soldado romano.

Como cristãos, nosso cinto é a verdade. E toda a verdade está em Cristo Jesus.  Quando o soldado de Cristo está com a verdade, em toda luta que tiver em sua vida,  estará preparado e protegido. Sendo assim, só poderemos resistir o inimigo, se estivermos fundamentados na verdade. Se estivermos cingidos com a verdade, nosso inimigo, que nos acusa e que é mentiroso, não terá argumentos válidos para lançar contra nós, pois estamos alicerçados na verdade. Se a verdade não for a base de sustentação da vida, entraremos despreparados para a batalha espiritual. Lemos em1 Pedro 1.13: “Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo.”

A segunda ferramenta da armadura de Deus para enfrentarmos a luta espiritual é a couraça da justiça: “vestindo-vos da couraça da justiça”. (v.14b).   A couraça era uma parte da armadura, feita de couro ou metal, para cobrir o peito e, às vezes, as costas dos soldados. O objetivo da couraça era para proteger contra os golpes das lanças, flechas e espadas. Mas que tipo de proteção é essa que o apóstolo chama de couraça da justiça? Ela nos protege de que? Como podemos vesti-la? A justiça aqui não é a nossa justiça própria. Se a justiça for própria, a couraça é própria, a armadura é própria! E  a armadura não é de Deus. Quando o apóstolo Paulo falou da justiça como uma couraça, ele tinha em mente a justiça de Deus. A justiça que Cristo conquistou na cruz para nós: (2Co 5.12; Ef 4.24). Essa é a maneira de vestir a couraça. Quando aceitamos a justiça que procede de Deus pela fé em Jesus, a nossa couraça de pano podre é trocada pela couraça da justiça de Deus.

Paulo nos apresenta a terceira ferramenta: Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz.” (v.15). As sandálias do soldado romano eram calçados duros.Ele eram feitos de couro para proteger os pés. Tinham tachas para manter o equilíbrio em terrenos acidentados, proporcionando apoio aos pés. Assim, para os soldados romanos, os calçados não poderiam ser algo que os impedisse, mas sim que o auxiliassem em seus movimentos de defesa. Para enfrentar a luta espiritual na qual todos estamos participando, além de cingir-se com cinturão da verdade e vestir a couraça da justiça, precisamos calçar os pés com a preparação do evangelho da paz. Calçar os pés no evangelho da paz é viver apoiado pela boa notícia da paz, é viver protegido pela paz do evangelho. É estarmos preparados, a qualquer momento, para representar o reino de Deus e anunciar o seu evangelho. Esse é o ponto de partida: paz com Deus. Se estivermos calçados com essa paz, podemos enfrentar a luta e vencer as batalhas.

A quarta ferramenta: Escudo da fé. Paulo especifica o tipo de escudo que era muito peculiar no exército romano. É muito significativo a simbologia que Paulo empregou para as armas espirituais. Ele afirma: Embraçando sempre o escudo da fé.” (v.16). O escudo aqui mencionado refere-se a um escudo suficientemente grande para cobrir a maior parte do corpo. Servia para se proteger contra as flechas, espadas e dos dardos. Era conhecido como Scutum (latim para escudo). Esse escudo era grande e retangular, tinha 1,5 metros de altura e pesava entre 5-7 kg. Ele era feito de madeira dura com metais nas bordas e grossas camadas de couro na frente. Antes de marcharem para a batalha os escudos eram molhados para que os dardos inflamados fossem extintos. 

A nossa proteção é o escudo da fé. Através dele, apagamos “todos os dardos inflamados do maligno”. (v.16b). Interessante que os romanos usavam as flechas como uma grande arma de ataque contra os inimigos. As flechas tinham pedaços de panos banhados em piche que eram acesas antes de serem lançadas. Essas flechas inflamadas causavam sérios estragos nos corpos e em locais aonde havia algo inflamável. Essa é a imagem que Paulo está usando, e que reflete a nossa batalha espiritual. Satanás está constantemente lançando seus dardos inflamados contra nós, querendo fazer com que nós acreditemos que há mais prazer nas coisas que ele oferece, nas mentiras, egoísmo, ciúmes, inveja, orgulho, cobiças. e muitos outros pecados Foi assim que ele atacou Jesus – prometeu coisas grandes, mas Jesus usou o escudo da fé e se defendeu crendo nas promessas de Deus (Mt.4.1-11).

Paulo nos aconselha a usar “sempre o escudo da fé”. Fé é um escudo que cobre todo o nosso ser – assim como o escudo cobria todo o corpo! Fé é a plena certeza, a garantia da fidelidade de Deus para com suas promessas. Essa plena certeza se torna uma convicção tão séria e tão profunda que passa a ser o que guia  nossos passos. E sem fé não conseguiríamos permanecer contra os intentos do inimigo. Seria impossível viver a vida de Deus sem esse escudo de defesa, mesmo porque, constantemente, somos atacados pelo inimigo e, uma vez sem esse escudo, seríamos alvos fáceis. Portanto é preciso “embraçar sempre”, ou seja, um ato continuo, de hora após hora, sem parar, um escudo, uma proteção de fé, que deve estar fundamentada, edificada, com alicerces espirituais profundos em uma Rocha chamada Cristo.

A quinta ferramenta é o  capacete da salvação: “Tomai também o capacete da salvação” (v.17a). Após colocar as outras peças da armadura, o soldado recebia do criado o capacete, um traje militar devidamente ajustado e mais leve para proteger esta parte vital do corpo. Os capacetes romanos eram feitos de bronze e tinham uma camada de feltro ou esponja. Paulo toma como base este termo para falar sobre a salvação.  Isto significa que  no âmbito espiritual, o capacete simboliza a salvação do Senhor. Pela sua morte e ressurreição, Jesus nos salvou do castigo e da escravidão do pecado (Romanos 8.1-2). A salvação que recebemos de Deus é nossa maior proteção de todos os nossos ideais  nesta vida. Quando vivemos focados na salvação em Cristo Jesus, a nossa vida terá outro sentido,pois Deus protege dos que lhe pertencem: "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Rm 8.31; 37-39). Precisamos de proteção para não cair nas armadilhas do diabo.

A sexta ferramenta é a espada do Espírito. “A espada do Espírito, que é a palavra de Deus”. (v.17b). Este tipo de espada era pequena, aquela que o soldado usava no combate corpo a corpo. Não era a espada mais longa usada em combates. Para os cristãos armados para defesa na batalha, o apóstolo recomenda somente uma única arma de ataque; mas ela é suficiente, a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus. Isso fica claro uma vez que essa espada é a Palavra de Deus e que o Espírito Santo é seu autor (2Pe 1.20,21). Jesus usou tão ,incisivamente, as Escrituras na hora da tentação, fica claro que também temos de fazer o mesmo. O escritor aos Hebreus ressalta que "a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes" (Hb 4.12).

O apóstolo Paulo termina sua analogia sobre a armadura de Deus, ensinando como o cristão pode vestir essa armadura. Ele diz que é somente por meio de  um vida de oração que o crente pode estar devidamente equipado com a armadura de Deus e pronto para a guerra espiritual. Vejamos três usos dessa palavra que Paulo menciona: primeiro, para guerrear contra o diabo, temos de fazer da oração uma disciplina diária. Por isso,deveriam orar  "em todas as ocasiões.(v.18a) Em I Tessalonicenses 5.17, Paulo exorta os crentes: "Orai sem cessar". Jesus declarou que as pessoas devem "orar sempre e nunca desanimar" (Lc 18.1). A constância em oração é imperativa para a vitória. Segundo,  Paulo resalta que devemos “orar em todas as ocasições no Espirito.”(v.18b) No Espírito não se refere ao espírito humano com sua capacidade de devoção e ardor, mas ao Espírito Santo, que é quem ,poderosamente, inspira e intercede. Ele nos ajuda a formular as petições de acordo com a vontade de Deus ( Rm 8.26-27). E ,finalmente, “vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos.” (v.18c). O termo “vigiando”transmite a ideia militar de "manter-se alerta". Esta deve ser atitude do cristão.  É a única maneira de estar preparado.  A agilidade incansável do cristão deve ser mostrada especialmente na intercessão perseverante a favor de todos os seus companheiros de luta.

Finalizando, Paulo pede aos efésios que orassem por ele. Ele não pede uma oração especial para seu bem-estar pessoal ,mas sim pelo crescimento do evangelho. O pedido é duplo. Primeiro, ele deseja sabedoria para que "me seja dada, no abrir da minha boca"(19a). O apóstolo está ciente de ter sobre si a grande responsabilidade de pregar o evangelho. Com isso, ele quer estar seguro de que, quando as oportunidades se apresentarem, ele possa falar as palavras corretas, a certeza de que a palavra que disser sempre seja a Palavra de Deus. Segundo, “para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho.”(19b).  Ele deseja audácia para pregar esta mensagem sem vacilar diante dos homens e sem abrir mão dos princípios do evangelho. Portanto, precisa pregar o evangelho completo para o mundo inteiro,quer judeus quer gregos.

 O apóstolo Paulo não se envergonhou de pedir aos cristãos que orassem, para que  tivesse a coragem e oportunidade de anunciar o evangelho. Mesmo estando na prisão, ele queria continuar a ser uma testemunha fiel do Senhor: “pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.” (v.20). Embora, estando acorrentado, ele se apresenta como  um “embaixador em cadeias” do evangelho de Cristo em Roma. Por isso,  ele pede aos cristãos  que orem, para que possa falar ,livremente, tudo o sabe e convém como embaixador de Cristo.

 Estimados irmãos! Diante do foi apresentado,  façamos sobre nós mesmos a seguinte avaliação: estamos devidamente equipados com toda a armadura de Deus? Estamos tentando vencer o adversário com nossas próprias forças, sem recorrer à fé, à oração, à Palavra e a comunhão com Deus?  Lembre-se que a nossa luta é contra Satanás, o inimigo de Deus.  Por isso, precisamos nos revestir de toda a armadura de Deus para ficarmos firmes contra as ciladas do diabo e resistir no dia mau e, depois de termos vencido, permanecer inabaláveis. Portanto, não negligenciamos a salvação, a justiça, a verdade, a fé, o evangelho de paz e nem a Palavra de Deus, antes apeguemo-nos firmemente a estas armas de defesa e ataque a fim de alcançarmos êxito nas batalhas. Resistamos e avancemos! Amém!

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