segunda-feira, 26 de agosto de 2024

TEXTO: MC 9.38-50

TEMA: QUAL É A NOSSA ATITUDE DIANTE DO PRÓXIMO?

 Durante a sua caminhada à Jerusalém, Jesus ensinava aos discípulos a respeito do reino dos céus. No texto anterior, Ele já havia ensinado sobre quem é o maior no reino dos céus. Agora, Jesus ensina a atitude que os discípulos deveriam ter com os outros. Este assunto fica evidente quando os discípulos proíbem um homem que, expelia demônios em nome de Jesus, de fazer o seu trabalho, uma vez que não pertencia ao grupo dos doze. Eles ficam decepcionados com esta atitude.

 Diante desta vontade de conquistar o mais alto posto de dignidade e a inveja, proibindo uma pessoa de expulsar demônios, é uma demonstração o quanto os discípulos estavam se distanciado do chamado de Jesus para serem “pescadores de homens”. Eles não querem saber sobre a morte e o sofrimento de Jesus. Eles querem glória e ascensão e não sofrimento e crucificação. Eles querem a melhor posição. Eles querem ser servidos. Eles querem a exclusividade do ministério só para eles, não querem outros no meio deles. Não deveria ser esta atitude, uma vez que foram chamados para servir ao Senhor.

Jesus reprova a atitude dos discípulos. Passa grande parte do seu tempo reeducando-os. Ele esperava dos discípulos no futuro, uma transformação, mudança em suas mentes, diferente do que estavam mostrando até recentemente. Sendo assim, Jesus faz diversas exortações da necessidade de mudança na atitude que estavam vivenciando: deveriam servir a todos e ,principalmente, os mais desprezados do reino de Deus. São convocados a amarem de forma radical a todos e tomar o cuidado para que não causassem tropeços a outros irmãos em Cristo. Deveriam de forma radical se livrar de tudo que os levassem a pecar e que soubessem viver uma vida de constante arrependimento e santidade. Enfim, deveriam estar conscientes da sua vocação mais profunda, sendo sal da terra. Se não andassem conforme Deus almeja, não receberão o seu galardão e irão passar a eternidade no inferno.

Não somos diferentes dos discípulos. Agimos da mesma forma. Por isso, é importante nos questionarmos: Qual é a nossa atitude diante das outras pessoas?  Será que não levamos, muitas vezes, outras pessoas a tropeçar? Diante dos nossos procedimentos, o amor deve ser o elemento que governa as nossas atitudes para com o nosso próximo. “Se não tiver amor, nada serei” (1Co 13.2). Esse amor em nossos corações deve fazer com que amemos uns aos outros com amor fraternal, não buscando honras para si mesmo, mas sim honrando aos demais (Fp 2.3-5). Lembrado sempre que qualquer atitude diferente de cumprir e viver o evangelho de forma prática, demonstramos que estamos negligenciando e desprezando a palavra de Deus. Sendo assim, o cristão tem um dever de viver uma vida digna perante os demais. “Vivei, acima de tudo, por modo digno do Evangelho de Cristo” (Fp 1.27).  Ter uma vida cristã autêntica, verdadeira e comprometida com os valores do reino de Deus.

Os discípulos veem alguém alheio a seu grupo expelindo demônios em nome de Jesus. Diante destes acontecimentos, eles ficam perturbados, incomodados e com ciúmes com aquele que estava expelindo demônios em nome de Jesus, pois ele não tinha permissão para realizar esta ação.  Por isso, os discípulos, liderados por João, resolvem proibir à atitude daquele homem. Anteriormente, os discípulos estavam discutindo quem seria o maior, Agora, discutem quem pode expelir demônios. Na verdade, o orgulho estava dominando os discípulos. Pensavam somente em si e achavam-se donos da verdade, donos do nome de Jesus. Sendo assim, não mediam as consequências que estavam causando aquele homem. Observa-se mais uma vez que os discípulos não haviam compreendido o que Jesus falava a respeito do reino dos céus.

Entretanto, Jesus os repreende. Ele responde de modo muito claro. Ele amplia a visão dos seus alunos: Não o proíbam.” (v.39). Jesus desaprova a atitude, colocando um critério: em meu nome tudo é possível ao que edifica independente de sua posição no grupo de discípulos. Ele afirma que o fato de alguém não estar fazendo parte do grupo, não significa que deveriam excluí-lo. Significa que os discípulos deveriam a aprender a respeitar as diferenças e que servir a Deus não era exclusivo daqueles que O seguiam.

Existem muitas pessoas que julgam, falam mal dos outros se consideram melhores como se fossem os únicos possuidores da verdade. Na busca da perfeição, muitas vezes, excluímos pessoas em nossas vidas.  Muitas vezes, desavenças surgem de forma devastadora quando as pessoas não conseguem aceitar que a opinião ou as características do outro são naturalmente diferentes. As pessoas não aceitam essas diferenças, agem com palavras e ações intolerantes, contra aqueles que não professam o mesmo pensamento, dizendo palavras ofensivas e insensíveis, não medindo as palavras e nem procurando calcular as consequências desses atos.

Portanto, antes de julgar nossos semelhantes, que possamos pensar que ele não é, e  nunca vai ser igual a mais ninguém. Antes de criticá-lo ,cruelmente, que tentemos compreender seu ponto de vista. E antes que façamos comparações injustas, que possamos enxergar em nós e em nossos semelhantes os atributos que tornam o mundo tão cheio de riquezas e diversidades. E aquilo com o que não concordamos, que possamos ao menos respeitar para que possamos ser respeitados quando as nossas ideias também forem únicas. É preciso aprender a exercitar o respeito ao próximo em seu sentido real, ou seja, procurando realçar o que há de melhor nele valorizando suas qualidades.

No entanto, os discípulos deveriam conhecer o verdadeiro sentido do discipulado. Por isso, Jesus ensina aos discípulos e a todos nós uma lição muito valiosa. Assim, Jesus diz: Porquanto, aquele que vos der de beber um copo de água, em meu nome, porque sois de Cristo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão.” (v 41). Jesus esclarece aos seus alunos que o verdadeiro discipulado abrange fatores mais importantes e necessários da vida humana. Os discípulos pensavam que ao serem escolhidos por Jesus, já estavam preparados e que somente eles poderiam servi-lo. Jesus exemplifica que qualquer que oferecer um copo de água a um discípulo, por ser um seguidor de Cristo, de maneira nenhuma perderá seu galardão. Dar um copo de água tem grande importância no reino de Deus. Significa que os discípulos deveriam comprometer-se com a missão de Jesus. Eles foram chamados para serem “pescadores de homens”. Chamados para servir a Cristo em qualquer circunstancia em que se encontravam.

Somos convidados a olhar para os nossos irmãos, amando-os, pois o nosso chamado consiste em fazer a vontade de Deus nosso Pai, que ama a todos, sem distinção. Somos convidados amar os que nos perseguem e orar pelos nossos inimigos.  Jesus nos mostra que o servir não está no tamanho da obra realizada, mas em nome de quem ela é realizada, ou seja, “em nome de Cristo”, ou como podemos ver em Cl 3.17: “E tudo o que fizerem, seja em palavra, seja em ação, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus”.

Jesus insiste que no seu discipulado não se deve escandalizar ninguém, especialmente a gente mais humilde, aquela que crê em Jesus. Escandalizar é “ser pedra de tropeço” para outra pessoa, é “fazer pecar”, “desviar”. É nessa perspectiva que Jesus adverte ao afirmar aos discípulos: E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar.” (v.42). Quem são os pequeninos? Estes “pequenos” não são crianças, mas os que creem e aderiram à mensagem de Jesus, não importando a que grupo pertence.  Jesus é severo nas suas colocações, para aqueles que impedem ou faz tropeçar um destes pequeninos que tem fé, compromisso com o Messias.

A ênfase está no verbo σκανδαλον que significa causar tropeço. É preciso ter cuidado para que esses “pequeninos crentes” não se escandalizem nem tropecem na fé. Por isso, Jesus avisa que é melhor morrer do que causar danos aos pequeninos que acreditam na sua mensagem. E o castigo seria colocar uma pedra de moinho que pesa centenas de quilos amarrada ao pescoço do infrator para levá-lo ao fundo do mar. Jesus quer enfatizar o perigo de se colocarem obstáculos no caminho dos pequeninos discípulos que querem segui-lo.

Jesus condena qualquer forma de se praticar escândalo, porque significa a possibilidade de desviar da graça de Deus. E as metáforas que Jesus usa para esta atitude são duras: Se tua mão te faz tropeçar, corta-a (v. 43); Se teu pé te faz tropeçar, corta-o (v. 45); Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o (v. 47). Evidentemente, Jesus não está querendo dizer que devemos mutilar nosso corpo. Pelo contrário, ele está dizendo que o nosso coração e a nossa mente, imbuídos do amor de Cristo, precisam dirigir e controlar as ações e reações dos membros de nosso corpo (Romanos 6.11-14).

Entretanto, as imagens que Jesus usa são fortes: cortar a mão, cortar o pé, arrancar o olho, e ser jogado no inferno. O termo grego traduzido por inferno é γεεννα (geena) que significa literalmente “vale de Hinom”, um lugar que ficava próximo de Jerusalém. Nos tempos bíblicos, esse vale era usado como depósito de lixo. O fogo era mantido constantemente aceso para queimar todos os detritos.  Onde recém-nascidos eram abandonados por alguma deformação e onde corpos de “indignos” eram lançados para apodrecer. Era comum haver fogo consumindo os gases em decomposição. O que não era destruído pelo fogo era consumido por larvas. Jesus usa esta palavra como símbolo de destruição eterna. (Mateus 23.33). No texto Jesus fala que é  o lugar “onde não lhes morre o verme, nem o fogo se paga”. (44, 46,  48). Ele descreve o lugar para aqueles que se rebelam contra Deus. O lugar é horrível! Sobre este lugar Isaias afirma: E realmente sairão e olharão para os cadáveres dos homens que transgrediram contra mim; pois os próprios vermes sobre eles não morrerão e o próprio fogo deles não se apagará.” (Isaías 66.24).

É preciso cortar e arrancar tudo o que em si mesmo se oponha à mensagem e causa dano aos que querem ser fieis a Jesus, não importando a que grupo pertença. Mão que executa ações de amor e caridade para com o irmão; pé que conduz ao encontro do irmão que se distancia e olho que é a aspiração de tudo o que queremos de bom no trato com o irmão. Com estas três sentenças, Jesus ensina-nos a salvar nossa vida através do domínio da cobiça e da ganância. Jesus ensina-nos a romper, definitiva e radicalmente, com tudo o que conduz ao pecado, ou seja, a cortar o mal pela raiz, não importando a que grupo pertença, porque “quem não é contra nós, é a nosso favor.” (v.40).Esta deve ser a nossa atitude.

Por fim, Jesus exemplifica através de mais uma metáfora como deveria ser a atitude dos discípulos. Jesus usa a figura do sal e do fogo. Esta comparação que Jesus faz é significativa diante da nossa atitude. Ele nos convoca a ser sal da terra neste mundo.  Como sal, devemos temperar. Lemos em Colossenses 4.6: "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um". Eis aqui um dos nossos maiores deveres como cristãos: dar sabor, dar gosto a essa terra que anda mais que nunca mergulhada em profunda tristeza, desespero e dissabor.

Entretanto, o sal pode perder o seu sabor. O sal puro não perde o seu caráter distinto, mas uma vez misturado com elementos impuros e estranhos, pode perder a sua propriedade. No sentido espiritual as pessoas deixam de ser sal da terra, quando se afastam dos ensinamentos de Jesus, negam e não se arrependem de seus pecados.  Essas serão salgadas com o fogo do inferno. Passarão a eternidade no inferno – serão preservados para sempre no lugar da ira de Deus. Lemos em Mateus 25.41 – "Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda: Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos."

Portanto, devemos viver a nossa vida neste mundo, nos relacionando uns com os outros. Servindo ao Senhor, ao próximo e não impedido que as pessoas creem na mensagem de Jesus.  Este relacionamento é que faz o sal da terra. De nada adianta sermos o sal se não dermos o tempero à vida? Amém!

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário