TEXTO: LC 14.25-35
TEMA: COMO NOS PREPARARMOS PARA O DISCIPULADO?
Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em Lucas, capítulo 14, versículos 25 a 35, para refletirmos juntos sobre nossa caminhada cristã.O tema de hoje é: "Como nos prepararmos para o discipulado?"
O discipulado não é uma prática religiosa ou uma série de reuniões, mas sim uma vida inteiramente comprometida com Jesus. É um processo de transformação no qual somos moldados por Ele. Ser moldado em Cristo significa se tornar mais parecido com Jesus em seu caráter, pensamentos, atitudes e ações. Na verdade, não se trata de tentar imitá-Lo, mas de procurar viver suas virtudes, como amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Sendo Jesus um exemplo, Ele nos convida a ser um verdadeiro discípulo. Seu chamado não é casual, mas um convite a renunciar a si mesmo, a colocar a vontade de Deus acima de nossos próprios interesses e a seguir Seus ensinamentos e exemplo em todas as áreas da vida.
No entanto, Jesus deixou claro que ser um discípulo e segui-Lo não seria fácil, pois exigiria renuncia e sacrifícios. Essa renúncia não se limita a bens materiais; ela envolve abrir mão de nosso orgulho, de nossos planos e até mesmo de laços afetivos que possam se tornar obstáculos em nossa caminhada com Cristo. Essa renuncia envolve, principalmente, uma mudança de prioridade, pois Jesus deixou claro que a Sua vontade deve estar acima de todas as outras coisas em nossa vida. Este é o caminho para para ser um seguidor de Jesus. Ele é um passo fundamental na jornada cristã, mais do que frequentar a igreja ou participar de reuniões. É uma vida de compromisso e transformação. Por isso, Ele estabeleceu condições claras para quem desejasse segui-Lo. Ele exigiu preparo. Conforme o texto, Jesus enumera cinco situações que mostram como nos preparar para o discipulado:
Primeiro, amando a Jesus acima de tudo. Jesus nos desafia a amá-Lo acima de tudo e de todos. O amor por Ele deve ser tão grande que Seus seguidores estejam dispostos a colocar todos os outros relacionamentos em segundo plano, incluindo os laços familiares mais sagrados e até mesmo a própria vida, por causa d’Ele. Isso não anula a importância da família, mas a subordina à autoridade de Cristo. Por mais duras que essas palavras possam parecer, Jesus está nos chamando a priorizá-Lo acima de todos os outros relacionamentos.
Segundo, carregando a própria cruz diariamente. O que significa "carregar a sua própria cruz"? Para Jesus, significou submeter-se à vontade do Pai em obediência e amor — até a própria morte. Também somos convidados a carregar a nossa própria cruz diariamente com disposição. Isto representa sacrifício, desafios,perseguições, renúncia e entrega total por causa do nome de Cristo. E você, como tem carregado a sua cruz?
Terceiro, tendo compromisso, obediência, dedicação e disposição. Jesus requer estas qualidade para quem almeja o discipulado.Ter compromisso significa que nada — nem nossa família, amigos, nossos desejos ou nossa carreira — pode ocupar o lugar de Jesus em nosso coração. É uma decisão consciente de colocar a vontade de Deus em primeiro lugar, em todas as áreas da nossa vida. Obediência é a confiança em Deus. Isto significa que o discípulo deve estar disposto a obedecer a Deus, mesmo quando isso envolve sacrifícios pessoais ou dificuldades.Dedicação no discipulado é uma entrega total. É viver não para si mesmo, mas para Aquele que nos amou primeiro.Disposição é mais do que vontade ou desejo emocional. É a prática de se colocar à disposição de Jesus — em todo tempo, lugar e circunstância. Sem disposição, o discipulado se torna apenas uma troca de informações, sem transformação real.
Quarto, renunciado a tudo para seguir a Jesus. O discipulado verdadeiro exige total renúncia de tudo o que nos afasta de Jesus. Jesus diz: "Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo". Isso não significa que devemos literalmente desfazer de todas as nossas posses materiais, mas sim que devemos estar dispostos a colocar Jesus em primeiro lugar em nossa vida, desapegando-nos de qualquer coisa que nos impeça de segui-Lo plenamente.
Quinto, sendo sal da terra.Por fim, Jesus nos adverte sobre a importância de sermos sal da terra e terra boa. Ele diz que o sal que perde o sabor é inútil e a terra infrutífera é desprezada. Como discípulos de Jesus, devemos ser sal que preserva e dá sabor ao mundo, influenciando positivamente as pessoas ao nosso redor. Da mesma forma, devemos ser terra fértil, permitindo que a Palavra de Deus frutifique em nossas vidas e produza um testemunho vibrante e eficaz.
O preço do discipulado é alto, mas o valor de seguir a Jesus é infinitamente maior. Por isso, a forma como nos preparamos para o discipulado, determina o quanto estamos dispostos a pagar por essa jornada.Cristo nos chama ama-Lo acima de tudo, a carregar a nossa cruz diariamente, a renunciar a tudo para segui-Lo e ser sal. Você já decidiu seguir Jesus de verdade, ou apenas está caminhando com a multidão?Você está disposto a morrer para si mesmo diariamente?Você está pronto para dar esse passo?Negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lo de verdade?
Jesus está caminhando em direção a Jerusalém, onde enfrentará a sua crucificação, um momento crucial em seu ministério. Lucas destaca que “grandes multidões o acompanhavam” (v.25), possivelmente atraídas por seus milagres, seu ensino cativante ou mesmo pela curiosidade sobre seu ministério profético. Isso demonstra que a mensagem de Cristo não foi dirigida apenas aos doze discípulos escolhidos, mas a todos os que O seguiam. Nesse sentido, Jesus estabelece critérios rigorosos que exigem uma reflexão séria sobre o discipulado autêntico. Na verdade, Ele buscava não apenas seguidores casuais ou entusiastas temporários, mas sim discípulos que compreendessem plenamente as implicações de segui-Lo e estivessem dispostos a fazer os sacrifícios necessários.
No entanto, Jesus afirma que, para segui-Lo, existem algumas exigências fundamentais para ser um discípulo de Cristo — uma dedicação que deve estar acima de tudo e de todos.Primeiro, Ele afirma: “Se alguém vem a mim" (v.26a). Em diversos momentos durante o Seu ministério, Jesus convidou as pessoas a segui-Lo. Ele estende este convite a todos, pois é o chamado mais importante que podemos receber.Mas seguir a Jesus significa mais do que uma simples aproximação física. Na verdade, tem um profundo significado em nossas vidas, pois vir a Jesus é crer que Ele é o Filho de Deus, o Salvador do mundo. É acreditar que Sua morte na cruz foi o pagamento pelos nossos pecados e que Sua ressurreição garante a nossa esperança.
Contudo, ninguém é forçado ao discipulado, mas todos são convidados. É uma decisão consciente, pois seguir a Cristo envolve renunciar a tudo, até mesmo à nossa família e à própria vida, por causa d'Ele. Jesus afirma: “e não aborrece seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs — e até a sua própria vida” (v.20b). A palavra traduzida como "aborrecer" neste versículo vem do termo grego μισέω, que pode significar literalmente "odiar", "detestar" ou "aborrecer".É interessante notar que Jesus usa aqui uma hipérbole — uma figura de linguagem comum no hebraico e aramaico que consiste em um exagero proposital para dar mais expressividade àquilo que se quer dizer.Um bom exemplo disso está em Gênesis 29.30-31, onde o texto diz que Jacó "amou" Raquel mais do que Lia, e que Deus viu que Lia era "aborrecida". Obviamente, Jacó não "odiava" Lia, mas seu amor por Raquel era tão mais forte que o amor por Lia parecia ser ódio em comparação.
Quando Jesus diz que é preciso "odiar" pai, mãe, esposa e filhos, isso não significa que seus seguidores devam, literalmente, odiar seus familiares. O que Ele quer dizer é que os discípulos devem demonstrar uma lealdade e dedicação a Ele que superem qualquer laço familiar ou pessoal. Essa lealdade deve ser absoluta e incomparavelmente maior do que qualquer outro relacionamento, por mais sagrado que seja. Em outras palavras, o amor por Jesus deve vir em primeiro lugar, sendo a principal motivação na vida de um discípulo, superando todos os outros relacionamentos e até mesmo a própria vontade de viver.Quem não proceder dessa forma, Jesus é enfático: "não pode ser meu discípulo" (v. 26c).
Entretanto, para aqueles que querem ser discípulos de Jesus, Ele apresenta uma declaração profunda sobre o custo e a seriedade de segui-Lo. Ele fala sobre "tomar a sua cruz": "E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo." (v.27). No tempo de Jesus, a cruz era um símbolo de execução cruel, pública e humilhante praticada pelos romanos. Jesus usa essa imagem para afirmar que, se alguém quiser segui-Lo, é preciso "tomar a sua cruz". Ora “tomar a cruz" não significa carregar uma cruz literal, nem pendurá-la no pescoço. Também não se trata de procurar sofrimento desnecessário. Em vez disso, significa estar disposto a enfrentar as consequências de seguir a Jesus. Desta forma.Jesus ilustra as dificuldades que os discípulos deveriam esperar, mostrando que o caminho seria árduo e traria sofrimento, tão horrível quanto a morte na cruz. A cruz seria inevitável na vida dos discípulos, um compromisso que exige renúncia diária e uma total submissão à vontade de Deus, independentemente das circunstâncias.
Jesus falou anteriormente sobre o alto custo de segui-Lo. Afirmou ainda que para ser seu discípulo, a pessoa deve "odiar" (amar menos em comparação) pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs, e até a sua própria vida.Agora, Ele faz duas perguntas retóricas, direta e pessoal, dirigida aos ouvintes. Monstra que deve haver renuncia quando seguimos a Jesus. A primeira pergunta refere-se a parábola da torre: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” ( v.28).Quando alguém pretendia construir uma torre, no contexto da época, essa construção poderia ter um propósito militar ou agrícola. Era comum erguer torres de vigilância em vinhas, por exemplo. Nesse caso, a "torre" provavelmente se refere a uma construção agrícola, não a uma fortificação. Esta construção tinha dois propósitos principais: primeiro, a torre permitia que um vigia observasse a plantação de uvas, protegendo-a de invasores que poderiam roubar a colheita ou de animais selvagens que destruiriam as videiras. Segundo, durante a colheita, a torre servia como um local de descanso e abrigo para os agricultores, protegendo-os do sol ou de chuvas inesperadas.
Quando Jesus se refere à construção de uma torre, Ele está falando de um projeto que exige bom planejamento e cálculo. Antes de qualquer coisa, devemos sentar para fazer os cálculos. Afinal, ninguém começaria a construir um anexo sem antes ter certeza de que tem dinheiro, material e mão de obra suficientes para terminar a obra.Fazer isso evita o problema da exposição ao ridículo e à zombaria das pessoas, não somente da própria família, mas de qualquer um que passasse pelo local da construção inacabada. Por isso, era importante fazer uma contagem ou um cálculo preciso para que o projeto fosse concluído. Da mesma forma, o discipulado exige uma reflexão séria sobre o custo. Jesus quer que Seus seguidores entendam que não é um caminho fácil. É um compromisso total que exige sacrifícios, e a decisão de segui-Lo deve ser tomada com consciência e determinação.
Você já se arriscou em algo sem planejar? Abriu um negócio sem fazer as contas? Começou um projeto sem pensar nos desafios? Tudo na vida exige planejamento. Na vida do discipulado não é diferente. Exige um cálculo e uma reflexão profunda, bem como um planejamento cuidadoso e uma análise dos custos. O custo aqui não é financeiro, mas sim de sacrifício, renúncia e prioridade total a Cristo. E a pessoa que não calcula os custos, e decide seguir a Jesus de forma impulsiva, sem entender o preço que precisa ser pago, ela corre o risco de começar a jornada, sem conseguir completá-la, tornando-se motivo de escárnio. Jesus,então, deixa claro que é preciso avaliar se estamos prontos para assumir o compromisso pessoal e o sacrifício necessários para segui-Lo, pois é um compromisso sério que exige renúncia, dedicação e sacrifício. É uma jornada que exige reflexão, total entrega e a consciência do alto preço a ser pago para se tornar um verdadeiro seguidor de Cristo. Portanto,Jesus nos desafia a olhar para a nossa própria vida e a perguntar: Estou preparado para seguir a Cristo, independentemente do custo? Disposição de carregar a minha própria cruz, de enfrentar as dificuldades e de permanecer fiel a Deus em todas as circunstâncias? Sendo assim, que a nossa vida seja uma torre bem construída, um testemunho do nosso amor e dedicação a Cristo.
A segunda ilustração é bastante semelhante à primeira. Ela diz respeito a um rei que vai para a guerra. Ele precisa calcular o custo antes de entrar em batalha: “Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?”(v.31). O texto nos apresenta este rei com 10 mil soldados que precisa enfrentar outro com 20 mil. Essa batalha, à primeira vista, parece uma derrota certa. No entanto, o que o rei faz? Ele não avança de forma imprudente. Pelo contrário, ele se assenta para calcular. A palavra "calcular" vem de um contexto financeiro e sugere uma avaliação completa dos recursos necessários em comparação com os disponíveis. Na prática, isso significa que o rei precisa parar a marcha, refletir, analisar os riscos e os recursos. Assim, ele adquire a sabedoria para entender que o inimigo é forte e que a luta não será fácil. Afinal, sem esse cálculo, a derrota seria certa.
Mas se ele não tiver recursos suficientes, deve enviar embaixadores ao inimigo que está longe para negociar a paz. É mais sensato negociar a paz do que enfrentar a derrota certa: “Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz”.(v.32). O ato de enviar uma embaixada para pedir condições de paz, antes mesmo de lutar, mostra a sabedoria de um rei que reconhece sua própria fraqueza e que evita a derrota. Em outras palavras, é melhor não começar uma batalha que não pode ser vencida.O ponto principal é que ser um discípulo de Jesus exige um compromisso total e uma preparação cuidadosa. Assim como o rei, a pessoa deve avaliar se está pronta para o desafio, caso contrário, deve reconhecer suas limitações. O planejamento que Jesus nos ensina não é sobre o que podemos fazer sozinhos, mas sim sobre a nossa completa rendição e confiança n'Ele. É buscar a Sua orientação em oração, estudar a Sua Palavra e entregar-lhe os nossos planos. Que a nossa fé não seja superficial, mas enraizada em uma decisão consciente e comprometida. Que, a cada passo, possamos sentar-nos e refletir sobre o nosso propósito, sabendo que Aquele que nos chamou é fiel para nos capacitar e para nos levar até o fim.
Jesus usa essas duas histórias para ilustrar a necessidade de "calcular o custo" do discipulado. E o resumo final é claro: "Nenhum de vocês pode se tornar meu discípulo se não renunciar a tudo o que possui" (v.33). A frase de Jesus é uma condição: "se não renunciar..." Isso significa que a renúncia é o ponto de entrada para o discipulado. Sem ela, não se pode avançar. Mas o que significa renunciar? A palavra grega, traduzida como "renunciar" é ἀποτάσσω, significa "dizer adeus", "despedir-se de", "deixar de lado". Não é apenas dar algo, mas cortar os laços de posse e apego. É uma ação de desapego intencional. Assim como o rei precisa calcular o custo da guerra, o discípulo precisa calcular o custo da vida cristã. A renúncia é o reconhecimento de que, para vencer a batalha espiritual, a nossa força e os nossos recursos não são suficientes. Precisamos da força de Cristo.Você está disposto a renunciar a tudo? O que você precisa 'deixar de lado' para se tornar um discípulo de Jesus?
Finalizando, Jesus nos adverte sobre a importância de sermos sal. Ele é um elemento fundamental na nossa vida. Contudo, se torna insípido perde completamente o seu valor: “O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido.” (v.34b). Teremos uma melhor compreensão dessa analogia de Jesus, a partir de algumas características desse elemento sal. Vejamos: no mundo antigo era um bem precioso. Ele possui duas características muito importantes: ele tem a função de preservar e dar sabor ao alimento. O fato é que o sal faz muita diferença num alimento. Um pouco de sal transforma a comida toda! Mas, e se o sal perde o seu sabor? Quando o sal perde o seu sabor, ele não serve mais para nada. Jesus ao explicar esta questão, Ele usou o termo μωρανθῇ ,uma referência ao sal que perde seu sabor. O termo está na voz passiva do verbo μωραίνω, que significa "tornar-se insensato", "tornar-se tolo" ou "tornar-se insípido". Este termo está etimologicamente ligado a μωρός, que significa "tolo" ou "estúpido". Este verbo tem uma dupla conotação: a perda do sabor físico do sal e, metaforicamente, a perda da sabedoria, da utilidade e do propósito espiritual. O sal, ao se tornar "tolo", perde a sua função, se torna inútil, perde sua utilidade. Não serve mais para temperar, nem para preservar, ele é jogado fora, pisado pelos homens
Jesus,então pergunta: “como restaurar-lhe o sabor?” (v.34b). A pergunta não é uma busca por uma solução, mas uma constatação de que a restauração é impossível, não há possibilidade por meios externos. O sal não pode ser "consertado" ou "retocado". Uma vez que o sal perdeu sua capacidade de salgar (sua própria essência), não há nada que possa ser adicionado a ele para restaurá-la. Jesus deixou claro que o sal sem sabor, para nada servirá: “Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo.”(v.35a). É um sal que não tem mais utilidade, é desprezado e jogado fora. Ele até mesmo não serve nem mesmo para a terra ou solo (γῆν). Aqui, se refere ao solo de plantio onde o sal era frequentemente usado para esterilizar a terra. E ao perder a sua essência, não servia nem para a função de fertilizar ou preparar a terra para a agricultura.Também não servia para o “monturo”. Este termo no grego (κοπρίαν) significa "esterco", "monturo", "pilha de lixo" ou "compostagem". É um termo que descreve o lugar onde os resíduos orgânicos e os excrementos de animais eram acumulados para servirem de adubo. Enfim, o sal que perdeu o sabor não tem nenhuma utilidade, nem mesmo para se misturar ao lixo para se decompor, pois a sua composição original, que o tornava um tempero, não serve para adubar.
Jesus deixa claro, uma vez que o sal perdeu o seu valor, ele é lançado fora: “lançam-no fora.” (35b). Se o sal, que tem a função de dar sabor e de preservar, se torna insípido, ele perde seu propósito e não tem mais utilidade. Ele é descartado. Por isso, a ideia de "ser lançado fora" reforça a consequência de perder a essência. É a consequência natural de sua inutilidade. Do mesmo modo, quando os seguidores de Jesus perdem a sua "salinidade" — ou seja, quando deixam de viver de acordo com os princípios do reino de Deus e de influenciar o mundo positivamente —, eles se tornam ineficazes. O cristão que perde o seu "sabor" não tem mais a capacidade de impactar o mundo com o amor de Deus, de dar testemunho da sua graça, de preservar a pureza moral na sociedade. A vida se torna vazia, estéril e sem propósito.Jesus nos convida a fazer um auto-exame profundo: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (v.35b). Ele convida o ouvinte a refletir sobre a própria vida e se ele está produzindo frutos ou se tornou tão inútil a ponto de ser lançada fora. Por isso, devemos nos examinar e nos questionar:Eu sou sal que dá sabor ou sal que foi jogado fora? Minha vida está impactando o mundo para a glória de Deus?
Nas palavras de Jesus, só há duas possibilidades: ou somos sal da terra ou sal insípido. Mas o que significa ser sal da terra? Será que já paramos para, pensar porque Jesus nos compara com o sal? Ser sal da terra significa ter uma vida que glorifica a Deus. bem como levar outras pessoas a seguir Jesus. Como o sal da terra, temos a função de preservar o mundo da deterioração moral e podridão espiritual que o maligno busca implantar. Como sal, devemos temperar. Lemos em Colossenses 4.6: "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um". Eis aqui um dos nossos maiores deveres como cristãos: dar sabor, dar gosto a essa terra que anda mais que nunca mergulhada em profunda tristeza, desespero e dissabor. combatendo a corrupção moral e espiritual da sociedade.
Ao nos prepararmos para o discipulado, não estamos apenas seguindo regras, mas respondendo a um convite para uma vida abundante, que encontra seu verdadeiro significado na total entrega a Jesus. O chamado é claro: é preciso esvaziar-se para poder ser cheio, e perder a vida para poder de fato encontrá-la. Sendo assim, o discipulado exige uma preparação profunda, que vai além do mero conhecimento teórico. Ele nos convida : a reavaliar nossas prioridades; assumir nossa cruz; calcular o custo e ser sal da terra.
Portanto, que o Espírito Santo nos capacite a tomar uma decisão firme de seguir a Jesus, independentemente do custo. Que nossa vida seja marcada por um amor profundo por Jesus e uma dedicação total ao Seu Reino. Enfim, que sejamos discípulos fiéis que brilham com o amor de Cristo e influenciam positivamente o mundo ao nosso redor. Amém!