sábado, 30 de agosto de 2025

TEXTO: SL 1

TEMA: É FELIZ AQUELE QUE NÃO SEGUE O CONSELHO DOS ÍMPIOS!

 O que é felicidade? Onde posso encontrá-la? Como posso ser feliz?  Por que nem todos são felizes?  Embora existam muitas definições para o que é felicidade, pode-se afirmar que se trata de um estado emocional constituído por sentimentos de satisfação, contentamento e realização. Um momento quando as pessoas expressam alegria, se sentem bem consigo mesmo e imaginam possibilidades positivas para o futuro. Mas nem sempre é assim. Às vezes, as pessoas não conseguem sustentar a felicidade por muito tempo. Estão insatisfeitas com o que está acontecendo em sua vida, pois entendem que seus objetivos não foram realizados. Sendo assim, vivem na amargura, no vazio, na ansiedade e depressão.

Diante desta inquietude, o Salmo 1 nos apresenta dois caminhos para uma felicidade duradoura. Apresenta uma nítida distinção entre o homem feliz, ou “bem-aventurado”, e o homem ímpio que vive distante de Deus. Para o homem que vive distante de Deus, Ele nos alerta: se queremos ser felizes, não podemos ouvir conselhos de ímpios, não podemos trilhar caminhos pecaminosos, nem fazermos aliança com escarnecedores, pois eles não buscam os caminhos de Deus e consequentemente não experimentam esta felicidade. No entanto, Deus deseja a nossa felicidade e nos aponta o caminho: a verdadeira felicidade consiste na obediência à palavra de Deus, no seguir os conselhos de Deus; no servir ao Senhor, no andar nos Seus retos caminhos; buscar a sabedoria de Deus e viver uma vida de santidade. Este é o caminho da felicidade.

                                                                I

 É interessante notarmos que este salmo começa falando da felicidade numa perspectiva negativa: “Feliz é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1).  “Não anda”; “não se detém ou não para”; “não se assenta”. Estes três verbos, de modo progressivo, nos mostram exatamente o processo degenerativo daqueles que andam segundo o curso deste mundo, segundo os valores do mundo. Daqueles que dão ouvidos aos conselhos dos ímpios. Daqueles que não amam a Deus.

Esta não deve ser nossa prática, pois o salmista afirma que a felicidade está ligada ao não fazer estas coisas, e apresenta o segredo para sermos felizes: a Lei do Senhor, ou seja, a Palavra de Deus, como a fonte para encontrarmos a felicidade.  E o versículo que vai se contrapor a esta verdade, podemos encontrar no versículo 2: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite”. O prazer do cristão não é andar no conselho dos ímpios. No caminho dos pecadores e nem se assentar na roda dos escarnecedores, mas ouvir que o diz a Palavra de Deus, pois o seu prazer está em obedecer às Escrituras Sagradas e nunca dar ouvidos às práticas de homens ímpios que vivem praticando, o que é contrário a vontade de Deus. Ele busca resposta na Palavra de Deus e não nos conselhos de pessoas sem o temor a Deus. Por isso, andar segunda a Lei de Deus é ser feliz; bem-aventurado.

 É isso que Deus quer de nós, que sintamos mais prazer em estar na sua presença, buscando a sua Lei, e nela meditando de dia e de noite. Para ilustrar esta atitude, o salmista compara  a uma árvore plantada e cujas raízes se estendem para dentro de um ribeiro de águas: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”. (v.3). A árvore é constantemente alimentada pelas águas. Está sempre viçosa, verdejante, e dá seu fruto na época própria. Suas raízes são alimentadas pelo subsolo fértil e úmido, pois as águas lhe dão vida. Assim é o homem bem-aventurado, tal qual a árvore plantada junto a correntes de águas. Cada dia, ele precisa saciar a sua sede junto a fonte de águas vivas, que é Jesus. Nesta fonte, torna-se firme, estável, tem as suas raízes firmemente apegadas na profundidade do solo, e é inabalável diante de fortes tempestades. E no devido tempo, ele dá o seu fruto. Paulo menciona na carta aos Gálatas estes frutos: frutos de amor, alegria, paciência, bondade, retidão, fidelidade, mansidão, domínio próprio e paz.

 Que tipo de árvore tem sido você? Frondosa, bem enraizada e carregada de frutos maduros ou árvore murcha e infrutífera? Do que você tem se nutrido? Da palavra de Deus ou de palavras do mundo? É preciso refletimos sobre estes questionamentos, pois há pessoas tão distantes da palavra de Deus que se tornam árvores má. Suas raízes não resistem às provações, dificuldades e outras secas que surgem neste mundo, pois a fonte que a alimenta está fundamentada na desonra, no mundo e nas coisas do maligno. Lembre-se: Só poderemos nos tornar árvores boas, se fizermos uso da palavra de Deus, praticarmos em nossa vida. Só será realmente feliz aquele que for como “árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”.

Portanto, feliz é aquele que anda em conformidade com a vontade de Deus, Anda na lei do Senhor, na Sua Palavra, e medita continuamente. Não se deixa levar pelos conselhos e opiniões dos ímpios.

                                                                 II

 Agora, o salmista se volta para os ímpios, dizendo: “Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa” (v. 4). Aqui novamente, o salmista usa outra ilustração para demonstrar a atitude dos ímpios. Na Palestina se debulhava o grão na eira, uma porção de solo liso e duro no campo, situada muitas vezes sobre uma colina varrida pelo vento. Os preciosos grãos ficavam na eira, mas o vento levava a palha. Em comparação com os justos, os ímpios são como a palha inútil que o vento afugenta. Algo morto, seco, inútil, e quando vem o vento, dispersa. Não têm raiz nenhuma; falta-lhes estabilidade e não podem durar por muito tempo.

Estes são os ímpios. Eles vivem em rebelião contra Deus e não tem o mínimo de temor; são perversas e praticam o mal contra outras pessoas – Salmo 10.7-8; prejudicam outras pessoas para conseguir o que quer – Sl 10.2-4; são irreverentes -Isaías, 26.10.Por isso, “Eles não prevalecerão no juízo” (v.5a).O salmista usa o verbo “prevalecer”: literalmente significa que não se “levantarão” no juízo, ou seja, no dia do juízo não serão vitoriosos, mesmo que aqui neste mundo aparentemente prevaleçam. Mesmo que obtenham vitorias e sucesso em muitas áreas da vida. No entanto, no dia do juízo final, eles não prevalecerão.  “nem os pecadores na congregação dos justos”. (v.5b). Muito triste, mas os profetas, Jesus, os discípulos alertaram, e a igreja cristã continuou alertando.

De forma clara e objetiva, o salmista vai conclui o texto, fazendo a separação entre o justo e o ímpio, quando diz: “O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (v.6). O Senhor não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos acompanha, nos adverte e nos corrige. Quando se refere o caminho dos ímpios. O salmista usa o termo “perecer” que significa cessar de viver ou deixar de existir, ser destruído, tornar-se nada, consumir-se, morrer. Eles andam segundo o caminho da sua própria vontade e não segundo a vontade de Deus. Vivem para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos. Portanto, estes perecerão no último dia – serão condenados ao sofrimento eterno, separados do Senhor. Este é o caminho dos ímpios que os leva a perecer. Eles serão destruídos, consumidos porque escolheram o caminho do pecado. Deus já demonstrou na história do dilúvio e de Sodoma que os ímpios de fato serão destruídos.

As Escrituras deixam bem claro para onde nos conduzem os nossos próprios caminhos: "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte." (Pv 14.12). Por isso, abandone os seus próprios caminhos, volte-se para a Palavra do Senhor, abandone os desejos do seu coração que é enganoso e corrupto e obedeça ao Senhor e viva a Sua Palavra. Abandone tudo que não está de acordo com a Lei de Deus e se volte para Ele que é rico em perdoar. Aqueles que fazem assim prevalecerão e se levantarão no dia do juízo e receberão as boas vindas do Juiz e a herança prometida, o reino eterno; mas os que não fizerem isso, não se levantarão, serão apartados para o sofrimento eterno. Amém!

 

 

TEXTO: DT 30.15-20

TEMA:  SEJAMOS SÁBIOS, ESCOLHEMOS UMA VIDA COM DEUS!

 Este texto foi escrito por Moisés quando o povo de Israel estava prestes a entrar na terra prometida. Mas antes que os israelitas cruzassem o Jordão e iniciassem a luta da conquista, eles precisavam estar cientes das implicações desse ato e do que se fazia necessário, não só para entrar na terra, mas para lá permanecer e receber as bênçãos duradouras. É justamente neste momento que Moisés, em fim de carreira, prestes a passar a liderança do povo de Israel a Josué, apresenta uma avaliação séria do povo na tomada de uma decisão. Sendo assim, conclama seu povo para decidir-se pela “vida e o bem, a morte e o mal, a bênção ou a maldição”.

Hoje, também precisamos fazer escolhas. Aliás, nossas vidas são feitas de escolhas. Geralmente são escolhas difíceis de serem tomadas, pois sempre temos decisões que nortearão o nosso futuro. Por isso, a escolha nem sempre é fácil. Ficamos sempre à frente do certo ou errado, do bom ou ruim, da luz ou trevas, e, muitas vezes, nos deparamos sempre diante de uma encruzilhada, onde permanecemos um bom tempo, até conseguirmos decidir para que lado devemos ir. Neste sentido, as nossas escolhas poderão trazer sobre nossas vidas muitas bênçãos ou maldições. Ocorre que. muitas vezes, nossas mentes tendem a fazer escolhas, baseadas em valores e modelos que o mundo nos oferece. Esses valores podem nos levar a decisões erradas. Daí a necessidade de fazermos a escolha certa, para não vivermos de maneira frustrada, convivendo com fracassos. Portanto, sejamos sábios, escolhemos uma vida com Deus!

                                                                 I

 Ao analisarmos o texto, Moisés coloca duas opções ao povo: escolher o caminho da vida, do bem e da bênção ou escolher o caminho da morte, do mal e da maldição. Moisés entende que a melhor opção para o povo é o caminho da vida, do bem e da bênção, porque esta opção envolve a multiplicação do povo e a longevidade na terra, que foi prometida aos pais Abraão, Isaque e Jacó. Este caminho da vida concretiza-se, guardando os mandamentos que Deus deu ao povo, os juízos e estatutos que organizam a vida. Seguir esses mandamentos e juízos de Deus significa viver numa terra abençoada: “então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus te abençoará.” (v.16). Esta afirmação foi lembrada, várias vezes, ao povo e os seus reis pelos profetas, de que é o próprio Deus que garante a permanência na terra, se eles obedecessem aos seus mandamentos e juízos.

Também somos convidados a viver em comunhão com Deus. Ele nos deixou, através de sua Palavra, muitas instruções a respeito de como devemos viver para Ele. Essas instruções incluem o mandamento de amar uns aos outros, de segui-lo e negar os nossos próprios desejos, bem como a exortação e cuidado dos pobres e necessitados. Sendo assim, a vontade de Deus é que vivamos em comunhão com Ele e uns com os outros, procurando fortalecer nossa comunhão através da oração, da leitura da Palavra de Deus, da obediência, do louvor. Não podemos desprezar a comunhão com outros cristãos, porque, quando temos comunhão com outros cristãos, crescemos mais em nossa comunhão com Deus. Juntos, podemos crescer em amor, fé e esperança. E temos a oportunidade para pôr em prática tudo que Jesus nos ensina sobre o amor ao próximo. Ele resumiu da seguinte forma: “Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes" (Marcos 12.29-31).

                                                                    II

No entanto, Moisés introduz uma restrição ao que foi dito sobre o buscar pela “vida e o bem, a morte e o mal, a bênção ou a maldição”: “se o teu coração se desviar, e não quiseres dar ouvidos, e fores seduzido para te inclinares a outros deuses, e os servires.” (v.17). Esta não é a primeira vez que o povo é exortado. Desde a saída do Egito, os israelitas, várias vezes, se desviaram da comunhão com o Senhor, tendo consequências desastrosas por não quererem ouvir à Sua voz. Com o coração endurecido não deram ouvido ao Senhor, se inclinaram e passaram a servir a outros deuses, e consequentemente passaram a seguir outros caminhos. Temos muitos exemplos na Bíblia de homens que deixaram seu coração temente a Deus, se inclinaram aos deuses e se afastaram do Senhor. Por isso, o optar por este caminho, vivendo de forma idólatra, servindo a outros deuses, haveriam de perecer. Neste sentido Moisés, afirma: “então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais passando o Jordão, para a possuíres. (v.18).

Moisés vai além desta exortação. Ele afirma que os céus e a terra depõem contra os israelitas diante de sua desobediência: “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” (v.19). O Senhor invoca céus e terra como testemunhas. Como se a história e a própria criação fossem testemunhas dessa decisão crucial na vida do povo. Neste tribunal da história, o povo precisava escolher entre vida ou morte, bênção ou maldição. A expressão céus e a terra como testemunhas serve para acentuar ainda mais a exortação: Israel deve escolher a vida! Sendo assim, Moisés exorta com todo o amor: “escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência”. Escolher hoje o caminho da vida repercutirá nas gerações futuras. A escolha é, portanto, vital e tem dimensões de futuro para o povo.

No entanto, depois que entraram na Terra Prometida, os filhos de Israel logo se esqueceram da comunhão com Deus e das bênçãos derramadas. Eles se esqueceram da aliança com Deus e deixaram de andar em obediência a Ele. A História narra os fatos da situação do povo de Israel depois da morte de Josué. Naquele tempo, não havia mais um líder. Cada um vivia e fazia o que era da sua vontade. Assim, na maioria das vezes, o povo se desviava dos caminhos de Deus. Consequentemente, Deus o entregava nas mãos de seus inimigos. Esta era a vida do povo de Israel. Este ciclo repetitivo mostra a sua realidade naquela época. O povo preferiu morte, mal e maldição.

Se os filhos de Israel, ao avaliar a proposta de Moisés, tivessem optado pela vida ao invés da morte, jamais teriam sido presas de seus inimigos! Não teriam sido escravizados, castigados, envergonhados e mortos pelos babilônicos, assírios, etc. Teriam sido vitoriosos em todas as batalhas ao rejeitar o Senhor e Seus caminhos, mas escolheram a trajetória da morte. Em outra oportunidade, Moisés já havia advertido de que, se desobedecessem a aliança que fizera com o Senhor, seriam alvo de maldições: “Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão.” (Deuteronômio 28.15). E ainda: os "céus seriam fechados sobre eles” (v.23), em vez de chuva abundante sobre as colheitas, teriam chuva de cinza e pó (v. 24), teriam as plantações destruídas (vv. 38 e 39).

Quantas pessoas se perdem, na hora das escolhas. Quantas já se foram, porque fizeram a escolha errada, propósitos errados e sem objetivos concretos. Quantas pessoas estão sofrendo e vivendo sem direção espiritual, pois confiaram em sua inteligência e capacidade, e optaram em escolher morte, mal e maldição. E, assim, nos devíamos dos caminhos do Senhor. Não damos atenção e, quando percebemos, o nosso coração não pertence mais a Deus. Mas o que tem roubado, aos poucos, o nosso coração da presença do Senhor? São tantas coisas que nos impedem de manter uma comunhão com Deus. São as tentações, os atrativos que existem neste mundo, sedução pelas riquezas, acumulação de bens.

Nossos próprios entendimentos e sentimentos podem nos levar a desviar daquilo que Deus quer para nós quando escolhemos o caminho da morte, maldição, mal. É um caminho tão distante do Senhor. Por isso, precisamos nos reconciliar com Deus. É imprescindível um coração arrependido que deseje, acima de tudo, estar  sempre em comunhão com o Senhor. Mas o desejo do coração precisa ser também demonstrado. É necessário agir para nos manter em comunhão com o Senhor. Lemos em Proverbio: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento” (3.5). A melhor coisa a fazer com o nosso coração, é motivá-lo a confiar em Deus em todo o tempo. Sendo assim, Moisés nos ensina que a escolha do caminho da vida se dá “amando o Senhor nosso Deus, dando ouvidos à sua voz, apegando-se a ele.” (v.20).Disto dependia a vida dos filhos de Israel para que pudessem na terra que o Senhor,  ter uma vida abençoada.

Portanto, se fizermos a escolha errada, colheremos maus frutos. Mas se fizermos a escolha certa, colheremos bons frutos. Se desejarmos viver melhor, prósperos, abençoados, não andando nos caminhos da morte, teremos uma vida abençoada. Sejamos sábios e escolhemos uma vida com Deus para gozarmos dos privilégios que Ele nos concede quando fazemos a sua vontade. Amém!

 

TEXTO: LC 14.25-35

TEMA:  COMO NOS PREPARARMOS PARA O DISCIPULADO?

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em Lucas, capítulo 14, versículos 25 a 35, para refletirmos juntos sobre nossa caminhada cristã.O  tema de hoje é: "Como nos prepararmos para o discipulado?"

O discipulado não é uma prática religiosa ou uma série de reuniões, mas sim uma vida inteiramente comprometida com Jesus. É  um processo de transformação no qual somos moldados por Ele. Ser moldado em Cristo significa se tornar mais parecido com Jesus em seu caráter, pensamentos, atitudes e ações. Na verdade, não se trata de tentar imitá-Lo, mas de procurar viver suas virtudes, como amor, alegria, paz, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Sendo Jesus  um exemplo, Ele nos convida a ser um verdadeiro discípulo. Seu chamado não é casual, mas um convite a renunciar a si mesmo, a colocar a vontade de Deus acima de nossos próprios interesses e a seguir Seus ensinamentos e exemplo em todas as áreas da vida.

No entanto, Jesus deixou claro que ser um discípulo e segui-Lo  não seria fácil, pois exigiria  renuncia e sacrifícios. Essa renúncia não se limita a bens materiais; ela envolve abrir mão de nosso orgulho, de nossos planos e até mesmo de laços afetivos que possam se tornar obstáculos em nossa caminhada com Cristo. Essa renuncia envolve, principalmente, uma mudança de prioridade, pois Jesus deixou claro que a Sua vontade deve estar acima de todas as outras coisas em nossa vida. Este é o caminho para para ser um seguidor de Jesus. Ele é um passo fundamental na jornada cristã, mais do que frequentar a igreja ou participar de reuniões. É uma vida de compromisso e transformação. Por isso, Ele estabeleceu condições claras para quem desejasse segui-Lo. Ele exigiu preparo. Conforme o texto, Jesus enumera cinco situações que mostram como nos preparar para o discipulado:

Primeiro, amando a Jesus acima de tudo. Jesus nos desafia a amá-Lo acima de tudo e de todos. O amor por Ele deve ser tão grande que Seus seguidores estejam dispostos a colocar todos os outros relacionamentos em segundo plano, incluindo os laços familiares mais sagrados e até mesmo a própria vida, por causa d’Ele. Isso não anula a importância da família, mas a subordina à autoridade de Cristo. Por mais duras que essas palavras possam parecer, Jesus está nos chamando a priorizá-Lo acima de todos os outros relacionamentos.

Segundo, carregando a própria cruz diariamente. O que significa "carregar a sua própria cruz"? Para Jesus, significou submeter-se à vontade do Pai em obediência e amor — até a própria morte. Também somos convidados a carregar a nossa própria cruz diariamente com disposição. Isto representa sacrifício, desafios,perseguições, renúncia e entrega total por causa do nome de Cristo. E você, como tem carregado a sua cruz?

Terceiro, tendo compromisso, obediência, dedicação e disposição. Jesus requer estas qualidade para quem almeja o discipulado.Ter compromisso significa que nada — nem nossa família,  amigos, nossos desejos ou nossa carreira — pode ocupar o lugar de Jesus em nosso coração. É uma decisão consciente de colocar a vontade de Deus em primeiro lugar, em todas as áreas da nossa vida. Obediência é a confiança em Deus. Isto significa que o discípulo deve estar disposto a obedecer a Deus, mesmo quando isso envolve sacrifícios pessoais ou dificuldades.Dedicação no discipulado é uma entrega total. É viver não para si mesmo, mas para Aquele que nos amou primeiro.Disposição  é mais do que vontade ou desejo emocional. É a prática de se colocar à disposição de Jesus — em todo tempo, lugar e circunstância. Sem disposição, o discipulado se torna apenas uma troca de informações, sem transformação real.

Quarto,  renunciado  a tudo para seguir a Jesus. O discipulado verdadeiro exige total renúncia de tudo o que nos afasta de Jesus. Jesus diz: "Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo". Isso não significa que devemos literalmente desfazer de todas as nossas posses materiais, mas sim que devemos estar dispostos a colocar Jesus em primeiro lugar em nossa vida, desapegando-nos de qualquer coisa que nos impeça de segui-Lo plenamente.

Quinto,  sendo  sal da terra.Por fim, Jesus nos adverte sobre a importância de sermos sal da terra e terra boa. Ele diz que o sal que perde o sabor é inútil e a terra infrutífera é desprezada. Como discípulos de Jesus, devemos ser sal que preserva e dá sabor ao mundo, influenciando positivamente as pessoas ao nosso redor. Da mesma forma, devemos ser terra fértil, permitindo que a Palavra de Deus frutifique em nossas vidas e produza um testemunho vibrante e eficaz.

O preço do discipulado é alto, mas o valor de seguir a Jesus é infinitamente maior. Por isso, a forma como nos preparamos  para o discipulado, determina o quanto estamos dispostos a pagar por essa jornada.Cristo nos chama  ama-Lo acima de tudo, a carregar a nossa cruz diariamente,  a renunciar a tudo para segui-Lo e  ser sal. Você já decidiu seguir Jesus de verdade, ou apenas está caminhando com a multidão?Você está disposto a morrer para si mesmo diariamente?Você está pronto para dar esse passo?Negar-se a si mesmo, tomar sua cruz e segui-lo de verdade?

Jesus está caminhando  em direção a Jerusalém, onde enfrentará a sua crucificação, um momento crucial em seu ministério. Lucas destaca que “grandes multidões o acompanhavam” (v.25), possivelmente atraídas por seus milagres, seu ensino cativante ou mesmo pela curiosidade sobre seu ministério profético. Isso demonstra que a mensagem de Cristo não foi dirigida apenas aos doze discípulos escolhidos, mas a todos os que O seguiam. Nesse sentido, Jesus estabelece critérios rigorosos que exigem uma reflexão séria sobre o discipulado autêntico. Na verdade, Ele buscava não apenas seguidores casuais ou entusiastas temporários, mas sim discípulos que compreendessem plenamente as implicações de segui-Lo e estivessem dispostos a fazer os sacrifícios necessários.

No entanto, Jesus afirma que, para segui-Lo, existem algumas exigências fundamentais para ser um discípulo de Cristo — uma dedicação que deve estar acima de tudo e de todos.Primeiro, Ele afirma: “Se alguém vem a mim" (v.26a). Em diversos momentos durante o Seu ministério, Jesus convidou as pessoas a segui-Lo. Ele estende este convite a todos, pois é o chamado mais importante que podemos receber.Mas seguir a Jesus significa mais do que uma simples aproximação física. Na verdade, tem um profundo significado em nossas vidas, pois vir a Jesus é crer que Ele é o Filho de Deus, o Salvador do mundo. É acreditar que Sua morte na cruz foi o pagamento pelos nossos pecados e que Sua ressurreição garante a nossa esperança.

Contudo, ninguém é forçado ao discipulado, mas todos são convidados. É uma decisão consciente, pois seguir a Cristo envolve renunciar a tudo, até mesmo à nossa família e à própria vida, por causa d'Ele. Jesus afirma: “e não aborrece seu pai, mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs — e até a sua própria vida” (v.20b). A palavra traduzida como "aborrecer" neste versículo vem do termo grego μισέω, que pode significar literalmente "odiar", "detestar" ou "aborrecer".É interessante notar que Jesus usa aqui uma hipérbole — uma figura de linguagem comum no hebraico e aramaico que consiste em um exagero proposital para dar mais expressividade àquilo que se quer dizer.Um bom exemplo disso está em Gênesis 29.30-31, onde o texto diz que Jacó "amou" Raquel mais do que Lia, e que Deus viu que Lia era "aborrecida". Obviamente, Jacó não "odiava" Lia, mas seu amor por Raquel era tão mais forte que o amor por Lia parecia ser ódio em comparação.

Quando Jesus diz que é preciso "odiar" pai, mãe, esposa e filhos, isso não significa que seus seguidores devam, literalmente, odiar seus familiares. O que Ele quer dizer é que os discípulos devem demonstrar uma lealdade e dedicação a Ele que superem qualquer laço familiar ou pessoal. Essa lealdade deve ser absoluta e incomparavelmente maior do que qualquer outro relacionamento, por mais sagrado que seja. Em outras palavras, o amor por Jesus deve vir em primeiro lugar, sendo a principal motivação na vida de um discípulo, superando todos os outros relacionamentos e até mesmo a própria vontade de viver.Quem não proceder dessa forma, Jesus é enfático: "não pode ser meu discípulo" (v. 26c).

Entretanto, para aqueles que querem ser discípulos de Jesus, Ele apresenta uma declaração profunda sobre o custo e a seriedade de segui-Lo. Ele fala sobre "tomar a sua cruz": "E qualquer que não tomar a sua cruz e vier após mim não pode ser meu discípulo." (v.27). No tempo de Jesus, a cruz era um símbolo de execução cruel, pública e humilhante praticada pelos romanos. Jesus usa essa imagem para afirmar que, se alguém quiser segui-Lo, é preciso "tomar a sua cruz".  Ora  “tomar a cruz" não significa carregar uma cruz literal, nem pendurá-la no pescoço. Também não se trata de procurar sofrimento desnecessário. Em vez disso, significa estar disposto a enfrentar as consequências de seguir a Jesus. Desta forma.Jesus ilustra as dificuldades que os discípulos deveriam esperar, mostrando que o caminho seria árduo e traria sofrimento, tão horrível quanto a morte na cruz. A cruz seria inevitável na vida dos discípulos, um compromisso que exige renúncia diária e uma total submissão à vontade de Deus, independentemente das circunstâncias.

Jesus falou anteriormente sobre o alto custo de segui-Lo. Afirmou ainda que para ser seu discípulo, a pessoa deve "odiar" (amar menos em comparação) pai, mãe, esposa, filhos, irmãos e irmãs, e até a sua própria vida.Agora, Ele faz duas perguntas retóricas, direta e pessoal, dirigida aos ouvintes. Monstra que deve haver renuncia quando seguimos a Jesus. A primeira pergunta refere-se a parábola da torre: “Pois qual de vós, pretendendo construir uma torre, não se assenta primeiro para calcular a despesa e verificar se tem os meios para a concluir?” ( v.28).Quando alguém pretendia construir uma torre, no contexto da época, essa construção poderia ter um propósito militar ou agrícola. Era comum erguer torres de vigilância em vinhas, por exemplo. Nesse caso, a "torre" provavelmente se refere a uma construção agrícola, não a uma fortificação. Esta construção tinha dois propósitos principais:  primeiro, a torre permitia que um vigia observasse a plantação de uvas, protegendo-a de invasores que poderiam roubar a colheita ou de animais selvagens que destruiriam as videiras. Segundo, durante a colheita, a torre servia como um local de descanso e abrigo para os agricultores, protegendo-os do sol ou de chuvas inesperadas.

Quando Jesus se refere à construção de uma torre, Ele está falando de um projeto que exige bom planejamento e cálculo. Antes de qualquer coisa, devemos sentar para fazer os cálculos. Afinal, ninguém começaria a construir um anexo sem antes ter certeza de que tem dinheiro, material e mão de obra suficientes para terminar a obra.Fazer isso evita o problema da exposição ao ridículo e à zombaria das pessoas, não somente da própria família, mas de qualquer um que passasse pelo local da construção inacabada. Por isso, era importante fazer uma contagem ou um cálculo preciso para que o projeto fosse concluído. Da mesma forma, o discipulado exige uma reflexão séria sobre o custo. Jesus quer que Seus seguidores entendam que não é um caminho fácil. É um compromisso total que exige sacrifícios, e a decisão de segui-Lo deve ser tomada com consciência e determinação.

Você já se arriscou em algo sem planejar? Abriu um negócio sem fazer as contas? Começou um projeto sem pensar nos desafios? Tudo na vida exige planejamento. Na vida do discipulado  não é diferente. Exige um cálculo e uma reflexão profunda, bem como um planejamento cuidadoso e uma análise dos custos. O custo aqui não é financeiro, mas sim de sacrifício, renúncia e prioridade total  a Cristo. E  a pessoa  que não calcula os custos, e decide seguir a Jesus de forma impulsiva, sem entender o preço que precisa ser pago, ela corre o risco de começar a jornada, sem conseguir completá-la, tornando-se motivo de escárnio. Jesus,então, deixa claro que é preciso avaliar se estamos prontos para assumir o compromisso pessoal e o sacrifício necessários para segui-Lo, pois é um compromisso sério que exige renúncia, dedicação e sacrifício. É uma jornada que exige reflexão, total entrega e a consciência do alto preço a ser pago para se tornar um verdadeiro seguidor de Cristo. Portanto,Jesus nos desafia a olhar para a nossa própria vida e a perguntar: Estou preparado para seguir a Cristo, independentemente do custo? Disposição de carregar a minha própria cruz, de enfrentar as dificuldades e de permanecer fiel a Deus em todas as circunstâncias? Sendo assim, que a nossa vida seja uma torre bem construída, um testemunho do nosso amor e dedicação a Cristo.

A segunda ilustração é bastante semelhante à primeira. Ela  diz respeito a um rei que vai para a guerra. Ele precisa calcular o custo antes de entrar em batalha: “Ou qual é o rei que, indo para combater outro rei, não se assenta primeiro para calcular se com dez mil homens poderá enfrentar o que vem contra ele com vinte mil?”(v.31). O texto nos apresenta este rei com 10 mil soldados que precisa enfrentar outro com 20 mil. Essa batalha, à primeira vista, parece uma derrota certa. No entanto, o que o rei faz? Ele não avança de forma imprudente. Pelo contrário, ele se assenta para calcular. A palavra "calcular" vem de um contexto financeiro e sugere uma avaliação completa dos recursos necessários em comparação com os disponíveis. Na prática, isso significa que o rei precisa parar a marcha, refletir, analisar os riscos e os recursos. Assim, ele adquire a sabedoria para entender que o inimigo é forte e que a luta não será fácil. Afinal, sem esse cálculo, a derrota seria certa.

Mas se ele não tiver recursos suficientes, deve enviar embaixadores ao inimigo que está longe para negociar a paz.  É mais sensato negociar a paz do que enfrentar a derrota certa: “Caso contrário, estando o outro ainda longe, envia-lhe uma embaixada, pedindo condições de paz”.(v.32). O ato de enviar uma embaixada para pedir condições de paz, antes mesmo de lutar, mostra a sabedoria de um rei que reconhece sua própria fraqueza e que evita a derrota. Em outras palavras, é melhor não começar uma batalha que não pode ser vencida.O ponto principal é que ser um discípulo de Jesus exige um compromisso total e uma preparação cuidadosa. Assim como o rei, a pessoa deve avaliar se está pronta para o desafio, caso contrário, deve reconhecer suas limitações. O planejamento que Jesus nos ensina não é sobre o que podemos fazer sozinhos, mas sim sobre a nossa completa rendição e confiança n'Ele. É buscar a Sua orientação em oração, estudar a Sua Palavra e entregar-lhe os nossos planos.  Que a nossa fé não seja superficial, mas enraizada em uma decisão consciente e comprometida. Que, a cada passo, possamos sentar-nos e refletir sobre o nosso propósito, sabendo que Aquele que nos chamou é fiel para nos capacitar e para nos levar até o fim.

Jesus usa essas duas histórias para ilustrar a necessidade de "calcular o custo" do discipulado. E o resumo final é claro: "Nenhum de vocês pode se tornar meu discípulo se não renunciar a tudo o que possui" (v.33).   A frase de Jesus é uma condição: "se não renunciar..." Isso significa que a renúncia é o ponto de entrada para o discipulado. Sem ela, não se pode avançar. Mas o que significa renunciar? A palavra grega, traduzida como "renunciar" é ἀποτάσσω, significa "dizer adeus", "despedir-se de", "deixar de lado". Não é apenas dar algo, mas cortar os laços de posse e apego. É uma ação de desapego intencional. Assim como o rei precisa calcular o custo da guerra, o discípulo precisa calcular o custo da vida cristã. A renúncia é o reconhecimento de que, para vencer a batalha espiritual, a nossa força e os nossos recursos não são suficientes. Precisamos da força de Cristo.Você está disposto a renunciar a tudo? O que você precisa 'deixar de lado' para se tornar um discípulo de Jesus?

Finalizando,  Jesus nos adverte sobre a importância de sermos sal. Ele é um elemento fundamental na nossa vida. Contudo, se torna insípido perde completamente o seu valor: “O sal é certamente bom; caso, porém, se torne insípido.” (v.34b). Teremos uma melhor compreensão dessa analogia de Jesus, a partir de algumas características desse elemento sal. Vejamos: no mundo antigo era um bem precioso. Ele possui duas características muito importantes: ele tem a função de preservar e dar sabor ao alimento. O fato é que o sal faz muita diferença num alimento. Um pouco de sal transforma a comida toda! Mas, e se o sal perde o seu sabor?  Quando o sal perde o seu sabor, ele não serve mais para nada. Jesus ao explicar esta questão, Ele usou o termo μωρανθῇ ,uma referência ao sal que perde seu sabor. O termo  está na voz passiva do verbo μωραίνω, que significa "tornar-se insensato", "tornar-se tolo" ou "tornar-se insípido". Este termo está etimologicamente ligado a μωρός, que significa "tolo" ou "estúpido". Este verbo tem uma dupla conotação: a perda do sabor físico do sal e, metaforicamente, a perda da sabedoria, da utilidade e do propósito espiritual. O sal, ao se tornar "tolo", perde a sua função, se torna inútil, perde sua utilidade. Não serve mais para temperar, nem para preservar, ele é jogado fora, pisado pelos homens

Jesus,então pergunta: “como restaurar-lhe o sabor?” (v.34b). A pergunta não é uma busca por uma solução, mas uma constatação de que a restauração é impossível, não há possibilidade por meios externos. O sal não pode ser "consertado" ou "retocado". Uma vez que o sal perdeu sua capacidade de salgar (sua própria essência), não há nada que possa ser adicionado a ele para restaurá-la. Jesus deixou claro que o sal sem sabor, para nada servirá: “Nem presta para a terra, nem mesmo para o monturo.”(v.35a). É um sal que não tem mais utilidade, é desprezado e jogado fora. Ele até mesmo não serve nem mesmo para a terra ou solo (γῆν).  Aqui, se refere ao solo de plantio onde o sal era frequentemente usado para esterilizar a terra. E ao perder a sua  essência, não servia  nem para a função de fertilizar ou preparar a terra para a agricultura.Também não servia para o “monturo”.  Este termo no grego (κοπρίαν) significa "esterco", "monturo", "pilha de lixo" ou "compostagem". É um termo que descreve o lugar onde os resíduos orgânicos e os excrementos de animais eram acumulados para servirem de adubo. Enfim, o sal que perdeu o sabor não tem nenhuma utilidade, nem mesmo para se misturar ao lixo para se decompor, pois a sua composição original, que o tornava um tempero, não serve para adubar.

Jesus deixa claro, uma vez que o sal  perdeu o seu valor, ele é lançado fora: “lançam-no fora.” (35b). Se o sal, que tem a função de dar sabor e de preservar, se torna insípido, ele perde seu propósito e não tem mais utilidade. Ele é descartado. Por isso, a ideia de "ser lançado fora" reforça a consequência de perder a essência. É a consequência natural de sua inutilidade. Do mesmo modo, quando os seguidores de Jesus perdem a sua "salinidade" — ou seja, quando deixam de viver de acordo com os princípios do reino de Deus e de influenciar o mundo positivamente —, eles se tornam ineficazes. O cristão que perde o seu "sabor" não tem mais a capacidade de impactar o mundo com o amor de Deus, de dar testemunho da sua graça, de preservar a pureza moral na sociedade. A vida se torna vazia, estéril e sem propósito.Jesus nos convida a fazer um auto-exame profundo:  “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça.” (v.35b). Ele convida o ouvinte a refletir sobre a própria vida e se ele está produzindo frutos ou se tornou tão inútil a ponto de ser lançada fora.  Por isso, devemos nos examinar e nos questionar:Eu sou sal que dá sabor ou sal que foi jogado fora? Minha vida está impactando o mundo para a glória de Deus?

Nas palavras de Jesus, só há duas possibilidades: ou somos sal da terra ou sal insípido. Mas o que significa ser sal da terra? Será que já paramos para, pensar porque Jesus nos compara com o sal? Ser sal da terra significa ter uma vida que glorifica a Deus. bem como levar outras pessoas a seguir Jesus. Como o sal da terra, temos a função de preservar o mundo da deterioração moral e podridão espiritual que o maligno busca implantar. Como sal, devemos temperar. Lemos em Colossenses 4.6: "A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para saberdes como deveis responder a cada um". Eis aqui um dos nossos maiores deveres como cristãos: dar sabor, dar gosto a essa terra que anda mais que nunca mergulhada em profunda tristeza, desespero e dissabor. combatendo a corrupção moral e espiritual da sociedade.                                                

Ao nos prepararmos para o discipulado, não estamos apenas seguindo regras, mas respondendo a um convite para uma vida abundante, que encontra seu verdadeiro significado na total entrega a Jesus. O chamado é claro: é preciso esvaziar-se para poder ser cheio, e perder a vida para poder de fato encontrá-la. Sendo assim, o discipulado exige uma preparação profunda, que vai além do mero conhecimento teórico. Ele nos convida : a reavaliar nossas prioridades; assumir nossa cruz; calcular o custo e ser sal da terra.

Portanto, que o Espírito Santo nos capacite a tomar uma decisão firme de seguir a Jesus, independentemente do custo. Que nossa vida seja marcada por um amor profundo por Jesus e uma dedicação total ao Seu Reino.  Enfim, que sejamos discípulos fiéis que brilham com o amor de Cristo e influenciam positivamente o mundo ao nosso redor. Amém!

domingo, 24 de agosto de 2025

 TEXTO: LC 14.1-14

 TEMA: O ORGULHO DESTRÓI O RELACIONAMENTO COM DEUS E COM O PRÓXIMO

O Evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão, entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. Ele foi convidado para uma festa, ocorrida no sábado. Era costume realizar refeições com pessoas convidadas após o serviço religioso do sábado nas sinagogas. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é momento para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem hidrópico, escolha dos lugares à mesa, escolha dos convidados que recusam o convite.

Mas, afinal, o que Jesus nos ensina neste texto?  Jesus nos ensina que os fariseus estavam vivendo um estilo de vida, contrário à sua vontade. Ele critica a falta de humildade daqueles homens, uma vez que eram pessoas que se consideravam superiores às outras. Faziam de tudo para serem vistos, preferiam os melhores lugares na festa e também os lugares de honra. Enfim, realizavam as suas obras com o intuito de serem vistos e elogiados. Na verdade, o orgulho os dominava, impedindo-os de se humilharem o suficiente para permitir que o Senhor abrisse seus olhos. Eram homens vaidosos e orgulhosos.

O orgulho tem levado muitas pessoas à destruição. Ele sufoca, destrói, mata, cega o entendimento. Causa confusão, contenda, mágoa, brigas, discussões, divisões. Os orgulhosos têm a tendência e a carência de sobressair sobre os demais! São capazes de qualquer coisa para impor as suas próprias regras ou interesses individuais. Este orgulho está fadado ao fracasso e a tragédia, pois quando entra na vida das pessoas destrói o relacionamento com Deus e com o próximo.

O que Deus quer é a humildade e não o orgulho. Jesus exigiu radicalmente dos Seus seguidores uma vida de extrema humildade. Tudo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v. 11). O caminho da humildade é o caminho da renúncia, do último lugar, do silêncio, do menosprezo, do abandono nas mãos de Deus, da fraqueza, da pobreza espiritual – a morte do próprio eu. Como está sua vida? Você prefere continuar em seu orgulho? Sejamos humildes! Jesus é o exemplo!

                                                                     I

 Jesus foi convidado por um dos principais fariseu para comer no sábado na sua casa. No entanto, o fariseu e seus amigos não estavam interessados na companhia de Jesus ao redor da mesa com eles, mas, na verdade, eles queriam observar Jesus, e encontrar um motivo de acusação, provavelmente na observância do sábado.

O texto afirma que naquele lugar “se encontrava um homem hidrópico.” (v.2). Hidrópico é pessoa que sofre de hidropisia, doença que consiste no acúmulo de líquido e inchaço no corpo todo, ou numa de suas partes, como, por exemplo, no ventre. Aquele homem certamente não foi convidado. Mas queria ser curado de sua doença. Sendo assim, entra na casa do fariseu e coloca-se diante de Cristo. Mas antes de cura-lo, Jesus, tomou a palavra, perguntou aos doutores da lei, e aos fariseus, se era permitido curar nos dias de sábado ou não, porque, segundo a lei de Moisés, não se podia fazer nada nos dias de sábado. Ele afirma: “É ou não é licito curar no sábado? (v.3). Mas eles nada disseram. Não responderam o questionamento de Jesus. Se respondessem positivamente, eles estariam contrariando a tradição dos judeus. Se respondessem negativamente, estariam negando o amor e a misericórdia de Deus. Mas Jesus não esperava uma resposta de seus observadores, ele simplesmente realiza a cura: Então, Jesus tomou o homem e o curou de sua enfermidade (v.4).

Após a cura, Jesus novamente faz uma pergunta: Qual de vós, se o filho cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? (v.5). Mas os fariseus não foram capazes de responder. Eles não podiam responder, porque não tinham resposta alguma que incriminasse Jesus.  É interessante a pergunta que Jesus faz aos fariseus. Mas vamos refletir sobre esta pergunta! Imaginem que uma criança cai num poço. As pessoas se comovem, e as equipes de resgate se mobilizam rapidamente para salvá-la. Agora, imaginem se este acidente ocorresse no dia de sábado. Será que poderiam resgatá-la? No raciocínio dos fariseus a resposta seria não, pois tinham um conjunto enorme de normas que regulamentava, o que era ou não permitido fazer num sábado. Infelizmente, estes religiosos estavam enxergando apenas suas regras exageradas e discrepantes.

O fato é que não encontraram nada que pudesse responder à pergunta de Jesus. A única explicação para a inconsistência deles era que o orgulho   estimulava as suas atitudes. Na verdade, os orgulhosos têm a tendência e a carência de sobressair sobre os demais! São capazes de qualquer coisa para impor as suas próprias regras ou interesses individuais.  O orgulho desafia a Deus, despreza o seu próximo e exalta a si mesmo. Ele é arrogante, o contrário do espírito de humildade que Deus requer. Ocorre que   ele está fadado ao fracasso e a tragédia, pois quando entra na vida das pessoas destrói o relacionamento com Deus e com o próximo.

No entanto, Jesus tem a resposta à pergunta feita aos fariseus. Ele retoma o verdadeiro sentido do sábado, e nos ensina que não se deve esquecer a misericórdia de Deus e as necessidades do próximo. Mostra que Deus quer a prática da misericórdia em vez de rituais e sacrifícios (Os 6.6). O que se observa que esses fariseus causavam mais preconceitos com suas doutrinas cheias de tradições humanas do que agir com misericórdia, levando a desconsiderar as necessidades dos seres humanos na época. Portanto, Jesus deixou claro que não estava transgredindo o sábado, mas cumprindo, pois, a lei não proibia ajudar o próximo.

                                                                 II

A questão do orgulho e da humildade se concretiza na Parábola da Grande Ceia que Jesus contou. Durante a festa, Ele observava o modo como se comportavam os convidados, ou seja, atitude, as ambições tolas dos fariseus pelos primeiros lugares. Para eles, era importante estar mais perto do dono da casa ou até mesmo ocupar lugares mais honrosos, posição religiosa, admirados pelas pessoas, e não com a salvação do pecador. Estas são características do ser humano. Há uma grande preocupação pelo sucesso, aparência e status. O que se observa é uma corrida em busca de “melhorias” em todos os aspectos, em todas as direções na vida em particular. O que importa é a fama, o sucesso em alcançar o objetivo. Também não importa como e por qual meio, honesto ou não. Enfim, procura-se ser “o mais”: o mais forte, o mais inteligente, o mais astuto, o mais seguro, o mais rápido, o mais eficaz.

Este era o pensamento daqueles convidados. Procuravam impressionar os homens do que servir a Deus humildemente. Por isso, Jesus diz que àqueles fariseus que gostavam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas: “Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar.” (v.8). É interessante   que os banquetes nupciais tinham certas regras que deveriam ser observadas. Havia certo protocolo social que exigia dos convidados, que se posicionassem de acordo com a dignidade ou a importância de cada um, em torno de uma mesa. Se alguém ocupasse um lugar superior ao que fazia jus, corria o risco de ser retirado, dando lugar ao que realmente o merecia. Esta cena resultaria em um vexame social, caso o dono da festa solicitasse aquele lugar para um convidado mais importante. É melhor escolher o lugar mais modesto, e depois ser convidado pelo anfitrião para ocupar o lugar de maior honra.

No entanto, estas regras pareciam estar sendo ignoradas pelos fariseus. Eles estavam demonstrando todo egoísmo, orgulho e preconceito na escolha dos lugares. Estavam ocupando o lugar de honra. Este era o estilo de vida que viviam os fariseus.  Jesus critica esta atitude. Jesus entende que faltava humildade aqueles homens, uma vez que eram pessoas que se consideravam superiores às outras. Faziam de tudo para serem vistos, preferiam os melhores lugares na festa e também os lugares de honra. Enfim, realizavam as suas obras com o intuito de serem vistos e elogiados. O orgulho os dominava, impedindo-os de se humilharem o suficiente para permitir que o Senhor abrisse seus olhos. Eram homens vaidosos e orgulhosos. Deus se opõe a esse tipo de orgulho que sufoca, destrói, mata, cega o entendimento. Causa confusão, contenda, mágoa, brigas, discussões, divisões.

Quantas vezes este orgulho tem dominado e enfraquecido a nossa humildade. Somos egoístas, pensamos somente nas nossas necessidades, colocamos em primeiro lugar o EU. Isto tem ocorrido diariamente dentro do nosso lar, no trabalho, na escola, principalmente dentro da igreja. Lembre-se que nenhum valor tem para Jesus os que buscam os primeiros lugares e praticam todas as obras que aparentemente são boas, para serem visto pelos homens. Nenhum valor possuímos quando nos colocamos numa posição de destaque, onde existe uma certa superioridade naquilo que fazemos, quando nos consideramos melhor do que realmente somos. Quando nos tornamos cada vez mais senhores de si, corações endurecidos, amantes de si mesmo. Quando a situação que nos leva a uma justiça meramente externa, pois interiormente é corrompido pelo pecado. Este tipo de orgulho destrói o relacionamento com Deus, consigo mesmo e o próximo. E quando chegar a esta situação, estamos deixando a humildade cristã para substituí-la pelo orgulho dos fariseus.

Precisamos parar e refletir sobre o assunto, fazer uma análise introspectiva, e perguntar: Será que o orgulho não está destruindo a minha vida? Se deixarmos o orgulho tomar conta da nossa vida, ele nos destrói. Ele acaba conosco. Ele torna-se nefasto para o nosso desenvolvimento pessoal e para a nossa felicidade. Por isso, é preciso deixar o orgulho de lado, ter humildade e procurar agir com sabedoria com nossas atitudes e posicionamentos de vida. Portanto, tome o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: "Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas." (v.10).

                                                            III

Ao contrário, o que Deus quer é a humildade e não o orgulho. Jesus exigiu radicalmente dos Seus seguidores uma vida de extrema humildade. Tudo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v. 11). O caminho da humildade é o caminho da renúncia, do último lugar, do silêncio, do menosprezo, do abandono nas mãos de Deus, da fraqueza, da pobreza espiritual – a morte do próprio eu. E o Senhor quem nos guia: “Se alguém me quer seguir; renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34b). É na cruz de Cristo e na cruz da nossa vida que temos de crucificar o “eu” a cada dia. Fica evidente quando Jesus diz em Mateus 5.3: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Por pobres de espírito, Jesus não entende os tolos, mas os humildes, e diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos. O evangelho deve ser pregado aos pobres de espirito, e não ao espiritualmente orgulhoso, o que pretende ser rico e de nada necessita.

Jesus usou a oportunidade para dar um conselho também ao dono da festa. Ele se dirige ao anfitrião de forma surpreendente e estabelece uma nova regra: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado.(v.12) A recomendação de Jesus ao anfitrião é simples: Não convide estes homens   cultos e inteligentes, com elevada opinião de si mesmos e de sua própria superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Não convida estes arrogantes, mas os pobres, os aleijados, os coxos e   os cegos. (v.13).  Aqueles que são rejeitados ou ignorados, considerados como gente de nível social inferior ao nível daquele importante fariseu.

Por outro lado, convidando estas pessoas, não haverá disputa pelos primeiros lugares e, pelo contrário, muitos precisarão de ajuda para ser colocados à mesa e eles sentirão honrados só pelo convite. Então, o anfitrião será duplamente recompensado. Primeiro, pela gratidão daqueles que foram abençoados pela generosa bondade demonstrada na ajuda e na alimentação que receberam; segundo porque aqueles necessitados, não tendo como recompensar a ajuda que receberam, a recompensa virá na ressurreição dos justos: a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. (v.14).

Estimados irmãos! Peçamos a Deus que o orgulho não predomine em nossas vidas, e que jamais destrua o nosso relacionamento contigo e com o nosso próximo, mas que nos conceda humildade para refletir. Amém!

 

 

 

 

 

TEXTO: HB 13.1-17

TEMA: A VIVÊNCIA DO AMOR ENTRE OS CRISTÃOS

Ao concluir a sua epístola, o autor de Hebreus faz diversas recomendações à igreja. No início ele fala sobre o sacrifício que Jesus realizou na cruz, e no final desta carta, fala sobre o aspecto prático da fé, e como ela deve influenciar o comportamento, principalmente, quanto a vivência do amor entre os cristãos. Sendo assim, ele chama atenção de determinados aspectos que envolve o amor fraternal, a hospitalidade, o matrimônio e a avareza. E por fim, o autor destaca a importância de seguir o exemplo, a conduta, a obediência e a fé daqueles líderes, guias, ou pastores que partiram. E no meio de tantas recomendações, ele faz uma verdadeira profissão de fé, apontando para a eternidade sobre Jesus Cristo: “Ele é o mesmo, ontem, hoje e eternamente” (v.8).

Essa declaração de fé foi um momento de encorajamento para aqueles cristãos que estavam vivenciando ensinamentos diferentes e estranhos. Estavam caindo na tentação ao deixar de viver uma vida cristã baseada no amor, e viver uma vida a partir daquilo que a sociedade ensinava. E diante dessas exortações, o autor convida os irmãos a não deixar de viver uma vida cristã, conforme os ensinamentos de Cristo. Deveriam imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável. Deveriam identificarem-se com Jesus, e não se deixarem levar “pelos diversos ensinos estranhos” (v.9). Desta forma estariam vivendo a vida cristã. Também somos incentivados a viver constantemente a conduta cristã, no nosso agir, em nosso falar e em nossos pensamentos, é um grande desafio em nossas vidas. E você, tem seguido a vontade de Deus? Tem vivido conforme os ensinamentos de Jesus ou conforme a proposto do mundo? Tem demonstrado o seu grande amor ao próximo?

                                                           I

Estimados, irmãos! O autor inicia o texto, falando sobre o amor fraternal. (v.1). É um grande o desafio para nós, o que o autor nos propõe: tornar o amor fraternal algo constante em nossa vida. Isto significa que cada cristão tem o dever de se comprometer e participar mais das necessidades do próximo através nas suas atitudes, procedimentos, gestos, palavras. Jesus falou muito sobre o amor fraternal para várias pessoas. Havia ensinado a seus primeiros seguidores uma nova maneira de viver. Mostrou que a nossa vida deve estar baseada no amor ao próximo. Ensinou um estilo de vida simples, que não busca os próprios interesses. O seu ensino fica claro, por exemplo, na Parábola do Bom Samaritano. O samaritano da parábola foi alguém que demonstrou amor fraternal a um desconhecido. O apóstolo Paulo também escreveu aos cristãos de Roma: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12.10).

No entender do autor de Hebreus, os cristãos devem amar uns aos outros genuinamente, ardentemente e de todo coração. Mas como o cristão pode ser capaz de demonstrar o amor fraternal, numa sociedade onde as pessoas são individualistas e egoístas? Como concretizar esta proposta, “seja constante o amor fraternal?” Na verdade, o amor fraternal tem se tornado cada vez mais difícil. Precisamos olhar para os primeiros cristãos. Eles viviam uma vida em comunidade, preocupados uns com os outros e ajudando uns aos outros. A sua maneira de viver contrastava com o modo de viver da sociedade em geral. De fato, eles viviam o amor fraterno, a doação, o respeito, o altruísmo. Como podemos observar, estes primeiros cristãs, demonstravam o amor fraternal, na partilha dos bens e na distribuição dos serviços.  Encontramos este relato em At 2.42-47: "Eles eram perseverantes na doutrina (ensinamento) dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir o pão e nas orações".

É justamente o que devemos fazer: olhar para o próximo com compaixão, acolher sem julgamentos, doar sem interesse e sentir a dor do outro. Este deve ser o nosso agir! Pedro nos ensina: “Sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.9 e 10). Assim diz, Paulo: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal...compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade” (Romanos 12.10-13). A palavra “hospitalidade” no grego significa “amor pelos estranhos”. Quando Paulo fala sobre “praticai a hospitalidade”, ele está nos convocando a buscar relacionamentos com pessoas que estão em necessidade, e esta não é uma tarefa fácil. Mas o autor recomenda os cristãos a viverem esta atitude. Aconselha os seus leitores a demostrar o amor fraternal para todos os homens, ao estranho, ao viajante, ao prisioneiro e ao sofredor. Fala sobre como devemos tratar o nosso próximo: “Não negligencieis a hospitalidade”. (v.2a).

De fato, a hospitalidade foi uma ferramenta de grande valor ao cristianismo, pois por meio da hospitalidade muitos dos primeiros missionários foram acolhidos em casas de irmãos (At 16.13-15). Interessante que naqueles tempos de perseguição, o lar cristão era um abrigo, um aconchego, uma proteção, uma oportunidade de servir à causa do Evangelho, uma possibilidade de troca de experiências e informações sobre a nova fé e a Igreja. Na verdade, os viajantes dependiam de moradores dos locais por onde passavam para fornecer-lhes abrigo e hospitalidade, acolhimento. Provavelmente, muitos irmãos naquela época ficaram sem alternativas de moradias nos arredores de Jerusalém e no mundo gentio, sendo necessário se ajudarem mutuamente em suas necessidades. Assim, cada irmão não deveria negligenciar a hospitalidade, para aqueles viajantes que precisavam de abrigo, pois oferecer hospitalidade implica em compartilhar bens e sofrer com outras pessoas. Lembre-se onde há o verdadeiro amor cristão, também haverá hospitalidade. Portanto, “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.” (1Pe 4.9). Receba os irmãos com a mesma atitude que o próprio Cristo nos recebeu, e ainda recebe.

O autor recomenda que os cristãos deveriam também se lembrar dos encarcerados, da mesma forma, quando deram apoio aos irmãos encarcerados no passado. Eles se tornaram “coparticipantes” ou “parceiros” daqueles que foram “insultados e maltratados publicamente” (Hb 10.33). Agora, deveriam dar suporte material e emocional aos presos, mostrando-lhes que não foram abandonados: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles.” (v.3a). O verbo lembrar não envolve somente um ato mental, mas uma atitude de ir ao encontro daquele que precisa de ajuda, ou seja, sentir profunda compaixão por eles.

O verbo lembrai também tem o significado de visitar (Sl 8.4). A visitação aos necessitados e presos era uma prática comum na vida da Igreja Cristã da época (Hb 10.34). Havia muitos presos exatamente por serem servos de Cristo, perseguidos por causa da fé. Também deveriam lembrar daqueles que “sofrem maus tratos.” (v.3b). Maus tratos aqui se referem ao sofrimento físico, àqueles que são maltratados ou que são feridos por outros. Assim, o Senhor mostra que visitar os presos equivale visitar o próprio Jesus. Além disso, Ele sempre demonstrou compaixão para com aqueles que padeciam da privação da liberdade, da dignidade e esperança. Lembre-se que os presos e os que sofrem, também precisam da bondade e misericórdia de Jesus.

O autor também exortou seus leitores contra a imoralidade sexual e a avareza, visto que eram duas graves ameaças ao amor fraternal. Fala que o matrimônio deve ser vivido com respeito e fidelidade. Evitassem qualquer coisa que pudesse menosprezá-lo. “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.” (v.4). O termo grego τίμιος (honra)vem de uma raiz que está ligada diretamente ao dinheiro. Daí o uso do termo para fins como honrar o compromisso, no sentido de quitar uma dívida; de grande valor, precioso. E a expressão "entre todos” pode significar “entre todas as pessoas”, ou seja, ele deve ser respeitado e colocado como prioridade e “digno de honra” entre as pessoas.

Neste sentido, Palavra de Deus é clara e absoluta. Não há exceções. Independente da história de cada pessoa, dos conflitos e traumas de uma vida inteira, o casamento deve ser honrado. E aqueles que se comprometem “para toda vida” seguem amando e se respeitando mutuamente, nutrindo seu relacionamento no Senhor, estes serão abençoados. Porém, Deus não permite fornicação, adultério. Não permite pessoas que vivem num leito conjugal imaculado por meio de relações sexuais fora do matrimonio. Pessoas que não respeitam o seu cônjuge e vivem um casamento de mentiras e traição, quem assim procede, Deus os julgara. Julgara os impuros e adúlteros.

Quanto avareza, o escritor adverte: “Seja a vossa vida sem avareza.” (v.5). Avareza é um forte apego às coisas materiais. É um apego excessivo e sórdido ao dinheiro e outros bens. Este desejo ardente pela avareza tornam as pessoas amarguradas e nunca estão satisfeitas com que possuem. Vejam o exemplo do jovem rico. O seu dinheiro serviu de empecilho e pedra de tropeço. Ele não foi capaz de renunciar aquilo que mais amava por amor a Deus. O seu amor pelo dinheiro foi a raiz e a causa de todo o seu mal, de receber um tesouro valioso e seguir a Jesus. Sendo assim, se retira triste, perdido e confuso. Na verdade, não estava pronto, para renunciar aos valores que tinha, para seguir a Jesus. Tinha muitos bens e não estava disposto a abrir mão deles. Tinha o coração ainda apegado ao mundo e em suas concupiscências.

Esta é a triste realidade que presenciamos neste mundo: o homem vive focado apenas em ajuntar tesouros na terra. Pensemos no que Jesus disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19,20). A única solução para os corações que “querem tudo” é o contentamento encontrado na presença do Deus. Mas o que significa contentai-vos com as coisas que tendes? A palavra para contente no grego é ἀρκέω, que significa estar feliz, contente com aquilo que já possui. Este estado de contentamento é fruto da bondade de Deus, pois há algo que precisamos afirmar confiantemente: Deus nunca nos abandonará. Ele não desistirá de nós! Quando nos sentirmos sem forças, amedrontados diante de uma adversidade ou tentação, afirmemos confiantemente: “O Senhor é o meu auxílio, não temerei...” (v.6).

                                                                   II

 O autor destaca alguns cuidados especiais que a igreja deve ter com relação à sua liderança: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (v.7). O primeiro desses cuidados é lembrar de seus guias, ou pastores. Aqui novamente encontramos o verbo μνημονεύω que significa estar atento, lembrar, trazer à mente. A recomendação, provavelmente, refere-se aos líderes cristãos, aqueles que fundaram a congregação, e que já haviam morrido. Sendo assim, deveriam olhar atentamente para estes líderes do passado, lembrando de suas pregações, ensinos e orações, bem como a atitude, respeito, honra, exemplo e fé.

No entanto, embora os líderes têm muito que nos oferecer, devemos fixar nossos olhos em Cristo. Ele foi e será o mesmo para sempre.  (v.8). Há um forte contraste entre Jesus e os falsos mestres que mudam com o tempo, e cujas doutrinas se tornam “diferentes e estranhas” (v.9). Por isso, é importante entender que os líderes vêm e vão. São imutáveis, mas Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente! Ele não muda sobre os seus planos que tem para nós, diferente do mundo e das pessoas que mudam a todo instante de opiniões.  Ele é superior aos anjos, profeta, discípulos, apóstolos e outros enviados. Ele é o autor da salvação. O verdadeiro sumo sacerdote que se compadece dos pecadores. O seu cuidado jamais deixa de existir sobre a nossa vida e família, porque prometeu que estaria conosco todos os dias.

Como é bom saber que podemos contar com Jesus Cristo que é o mesmo, ontem, hoje e eternamente. O Cristo que viveu entre os seres humanos no passado, como a revelação da presença de Deus em forma humana (João 1.18). Um homem, mas ao mesmo tempo o Filho Unigênito do Pai (João 3.16), que morreu na cruz para nos salvar, mas ressuscitou e está vivo (II Coríntios 5.15). Ele está vivo e vive em cada um de nós (Gálatas 2.20). Está atuando, ainda, hoje no mundo, e está sempre pronto para nos socorrer quando precisamos (Salmos 46.1). Ele estará com os seus até o fim dos tempos, quando os receberá nos lugares celestes, no novo céu e nova terra, na glória eterna.

Novamente, o autor afirma a superioridade de Jesus e da Nova Aliança que ele trouxe(vv.10-13). O autor afirma que não havia mais necessidade de realizar sacrifícios, pois, quando Cristo sofreu a morte sobre a cruz, uma das coisas realizadas foi descartar-se dos costumes levíticos. Mas aqueles que estivessem presos a estas cerimônias, não poderiam participar da Nova Aliança, sem primeiro romper com as tradições do cerimonialismo levítico. Neste sentido, o autor menciona três lições importantes para os cristãos: Primeiro, estamos sob a graça de Deus e livres de todas as regras cerimoniais da lei mosaica (At 10.9-16; Rm 14.17). Segundo. o altar do cristão da Nova Aliança é a pessoa de Jesus Cristo.  Ele morreu em nosso lugar e nos livrou de toda culpa e condenação. (v.12). Terceiro, o cristão, uma vez que pertence a Cristo, deve viver a sua fé num mundo hostil (v.13).

No entanto, uma vez que Cristo morreu como oferta pelos nossos pecados, devemos demonstrar uma conduta adequada a Jesus Cristo. Primeiro devemos fixar nossa esperança não nas ordenanças, mas na cidade celestial, pois a nossa vida neste mundo é transitória, breve e temporária. (v.14). Segundo, devemos oferecer a Deus sacrifícios de louvor. (v.15). A expressão de louvor se torna um fruto espontâneo de gratidão e adoração a Deus, uma ação de graça que provém de um coração sincero. O que devemos fazer é confessar através dos nossos lábios o nome de Cristo, ou seja, crer e confiar que Jesus é o nosso Salvador. Por que os lábios? A resposta é que através das palavras expressamos aquilo que se encontra no coração (Mateus 15.18-19).

Enfim, devemos mostrar benevolência, a prática da piedade, da compaixão ao próximo. (v.16). Este é outro tipo de sacrifício, pois todos os atos do amor são sacrifícios. A palavra “sacrifícios” aqui não é tomada em sentido estrito, como denotando o que é oferecido como expiação pelo pecado, ou no sentido de que estamos fazendo o bem para tentar fazer expiação por nossas transgressões, mas no sentido geral de uma oferta feita a Deus. Isto significa que devemos reconhecer a bondade de Deus por ação de graças. Além disso, devemos fazer o bem a nossos irmãos. Esses são os verdadeiros sacrifícios que os cristãos devem oferecer. E quanto a outros sacrifícios, não há tempo nem lugar para eles. Por isso, o autor chama os cristãos para servir e sofrer por Jesus, fora do cerimonialismo judaico.

Estimados irmãos! Deus quer a vivência do amor entre os cristãos. Isto significa que todos os dias somos incentivadas a conhecer mais sobre o amor e a graça de Deus. Imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável, que demostrou Seu grande amor por nós. Agora, Ele nos convida a expressar este grande amor ao próximo. Sendo assim, devemos fazer o bem aos necessitados, lembrar daqueles que sofrem e compartilhar parte dos nossos recursos para aqueles que precisam da nossas ajuda.

Senhor, ensina-nos a viver o verdadeiro amor e transforma-nos em pessoas que seguem a tua vontade. Amém!

segunda-feira, 18 de agosto de 2025

TEXTO: IS 66.18-24

TEMA: A MANIFESTAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS ÀS NAÇÕES

Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em IS capítulo 66, versículos 18 - 24, e refletimos sobre a nossa mensagem. O nosso tema é:   A manifestação da glória de Deus às nações.

A história do Antigo Testamento ,muitas vezes. se concentra em Israel como o povo escolhido de Deus. E, de fato, Israel foi escolhido — não por mérito próprio, mas pela graça de Deus (Dt 7.6-8). Foi um povo separado das nações que viviam ao redor de Israel. Da mesma forma, também foram portadores da aliança, da Lei, dos profetas e, acima de tudo, da promessa messiânica. Mas o plano de Deus nunca foi de exclusividade. Ele usou um povo para, por meio dele, alcançar todos os povos. Mesmo em meio a uma aliança centrada em Israel, Deus sempre mantinha os olhos nas nações. Havia uma expectativa futura — como a que Isaías declara — de que a manifestação da glória de Deus permeia a  toda às nações. Mas de que forma? A resposta encontramos no texto. Isaías apresenta três ponto de vista sobre o assunto:

Primeiro, Deus reúne as nações para Si.  Ele não está limitado a um povo ou a uma cultura. A sua intenção  é reunir todas as nações.Sendo assim, envia mensageiros às nações mais distantes como Társis, Pul e Lude – símbolos de povos desconhecidos e distantes de Israel. Esses mensageiros anunciariam a manifestação da glória do SENHOR a todas as nações – a revelação do próprio Deus, Seu caráter, feitos e salvação. Isso aponta para a Grande Comissão, em que Jesus envia os discípulos a todas as nações (Mateus 28.19).

Segundo, adoração Deus se torna universal e eterno. A adoração que antes era centralizada em Jerusalém agora é universal e eterna. Isto significa que  o caráter universal da adoração é expresso pela participação de todas as nações, sem restrição. Não será limitada a um povo ou a um local específico, mas será uma prática contínua, global e eterna. Ela é eterna porque não tem começo nem fim. Ela não é um evento passageiro, mas uma realidade que transcende o tempo. Portanto, a manifestação da glória de Deus é uma realidade que abrange tudo e todos, desde o vasto universo até os atos mais simples de bondade. É uma promessa que se estende por toda a eternidade.

Terceiro, o contraste final: glória para uns, juízo para outros. A manifestação da glória de Deus traz salvação e adoração para os que se rendem, mas também revela o justo juízo sobre os rebeldes. O juízo é eterno e visível — apontando para realidades como o inferno e a separação definitiva de Deus.A glória de Deus é tão plena que nada pode ficar oculto diante dela — nem a fé dos justos, nem a rebelião dos ímpios. Não podemos ignorar a realidade do juízo eterno — há salvação, mas também condenação.

Somos convidados também a manifestar a glória de Deus a todas as nações. Anunciar a mensagem da salvação em Jesus Cristo é a forma mais direta de glorificar a Deus. Por isso, precisamos  olhar para além dos nossos próprios limites – sejam eles geográficos, culturais ou sociais – e a nos envolver no propósito de Deus. A pergunta que surge é se a nossa vida realmente reflete essa missão. Estamos agindo de forma que a glória de Deus se manifeste no nosso dia a dia? Diante das nossas atitudes, palavras e escolhas, estamos sendo um canal para que essa glória seja vista e conhecida por aqueles que estão ao nosso redor?

O texto começa com a declaração de que Deus conhece as obras e os pensamentos dos homens: “Porque conheço as suas obras e os seus pensamentos”. (v.18a). As Escrituras hebraicas afirmam repetidamente que Deus não apenas via as ações e obras de seu povo, mas também perscrutava seus pensamentos, intenções e o estado mais íntimo de seus corações. O Salmo 139.2 é um dos exemplo: "Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces”. Demonstra que Deus estava ciente de cada movimento, escolha e momento de existência de Seu povo.Nenhuma ideia, por mais secreta ou fugaz, estava oculta de Seus olhos.

No entanto, este “conhecer” de Deus tem um significado mais profundo, Ele que vai além de uma simples compreensão intelectual. Sugere um conhecimento que tem uma visão completa da humanidade, tanto de suas ações visíveis quanto de suas intenções ocultas. Ele conhece as nossas obras. Tudo o que fazemos, seja bom ou ruim — são manifestações externas de nossa fé e nosso caráter. Deus as conhece perfeitamente as nossas ações de amor, serviço, generosidade, mas também de egoísmo ou maldade,  que não passam despercebidas por Ele.  Mas Ele vai além disso. Ele conhece os nossos pensamentos, até mesmo aqueles que não conseguimos expressar em palavras. Conhece nossos pensamentos mais íntimos,  intenções,  medos e nossas motivações secretas.  Cada pecado, pensamento impuro, intenção egoísta, é conhecido por Ele. Isso significa que não podemos esconder nada d’Ele. Ele não pode ser  enganado por uma fé superficial ou por rituais vazios.Mas o lado bom é que, mesmo assim, Deus nos ama. Ele nos conhece por completo, com todas as nossas imperfeições, falhas e fraquezas, e ainda assim, nos amou tanto que entregou seu único filho, Jesus, para morrer por nós.Como diz Romanos 5.8, "Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores."

Conhecendo as nossas obras e pensamentos, Deus vai reunir todas as nações: "e venho para ajuntar todas as nações e línguas”.(v.18b). É uma profecia notável, um tema recorrente em Isaías e em outros profetas, que aponta para um futuro em que Deus irá trazer um julgamento e, ao mesmo tempo, uma salvação que se estenderá além do povo de Israel. É um plano universal, pois indica que será uma  "reunião" de "todas as nações e línguas" .Ele mesmo estabelece: venho para ajuntar”,"vem para reunir" ou "está vindo para reunir".  A menção de "línguas" reforça essa universalidade. A diversidade cultural e linguística não é uma barreira para o plano de Deus. Todos serão convocados a comparecer diante dele. A vinda de Jesus Cristo é vista como o cumprimento dessa promessa. A ordem dada aos seus seguidores de irem "por todo o mundo e pregarem o evangelho a toda criatura" (Marcos 16.15) é a manifestação desse ajuntamento.

As profecias de Isaías  previam um tempo em que o Messias viria não apenas para o povo de Israel, mas para todas as nações. Isso era uma promessa  em uma época em que a adoração a Deus era, em grande parte, restrita a um único povo: “ elas virão e contemplarão a minha glória”.(v.18c). Por muito tempo, os israelitas acreditaram que a salvação era exclusividade deles. Mas Isaías deixa claro que Deus não quer salvar apenas os judeus. Ele quer salvar todas as nações. Ele quer alcançar pessoas de todas as línguas, de todas as culturas e de todos os povos. Ele quer que a sua glória seja vista por todos. A palavra כָּבוֹד (glória) na Bíblia hebraica frequentemente se refere à manifestação da presença, poder e majestade de Deus. Ela é frequentemente associada a fenômenos como a nuvem no deserto (Êxodo 16.10), a fumaça sobre o Monte Sinai, e o brilho que encheu o Tabernáculo e o Templo de Salomão. Esta é a forma como Deus se revela ao seu povo. Quanto  às nações e línguas”, elas "virão e verão" a glória de Deus.Não se trata de ouvir falar da glória de Deus, mas de vê-la com os próprios olhos e terá um impacto transformador nos que a veem. Isso implica um reconhecimento universal de quem Deus é, um evento que culminará em adoração e testemunho.

Deus vai mostrar esses recém-chegados um sinal de Sua glória, e enviá-los como missionários para terras pagãs. Ele afirma:“E porei/colocarei (וְשַׂמְתִּי ) entre eles ( בָהֶם ) um sinal” ( אֹות ). (v.19a). Que sinal é este? Será que esse sinal é uma marca ou um milagre?Sinal é frequentemente um evento ou objeto que serve como uma prova visível da ação divina.Alguns comentaristas acreditam tratar-se do Messias. Outros acreditam que esse sinal se refere a um ato poderoso de julgamento. Mesmo não descrito em detalhes,o seu propósito é claro: ele será uma manifestação tão poderosa da presença e autoridade de Deus. É o que faz a missão deixar de ser apenas uma ideia para se tornar uma realidade. Um segundo detalhe é que esse evento marcará o início de um movimento em que “aqueles que foram salvos por Deus serão enviados a povos distantes” (v.19b). Quem são os salvos?Os "salvos" ou "os que escaparem de entre eles" são os sobreviventes da nação de Israel que foram purificados e que permaneceram fiéis a Deus em meio aos julgamentos e à opressão.

Estes remanescentes, são os primeiros a testemunhar a glória de Deus e, por isso, são comissionado e enviados às nações distantes, que nunca ouviram falar do Seu poder e da Sua glória,como: “a Társis, Pul e Lude , que atiram com o arco, a Tubal e Javã, até às terras do mar mais remotas".( v.19b). O nome desses lugares foram projetados para especificar  para onde a mensagem seria enviada. Não é exaustiva, mas representa os confins do mundo conhecido. Do extremo ocidente ao mundo grego, a profecia indica que a mensagem de Deus se destina a alcançar todas as culturas e geografias, incluindo as "ilhas distantes" que nunca ouviram falar d'Ele. Isso enfatiza a natureza universal do plano de Deus para a salvação, que se estende além de Israel, abrangendo todos os povos.

O propósito final desta missão não é converter pessoas ao judaísmo, mas anunciar a glória de Deus — Seu poder, majestade e caráter — ao mundo inteiro que "jamais ouviram falar de mim, nem viram a minha glória".(v.19c).O objetivo é: "eles anunciarão entre as nações a minha glória", (v.19d). Este é o propósito central de toda a profecia. Os mensageiros não vão apenas falar sobre um conjunto de regras ou uma história de um povo. Eles vão anunciar a glória de Deus. É justamente a manifestação dessa glória que atrairá as nações a Deus. Somos chamados também a anunciar a glória de Deus ao mundo. Este chamado reflete o conceito central do cristianismo, onde os fiéis são convocados a divulgar a mensagem de Deus e seus feitos maravilhosos para todas as pessoas.

Contudo, anunciar a glória de Deus não se limita a palavras, mas também se manifesta no serviço ao próximo e no amor ao próximo, como expressa a parábola do Bom Samaritano. É o chamado para mostrar  o poder,majestade e  caráter de Deus  para aqueles que ainda não o conhecem. Vejamos o que diz o salmista: “Anunciai entre as nações a sua glória”. (Sl 96.3). A palavra glória aqui se refere à essência, ao caráter e à majestade de Deus.  Em 1 Coríntios 10.31, Paulo nos instrui: “Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.” As palavras de Paulo nos lembra que até as coisas mais simples, como comer e beber, devem ser feitas com gratidão e consideração a Deus. Isso implica em escolhas conscientes que refletem a vontade de Deus em nossas vidas.Tudo o que fazemos deve ser para a glória de Deus. Seja em momentos de adoração, em nossa rotina diária ou mesmo em meio ao sofrimento, nosso objetivo é exaltar a Deus. Que possamos abraçar esse chamado com alegria, vivendo cada dia para a honra do nosso Criador, sendo verdadeiros adoradores, refletindo Sua glória em tudo o que fazemos.

O profeta,agora descreve um cenário grandioso e simbólico, onde pessoas de todas as nações se juntam para adorar ao SENHOR em Jerusalém. Jeremias faz quatro comparação. Primeiro: “Trarão todos os vossos irmãos, dentre todas as nações, por oferta ao Senhor”. (v.20a). A expressão "vossos irmãos" refere-se as pessoas de todas as nações que se unirão ao povo de Israel na fé. Eles não vêm como conquistadores ou visitantes, mas como uma oferta preciosa a Deus. Isso mostra que a salvação e a adoração a Deus não seriam exclusivas de um único grupo, mas se estenderiam a toda a humanidade. Segundo: virão “sobre cavalos, em liteiras e sobre mulas e dromedários”. (v.20b). A menção desses meios de transporte luxuosos e diversos simboliza a reverência, o esforço e a dignidade com que as nações trarão sua adoração. Isso contrasta com a forma como, no passado, os povos pagãos tratavam Israel, muitas vezes. com violência e desprezo. Agora, eles vêm de forma honrosa, reconhecendo a majestade do Senhor.Terceiro: “ao meu santo monte, a Jerusalém, diz o Senhor”. (v.20c). Jerusalém é o local central dessa adoração. Isso representa o cumprimento das promessas de Deus e a união de todos os povos em um único centro de adoração. Em um sentido espiritual, isso aponta para a nova Jerusalém, o lugar de encontro final de toda a humanidade redimida com Deus. Quarto: “como quando os filhos de Israel trazem as suas ofertas de manjares, em vasos puros à Casa do Senhor”. (v.20d).Esta comparação é fundamental. A forma como as nações viriam para adorar seria tão pura e aceitável a Deus quanto as ofertas que os próprios israelitas traziam ao templo. Isso quebra a barreira entre judeus e gentios, mostrando que a adoração de todos os crentes seria igualmente válida e pura aos olhos de Deus.

Há um outro ato grandioso em que Deus declara que, na nova era, que Ele está inaugurando  escolherá "deles" — isto é, das nações, dos gentios — para servir como sacerdotes e levitas: “Também deles tomarei a alguns para sacerdotes e para levitas, diz o SENHOR”. (v.21). Isso tem um impacto profundo por várias razões: primeiro, as barreiras são quebradas: a profecia derruba a barreira étnica e tribal que separava o povo de Israel do resto do mundo. A salvação e o serviço a Deus não estariam mais restritos a um grupo, mas seriam estendidos a todas as nações. Segundo, estabelece-se uma inclusão total: o versículo mostra que a inclusão dos gentios na adoração a Deus não seria apenas superficial. Eles não seriam apenas participantes, mas teriam um papel ativo e fundamental no serviço religioso, ocupando as posições mais honradas e sagradas. E finalmente, um novo sacerdócio: isso aponta para o que a Nova Aliança, concretizada em Cristo, viria a estabelecer: o sacerdócio de todos os crentes. Em 1 Pedro 2.9, o apóstolo Pedro escreve: "Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus..." Essa é a realização da profecia de Isaías, onde todos os que creem em Jesus, independentemente de sua origem, são chamados a servir como sacerdotes. Portanto é uma promessa de inclusão e igualdade diante de Deus. Ele aponta para um futuro onde o serviço e a liderança religiosa não seriam determinados pela linhagem ou etnia, mas pela graça e chamado divinos, estendidos a toda a humanidade.

No contexto do livro de Isaías, o povo de Israel passou por períodos de grande instabilidade, exílio e  o medo de serem aniquilados. Mas agora Isaías fala de um promessa de segurança e esperança: “Porque, como os novos céus e a nova terra, que hei de fazer, estarão diante de mim, diz o SENHOR, assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”.(v.23). É uma visão de um futuro onde a identidade e a fé daqueles que pertencem a Deus serão preservadas para sempre. Deus fala sobre criar “novos céus e nova terra”,  onde a sua glória será o centro. Esta é uma imagem escatológica (relativa aos últimos tempos).A ideia é que a ordem atual, manchada pelo pecado e pela imperfeição, será substituída por uma nova realidade perfeita e eterna. Essa promessa ressoa em  2 Pedro 3.13 e Apocalipse 21.1,onde nos  mostra a esperança de uma promessa de um “novo céu e de uma nova terra”  livre do pecado e da morte. Muito nos alegra, pois o novo universo será uma realidade contínua e eterna, sob o olhar e o controle direto de Deus: “estarão diante de mim". Assim como “os novos céus e a nova terra” serão eternos, a posteridade e o nome dos fiéis também serão: “assim há de estar a vossa posteridade e o vosso nome”. Aqui está o ponto principal da promessa para o povo de Deus. A promessa de que a sua linhagem (posteridade) e a sua identidade (nome) serão tão duradouras e permanentes quanto a nova criação. É importante lembrar que a expressão "vosso nome" não se refere apenas a um rótulo, mas à identidade, à memória e à herança de uma vida dedicada a Deus. Em outras palavras, a presença e a identidade do povo fiel de Deus não serão apagadas, mas mantidas por toda a eternidade.

Ao finalizar o texto e o livro, Isaías traz uma mensagem:  o povo de Deus O adorará por toda a eternidade : E será que, de uma Festa da Lua Nova à outra e de um sábado a outro”. (v.23a). Ele aponta para um tempo futuro em que a adoração a Deus não será limitada a um povo ou a um local específico, mas será uma prática contínua e global. Ele  usa aqui o ciclo das "Festas da Lua Nova" e dos "sábados" como símbolos de uma adoração  constante. As "festas da lua nova" eram momentos importantes no calendário litúrgico de Israel. A repetição "de um sábado para o seu sábado" ou “de um mês para o seu mês" (literalmente) reforça a ideia de que a adoração será  contínua. Juntas, as duas expressões  (חֹדֶשׁ e שַׁבָּת)) sugerem um padrão de adoração que cobre todo o tempo, do mensal ao semanal. Ele afirma ainda: “virá toda a carne a adorar perante mim, diz o Senhor”.(v.23b). O verbo “virá” (יָבֹא)  indica uma ação futura e certa que “ toda a carne” (כָל־בָּשָׂר) de todas as nações, virão a reconhecer e adorar ao Senhor.  No hebraico bíblico, essa expressão é uma forma comum de se referir a toda a humanidade, a todas as pessoas, sem distinção de etnia ou nação. É uma visão poderosa que transcende as fronteiras culturais e geográficas, revelando o plano divino de unir toda a humanidade em um único ato de adoração, com reverência e submissão perante o SENHOR.

 Quanta profundidade encontramos na palavras de Isaías. Isaías nos revela um Deus que ama a todos, que convida todos a se achegarem a Ele, e que tem um futuro de esperança e de renovação para a sua criação. Mas também  apresenta um forte contraste ao descrever o destino daqueles que se rebelaram contra Deus:  “ Eles sairão.” (v.24a). O pronome aqui refere-se aos servos do SENHOR, ou seja, o povo fiel que foi purificado e restaurado. No contexto dos versículos anteriores (vv.22-23), são aqueles que participarão da nova criação e adorarão a Deus de forma contínua. A cena é de um triunfo, com os justos saindo do lugar de adoração para testemunhar o destino dos ímpios: “e verão os cadáveres dos homens.” (v.24b). "Cadáveres", esta palavra, em hebraico, é a mesma usada para descrever a carcaça de um animal morto.  É um termo que denota algo sem vida, em decomposição. O uso dessa palavra enfatiza a condição final e degradada daqueles que se rebelaram. Eles não são apenas punidos, mas sua existência é completamente cessada. E o motivo é porque eles "prevaricaram contra mim".(v,24c). “Prevaricar” significa "transgredir", "rebelar-se" ou "pecar".A preposição בִּי no hebraico ("em mim" ou "contra mim") reforça que a transgressão é pessoal e direta. Então, podemos afirmar que a prevaricação implica em uma transgressão grave e deliberada, uma rebelião contra Deus.

E justamente diante desta transgressão, o SENHOR estabelece uma forma de castigo eterno ou contínuo: “o seu verme nunca morrerá, nem o seu fogo se apagará; e eles serão um horror para toda a carne” (v.24d). Esta é a parte mais assustadora. O verme (provavelmente larvas) e o fogo são símbolos de completa destruição e degradação. O fato de que eles "nunca" cessarão sugere um julgamento contínuo ou uma destruição eterna, definitiva e sem reversão. Essa mesma imagem de "verme e fogo" é citada por Jesus em Marcos 9.48, indicando a seriedade do julgamento final. Já a frase "serão um horror para toda a carne" reforça a ideia de que o resultado da rebelião contra Deus será um espetáculo terrível para toda a humanidade. Interessante que  a palavra "horror" ( דֵּרָאוֹן ) carrega um sentido muito forte de repugnância, abominação e repulsa. Não se trata apenas de medo, mas de algo que é moral e visualmente nojento, um espetáculo degradante que causa vergonha.

Estimados irmãos! A manifestação da glória de Deus para as nações tem dois lados: para os que se humilham e se voltam para Ele, a glória é um convite à vida eterna e à participação em Sua nova criação. Para os que persistem na rebelião, a mesma glória se torna um julgamento irrevogável.  No fim, a glória de Deus selará o destino de cada pessoa: ou a total restauração, ou a destruição definitiva.Que tipo de vida temos levado? Temos anunciado a glória de Deus às nações?

Portanto, que possamos adorar a Deus com mais reverência, a anunciar o evangelho com mais amor e viver as nossas vidas na certeza de que, em Cristo, temos um futuro seguro e uma esperança viva. Amém!