domingo, 24 de agosto de 2025

TEXTO: HB 13.1-17

TEMA: A VIVÊNCIA DO AMOR ENTRE OS CRISTÃOS

Ao concluir a sua epístola, o autor de Hebreus faz diversas recomendações à igreja. No início ele fala sobre o sacrifício que Jesus realizou na cruz, e no final desta carta, fala sobre o aspecto prático da fé, e como ela deve influenciar o comportamento, principalmente, quanto a vivência do amor entre os cristãos. Sendo assim, ele chama atenção de determinados aspectos que envolve o amor fraternal, a hospitalidade, o matrimônio e a avareza. E por fim, o autor destaca a importância de seguir o exemplo, a conduta, a obediência e a fé daqueles líderes, guias, ou pastores que partiram. E no meio de tantas recomendações, ele faz uma verdadeira profissão de fé, apontando para a eternidade sobre Jesus Cristo: “Ele é o mesmo, ontem, hoje e eternamente” (v.8).

Essa declaração de fé foi um momento de encorajamento para aqueles cristãos que estavam vivenciando ensinamentos diferentes e estranhos. Estavam caindo na tentação ao deixar de viver uma vida cristã baseada no amor, e viver uma vida a partir daquilo que a sociedade ensinava. E diante dessas exortações, o autor convida os irmãos a não deixar de viver uma vida cristã, conforme os ensinamentos de Cristo. Deveriam imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável. Deveriam identificarem-se com Jesus, e não se deixarem levar “pelos diversos ensinos estranhos” (v.9). Desta forma estariam vivendo a vida cristã. Também somos incentivados a viver constantemente a conduta cristã, no nosso agir, em nosso falar e em nossos pensamentos, é um grande desafio em nossas vidas. E você, tem seguido a vontade de Deus? Tem vivido conforme os ensinamentos de Jesus ou conforme a proposto do mundo? Tem demonstrado o seu grande amor ao próximo?

                                                           I

Estimados, irmãos! O autor inicia o texto, falando sobre o amor fraternal. (v.1). É um grande o desafio para nós, o que o autor nos propõe: tornar o amor fraternal algo constante em nossa vida. Isto significa que cada cristão tem o dever de se comprometer e participar mais das necessidades do próximo através nas suas atitudes, procedimentos, gestos, palavras. Jesus falou muito sobre o amor fraternal para várias pessoas. Havia ensinado a seus primeiros seguidores uma nova maneira de viver. Mostrou que a nossa vida deve estar baseada no amor ao próximo. Ensinou um estilo de vida simples, que não busca os próprios interesses. O seu ensino fica claro, por exemplo, na Parábola do Bom Samaritano. O samaritano da parábola foi alguém que demonstrou amor fraternal a um desconhecido. O apóstolo Paulo também escreveu aos cristãos de Roma: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12.10).

No entender do autor de Hebreus, os cristãos devem amar uns aos outros genuinamente, ardentemente e de todo coração. Mas como o cristão pode ser capaz de demonstrar o amor fraternal, numa sociedade onde as pessoas são individualistas e egoístas? Como concretizar esta proposta, “seja constante o amor fraternal?” Na verdade, o amor fraternal tem se tornado cada vez mais difícil. Precisamos olhar para os primeiros cristãos. Eles viviam uma vida em comunidade, preocupados uns com os outros e ajudando uns aos outros. A sua maneira de viver contrastava com o modo de viver da sociedade em geral. De fato, eles viviam o amor fraterno, a doação, o respeito, o altruísmo. Como podemos observar, estes primeiros cristãs, demonstravam o amor fraternal, na partilha dos bens e na distribuição dos serviços.  Encontramos este relato em At 2.42-47: "Eles eram perseverantes na doutrina (ensinamento) dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir o pão e nas orações".

É justamente o que devemos fazer: olhar para o próximo com compaixão, acolher sem julgamentos, doar sem interesse e sentir a dor do outro. Este deve ser o nosso agir! Pedro nos ensina: “Sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.9 e 10). Assim diz, Paulo: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal...compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade” (Romanos 12.10-13). A palavra “hospitalidade” no grego significa “amor pelos estranhos”. Quando Paulo fala sobre “praticai a hospitalidade”, ele está nos convocando a buscar relacionamentos com pessoas que estão em necessidade, e esta não é uma tarefa fácil. Mas o autor recomenda os cristãos a viverem esta atitude. Aconselha os seus leitores a demostrar o amor fraternal para todos os homens, ao estranho, ao viajante, ao prisioneiro e ao sofredor. Fala sobre como devemos tratar o nosso próximo: “Não negligencieis a hospitalidade”. (v.2a).

De fato, a hospitalidade foi uma ferramenta de grande valor ao cristianismo, pois por meio da hospitalidade muitos dos primeiros missionários foram acolhidos em casas de irmãos (At 16.13-15). Interessante que naqueles tempos de perseguição, o lar cristão era um abrigo, um aconchego, uma proteção, uma oportunidade de servir à causa do Evangelho, uma possibilidade de troca de experiências e informações sobre a nova fé e a Igreja. Na verdade, os viajantes dependiam de moradores dos locais por onde passavam para fornecer-lhes abrigo e hospitalidade, acolhimento. Provavelmente, muitos irmãos naquela época ficaram sem alternativas de moradias nos arredores de Jerusalém e no mundo gentio, sendo necessário se ajudarem mutuamente em suas necessidades. Assim, cada irmão não deveria negligenciar a hospitalidade, para aqueles viajantes que precisavam de abrigo, pois oferecer hospitalidade implica em compartilhar bens e sofrer com outras pessoas. Lembre-se onde há o verdadeiro amor cristão, também haverá hospitalidade. Portanto, “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.” (1Pe 4.9). Receba os irmãos com a mesma atitude que o próprio Cristo nos recebeu, e ainda recebe.

O autor recomenda que os cristãos deveriam também se lembrar dos encarcerados, da mesma forma, quando deram apoio aos irmãos encarcerados no passado. Eles se tornaram “coparticipantes” ou “parceiros” daqueles que foram “insultados e maltratados publicamente” (Hb 10.33). Agora, deveriam dar suporte material e emocional aos presos, mostrando-lhes que não foram abandonados: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles.” (v.3a). O verbo lembrar não envolve somente um ato mental, mas uma atitude de ir ao encontro daquele que precisa de ajuda, ou seja, sentir profunda compaixão por eles.

O verbo lembrai também tem o significado de visitar (Sl 8.4). A visitação aos necessitados e presos era uma prática comum na vida da Igreja Cristã da época (Hb 10.34). Havia muitos presos exatamente por serem servos de Cristo, perseguidos por causa da fé. Também deveriam lembrar daqueles que “sofrem maus tratos.” (v.3b). Maus tratos aqui se referem ao sofrimento físico, àqueles que são maltratados ou que são feridos por outros. Assim, o Senhor mostra que visitar os presos equivale visitar o próprio Jesus. Além disso, Ele sempre demonstrou compaixão para com aqueles que padeciam da privação da liberdade, da dignidade e esperança. Lembre-se que os presos e os que sofrem, também precisam da bondade e misericórdia de Jesus.

O autor também exortou seus leitores contra a imoralidade sexual e a avareza, visto que eram duas graves ameaças ao amor fraternal. Fala que o matrimônio deve ser vivido com respeito e fidelidade. Evitassem qualquer coisa que pudesse menosprezá-lo. “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.” (v.4). O termo grego τίμιος (honra)vem de uma raiz que está ligada diretamente ao dinheiro. Daí o uso do termo para fins como honrar o compromisso, no sentido de quitar uma dívida; de grande valor, precioso. E a expressão "entre todos” pode significar “entre todas as pessoas”, ou seja, ele deve ser respeitado e colocado como prioridade e “digno de honra” entre as pessoas.

Neste sentido, Palavra de Deus é clara e absoluta. Não há exceções. Independente da história de cada pessoa, dos conflitos e traumas de uma vida inteira, o casamento deve ser honrado. E aqueles que se comprometem “para toda vida” seguem amando e se respeitando mutuamente, nutrindo seu relacionamento no Senhor, estes serão abençoados. Porém, Deus não permite fornicação, adultério. Não permite pessoas que vivem num leito conjugal imaculado por meio de relações sexuais fora do matrimonio. Pessoas que não respeitam o seu cônjuge e vivem um casamento de mentiras e traição, quem assim procede, Deus os julgara. Julgara os impuros e adúlteros.

Quanto avareza, o escritor adverte: “Seja a vossa vida sem avareza.” (v.5). Avareza é um forte apego às coisas materiais. É um apego excessivo e sórdido ao dinheiro e outros bens. Este desejo ardente pela avareza tornam as pessoas amarguradas e nunca estão satisfeitas com que possuem. Vejam o exemplo do jovem rico. O seu dinheiro serviu de empecilho e pedra de tropeço. Ele não foi capaz de renunciar aquilo que mais amava por amor a Deus. O seu amor pelo dinheiro foi a raiz e a causa de todo o seu mal, de receber um tesouro valioso e seguir a Jesus. Sendo assim, se retira triste, perdido e confuso. Na verdade, não estava pronto, para renunciar aos valores que tinha, para seguir a Jesus. Tinha muitos bens e não estava disposto a abrir mão deles. Tinha o coração ainda apegado ao mundo e em suas concupiscências.

Esta é a triste realidade que presenciamos neste mundo: o homem vive focado apenas em ajuntar tesouros na terra. Pensemos no que Jesus disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19,20). A única solução para os corações que “querem tudo” é o contentamento encontrado na presença do Deus. Mas o que significa contentai-vos com as coisas que tendes? A palavra para contente no grego é ἀρκέω, que significa estar feliz, contente com aquilo que já possui. Este estado de contentamento é fruto da bondade de Deus, pois há algo que precisamos afirmar confiantemente: Deus nunca nos abandonará. Ele não desistirá de nós! Quando nos sentirmos sem forças, amedrontados diante de uma adversidade ou tentação, afirmemos confiantemente: “O Senhor é o meu auxílio, não temerei...” (v.6).

                                                                   II

 O autor destaca alguns cuidados especiais que a igreja deve ter com relação à sua liderança: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (v.7). O primeiro desses cuidados é lembrar de seus guias, ou pastores. Aqui novamente encontramos o verbo μνημονεύω que significa estar atento, lembrar, trazer à mente. A recomendação, provavelmente, refere-se aos líderes cristãos, aqueles que fundaram a congregação, e que já haviam morrido. Sendo assim, deveriam olhar atentamente para estes líderes do passado, lembrando de suas pregações, ensinos e orações, bem como a atitude, respeito, honra, exemplo e fé.

No entanto, embora os líderes têm muito que nos oferecer, devemos fixar nossos olhos em Cristo. Ele foi e será o mesmo para sempre.  (v.8). Há um forte contraste entre Jesus e os falsos mestres que mudam com o tempo, e cujas doutrinas se tornam “diferentes e estranhas” (v.9). Por isso, é importante entender que os líderes vêm e vão. São imutáveis, mas Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente! Ele não muda sobre os seus planos que tem para nós, diferente do mundo e das pessoas que mudam a todo instante de opiniões.  Ele é superior aos anjos, profeta, discípulos, apóstolos e outros enviados. Ele é o autor da salvação. O verdadeiro sumo sacerdote que se compadece dos pecadores. O seu cuidado jamais deixa de existir sobre a nossa vida e família, porque prometeu que estaria conosco todos os dias.

Como é bom saber que podemos contar com Jesus Cristo que é o mesmo, ontem, hoje e eternamente. O Cristo que viveu entre os seres humanos no passado, como a revelação da presença de Deus em forma humana (João 1.18). Um homem, mas ao mesmo tempo o Filho Unigênito do Pai (João 3.16), que morreu na cruz para nos salvar, mas ressuscitou e está vivo (II Coríntios 5.15). Ele está vivo e vive em cada um de nós (Gálatas 2.20). Está atuando, ainda, hoje no mundo, e está sempre pronto para nos socorrer quando precisamos (Salmos 46.1). Ele estará com os seus até o fim dos tempos, quando os receberá nos lugares celestes, no novo céu e nova terra, na glória eterna.

Novamente, o autor afirma a superioridade de Jesus e da Nova Aliança que ele trouxe(vv.10-13). O autor afirma que não havia mais necessidade de realizar sacrifícios, pois, quando Cristo sofreu a morte sobre a cruz, uma das coisas realizadas foi descartar-se dos costumes levíticos. Mas aqueles que estivessem presos a estas cerimônias, não poderiam participar da Nova Aliança, sem primeiro romper com as tradições do cerimonialismo levítico. Neste sentido, o autor menciona três lições importantes para os cristãos: Primeiro, estamos sob a graça de Deus e livres de todas as regras cerimoniais da lei mosaica (At 10.9-16; Rm 14.17). Segundo. o altar do cristão da Nova Aliança é a pessoa de Jesus Cristo.  Ele morreu em nosso lugar e nos livrou de toda culpa e condenação. (v.12). Terceiro, o cristão, uma vez que pertence a Cristo, deve viver a sua fé num mundo hostil (v.13).

No entanto, uma vez que Cristo morreu como oferta pelos nossos pecados, devemos demonstrar uma conduta adequada a Jesus Cristo. Primeiro devemos fixar nossa esperança não nas ordenanças, mas na cidade celestial, pois a nossa vida neste mundo é transitória, breve e temporária. (v.14). Segundo, devemos oferecer a Deus sacrifícios de louvor. (v.15). A expressão de louvor se torna um fruto espontâneo de gratidão e adoração a Deus, uma ação de graça que provém de um coração sincero. O que devemos fazer é confessar através dos nossos lábios o nome de Cristo, ou seja, crer e confiar que Jesus é o nosso Salvador. Por que os lábios? A resposta é que através das palavras expressamos aquilo que se encontra no coração (Mateus 15.18-19).

Enfim, devemos mostrar benevolência, a prática da piedade, da compaixão ao próximo. (v.16). Este é outro tipo de sacrifício, pois todos os atos do amor são sacrifícios. A palavra “sacrifícios” aqui não é tomada em sentido estrito, como denotando o que é oferecido como expiação pelo pecado, ou no sentido de que estamos fazendo o bem para tentar fazer expiação por nossas transgressões, mas no sentido geral de uma oferta feita a Deus. Isto significa que devemos reconhecer a bondade de Deus por ação de graças. Além disso, devemos fazer o bem a nossos irmãos. Esses são os verdadeiros sacrifícios que os cristãos devem oferecer. E quanto a outros sacrifícios, não há tempo nem lugar para eles. Por isso, o autor chama os cristãos para servir e sofrer por Jesus, fora do cerimonialismo judaico.

Estimados irmãos! Deus quer a vivência do amor entre os cristãos. Isto significa que todos os dias somos incentivadas a conhecer mais sobre o amor e a graça de Deus. Imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável, que demostrou Seu grande amor por nós. Agora, Ele nos convida a expressar este grande amor ao próximo. Sendo assim, devemos fazer o bem aos necessitados, lembrar daqueles que sofrem e compartilhar parte dos nossos recursos para aqueles que precisam da nossas ajuda.

Senhor, ensina-nos a viver o verdadeiro amor e transforma-nos em pessoas que seguem a tua vontade. Amém!

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