terça-feira, 30 de agosto de 2022

 

TEXTO: DT 30.15-20

TEMA:  SEJAMOS SÁBIOS, ESCOLHEMOS UMA VIDA COM DEUS

 Nossas vidas são feitas de escolhas. Geralmente são escolhas difíceis de serem tomadas, pois sempre temos decisões que nortearão o nosso futuro. Por isso, a escolha nem sempre é fácil. Ficamos sempre à frente do certo ou errado, do bom ou ruim, da luz ou trevas, e, muitas vezes, nos deparamos sempre diante de uma encruzilhada, onde permanecemos um bom tempo, até conseguirmos decidir para que lado devemos ir

 Da mesma forma, tais decisões poderão trazer sobre nossa vida bênçãos, ou maldições. Nossas mentes tendem a fazer escolhas baseadas em modelos de pensamento e valores do mundo. Esses valores podem nos levar a decisões erradas. Daí a necessidade de fazermos a escolha certa para não vivermos de maneira frustrada, convivendo com fracassos. Precisamos entender a importância da obediência e desenvolver a disciplina no que se refere à vontade de Deus. Se formos obedientes, desfrutaremos do melhor desta terra.

 Nestes termos, Moisés propõe ao povo escolhas. Coloca duas opções: escolher o caminho da vida, do bem e da bênção ou escolher o caminho da morte, do mal e da maldição. Havia liberdade de escolha. No entanto, cada escolha tem a sua consequência. A escolha da vida está ligada ao grande mandamento do amor a Deus (v.16), Porém a desobediência, a negligência traria sobre eles a derrota e o fracasso. (v.18). Sejamos sábios e escolhemos uma vida com Deus!

 O povo de Israel estava em vias de entrar na terra que lhe fora prometida há muito tempo. Antes que os hebreus cruzassem o Jordão e iniciassem a luta da conquista, eles precisavam estar cientes das implicações desse ato e do que se fazia necessário não só para entrar na terra, mas para lá permanecer e receber as bênçãos duradouras. É justamente neste momento que Moisés, em fim de carreira, prestes a passar a liderança do povo de Israel a Josué, apresenta uma avaliação séria do povo na tomada de uma decisão. Moisés transmite princípios, que se observados pelo povo, fariam deles uma nação poderosa diante de seus inimigos na conquista da terra da promessa. Deus iria prolongar a vida de maneira próspera, mas o povo teria que escolher:  o caminho da vida, do bem e da bênção.

 Moisés entende que a melhor opção para o povo é o caminho da vida, do bem e da bênção, porque esta opção envolve a multiplicação do povo e a longevidade na terra, que foi prometida aos pais Abraão, Isaque e Jacó. Seguir esta opção, era necessário que o povo guardasse os mandamentos, bem como amar e andar nos caminhos de Deus. Estas recomendações eram fundamentais para que o povo permanecesse em comunhão com Deus. O próprio Deus   almeja que o povo escolha a vida, e ainda faz uma promessa: se o povo escolher o projeto de Deus, ele se tornará grande e receberá muitas bênçãos na terra que passará a possuir: “então, viverás e te multiplicarás, e o Senhor, teu Deus te abençoará.” (v.16)Esta afirmação será lembrada pelos profetas, várias vezes, ao povo e os seus reis, de que é o próprio Deus que garante a permanência na terra, se eles obedecerem aos seus mandamentos e juízos.

 Também somos convidados a viver em comunhão com Deus. Deus nos deu muitas instruções em Sua Palavra a respeito de como devemos viver para Ele. Essas instruções incluem o mandamento de amar uns aos outros; de segui-lo e negar os nossos próprios desejos; a exortação que devemos cuidar dos pobres e necessitados. Ele também resumiu o que significa uma vida vivida para Deus quando um professor da lei lhe perguntou qual era o mais importante dos mandamentos. Jesus respondeu: " Ouve, ó Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor! Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de toda a tua força. O segundo é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes" (Marcos 12.29-31).

 O texto também deixa claro   as consequências de outra escolha: morte, mal, maldição. Se o povo optar por este caminho, vivendo de forma idolátrica servindo a outros deuses e não ao Deus vivo e libertador, significará morte. E morte equivale a perder a terra e corromper a comunhão de vida. Deus não poderia ser mais claro em seus comentários ao seu povo sobre esta opção:então, hoje, te declaro que, certamente, perecerás; não permanecerás longo tempo na terra à qual vais passando o Jordão, para a possuíres.” (v.18). E ainda. Moisés afirma que os céus e a terra depõem contra o povo. “O céu e a terra tomo hoje por testemunhas contra ti de que te pus diante de ti a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe, pois, a vida, para que vivas, tu e a tua descendência.” (v.19). O Senhor prova o seu amor pelo homem na presença das testemunhas que Ele mesmo criou.

Se o povo de Israel, ao avaliar a proposta de Moisés, tivessem optado pela vida ao invés da morte, jamais teriam sido presas de seus inimigos! Não teriam sido escravizados, castigados, envergonhados e mortos pelos babilônicos, assírios, etc. Teriam sido vitoriosos em todas as batalhas: “Se, porém, não ouvires a voz do Senhor teu Deus, se não cuidares em cumprir todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que eu hoje te ordeno, virão sobre ti todas estas maldições, e te alcançarão.” (Deuteronômio 28.15). Ao rejeitar o Senhor e Seus caminhos, os israelitas escolheriam, por omissão, a trajetória da morte. No versículo 15, porém, Moisés os advertiu de que, se desobedecessem em vez das bênçãos de Deus, seriam alvo de maldições, teriam os "céus fechados" sobre eles (v.23), em vez de chuva abundante sobre as colheitas, teriam chuva de cinza e pó (v. 24), teriam as plantações destruídas (v. 38,39).

 Depois que entraram na Terra Prometida, os filhos de Israel logo se esqueceram de que havia sido Deus quem derramara as bênçãos e os fizera prosperar. Eles se esqueceram da aliança com Deus e deixaram de andar em obediência a Ele. A História narra os fatos da situação do povo de Israel depois da morte de Josué. Naquele tempo, não havia mais um líder. Cada um vivia e fazia o que era da sua vontade. Assim, na maioria das vezes o povo se desviava dos caminhos de Deus. Consequentemente, Deus o entregava nas mãos de seus inimigos. Esta era a vida do povo de Israel. Este ciclo repetitivo mostra a sua realidade naquela época. O povo preferiu morte, mal, maldição.

 Quantas pessoas estão sofrendo e vivendo sem direção espiritual, pois confiaram em sua inteligência e capacidade, e optar em escolher morte, mal, maldição. “Assim diz o Senhor: Maldito o varão que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor! (Jeremias 17.5). Muitos acabam trilhando o caminho da morte, do mal e da maldição; outros estão morrendo espiritualmente, porque fizeram opção errada. Por esta razão, estão em constante sofrimento e dor. Mas o Senhor nos avisa, para que ninguém seja enganado pelo próprio co­ração. Se fizer a escolha certa, colherá bons frutos. Se fizer a escolha errada, colherá maus frutos. O homem que deseja viver melhor, ser próspero, abençoado, não andará nos caminhos da morte, mas buscará viver a vida outorgada por Deus!

 Sejamos sábios e escolhemos uma vida com Deus para gozarmos dos privilégios que Ele nos concede quando fazemos a sua vontade.

 

 


 TEXTO: SL 1

TEMA: É FELIZ AQUELE QUE NÃO SEGUE O CONSELHO DOS IMPIOS

 O que é felicidade? Onde posso encontrá-la? Como posso ser feliz?  Por que nem todos são felizes?  Embora existam muitas definições para o que é felicidade, pode-se afirmar que se trata de um estado emocional constituído por sentimentos de satisfação, contentamento e realização. Um momento quando as pessoas expressam alegria, se sentem bem consigo mesmo e imaginam possibilidades positivas para o futuro. Mas nem sempre é assim. Às vezes, as pessoas não conseguem sustentar a felicidade por muito tempo. Estão insatisfeitas com o que está acontecendo em sua vida, pois entendem que seus objetivos não foram realizados. Sendo assim, vivem na amargura, no vazio, na ansiedade e depressão.

Diante desta inquietude, o Salmo 1 nos apresenta dois caminhos para uma felicidade duradouraApresenta uma nítida distinção entre o homem feliz, ou “bem-aventurado”, e o homem ímpio que vive distante de Deus. Para o homem que vive distante de Deus, Ele nos alerta: se queremos ser felizes, não podemos ouvir conselhos de ímpios, não podemos trilhar caminhos pecaminosos, nem fazermos aliança com escarnecedores, pois eles não buscam os caminhos de Deus e consequentemente não experimentam esta felicidade. No entanto, Deus deseja a nossa felicidade e nos aponta o caminho: a verdadeira felicidade consiste na obediência à palavra de Deus, no seguir os conselhos de Deus; no servir ao Senhor, no andar nos Seus retos caminhos; buscar a sabedoria de Deus e viver uma vida de santidade. Este é o caminho da felicidade.

                                                                I

 É interessante notarmos que este salmo começa falando da felicidade numa perspectiva negativa: “Feliz é o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (v. 1).  “Não anda”; “não se detém ou não para”; “não se assenta”. Estes três verbos, de modo progressivo, nos mostram exatamente o processo degenerativo daqueles que andam segundo o curso deste mundo, segundo os valores do mundo. Daqueles que dão ouvidos aos conselhos dos ímpios. Daqueles que não amam a Deus.

Esta não deve ser nossa prática, pois o salmista afirma que a felicidade está ligada ao não fazer estas coisas, e apresenta o segredo para sermos felizes: a Lei do Senhor, ou seja, a Palavra de Deus, como a fonte para encontrarmos a felicidade.  E o versículo que vai se contrapor a esta verdade, podemos encontrar no versículo 2: “Antes, o seu prazer está na lei do Senhor e na sua lei medita de dia e de noite”. O prazer do cristão não é andar no conselho dos ímpios. No caminho dos pecadores e nem se assentar na roda dos escarnecedores, mas ouvir que o diz a Palavra de Deus, pois o seu prazer está em obedecer às Escrituras Sagradas e nunca dar ouvidos às práticas de homens ímpios que vivem praticando, o que é contrário a vontade de Deus. Ele busca resposta na Palavra de Deus e não nos conselhos de pessoas sem o temor a Deus. Por isso, andar segunda a Lei de Deus é ser feliz; bem-aventurado.

 É isso que Deus quer de nós, que sintamos mais prazer em estar na sua presença, buscando a sua Lei, e nela meditando de dia e de noite. Para ilustrar esta atitude, o salmista compara

 a uma árvore plantada e cujas raízes se estendem para dentro de um ribeiro de águas: “Ele é como árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”. (v.3). A árvore é constantemente alimentada pelas águas. Está sempre viçosa, verdejante, e dá seu fruto na época própria. Suas raízes são alimentadas pelo subsolo fértil e úmido, pois as águas lhe dão vida. Assim é o homem bem-aventurado, tal qual a árvore plantada junto a correntes de águas. Cada dia, ele precisa saciar a sua sede junto fonte de águas vivas, que é Jesus. Nesta fonte, torna-se firme, estável, tem as suas raízes firmemente apegadas na profundidade do solo, e é inabalável diante de fortes tempestades. E no devido tempo, ele dá o seu fruto. Paulo menciona na carta aos Gálatas estes frutos: frutos de amor, alegria, paciência, bondade, retidão, fidelidade, mansidão, domínio próprio e paz.

 Que tipo de árvore tem sido você? Frondosa, bem enraizada e carregada de frutos maduros ou árvore murcha e infrutífera? Do que você tem se nutrido? Da palavra de Deus ou de palavras do mundo? É preciso refletimos sobre estes questionamentos, pois há pessoas tão distantes da palavra de Deus que se tornam árvores má. Suas raízes não resistem às provações, dificuldades e outras secas que surgem neste mundo, pois a fonte que a alimenta está fundamentada na desonra, no mundo e nas coisas do maligno. Lembre-se: Só poderemos nos tornar árvores boas, se fizermos uso da palavra de Deus, praticarmos em nossa vida. Só será realmente feliz aquele que for como “árvore plantada junto a corrente de águas, que, no devido tempo, dá o seu fruto, e cuja folhagem não murcha”.

Portanto, feliz é aquele que anda em conformidade com a vontade de Deus, Anda na lei do Senhor, na Sua Palavra, e medita continuamente. Não se deixa levar pelos conselhos e opiniões dos ímpios.

                                                                         II

 Agora, o salmista se volta para os ímpios, dizendo: “Os ímpios não são assim; são, porém, como a palha que o vento dispersa” (v. 4). Aqui novamente, o salmista usa outra ilustração para demonstrar a atitude dos ímpios. Na Palestina se debulhava o grão na eira, uma porção de solo liso e duro no campo, situada muitas vezes sobre uma colina varrida pelo vento. Os preciosos grãos ficavam na eira, mas o vento levava a palha. Em comparação com os justos, os ímpios são como a palha inútil que o vento afugenta. Algo morto, seco, inútil, e quando vem o vento, dispersa. Não têm raiz nenhuma; falta-lhes estabilidade e não podem durar por muito tempo.

Estes são os ímpios. Eles vivem em rebelião contra Deus e não tem o mínimo de temor; são perversas e praticam o mal contra outras pessoas – Salmo 10.7-8; prejudicam outras pessoas para conseguir o que quer – Sl 10.2-4; são irreverentes -Isaías, 26.10.Por isso, “Eles não prevalecerão no juízo” (v.5a).O salmista usa o verbo “prevalecer”: literalmente significa que não se “levantarão” no juízo, ou seja, no dia do juízo não serão vitoriosos, mesmo que aqui neste mundo aparentemente prevaleçam. Mesmo que obtenham vitorias e sucesso em muitas áreas da vida. No entanto, no dia do juízo final, eles não prevalecerão.  “nem os pecadores na congregação dos justos”. (v.5b). Muito triste, mas os profetas, Jesus, os discípulos alertaram, e a igreja cristã continuou alertando.

De forma clara e objetiva, o salmista vai conclui o texto, fazendo a separação entre o justo e o ímpio, quando diz: “O Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios perecerá” (v.6). O Senhor não somente conhece, mas participa também dos nossos caminhos, nos acompanha, nos adverte e nos corrige. Quando se refere o caminho dos ímpios. O salmista usa o termo “perecer” que significa cessar de viver ou deixar de existir, ser destruído, tornar-se nada, consumir-se, morrer. Eles andam segundo o caminho da sua própria vontade e não segundo a vontade de Deus. Vivem para satisfazer a sua carne, seu coração e seus desejos. Portanto, estes perecerão no último dia – serão condenados ao sofrimento eterno, separados do Senhor. Este é o caminho dos ímpios que os leva a perecer. Eles serão destruídos, consumidos porque escolheram o caminho do pecado. Deus já demonstrou na história do dilúvio e de Sodoma que os ímpios de fato serão destruídos.

As Escrituras deixam bem claro para onde nos conduzem os nossos próprios caminhos: "Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte." (Pv 14.12). Por isso, abandone os seus próprios caminhos, volte-se para a Palavra do Senhor, abandone os desejos do seu coração que é enganoso e corrupto e obedeça ao Senhor e viva a Sua Palavra. Abandone tudo que não está de acordo com a Lei de Deus e se volte para Ele que é rico em perdoar. Aqueles que fazem assim prevalecerão e se levantarão no dia do juízo e receberão as boas vindas do Juiz e a herança prometida, o reino eterno; mas os que não fizerem isso, não se levantarão, serão apartados para o sofrimento eterno.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

 

TEXTO: HB 13.1-17

TEMA: A VIVÊNCIA DO AMOR ENTRE OS CRISTÃOS

 Ao concluir a sua epístola, o autor de Hebreus faz diversas recomendações à igreja. No início ele fala sobre o sacrifício que Jesus realizou na cruz, e no final desta carta, fala sobre o aspecto prático da fé, e como ela deve influenciar o comportamento, principalmente, quanto a vivência do amor entre os cristãos. Sendo assim, ele chama atenção de determinados aspectos que envolve o amor fraternal, a hospitalidade, o matrimônio e a avareza. E por fim, o autor destaca a importância de seguir o exemplo, a conduta, a obediência e a fé daqueles líderes, guias, ou pastores que partiram. E no meio de tantas recomendações, ele faz uma verdadeira profissão de fé, apontando para a eternidade sobre Jesus Cristo: “Ele é o mesmo, ontem, hoje e eternamente” (v.8).

 Essa declaração de fé foi um momento de encorajamento para aqueles cristãos que estavam vivenciado ensinamentos diferentes e estranhos. Estavam caindo na tentação ao deixar de viver uma vida cristã baseada no amor, e viver uma vida a partir daquilo que a sociedade ensinava. E diante dessas exortações, o autor convida os irmãos a não deixar de viver uma vida cristã, conforme os ensinamentos de Cristo. Deveriam imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável. Deveriam identificarem-se com Jesus, e não se deixarem levar “pelos diversos ensinos estranhos” (v.9). Desta forma estariam vivendo a vida cristã. Também somos incentivados a viver constantemente a conduta cristã, no nosso agir, em nosso falar e em nossos pensamentos, é um grande desafio em nossas vidas. E você, tem seguido a vontade de Deus? Tem vivido conforme os ensinamentos de Jesus ou conforme a proposto do mundo? Tem demostrado o seu grande amor ao próximo?

                                                           I

Estimados, irmãos! O autor inicia o texto, falando sobre o amor fraternal. (v.1). É um grande o desafio para nós, o que o autor nos propõe: tornar o amor fraternal algo constante em nossa vida. Isto significa que cada cristão tem o dever de se comprometer e participar mais das necessidades do próximo através nas suas atitudes, procedimentos, gestos, palavras. Jesus falou muito sobre o amor fraternal para várias pessoas. Havia ensinado a seus primeiros seguidores uma nova maneira de viver. Mostrou que a nossa vida deve estar baseada no amor ao próximo. Ensinou um estilo de vida simples, que não busca os próprios interesses. O seu ensino fica claro, por exemplo, na Parábola do Bom Samaritano. O samaritano da parábola foi alguém que demonstrou amor fraternal a um desconhecido. O apóstolo Paulo também escreveu aos cristãos de Roma: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, preferindo-vos em honra uns aos outros” (Romanos 12.10).

No entender do autor de Hebreus, os cristãos devem amar uns aos outros genuinamente, ardentemente e de todo coração. Mas como o cristão pode ser capaz de demonstrar o amor fraternal, numa sociedade onde as pessoas são individualistas e egoístas? Como concretizar esta proposta, “seja constante o amor fraternal?”  Na verdade, o amor fraternal tem se tornado cada vez mais difícil. Precisamos olhar para os primeiros cristãos. Eles viviam uma vida em comunidade, preocupados uns com os outros e ajudando uns aos outros. A sua maneira de viver contrastava com o modo de viver da sociedade em geral. De fato, eles viviam o amor fraterno, a doação, o respeito, o altruísmo. Como podemos observar, estes primeiros cristãs, demostravam o amor fraternal, na partilha dos bens e na distribuição dos serviços.  Encontramos este relato em At 2.42-47: "Eles eram perseverantes na doutrina (ensinamento) dos apóstolos, na comunhão fraterna, no partir o pão e nas orações".

É justamente o que devemos fazer: olhar para o próximo com compaixão, acolher sem julgamentos, doar sem interesse e sentir a dor do outro. Este deve ser o nosso agir! Pedro nos ensina: “Sendo hospitaleiros uns para os outros, sem murmurações. Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1 Pedro 4.9 e 10). Assim diz, Paulo: “Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal...compartilhai as necessidades dos santos; praticai a hospitalidade” (Romanos 12.10-13). A palavra “hospitalidade” no grego significa “amor pelos estranhos”. Quando Paulo fala sobre “praticai a hospitalidade”, ele está nos convocando a buscar relacionamentos com pessoas que estão em necessidade, e esta não é uma tarefa fácil. Mas o autor recomenda os cristãos a viverem esta atitude. Aconselha os seus leitores a demostrar o amor fraternal para todos os homens, ao estranho, ao viajante, ao prisioneiro e ao sofredor. Fala sobre como devemos tratar o nosso próximo: “Não negligencieis a hospitalidade”. (v.2a).

De fato, a hospitalidade foi uma ferramenta de grande valor ao cristianismo, pois por meio da hospitalidade muitos dos primeiros missionários foram acolhidos em casas de irmãos (At 16.13-15). Interessante que naqueles tempos de perseguição, o lar cristão era um abrigo, um aconchego, uma proteção, uma oportunidade de servir à causa do Evangelho, uma possibilidade de troca de experiências e informações sobre a nova fé e a Igreja. Na verdade, os viajantes dependiam de moradores dos locais por onde passavam para fornecer-lhes abrigo e hospitalidade, acolhimento. Provavelmente, muitos irmãos naquela época ficaram sem alternativas de moradias nos arredores de Jerusalém e no mundo gentio, sendo necessário se ajudarem mutuamente em suas necessidades. Assim, cada irmão não deveria negligenciar a hospitalidade, para aqueles viajantes que precisavam de abrigo, pois oferecer hospitalidade implica em compartilhar bens e sofrer com outras pessoas. Lembre-se onde há o verdadeiro amor cristão, também haverá hospitalidade. Portanto, “sede, mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração.” (1Pe 4.9). Receba os irmãos com a mesma atitude que o próprio Cristo nos recebeu, e ainda recebe.

O autor recomenda que os cristãos deveriam também se lembrar dos encarcerados, da mesma forma, quando deram apoio aos irmãos encarcerados no passado. Eles se tornaram “coparticipantes” ou “parceiros” daqueles que foram “insultados e maltratados publicamente” (Hb 10.33). Agora, deveriam dar suporte material e emocional aos presos, mostrando-lhes que não foram abandonados: “Lembrai-vos dos encarcerados, como se presos com eles.” (v.3a). O verbo lembrar não envolve somente um ato mental, mas uma atitude de ir ao encontro daquele que precisa de ajuda, ou seja, sentir profunda compaixão por eles.

O verbo lembrai também tem o significado de visitar (Sl 8.4). A visitação aos necessitados e presos era uma prática comum na vida da Igreja Cristã da época (Hb 10.34). Havia muitos presos exatamente por serem servos de Cristo, perseguidos por causa da fé. Também deveriam lembrar daqueles que “sofrem maus tratos.” (v.3b). Maus tratos aqui se referem ao sofrimento físico, àqueles que são maltratados ou que são feridos por outros. Assim, o Senhor mostra que visitar os presos equivale visitar o próprio Jesus. Além disso, Ele sempre demonstrou compaixão para com aqueles que padeciam da privação da liberdade, da dignidade e esperança. Lembre-se que os presos e os que sofrem, também precisam da bondade e misericórdia de Jesus.

O autor também exortou seus leitores contra a imoralidade sexual e a avareza, visto que eram duas graves ameaças ao amor fraternal. Fala que o matrimônio deve ser vivido com respeito e fidelidade. Evitassem qualquer coisa que pudesse menosprezá-lo. “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros.” (v.4). O termo grego τίμιος (honra)vem de uma raiz que está ligada diretamente ao dinheiro. Daí o uso do termo para fins como honrar o compromisso, no sentido de quitar uma dívida; de grande valor, precioso. E a expressão "entre todos” pode significar “entre todas as pessoas”, ou seja, ele deve ser respeitado e colocado como prioridade e “digno de honra” entre as pessoas.

Neste sentido, Palavra de Deus é clara e absoluta. Não há exceções. Independente da história de cada pessoa, dos conflitos e traumas de uma vida inteira, o casamento deve ser honrado. E aqueles que se comprometem “para toda vida” seguem amando e se respeitando mutuamente, nutrindo seu relacionamento no Senhor, estes serão abençoados. Porém, Deus não permite fornicação, adultério. Não permite pessoas que vivem num leito conjugal imaculado por meio de relações sexuais fora do matrimonio. Pessoas que não respeitam o seu cônjuge e vivem um casamento de mentiras e traição, quem assim procede, Deus os julgara. Julgara os impuros e adúlteros.

Quanto avareza, o escritor adverte: “Seja a vossa vida sem avareza.” (v.5). Avareza é um forte apego às coisas materiais. É um apego excessivo e sórdido ao dinheiro e outros bens. Este desejo ardente pela avareza tornam as pessoas amarguradas e nunca estão satisfeitas com que possuem. Vejam o exemplo do jovem rico. O seu dinheiro serviu de empecilho e pedra de tropeço. Ele não foi capaz de renunciar aquilo que mais amava por amor a Deus. O seu amor pelo dinheiro foi a raiz e a causa de todo o seu mal, de receber um tesouro valioso e seguir a Jesus. Sendo assim, se retira triste, perdido e confuso. Na verdade, não estava pronto, para renunciar aos valores que tinha, para seguir a Jesus. Tinha muitos bens e não estava disposto a abrir mão deles. Tinha o coração ainda apegado ao mundo e em suas concupiscências.

Esta é a triste realidade que presenciamos neste mundo: o homem vive focado apenas em ajuntar tesouros na terra. Pensemos no que Jesus disse: “Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam” (Mt 6.19,20). A única solução para os corações que “querem tudo” é o contentamento encontrado na presença do Deus. Mas o que significa contentai-vos com as coisas que tendes? A palavra para contente no grego é ἀρκέω, que significa estar feliz, contente com aquilo que já possui. Este estado de contentamento é fruto da bondade de Deus, pois há algo que precisamos afirmar confiantemente: Deus nunca nos abandonará. Ele não desistirá de nós! Quando nos sentirmos sem forças, amedrontados diante de uma adversidade ou tentação, afirmemos confiantemente: “O Senhor é o meu auxílio, não temerei...” (v.6).

                                                                       II

O autor destaca alguns cuidados especiais que a igreja deve ter com relação à sua liderança: “Lembrai-vos dos vossos guias, os quais vos pregaram a palavra de Deus; e, considerando atentamente o fim da sua vida, imitai a fé que tiveram. (v.7). O primeiro desses cuidados é lembrar de seus guias, ou pastores. Aqui novamente encontramos o verbo μνημονεύω que significa estar atento, lembrar, trazer à mente. A recomendação, provavelmente, refere-se aos líderes cristãos, aqueles que fundaram a congregação, e que já haviam morrido. Sendo assim, deveriam olhar atentamente para estes líderes do passado, lembrando de suas pregações, ensinos e orações, bem como a atitude, respeito, honra, exemplo e fé.

No entanto, embora os líderes têm muito que nos oferecer, devemos fixar nossos olhos em Cristo. Ele foi e será o mesmo para sempre.  (v.8). Há um forte contraste entre Jesus e os falsos mestres que mudam com o tempo, e cujas doutrinas se tornam “diferentes e estranhas” (v.9). Por isso, é importante entender que os líderes vêm e vão. São imutáveis, mas Jesus Cristo é o mesmo, ontem, hoje e eternamente! Ele não muda sobre os seus planos que tem para nós, diferente do mundo e das pessoas que mudam a todo instante de opiniões.  Ele é superior aos anjos, profeta, discípulos, apóstolos e outros enviados. Ele é o autor da salvação. O verdadeiro sumo sacerdote que se compadece dos pecadores. O seu cuidado jamais deixa de existir sobre a nossa vida e família, porque prometeu que estaria conosco todos os dias.

Como é bom saber que podemos contar com Jesus Cristo que é o mesmo, ontem, hoje e eternamente. O Cristo que viveu entre os seres humanos no passado, como a revelação da presença de Deus em forma humana (João 1.18). Um homem, mas ao mesmo tempo o Filho Unigênito do Pai (João 3.16), que morreu na cruz para nos salvar, mas ressuscitou e está vivo (II Coríntios 5.15). Ele está vivo e vive em cada um de nós (Gálatas 2.20). Está atuando, ainda, hoje no mundo, e está sempre pronto para nos socorrer quando precisamos (Salmos 46.1). Ele estará com os seus até o fim dos tempos, quando os receberá nos lugares celestes, no novo céu e nova terra, na glória eterna.

Novamente, o autor afirma a superioridade de Jesus e da Nova Aliança que ele trouxe(vv.10-13). O autor afirma que não havia mais necessidade de realizar sacrifícios, pois, quando Cristo sofreu a morte sobre a cruz, uma das coisas realizadas foi descartar-se dos costumes levíticos. Mas aqueles que estivessem presos a estas cerimônias, não poderiam participar da Nova Aliança, sem primeiro romper com as tradições do cerimonialismo levítico. Neste sentido, o autor menciona três lições importantes para os cristãos: Primeiro, estamos sob a graça de Deus e livres de todas as regras cerimoniais da lei mosaica (At 10.9-16; Rm 14.17). Segundo. o altar do cristão da Nova Aliança é a pessoa de Jesus Cristo.  Ele morreu em nosso lugar e nos livrou de toda culpa e condenação. (v.12). Terceiro, o cristão, uma vez que pertence a Cristo, deve viver a sua fé num mundo hostil (v.13).

No entanto, uma vez que Cristo morreu como oferta pelos nossos pecados, devemos demonstrar uma conduta adequada a Jesus Cristo. Primeiro devemos fixar nossa esperança não nas ordenanças, mas na cidade celestial, pois a nossa vida neste mundo é transitória, breve e temporária. (v.14). Segundo, devemos oferecer a Deus sacrifícios de louvor. (v.15). A expressão de louvor se torna um fruto espontâneo de gratidão e adoração a Deus, uma ação de graça que provém de um coração sincero. O que devemos fazer é confessar através dos nossos lábios o nome de Cristo, ou seja, crer e confiar que Jesus é o nosso Salvador. Por que os lábios? A resposta é que através das palavras expressamos aquilo que se encontra no coração (Mateus 15.18-19).

Enfim, devemos mostrar benevolência, a prática da piedade, da compaixão ao próximo. (v.16). Este é outro tipo de sacrifício, pois todos os atos do amor são sacrifícios. A palavra “sacrifícios” aqui não é tomada em sentido estrito, como denotando o que é oferecido como expiação pelo pecado, ou no sentido de que estamos fazendo o bem para tentar fazer expiação por nossas transgressões, mas no sentido geral de uma oferta feita a Deus. Isto significa que devemos reconhecer a bondade de Deus por ação de graças. Além disso, devemos fazer o bem a nossos irmãos. Esses são os verdadeiros sacrifícios que os cristãos devem oferecer. E quanto a outros sacrifícios, não há tempo nem lugar para eles. Por isso, o autor chama os cristãos para servir e sofrer por Jesus, fora do cerimonialismo judaico.

Estimados irmãos! Deus quer a vivência do amor entre os cristãos. Isto significa que todos os dias somos incentivadas a conhecer mais sobre o amor e a graça de Deus. Imitar e glorificar Jesus Cristo, o Salvador imutável, que demostrou Seu grande amor por nós. Agora, Ele nos convida a expressar este grande amor ao próximo. Sendo assim, devemos fazer o bem aos necessitados, lembrar daqueles que sofrem e compartilhar parte dos nossos recursos para aqueles que precisam da nossas ajuda.

Senhor, ensina-nos a viver o verdadeiro amor e transforma-nos em pessoas que seguem a tua vontade. Amém!

 


terça-feira, 23 de agosto de 2022

 

TEXTO: LC 14.1-14

TEMA: O ORGULHO DESTRÓI O RELACIONAMENTO COM DEUS E COM O PRÓXIMO

O Evangelho de hoje traz mais um episódio de discussão, entre Jesus e os fariseus, acontecido durante a longa viagem de Jesus desde a Galiléia até Jerusalém. Ele foi convidado para uma festa, ocorrida no sábado. Era costume realizar refeições com pessoas convidadas após o serviço religioso do sábado nas sinagogas. Esta informação inicial sobre refeição na casa de um fariseu é momento para Lucas contar vários episódios que falam da refeição: cura do homem hidrópico, escolha dos lugares à mesa, escolha dos convidados que recusam o convite.

Mas, afinal, o que Jesus nos ensina neste texto?  Jesus nos ensina que os fariseus estavam vivendo um estilo de vida, contrário à sua vontade. Ele critica a falta de humildade daqueles homens, uma vez que eram pessoas que se consideravam superiores às outras. Faziam de tudo para serem vistos, preferiam os melhores lugares na festa e também os lugares de honra. Enfim, realizavam as suas obras com o intuito de serem vistos e elogiados. Na verdade, o orgulho os dominava, impedindo-os de se humilharem o suficiente para permitir que o Senhor abrisse seus olhos. Eram homens vaidosos e orgulhosos.

O orgulho tem levado muitas pessoas à destruição. Ele sufoca, destrói, mata, cega o entendimento. Causa confusão, contenda, mágoa, brigas, discussões, divisões. Os orgulhosos têm a tendência e a carência de sobressair sobre os demais! São capazes de qualquer coisa para impor as suas próprias regras ou interesses individuais. Este orgulho está fadado ao fracasso e a tragédia, pois quando entra na vida das pessoas destrói o relacionamento com Deus e com o próximo.

O que Deus quer é a humildade e não o orgulho. Jesus exigiu radicalmente dos Seus seguidores uma vida de extrema humildade. Tudo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v. 11). O caminho da humildade é o caminho da renúncia, do último lugar, do silêncio, do menosprezo, do abandono nas mãos de Deus, da fraqueza, da pobreza espiritual – a morte do próprio eu. Como está sua vida? Você prefere continuar em seu orgulho? Sejamos humildes! Jesus é o exemplo!

                                                                     I

 Jesus foi convidado por um dos principais fariseu para comer no sábado na sua casa. No entanto, o fariseu e seus amigos não estavam interessados na companhia de Jesus ao redor da mesa com eles, mas, na verdade, eles queriam observar Jesus, e encontrar um motivo de acusação, provavelmente na observância do sábado.

O texto afirma que naquele lugar “se encontrava um homem hidrópico.” (v.2). Hidrópico é pessoa que sofre de hidropisia, doença que consiste no acúmulo de líquido e inchaço no corpo todo, ou numa de suas partes, como, por exemplo, no ventre. Aquele homem certamente não foi convidado. Mas queria ser curado de sua doença. Sendo assim, entra na casa do fariseu e coloca-se diante de Cristo. Mas antes de cura-lo, Jesus, tomou a palavra, perguntou aos doutores da lei, e aos fariseus, se era permitido curar nos dias de sábado ou não, porque, segundo a lei de Moisés, não se podia fazer nada nos dias de sábado. Ele afirma: “É ou não é licito curar no sábado? (v.3). Mas eles nada disseram. Não responderam o questionamento de Jesus. Se respondessem positivamente, eles estariam contrariando a tradição dos judeus. Se respondessem negativamente, estariam negando o amor e a misericórdia de Deus. Mas Jesus não esperava uma resposta de seus observadores, ele simplesmente realiza a cura: Então, Jesus tomou o homem e o curou de sua enfermidade (v.4).

Após a cura, Jesus novamente faz uma pergunta: Qual de vós, se o filho cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? (v.5). Mas os fariseus não foram capazes de responder. Eles não podiam responder, porque não tinham resposta alguma que incriminasse Jesus.  É interessante a pergunta que Jesus faz aos fariseus. Mas vamos refletir sobre esta pergunta! Imaginem que uma criança cai num poço. As pessoas se comovem, e as equipes de resgate se mobilizam rapidamente para salvá-la. Agora, imaginem se este acidente ocorresse no dia de sábado. Será que poderiam resgatá-la? No raciocínio dos fariseus a resposta seria não, pois tinham um conjunto enorme de normas que regulamentava, o que era ou não permitido fazer num sábado. Infelizmente, estes religiosos estavam enxergando apenas suas regras exageradas e discrepantes.

O fato é que não encontraram nada que pudesse responder à pergunta de Jesus. A única explicação para a inconsistência deles era que o orgulho   estimulava as suas atitudes. Na verdade, os orgulhosos têm a tendência e a carência de sobressair sobre os demais! São capazes de qualquer coisa para impor as suas próprias regras ou interesses individuais.  O orgulho desafia a Deus, despreza o seu próximo e exalta a si mesmo. Ele é arrogante, o contrário do espírito de humildade que Deus requer. Ocorre que   ele está fadado ao fracasso e a tragédia, pois quando entra na vida das pessoas destrói o relacionamento com Deus e com o próximo.

No entanto, Jesus tem a resposta à pergunta feita aos fariseus. Ele retoma o verdadeiro sentido do sábado, e nos ensina que não se deve esquecer a misericórdia de Deus e as necessidades do próximo. Mostra que Deus quer a prática da misericórdia em vez de rituais e sacrifícios (Os 6.6). O que se observa que esses fariseus causavam mais preconceitos com suas doutrinas cheias de tradições humanas do que agir com misericórdia, levando a desconsiderar as necessidades dos seres humanos na época. Portanto, Jesus deixou claro que não estava transgredindo o sábado, mas cumprindo, pois, a lei não proibia ajudar o próximo.

                                                                 I

A questão do orgulho e da humildade se concretiza na Parábola da Grande Ceia que Jesus contou. Durante a festa, Ele observava o modo como se comportavam os convidados, ou seja, atitude, as ambições tolas dos fariseus pelos primeiros lugares. Para eles, era importante estar mais perto do dono da casa ou até mesmo ocupar lugares mais honrosos, posição religiosa, admirados pelas pessoas, e não com a salvação do pecador. Estas são características do ser humano. Há uma grande preocupação pelo sucesso, aparência e status. O que se observa é uma corrida em busca de “melhorias” em todos os aspectos, em todas as direções na vida em particular. O que importa é a fama, o sucesso em alcançar o objetivo. Também não importa como e por qual meio, honesto ou não. Enfim, procura-se ser “o mais”: o mais forte, o mais inteligente, o mais astuto, o mais seguro, o mais rápido, o mais eficaz.

Este era o pensamento daqueles convidados. Procuravam impressionar os homens do que servir a Deus humildemente. Por isso, Jesus diz que àqueles fariseus que gostavam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas: “Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar.” (v.8). É interessante   que os banquetes nupciais tinham certas regras que deveriam ser observadas. Havia certo protocolo social que exigia dos convidados, que se posicionassem de acordo com a dignidade ou a importância de cada um, em torno de uma mesa. Se alguém ocupasse um lugar superior ao que fazia jus, corria o risco de ser retirado, dando lugar ao que realmente o merecia. Esta cena resultaria em um vexame social, caso o dono da festa solicitasse aquele lugar para um convidado mais importante. É melhor escolher o lugar mais modesto, e depois ser convidado pelo anfitrião para ocupar o lugar de maior honra.

No entanto, estas regras pareciam estar sendo ignoradas pelos fariseus. Eles estavam demonstrando todo egoísmo, orgulho e preconceito na escolha dos lugares. Estavam ocupando o lugar de honra. Este era o estilo de vida que viviam os fariseus.  Jesus critica esta atitude. Jesus entende que faltava humildade aqueles homens, uma vez que eram pessoas que se consideravam superiores às outras. Faziam de tudo para serem vistos, preferiam os melhores lugares na festa e também os lugares de honra. Enfim, realizavam as suas obras com o intuito de serem vistos e elogiados. O orgulho os dominava, impedindo-os de se humilharem o suficiente para permitir que o Senhor abrisse seus olhos. Eram homens vaidosos e orgulhosos. Deus se opõe a esse tipo de orgulho que sufoca, destrói, mata, cega o entendimento. Causa confusão, contenda, mágoa, brigas, discussões, divisões.

Quantas vezes este orgulho tem dominado e enfraquecido a nossa humildade. Somos egoístas, pensamos somente nas nossas necessidades, colocamos em primeiro lugar o EU. Isto tem ocorrido diariamente dentro do nosso lar, no trabalho, na escola, principalmente dentro da igreja. Lembre-se que nenhum valor tem para Jesus os que buscam os primeiros lugares e praticam todas as obras que aparentemente são boas, para serem visto pelos homens. Nenhum valor possuímos quando nos colocamos numa posição de destaque, onde existe uma certa superioridade naquilo que fazemos, quando nos consideramos melhor do que realmente somos. Quando nos tornamos cada vez mais senhores de si, corações endurecidos, amantes de si mesmo. Quando a situação que nos leva a uma justiça meramente externa, pois interiormente é corrompido pelo pecado. Este tipo de orgulho destrói o relacionamento com Deus, consigo mesmo e o próximo. E quando chegar a esta situação, estamos deixando a humildade cristã para substituí-la pelo orgulho dos fariseus.

 Precisamos parar e refletir sobre o assunto, fazer uma análise introspectiva, e perguntar: Será que o orgulho não está destruindo a minha vida? Se deixarmos o orgulho tomar conta da nossa vida, ele nos destrói. Ele acaba conosco. Ele torna-se nefasto para o nosso desenvolvimento pessoal e para a nossa felicidade. Por isso, é preciso deixar o orgulho de lado, ter humildade e procurar agir com sabedoria com nossas atitudes e posicionamentos de vida. Portanto, tome o último lugar; para que, quando vier o que te convidou, te diga: "Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas." (v.10).

                                                             II

Ao contrário, o que Deus quer é a humildade e não o orgulho. Jesus exigiu radicalmente dos Seus seguidores uma vida de extrema humildade. Tudo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v. 11). O caminho da humildade é o caminho da renúncia, do último lugar, do silêncio, do menosprezo, do abandono nas mãos de Deus, da fraqueza, da pobreza espiritual – a morte do próprio eu. E o Senhor quem nos guia: “Se alguém me quer seguir; renuncie-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mc 8,34b). É na cruz de Cristo e na cruz da nossa vida que temos de crucificar o “eu” a cada dia. Fica evidente quando Jesus diz em Mateus 5.3: “Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus.” Por pobres de espírito, Jesus não entende os tolos, mas os humildes, e diz que o Reino dos Céus é destes e não dos orgulhosos. O evangelho deve ser pregado aos pobres de espirito, e não ao espiritualmente orgulhoso, o que pretende ser rico e de nada necessita.

 Jesus usou a oportunidade para dar um conselho também ao dono da festa. Ele se dirige ao anfitrião de forma surpreendente e estabelece uma nova regra: Quando deres um jantar ou uma ceia, não convides os teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem vizinhos ricos; para não suceder que eles, por sua vez, te convidem e sejas recompensado.(v.12) A recomendação de Jesus ao anfitrião é simples: Não convide estes homens   cultos e inteligentes, com elevada opinião de si mesmos e de sua própria superioridade, que consideram as coisas divinas como indignas de sua atenção. Não convida estes arrogantes, mas os pobres, os aleijados, os coxos e   os cegos. (v.13).  Aqueles que são rejeitados ou ignorados, considerados como gente de nível social inferior ao nível daquele importante fariseu.

Por outro lado, convidando estas pessoas, não haverá disputa pelos primeiros lugares e, pelo contrário, muitos precisarão de ajuda para ser colocados à mesa e eles sentirão honrados só pelo convite. Então, o anfitrião será duplamente recompensado. Primeiro, pela gratidão daqueles que foram abençoados pela generosa bondade demonstrada na ajuda e na alimentação que receberam; segundo porque aqueles necessitados, não tendo como recompensar a ajuda que receberam, a recompensa virá na ressurreição dos justos: a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos. (v.14).

Estimados irmãos! Peçamos a Deus que o orgulho não predomine em nossas vidas, e que jamais destrua o nosso relacionamento contigo e com o nosso próximo, mas que nos conceda humildade para refletir. Amém!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 18 de agosto de 2022

 

TEXTO: LC 13.22-30

TEMA: ESFORÇAI-VOS POR ENTRAR PELA PORTA ESTREITA

 Nos tempos antigos não somente as casas tinham portas, como também as cidades fortificadas. As portas permitiam o acesso às fortificações, e junto a estas portas realizavam as trocas comerciais. Eram os lugares de maior afluência do povo, para conversas, passatempos ou negócios. Em caso de ataque inimigo, as portas eram fechadas, e das muralhas as sentinelas protegiam a cidade. Mas o que é uma porta? Acredito que qualquer pessoa sabe, o que é uma porta e qual a sua utilidade. É um instrumento de passagem que abre e fecha, impedindo, ou permitindo o acesso a determinado lugar. Ela pode ser larga, estreita, baixa, alta. E é fundamental para a segurança de uma casa, igreja, escola, hospital. Ela dá uma sensação de segurança e proteção dos perigos exteriores.

Nas Escrituras são mencionados vários exemplos sobre a porta. A arca de Noé tinha uma porta, havia uma entrada na grande embarcação em forma de uma porta. (Gn 6.16). Ló estava sentado à porta da cidade de Sodoma. (Gn 19.1).  O Tabernáculo tinha portas que dava passagem para outros compartimentos do santuário móvel dos hebreus no período da peregrinação. (Êx 29.32; 33.9).  A reconstrução dos muros de Jerusalém, no livro de Neemias, menciona as doze portas da cidade com os seus primitivos nomes. Mas a porta, muitas vezes, é usada como linguagem simbólica. Em Gênesis 4.7, Deus diz para Caim: “O pecado jaz a tua porta.” Significa que o pecado que ele cometeu, matando seu irmão Abel, estava diante dele, o acusando através da sua consciência. Nos Salmos 141.3 diz: “Põe ó Senhor, um guarda à minha boca; vigia a porta dos meus lábios”. Jesus disse: Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo; poderá entrar e sair, e encontrará pastagem.” (Jo 10.9).

No texto de Lucas, Jesus usa no sentido figurado para entendermos que Ele é a porta pela qual todos devem entrar na vida eterna. Não há outro caminho, porque só Ele é "o caminho, a verdade e a vida" (João 14.6). A porta que Jesus aponta é a estreita. Ela exige renúncia a si mesmo, ao pecado, ao diabo, ao mundo. É preciso nascer de novo e ser nova criatura. Só aqueles que foram alcançados pela graça e transformados pelo poder do Evangelho entram por essa porta e percorrem esse caminho Portanto: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita.

                                                                      I

Jesus estava caminhando para Jerusalem, alguém lhe perguntou: “Senhor, é verdade que são poucos os que se salvam?” (v.23). A pergunta trata do número sobre quantos se salvam: muitos ou poucos? Jesus, no entanto, não responde à pergunta. Não dá uma resposta direta, se são muitos ou poucos, pois poderia ser uma pergunta, para tentar enganá-lo e diminuir sua reputação. Se Jesus dissesse que muitos seriam salvos, eles iriam reprová-lo como um liberal tornando a salvação “barata”. Se dissesse que apenas alguns, então, poderiam censurá-lo ao ponto de que os israelitas acreditavam ser o povo escolhido. Mas Jesus afirma nos seguintes termos: Esforçai-vos por entrar pela porta estreita". (v.24). Essa é uma ordem, não é uma resposta. A palavra grega traduzida como "se esforçar" é ἀγωνίζομαι significa” lutar com um adversário”, “trabalhar com fervor". A expressão nos dá a ideia de um atleta “forcejando”, ou se esforçando vigorosamente com todas as suas forças, para ganhar o prêmio. Paulo usou esse termo em 1 Co 9.25 para representar a vida cristã como uma competição atlética. Em Colossenses 1. 28-29, vemos que Paulo trabalhou e lutou, para admoestar e ensinar a todos com toda a sabedoria. Ainda o apóstolo Paulo nos diz em 1 Timóteo 4.10: “Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis.”

Embora a expressão (“se esforçar”) possa ser um termo técnico, para se referir a competição nos jogos gregos, ela acentua a admoestação de Jesus, que devemos agir de toda a alma, pois fica claro que não podemos participar do reino de Deus à nossa própria maneira, mas é preciso lutar como um atleta se esforçando e correndo em direção à linha de chegada, dando tudo de si ao esforço. É uma palavra apropriada para o chamado à vida cristã, no qual Jesus nos mostra que é preciso esforçar-se, que é preciso renunciar a si mesmo, ao pecado, ao diabo, ao mundo. Que é preciso avaliarmos profundamente o nosso modo de adoração. Trata-se de cumprir a vontade de Deus, submetendo-se fielmente a ele. A mensagem central de Jesus desde no início de seu ministério foi esta: “Arrependei-vos e crede no Evangelho.” (Marcos 1.15). Portanto, este deve ser o nosso objetivo principal, enquanto peregrinamos nesta terra. Somente através do “entrar pela porta estreita”, encontraremos a vida eterna. E, muitas vezes, esse “esforço” requer de nós uma posição firme diante do meio que vivemos neste mundo. Lembrando que o discipulado não é fácil e sempre exigirá de nós dedicação total.

Precisamos lembrar que não é uma contradição em relação a doutrina da salvação pela graça, quando falamos em “esforçai-vos”. Sabemos que a justificação nunca será através de um “esforço” de vida, e sim pela graça, exclusivamente, que é um favor imerecido. (Ef 2.8-9),que se mostrou para todos os homens. (Tito 2.11). Esta mensagem maravilhosa, ocorreu quando Cristo foi enviado a nós como Salvador, pois todos os seres humanos estavam perdidos em seus pecados, afastados da comunhão com Deus, sem nenhuma perspectiva de vida. Jesus morreu na cruz, derramou o seu sangue como pagamento da dívida perante Deus e reconciliou a humanidade com o Pai Celestial. Ele se entregou por todos! Ele, agora, nos convida: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei” (Mateus 11.28). É um convite não somente para os judeus, mas a todos os gentios. Deus deseja que todos sejam salvos. Deus não vê distinção de raças para a salvação (Cl 3.11; Gl 3.28; Rm 10.12). Agora, a porta foi aberta a todos que creem nesta mensagem.

No entanto, não é fácil entrar pela porta estreita. Jesus disse: “muitos procurarão entrar e não poderão” (v.24b), isto porque exige renúncia, obediência, fidelidade e perseverança. Exige que carreguemos a cruz. O caminho que leva a uma vida eterna com Deus passa pela cruz de Cristo. Jesus disse: “Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome cada dia a sua cruz, e siga-me” (Lc 9.23). Exige arrependimento quando pecarmos diante de Deus. (1 Jo 2). E muitas pessoas não querem seguir este caminho. Por isso, preferem passar ao largo desta porta. Desprezam-na. Acreditam que podem encontrar uma mais larga, mais espaçosa. Outras inventam desculpas, pois o amor pelo dinheiro, os prazeres, o desejo de agradar o mundo e a má vontade em abandonar os pecados, impedem a entrada na porta estreita. Portanto, só passa pela porta estreita aquele que vive plenamente em comunhão com Deus

                                                                     II

Na prática, as pessoas não querem se submeter as exigências que o Senhor requer para segui-lo. Entre abandonar o pecado e abandonar o Senhor, muitos preferem andar pelo caminho largo. Quem não quiser se submeter as práticas espirituais, ou se esvaziar das coisas do mundo, jamais passará pela porta estreita. Por isso, é necessário ter uma certa determinação em seguir Jesus diante de um mundo com seus encantos e ofertas, cada vez maiores e constantes. Satanás faz de tudo para impedir a nossa entrada pela porta estreita. Por isso, não se deixe enganar por aqueles que desprezam a porta estreita da graça de Deus em Jesus Cristo. Apesar do desprezo, a porta para o céu ainda está aberta, o tempo da graça ainda opera sobre nós, ainda podemos encontrar Jesus, ainda podemos ouvir a mensagem do evangelho e crer nele (João 10.7-9).

No entanto, chegará o tempo em que o mesmo Jesus que a abriu a porta, irá fechá-la, assim como na Arca (Gênesis 7.16). Então, veio o julgamento de Deus em forma de dilúvio e todos que não haviam entrado morreram. No dia do julgamento, que está por vir, a porta se fechará. Quando a porta for fechada, do lado de fora muitos vão dizer: “Senhor, abre-nos a porta”. (v.25).  Quem tiver entrado será salvo, quem ficar de fora, será condenado. Nesse tempo não adiantará bater, nem chorar, muito menos argumentar dizendo: Por que estamos do lado de fora? Nós sempre fizemos o que Deus queria?  Nós não profetizamos em teu nome? E em teu nome não expulsamos os demônios? E em teu nome não fizemos maravilhas? Além disso, sempre fui a igreja. Fui batizado. Participava da ceia. Dava o dízimo, e até orava e lia a Bíblia. Porém a resposta do dono da casa, que é Jesus, é muito simples: “Não sei de onde sois vós”. (v.26). E, ainda, perguntarão a Jesus: Como não nos conhece? “Comíamos e bebíamos na tua presença, e ensinavas em nossas ruas.” (v.26). Mas Jesus responderá: “não os conheço, nem sei de onde vocês são. Afastem-se de mim, todos vocês, que praticam o mal” (v. 27).

Este será o resultado, para quem rejeita a Jesus, o Messias e Salvador: serão lançados fora do reino de Deus. Já não haverá como recorrer, pois estará abandonado. Estará “excluído,” “laçados fora”, onde “haverá choro e ranger de dentes” (v.28). Choro e ranger de dentes, faz alusão as tristezas e os terrores do juízo de Deus, ou seja, a exclusão do indivíduo para fora do reino de Deus, e lançado no inferno junto com satanás e seus demônios. O choro ocorrerá porque a pessoa teve a oportunidade de seguir a Cristo e não o fez. Teve tudo para estar no reino de Deus, mas rejeitou. Agora, outras pessoas são convidas a entrar pela porta: “pessoas virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e ocuparão os seus lugares à mesa no reino de Deus” (v. 29). Os judeus rejeitaram o reino de Deus, porque acreditaram que sua própria justiça os salvaria e não confiaram em Cristo. Na verdade, se consideravam os primeiros no reino de Deus. Jesus, então, convida os gentios (não-judeus) a fazer parte deste Reino. Serão os primeiros a entrar no Reino porque não confiaram em si próprios, mas sim na grande misericórdia de Deus demonstrada na morte de Jesus na cruz. E resume desta forma: “há últimos que serão primeiros, e primeiros que serão últimos” (v. 30).

 Há muitas portas por onde passamos e construímos a história de nossas vidas. Todos almejam encontrar uma porta aberta para um bom estudo, para um emprego estável, promissor, para o sucesso na vida financeira e para um casamento que nos garanta a felicidade. No entanto, a porta mais importante que podemos atravessar é a porta da salvação. Jesus Cristo é essa Porta. Ele disse: “Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem” (João 10.9). Jesus é a única porta, uma porta aberta, uma porta ampla, uma porta segura. Quando entramos por esta Porta encontramos vida com abundância. O amor que recebemos de Deus e a fé, que norteará cada um de nossos passos, nos encherá de confiança e poderemos descansar tranquilos. Jesus Cristo, a Porta da vida abundante, nos protegerá contra as ciladas do mal e encherá nossos corações de paz, mesmo que os perigos estejam ao nosso redor. Por isso, somos chamados a entrar, agora. Isto significa que a oportunidade de salvação vai terminar.

Estimados irmãos! A porta está fechada para você? Jesus é a porta certa! Ela sempre está aberta para você! Entre! Ele está esperando você!

 

quarta-feira, 17 de agosto de 2022

 

TEXTO: SL 50.1-15

TEMA: SEJAMOS VERDADEIROS ADORADORES AO SENHROR!

Hoje, em muitas igrejas a adoração transformou-se em show, em ativismo piedoso sem ligação com o próprio Senhor. Na verdade, a pregação das Escrituras não encontra mais espaço dentro de algumas igrejas de nossos dias. Elas perderam a essência do Evangelho para vender uma imagem de relevância à sociedade. Por isso, refletir sobre estas questões torna-se relevante, pois vivemos diante de uma situação em que a adoração a Deus tem sido um mero ritualismo vazio. Um conjunto de atos mecânicos que nada contribui para a edificação e nem para a glória do nosso Deus. Esta adoração Deus não se agrada.

Será que Deus está satisfeito com adoração que realizemos? Será que, muitas vezes, a nossa adoração não é um mero formalismo?  Este salmo contém todas as respostas para esses questionamentos. O salmista chama atenção do povo de Israel sobre a situação espiritual que estava vivendo. O próprio Senhor é quem, no salmo, os distingue e se manifesta diante da falsidade dos seguidores. Sendo assim, Deus coloca na boca do salmista as palavras de repreensão ao povo, que dava valor ao ritual do culto, mas desprezava a vida diária de louvor de todo coração. Ele toma a prática da adoração vigente e contrasta com os critérios do culto que Deus se agrada. Ele mostra quais são os critérios de Deus.

Não importa o quanto o homem tente inovar, imaginar ou criar supostas “adorações”, pois todas elas serão vistas por Deus como falsas e reprováveis. Sendo assim, Deus nos convida para sermos verdadeiros adoradores de uma maneira tão profunda, envolvendo todo nosso ser. Ele almeja que a nossa adoração seja genuína sempre fundamentada nos ensinamentos de Deus, conforme revelada nas Escrituras, e que esteja em conformidade com a sua vontade, pois não podemos adorar a Deus de qualquer maneira, mas em “espirito e verdade”. (João 4.23). Este deve ser o nosso procedimento.

                                                                   I

Salmo 50 inicia com a descrição do Senhor Deus, Criador dos céus e da terra, todo-poderoso, supremo e glorioso. É Ele quem fala. Não são homens nem anjos, mas é o próprio Senhor que tem o direito de convocar todos os habitantes da terra, desde o nascer do sol até onde ele se põe, para participar do tribunal de Deus, Isto significa que a convocação é para todo mundo, ou seja, para todas as terras, raça humana e classes sociais, bem como desde Sião, que é a excelência em formosura, cidade do grande Rei, o lugar e fonte da autoridade de Deus.  (v.2). Todos são convocados! Então, o Senhor virá para o julgamento. (v.3a).  O Novo Testamento declara o fato de que isso será feito pela vinda de seu Filho Jesus Cristo, para reunir as nações diante dele e pronunciar a sentença final sobre a humanidade. (Mateus 25.31; João 5.22).

Ele vem! E, certamente, não ficará calado! À sua frente vai um fogo devorador, e, ao seu redor, uma violenta tempestade. Assim afirma o salmista: “perante ele arde fogo devorador, ao seu redor esbraveja grande tormenta”. (v.3b). É uma convocação que nos faz tremer, pois o Senhor age como um juízo e manifesta a sua ira no julgamento dos homens. O fogo e a tormenta são figuras utilizadas para fazer referência à majestade e ao poderio de Deus quando se manifestar. Esta expressão foi tirada da representação de Deus quando ele se manifestou no Monte Sinai. (Êxodo 19.16-18). Naquela ocasião, o ar ressoou com trovões e o som de trombetas, os céus foram iluminados por raios, e a montanha estava em chamas. Agora, Deus faria uma exibição igualmente de seu poder, para que o povo aprendesse a tremer diante do julgamento de Deus, uma vez que se considerava indiferente e desprezava a terrível manifestação de Deus, da mesma forma como ocorreu no Sinai.

É justamente a falta de uma vida adequada do Seu povo que leva o Senhor a lamentar profundamente. Ele lembra ao Seu povo da aliança que firmou com ele, mas vê-se obrigado a acusar Israel, falando em julgamento. É uma acusação contra os rituais exteriores e vazios, ao culto sem conteúdo. É diante desta situação, o Senhor intima, chama, grita, emite som alto, reúne os céus e a terra. Ele toma como testemunha os céus e a terra para emitir juízo acerca do seu povo: “Intima os céus lá em cima e a terra para julgar seu povo.” (v.4). Os próprios céus, os habitantes celestiais testemunharão a justiça da sentença. Atestarão a perfídia, as maldades, desonras e invenções perversas que os judeus estavam praticando. Na verdade, estavam desprezando a verdadeira santidade e corrompendo a pura adoração a Deus. Mas também, neste dia, o Senhor emitirá uma ordem do seu trono: “Congregai os meus santos, aqueles que fizeram comigo um concerto com sacrifícios. (v.5). O Senhor solicita aos mensageiros que tragam ao tribunal os santos. A palavra “santos” aqui se refere àqueles que são verdadeiramente seu povo. Os israelitas, a quem Deus os escolheu e os separou de todas as nações da terra, para serem um povo santo e peculiar para si, e também se dedicaram solenemente a Deus. Mas somente aqueles fizeram aliança com Deus e ratificaram essa aliança com sacrifício.

                                                                        II

Após o Senhor ter falado sobre o julgamento para o povo, agora, ele faz um relato do processo e da sentença do juiz, e mostra sobre a necessidade de arrependimento. Ele se pronuncia contrário àqueles que o desagradam: “Escuta, povo meu, e eu falarei; ó Israel, e eu testemunharei contra ti. Eu sou Deus, o teu Deus.” (v.7). Deus deseja ser ouvido, porque “Eu sou Deus, o teu Deus”, disse Ele. Portanto, tenho o direito de falar. O direito de declarar os princípios que pertencem à verdadeira adoração. Não estou reclamando de nenhuma negligência em relação a sacrifícios que eram continuamente realizados no Templo diante de mim, pois eram oferecidos de acordo com a lei. (v.8). Na verdade, o conceito de oferecer sacrifícios ao Senhor foi ensinado por Deus desde o tempo da primeira família humana, pois Abel agiu por fé e foi aprovado por Deus quando fez um sacrifício agradável (Hebreus 11.4; Gênesis 4.4). Durante todo o tempo da vigência da Lei dada por meio de Moisés, Deus exigia sacrifícios e ofertas. Mas esta não é a principal questão da acusação contra povo. Não é por esse motivo que deve ser culpado ou condenado.

No entanto, se o problema não era o sacrifício em si, tanto nas disposições técnicas como na qualidade dos animais, qual, então, era o motivo da repreensão? Ocorre que o povo não estava prestando favor algum a Deus, trazendo animais para o sacrifício, pois tudo pertence ao Senhor. Ele controla a existência de todas as coisas. Ele afirma nos versículos 9-12 a sua independência absoluta das ofertas humanas. E mostra que o sacrifício com o qual ficaria satisfeito, era bem diferente dos novilhos, bodes , que eles tinham o hábito de oferecer. No momento, o povo apresentava uma forma de culto com apenas rituais exteriores, vazios e sem conteúdo. Ofereciam sacrifícios, mas se esqueciam de seu significado. Esta adoração Deus não se agradava.

Em meio a esse formalismo no culto, praticado pelo seu povo, O Senhor afirma: “Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças e cumpre os teus votos para com o Altíssimo” (v.14). Dois pontos importantes merecem a nossa reflexão. Primeiro:Oferece a Deus sacrifícios de ações de graças”. O sacrifício de ação de graças é mencionado várias vezes no Antigo Testamento, e pela primeira vez em Levítico 7.11-15. Mas o Senhor deixa claro que este tipo de sacrifício não era somente apresentação dos corpos e do sangue de animais mortos, mas era uma oferta que deveria proceder de um coração genuíno, e que expressava gratidão, fidelidade, compromisso, dependência da sua graça, louvor a Deus, e a honra que só ele merece. O que Deus quer ressaltar, por meio do salmista, é que a oferta exterior deve corresponder à devoção interior. Nesse aspecto, sacrifício de ações de graças” nos lembra que nosso viver diário deve ser tão próximo de Deus e de Sua Palavra. E, assim, faz sentido o que é uma verdadeira adoração. O segundo ponto: “cumpre os teus votos para com o Altíssimo”. O texto não explica que votos são esses, mas, quaisquer que fossem, deveriam ser cumpridos com fidelidade ao Senhor.  Deveria ser cumprido com todo o esforço, na íntegra, sem justificativas para o descumprimento. Afinal, deveriam honrar a sua palavra diante de Deus, demonstrando maturidade quanto aquilo que prometeu.

Estimados irmãos! Não há lugar para ritualismos vazio que não reflete a verdadeira adoração a Deus. Deus rejeita abertamente a adoração falsa, feita somente nos dias de culto, e que não condiz com a postura de vida que levamos. Por isso, temos de trabalhar os nossos corações para nos arrepender de nossos pecados, para dedicarmos nosso tempo a Deus, para sermos autênticos quando declararmos nossa adoração ao nosso Criador e Salvador. Que o Senhor tenha misericórdia de nós, e nos perdoa, nos lava e nos purifica com o sangue do seu Filho Jesus. Refletimos nossas atitudes e busquemos em Deus um coração adorador, “em espírito e em verdade. Enfim, busquemos ajuda na maravilhosa promessa de Deus: “E invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (v.15). Ela repousará sobre os que adoram a Deus. Sejamos verdadeiros adoradores! Amém