quinta-feira, 16 de outubro de 2025

TEXTO: 2  TM 3.14-4.5

TEMA: PERMANECE NAQUILO QUE APRENDESTE! 

Vivemos uma época de grande confusão religiosa e moral. Há muitos conceitos, opiniões de pessoas que rejeitam a verdade divina que encontramos na Escrituras. Do passado ao presente, muitas pessoas negaram e têm negado os ensinamentos bíblicos. As questões que são verdades absolutas na Bíblia, foram para o campo do relativismo. Para o homem, Deus não é mais o centro das atenções, não é uma questão importante para se tratar. A verdade é que as pessoas estão perdendo, cada vez mais o respeito e temor a Deus. Estão se distanciado a cada novo dia da presença de Deus, fazendo coisas que não agradam aos mandamentos de Deus. Ocorre que os tempos se tornaram cada vez mais sombrios, e há a necessidade urgente de buscarmos os ensinamentos da Palavra de Deus.

Diante da expectativa de um tempo de descrença, o apóstolo Paulo previne o pastor, Timóteo, a permanecer naquilo que aprendera de sua mãe, ou seja, às Escrituras Sagradas. Ele desafiou Timóteo a manter fidelidade nos seus ensinamentos. Assim também, diante de tantas doutrinas falsas, precisamos renovar nosso compromisso com a Palavra de Deus. Ela precisa fazer parte de nossas vidas, uma vez que sem ela, corremos sérios riscos de nos desviar da nossa fé cristã.  É justamente isto que o Senhor almeja: permanecer  naquilo que aprendemos!

É fundamental conhecer a história de Timóteo. Sua mãe, Eunice, era uma judia casada com um homem grego não cristão. Apesar de ter um marido incrédulo, ela procurou obedecer à Palavra de Deus, que afirma:  "Educa a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele." (Pv 22.6).  Ao conhecer as verdades das Escrituras desde a infância, Timóteo pode crescer na educação cristã desde pequeno. Tornou-se um filho exemplar, educado e admirado por todos e foi justamente neste ambiente familiar cristão que o jovem Timóteo se tornou pastor em Éfeso.

O apóstolo Paulo também contribuiu para a edificação da fé de Timóteo (1.13; 2.2). Ele deu vários conselhos ao jovem. Queria ter a certeza que ele continuaria firme nas Escrituras. Por isso, orienta a Timóteo a permanecer na sã doutrina. Previne o diante dos males que acontecerão nos últimos dias. Ele já havia escrito a Timóteo alertando-o do perigo de que "nos últimos dias sobrevirão tempos difíceis" (3.1). E diante desses tempos difíceis, a exortação de Paulo a Timóteo é que este tenha um comportamento diferente dos homens cruéis, e de má índole que o apóstolo aponta no versículo 13:  Mas os homens perversos e impostores irão de mal a pior, enganando e sendo enganados. Estes homens, que Paulo descreve como “perversos” e “impostores” são a expressão máxima da depravação do ser humano, visto que corrompem a Verdade, “enganando e sendo enganados”. São os falsos mestres, que usam de mentiras e palavras enganosas para guiar, de forma errônea, o povo de Deus. Suas pregações e ensinos são heréticos, carregados de doutrinas humanas e de demônios (1 Tm 4.1), apostatando-os da fé e levando alguns a fazerem o mesmo.

Diante desta constatação, Paulo entende que Timóteo deveria permanecer fiel às Escrituras. Ele afirma: 'Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste' (v.14).A partícula adversativa δε no grego, traduzida como 'porém', estabelece uma oposição ou restrição ao que foi dito antes. Em outras palavras, Paulo diz a Timóteo: 'você, porém, deve permanecer naquilo que aprendeu e de que foi inteirado.' Permanecer significa viver, continuar ou ficar firme. É uma ordem que perdura em nossos dias: somos convidados a permanecer firmes e perseverar na verdadeira doutrina, conforme aprendemos nas Escrituras. Timóteo não só aprendeu das Escrituras, mas também foi 'inteirado', ou seja, o que aprendeu deveria ser aplicado em sua vida."

As palavras de Paulo a Timóteo, também são dirigidas a nós. Mas como é possível permanecer fiel naquilo que aprendemos das Escrituras, quando estamos vivendo uma época de grande confusão religiosa e moral? Como é possível viver num mundo relativista, onde “tudo é válido”? Na verdade, estamos inseridos em um tempo de pragmatismo onde o que importa é o que funciona, o que dá certo aos olhos humanos. Numa época, em que cada vez mais, torna-se difícil ter posições definidas tanto na igreja, como na sociedade. Ocorre que estamos nos distanciando da sã doutrina, do que é certo e dos valores absolutos da lei de Deus. Precisamos olhar para os irmãos que viviam no período da igreja primitiva. Uma vez convertidos a Cristo, eles passaram a receber a instrução dos apóstolos continuamente e não se desviavam dela. Estavam diariamente no templo para receber a pregação e instrução dos apóstolos nos cultos. Eles não seguiram as religiões pagãs da época, mas permaneceram firmes na doutrina dos apóstolos.

Permanece naquilo que aprendestes! Mas de quem Timóteo aprendeu? Certamente de sua avó Lóide e de sua mãe Eunice, que lhe ensinaram: “E que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” (v.15). Desde a infância sabes as sagradas letras. Observem o tempo para a instrução. O termo em grego é βρέφος significa criança recém-nascida, infante, bebê. Por isso, a expressão “desde a infância” é melhor entendida como sendo “desde criancinha”. A instrução, “desde criancinha”, nas Escrituras era considerada de grande responsabilidade em toda casa judaica ortodoxa e deveria ser com seriedade. Era dever dos pais contar aos filhos os grandes feitos de Deus na história de Israel (Dt 6.1-4). Assim, o êxodo deveria ser lembrado por todas as gerações de israelitas.

Penso que muitos pais deveriam se espelhar no exemplo de Eunice, mãe de Timóteo.  A presença dos pais é fundamental para a educação dos filhos nos ensinos da Palavra de Deus. É através das Escrituras que alcançamos sabedoria necessária para uma vida cristã autêntica. Quando ignoramos os valores da Palavra de Deus nos enveredamos por um caminho de insensatez, no qual o fim certamente é a morte. Por isso, é importante que construirmos a vida dos nossos filhos sobre a base da Palavra de Deus, pois somente as sagradas letras podem torná-los sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Somente as Escrituras têm capacidade de nos conduzir à presença de Deus. Ela é autoridade no tocante a estabelecer a verdadeira doutrina, e nos ensina como estar em um correto relacionamento com Deus. Ela nos conduz ao caminho reto e nos prepara para vivermos a vida marcada por um caráter segundo o coração de Deus. Por isso, precisamos permanecer firmes nas Escrituras. Cumprir fielmente, viver e anunciar com pureza a Palavra de Deus.

Timóteo aprendeu a permanecer firme nas Escrituras, pois ele sabia que: “Toda Escritura é inspirada por Deus”. (v.16a). Isto significa que a Bíblia é a Palavra de Deus. Em outras palavras, o próprio Deus é o autor das Escrituras. É verdade que foi escrito por homens, mas estes foram orientados por Deus. Lemos em I Co. 2. 13: “Falamos não em palavras ensinadas pela sabedoria humana, mas ensinada pelo Espírito Santo, conferindo coisas espirituais com espirituais”. apóstolo Pedro escreve que nenhuma profecia da Escritura é de particular interpretação. Na sequência ele logo trata de explicar que isso se dá porque a profecia da Escritura nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo (2 Pedro 1.20 e 21). Foi, portanto, o Espírito Santo que ensinou claramente tudo o que os escritores deveriam falar e escrever. O fato de Deus ter usado cada escritor da Bíblia com suas próprias características e estilo, não foram palavras ensinadas pela sabedoria humana. Na verdade, a pregação do Evangelho de Deus não depende da sabedoria de homens e do mundo. Se a pregação do evangelho, e se os escritos da Bíblia se fundamentassem na sabedoria dos homens, será que haveria total concordância em tudo? Será que poderíamos dar crédito ao que foi falado e escrito? Será que poderíamos pela Bíblia tornar-nos sábios para a salvação?

Vemos o quanto a Escritura é importante para a preparação de cada pessoa: Ela “é útil para o ensino, para repreensão, para a correção, para educação na justiça.” (v.16b).  Aqui, encontramos outra verdade: além de ser inspirada, a Escritura é útil. Ela nos aperfeiçoa e nos prepara para sermos servos educados e fiéis.Portanto, a Escritura possui autoridade divina (por ser inspirada) e beneficia aqueles que a leem com fé (por ser útil). A partir disso, podemos identificar quatro objetivos das Escrituras: ensino, repreensão, correção e educação na justiça. Primeiro: entre todos os grandiosos benefícios contidos na Palavra de Deus, temos o seu ensino.(διδασκαλια, do grego), cujo significado é estudo, ensino, doutrina, discipulado, ato de ensinar, aquilo que é ensinado. Somos agraciados com os ricos ensinamentos contidos nas Escrituras. Através delas, Deus nos concede as condições necessárias para termos uma vida totalmente compatível com Seus princípios, revelando-nos os caminhos que devemos seguir. Assim, ficamos capacitados a nos proteger das falsas doutrinas. Paulo preocupava-se com a falsa doutrina que se infiltrava na Igreja (1Tm 1.3).Por isso, exortou Timóteo a permanecer naquilo que havia aprendido das Escrituras, pois elas (as Escrituras) têm autoridade divina para reger nosso ensino e doutrina. A Bíblia é a nossa única regra de fé e prática.

Segundo: ela é inspirada e útil “para a repreensão”. O termo grego ἔλεγχος ( “repreensão”) significa prova, teste ou verificação, por meio dos quais algo é examinado e aprovado. Quando somos confrontados pela Palavra, somos provados e examinados de tal forma que, se houver em nós algo contrário à vontade de Deus, somos convencidos do pecado. Isso significa que a Escritura tem como propósito revelar o pecado e chamar o indivíduo ao arrependimento (1Tm 5.20). Paulo amplia esse conceito em 2Tm 4.2, ao exortar: “prega, corrige, exorta, repreende”. O foco aqui está em refutar o erro. Essa exortação é uma argumentação verbal que dissipa dúvidas sobre o que é certo e errado, incentivando o ouvinte a seguir o que é justo (Tt 1.13; 2Tm 2.24–26). Em Mt 18.15 e 1Tm 5.20, o mesmo termo é utilizado, sugerindo o sentido de arguição ou convencimento a respeito do pecado. Devemos, portanto, admoestar as pessoas que vivem no pecado, deixando claro que estão agindo de modo incorreto. Por outro lado, é importante lembrar que o convencimento do pecado é uma obra do Espírito Santo (Jo 16.8).

Terceiro: a Escritura é inspirada e útil “para a correção”. O termo grego usado aqui é ἐπανόρθωσις, que significa restauração a um estado correto ou aperfeiçoamento de vida e caráter. Isso indica que o pecador não deve apenas ser advertido a abandonar o que está errado, mas também deve ser guiado para que ocorra uma restauração ao caminho correto, resultando em mudança de conduta na vida do ser humano. A correção deve retirar o homem da prática do erro e conduzi-lo de volta à prática do que é reto. Ou seja, não basta apontar o erro; é necessário oferecer passos concretos que o levem a um comportamento acertado. Deus utiliza a disciplina como instrumento para que seus filhos andem na luz (2Tm 2.25; Pv 3.11–12).

Enfim, a Escritura é inspirada e útil para educação na justiça.  O termo παιδεια tem um sentido muito rico. Pode ser traduzido por instrução, disciplina, também inclui o treino e cuidado do corpo. Este termo é usado em Ef 6.4: “criai-os na disciplina… do Senhor”. Em Tt 2.11-14 o termo ganha o sentido de treinamento para uma vida santa e reta. Essa educação é o treinamento prático, moral, que produz um caráter justo e santo, uma conduta reta e piedosa. Isso ficará mais explícito no verso 17: “a fim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente habilitado para toda boa obra.” O homem de Deus, aqui nas epístolas a Timóteo, é uma referência ao ministro do evangelho (1Tm 6.11), mas por extensão pode ser aplicado aos cristãos em geral. A palavra αρτιος, “perfeito”, alude a algo completo, da mesma forma que εξαρτιζω, “perfeitamente habilitado”. Portanto é através da Escritura inspirada por Deus, que o crente é plenamente equipado para toda boa obra. Ele permanece na verdade e aplica essa verdade da forma apropriada de modo a exercer o seu ofício real e sacerdotal como proclamador do Evangelho de Cristo (1 Pedro 2.9).

O que seria de nós sem as Escrituras? Viveríamos sem luz, sem orientação, sem consolo e sem salvação. Não saberíamos de onde viemos, por que estamos aqui, nem para onde vamos. Por isso, é de fundamental importância afirmarmos: Toda Escritura é inspirada por Deus.É na Palavra de Deus que Jesus procurou defender-se contra os ataques de Satanás, dizendo: “Está escrito”. Ele sempre usou o “Está escrito” para vencer os fariseus e saduceus. É na Palavra de Deus que os cristãos das catacumbas, da Idade Média, encontraram luz para os seus caminhos. É na Palavra de Deus que Lutero tornou-se o reformador e purificador da Igreja cristã. Devolveu à Escritura Sagrada, o lugar de destaque que ela sempre deveria ter, para ser fonte infalível das verdades que Deus transmitiu ao povo de todas as gerações. Esta é uma das grandes bênçãos da Reforma, que podemos ressaltar: a reposição da Bíblia Sagrada como base de qualquer doutrina da Igreja. Hoje, a Bíblia ainda continua sendo o livro atual de sempre. Seu conteúdo é sempre o mesmo. Suas vendas aumentam dia após dia. Seu valor é incalculável, pois nela encontramos o maior tesouro, a salvação pela fé em Cristo Jesus.                  

Ao chegar no final de sua Carta, Paulo deseja preparar e desafiar Timóteo diante da sua tarefa em seu ministério. Assumir a responsabilidade, uma vez que a morte de Paulo era iminente por causa da presente perseguição. Ele afirma: “Conjuro-te perante Deus e Cristo Jesus que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino”. (4.1). O termo em grego διαμαρτύρομαι (conjuro) significa atestar, testificar a, afirmar solenemente, dar testemunho solene para alguém. “Conjuro”, ou seja, testifico ou vou testemunhar perante Deus e Cristo no dia do julgamento. Isto significa que Paulo traz à cena não apenas o personagem Jesus, mas o evento de sua vinda escatológica para julgar o mundo, incluindo os seus obreiros, de acordo com suas obras. Esse julgamento se dará por meio do aparecimento de Jesus Cristo quando se manifestar. Podemos estar certos disso por causa da função da sua aparição, a de julgar vivos e mortos, reservada para o fim, bem como a vinda do Reino. Outro detalhe interessante é o de que Paulo, ao referir-se ao julgamento, como tendo como alvo tanto vivos como mortos, lembra a Timóteo que ninguém escapará do julgamento do Senhor.

Paulo convocou Timóteo para cumprir os ensinamentos das Escrituras e assumir o seu ministério com fidelidade, não deixando de cumprir a sua tarefa que Deus havia designado, ele haveria dar testemunho a Cristo no dia do julgamento. Mas no momento, deveria exercer o seu ministério com fidelidade. Como poderia fazê-lo? Paulo explica: “prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina.” (4.2). Paulo destaca três pontos importantes. primeiro: pregue, proclame a Palavra, o Evangelho. Pregar a Palavra de Deus deveria ser o principal assunto da vida de Timóteo.  Somente a Palavra de Deus é suficiente para corrigir, repreender e exortar pessoas para salvação.

Segundo: insta em todo o tempo. Este termo ἐφίστημι significa “estabelecer, estar em cima, estar presente. No entender de Paulo, Timóteo deveria manter-se de prontidão. Deveria estar em seu posto e aproveitar todas as oportunidades de tornar conhecido o Evangelho. Deveria insistir no assunto e nunca perder a oportunidade de divulgar o Evangelho, “quer o tempo pareça oportuno, quer não”, insista, mantem-se na   sua tarefa. Terceiro: deveria “corrigir, repreender e exortar”. Corrigir tem o sentido de refutar, convencer alguém que está errado, mostrar seu erro e leva-lo ao acerto. Repreender já tem um sentido mais negativo do primeiro, não tem o comprometimento de levar a pessoa ao acerto. Tem a ver com censurar, acusar o erro. Por fim, exortar tem o sentido de encorajar, chamar para o lado, alguém que está trilhando um caminho errôneo. Esses três verbos devem ser colocados em prático “com toda paciência e doutrina”, ou seja, em amor, com calma e baseando-se sempre nas Escrituras.

Paulo explica o porquê da urgência e relevância de colocar em prática tudo o que foi dito a Timóteo. Ele diz que haverá tempo em que “não suportarão a sã doutrina”. O verbo ἀνέχομαι (suportar) tem o sentido literal de carregar, aguentar. E a palavra διδασκαλία (doutrina), é qualificada como sã, saudável. Portanto vemos que Paulo explica a Timóteo que a obra da pregação da Palavra, correção, repreensão e exortação deve ser algo urgente, porque um dia as coisas vão piorar, e as pessoas não poderão mais suportar a doutrina sadia, bíblica. Pelo contrário, essas pessoas serão cercadas de mestres, segundo as suas próprias cobiças. Na verdade, estas pessoas querem ouvir apenas aquilo que lhes convêm, de acordo com seus desejos, ou, de suas cobiças pecaminosas, como quem sente coceira nos ouvidos (Literalmente: coçando os ouvidos). Isto significa que, quando ouvirem a sã doutrina e a odiarem, coçariam seus ouvidos para mostrar que não querem ouvir enquanto procuram mestres que os apoiem em seus erros. Os ouvintes deste tipo rejeitam a verdade e preferem ouvir a mentira. (v.4). Paulo orientou Timóteo que no futuro as pessoas se recusarão a ouvir, concordar, obedecer, as verdades a respeito do Criador. Serão propensos à mitos, fábulas, histórias criadas, vindas da imaginação.

Diante de tal situação, Paulo é enfático sobre o dever de Timóteo: “Tu, porém, sê sóbrio em todas as coisas, suporta as aflições, faz o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu ministério.” (v. 5). Aqui, novamente Paulo usa a partícula adversativa δε - “porém”, indicando um claro contraste entre os que não amam a verdade e o que Paulo esperava de Timóteo. Paulo deseja que Timóteo seja contrário aos falsos mestres, sendo “sóbrio em todas as coisas”. O termo νήφω (sóbrio) significa literalmente, estar calmo e sereno de espírito, ser moderado, controlado. Por isso, ser sóbrio é o contrário de acreditar em mitos. Esta sobriedade deveria acompanhar Timóteo em todo o tempo e em tudo o que ele fizesse.

Outra ordem é a de que Timóteo suportasse sofrimentos. Obviamente, Paulo não deseja que Timóteo procurasse algum sofrimento para si, mas, sim, que trabalhasse, estando disposto até mesmo enfrentar os sofrimentos, diante das circunstâncias vividas no momento. Convocar Timóteo a ser um crente fiel e pregador ousado da palavra, já é, praticamente, o mesmo que o convocar a suportar sofrimentos. Paulo também convida Timóteo a “fazer o trabalho de evangelista”. Não seria qualquer trabalho em seu ministério. Mas, exclusivamente, relacionado com o Evangelho. Aliás, todos os servos de Deus devem fazer a obra de um evangelista. É importante notar também que ao dizer essas palavras Paulo está limitando o conteúdo da mensagem de Timóteo, contrastando novamente a mensagem do Evangelho (a verdade) com os mitos (mentiras).

As breves recomendações de Paulo a Timóteo terminam com um imperativo final: “cumpre cabalmente o teu ministério”. A palavra grega πληροφορέω que significa pleno, completo, levar até o fim, executar, realizar completamente. Todo o trabalho dever cumpridas até o fim, completamente. Quais? De acordo com o contexto, seria o de ser sóbrio em todas as coisas, suportar os sofrimentos e pregar o Evangelho. Paulo não quer que Timóteo faça seu trabalho pela metade, antes ele deve fazer sua obra por completo, com eficácia, sob quaisquer circunstâncias. Por isso, deveria realizar todo o seu serviço para o Senhor; cumprindo-o integralmente. E isto só é possível se o ministério for efetuado corretamente. Façamos como ao apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, reto juiz, me dará naquele dia; e não somente a mim, mas também a todos quantos amam a sua vinda” (2 Tm 4.6-8). Ele almejava que Timóteo, em algum tempo, chegasse à esta postura.

Portanto, diante de tantas doutrinas falsas, precisamos renovar nosso compromisso com a Palavra de Deus. Ela precisa fazer parte de nossas vidas, uma vez que sem ela, corremos sérios riscos de nos desviar da nossa fé cristã. Por isso, peçamos que o Senhor possa nos acrescentar conhecimento e sabedoria, para que estejamos preparados e capacitados para fazer tudo aquilo que for da Sua vontade. Somente a sabedoria de Deus, por ação do Espírito Santo, nos revela as verdades bíblicas e nos dá a fé salvadora. Nos leva a entender que de fato “toda a Escritura é inspirada por Deus”, e uma vez sob a influência da palavra inspirada por Deus nos torna aptos ou em condições para toda a boa obra. Sendo assim a permaneçamos naquilo que aprendemos, desde criança com os pais, na escola dominical, no período de confirmação, na juventude sobre as Escrituras. Permita que essa Palavra frutifique em sua vida! É justamente isto que o Senhor almeja. Amém!

 

 

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