TEXTO: LC18.1-8
TEMA: SEJAMOS PERSEVERANTES NA ORAÇÃO!
Estimados irmãos! Que a paz do nosso Senhor Jesus Cristo nos acompanhe neste dia. Convido-os a abrir suas Bíblias em Lucas 18.1-8 para refletirmos juntos sobre nossa caminhada cristã. O tema de hoje é: sejamos perseverantes na oração!
Em diversas ocasiões, ao longo dos Evangelhos, Jesus ensinou aos discípulos sobre a oração, destacando sua importância essencial na vida espiritual e no relacionamento com Deus. Ele não apenas ensinou como orar, mas também viveu uma vida de oração contínua, sendo um exemplo prático para Seus seguidores. Quando os discípulos pediram: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11.1), Jesus respondeu ensinando o Pai Nosso. Logo após apresentar essa oração-modelo, Ele os convidou a ser perseverantes na oração. Suas instruções revelam que a oração deve ser sincera, perseverante e feita com fé — não como uma prática exterior para ser vista pelos outros, mas como uma expressão autêntica de comunhão com o Pai.
Ao usar o exemplo de um juiz injusto que atendeu a uma viúva insistente, Jesus mostrou que se até um homem mau pode agir por insistência, quanto mais Deus, que é justo e amoroso, responderá aos clamores de Seus filhos. A parábola, portanto, nos encoraja a orar sempre e não desanimar, confiando que o Senhor fará justiça no tempo certo. Assim como a viúva não desistiu, o cristão deve perseverar, sabendo que Deus é fiel e cumprirá Suas promessas (Hb 10.35-36; Sl 37.5-6).É justamente a oração persistente que fortalece a esperança e renova a fé.
Mas por que devemos ser perseverantes na oração? Vejamos quatro pontos que o texto apresenta: primeiro, porque Deus deseja que oremos sempre e não desanimemos. Jesus ensina aos Seus discípulos que deveriam orar, mas “nunca esmorecer”, ou seja, não desanimar, fraquejar, falhar no propósito ou render-se à covardia. Ou seja, o propósito é claro: a oração deve ser constante e perseverante na vida do cristão.
Segundo, porque a oração mantém nosso relacionamento com Deus. Quando perseveramos na oração, cultivamos uma comunhão constante com o Criador. Essa prática mantém o nosso relacionamento vital e contínuo, pois é nela que compartilhamos nossos pensamentos, súplicas e agradecimentos. O próprio Jesus estabeleceu esse princípio de união indissolúvel ao dizer: 'Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós' (João 15.4). A oração perseverante é a expressão prática desse 'permanecer'."
Terceiro, porque a viúva representa o crente que confia em Deus mesmo sem ver resultado imediato. A viúva era fraca, sem influência, sem recursos, mas ela não desistiu de suplicar sua causa a um homem ímpio e sem consideração por ninguém. Isso nos ensina que a força do cristão está na persistência, não no poder humano. Deus se agrada da fé que não se cansa de bater à porta (Mt 7.7–8), pois temos um Juiz santo e justo; então não podemos desanimar.
Quarto, a oração perseverante é uma expressão de fé verdadeira. Orar com perseverança é viver pela fé: manter-se firme, mesmo quando nada muda. É a prova prática de que confiamos no caráter de Deus, e não apenas nas circunstâncias ou resultados. Jesus pergunta: “Quando vier o Filho do Homem, achará fé na terra?” ( v.8).Essa pergunta mostra que a fé verdadeira se manifesta na perseverança.Quem crê de fato não desiste, mesmo quando o tempo parece longo ou o silêncio de Deus.
Estimados irmãos! Jesus inicia o texto apresentando o objetivo principal da Parábola do Juiz Iníquo: “devemos orar sempre e nunca esmorecer” (v.1). A expressão “o dever de orar sempre” não é um mero conselho ou sugestão. Jesus está estabelecendo a oração constante como uma obrigação fundamental e uma necessidade vital na vida do cristão. É algo que deve ser feito, não ocasionalmente, mas com perseverança.O advérbio grego πάντοτε (“sempre”, “em todos os momentos”) e o verbo προσεύχεσθαι (“orar”), que aparece no tempo presente contínuo, reforçam a ideia de que a oração deve ser um hábito contínuo e uma atitude constante, não um ato esporádico ou ocasional. Esta verdade, Jesus ensina aos Seus discípulos que deveriam orar, mas “nunca esmorecer”, ou seja, não desanimar, fraquejar, falhar no propósito ou render-se à covardia. Portanto, “orar sempre” é manter-se em comunhão com o Pai, confiando que Ele age no tempo certo, de maneira justa e perfeita; é “não esmorecer,” mas permanecer firme, mesmo quando as circunstâncias parecem adversas e o silêncio de Deus se prolonga.
Também devemos orar sempre ao nosso Deus. Em qualquer situação, mesmo na tristeza, no luto, dívidas, desemprego ou doenças, seja qual for a situação, é necessário orar sempre. Paulo recomenda a prática da oração: “Orai sem cessar.” ( I Ts 5.17). Encontramos um ótimo exemplo na oração de Ezequias. (2 Rs 20.1–3). Também Jesus nos mostra com o seu exemplo ao orar no Jardim do Getsêmani. Orou sem cessar ao Pai Celeste. Buscou forças e amparo em meio ao sofrimento. A profetiza Ana não deixava o templo e orava a Deus na esperança de ver o Salvador. E assim muitos servos de Deus oravam: Abrão, Davi, Elias... Todos expressavam alegria, felicidade e gratidão. Mas há momentos em que a vontade de orar diminui ou até desaparece. Muitas pessoas desanimam na oração por diversos motivos: quando não há uma resposta imediata às orações, o que pode levar à frustração e até ao abandono da prática; falta de disciplina em persistir; ausência de fé e a falta de confiança nas promessas Deus.
Para reforçar a necessidade de “orar sempre e nunca esmorecer”, Jesus narra a Parábola do Juiz Iníquo.A narrativa é ambientada em uma cidade onde havia um juiz cujas características eram profundamente negativas para quem buscava direito e justiça. A descrição feita por Jesus é dupla: o juiz, por um lado, não temia a Deus e, por outro, não respeitava homem algum (v.2). Esse juiz não se preocupava com princípios espirituais. Agia sem considerar a vontade ou a justiça divina. Além disso, sua falta de reverência para com Deus indica que ele não se preocupava em fazer o que era moralmente correto perante Deus. Em outras palavras, era impiedoso. Ele também não agia com base em principios éticos. Sua postura era de completa indiferença ao sofrimento humano, uma vez que não se importava com o bem do próximo. Estava focado exclusivamente em seus próprios interesses.Enfim, o cargo que deveria ser um meio de servir à sociedade e proteger os vulneráveis se transformou em um instrumento de poder pessoal e conveniência egoísta.
Na mesma cidade, havia também uma viúva. Naquela época, ser viúva era estar em uma posição muito precária. As mulheres tinham poucos direitos e, muitas vezes, não eram levadas a sério, especialmente em tribunais. Já de idade e sem marido para a defender, ela corria o perigo de sofrer muitas injustiças e cair na miséria. Mas quem era esta viúva? Não é apresentada qualquer informação sobre ela, não se sabe sequer qual era a causa que o afligia. Sabe-se apenas que ela está sendo prejudicada nos seus direitos por causa de alguém denominado de "adversário" e que, por isso, procura o juiz a quem se dirige de forma contínua e persistente : “ Julga a minha causa contra o meu adversário.” (v.3). O seu pedido evidenciam três pontos cruciais: primeiro indica que ela estava sofrendo uma injustiça ativa causada por um "adversário." Dada a sua condição de viúva, ela não possuía recursos, status ou um defensor masculino para resolver o litígio, o que a tornava totalmente dependente da decisão do juiz. Segundo, o objetivo dela era claro e direto: justiça. Ela não pedia favor, caridade ou compaixão; ela exigia o direito que lhe havia sido negado, sem se desviar para súplicas emocionais. Terceiro, o fato de se dirigir a ele "continuamente" é a chave da parábola. Ela transformou sua fraqueza legal em força de perseverança. É essa repetição obstinada que, no final, consegue quebrar a indiferença do juiz.
O juiz,porém, não estava interessado no pedido da viúva: “Ele, por algum tempo, não a quis atender.” (v.4a).Ignorou as suas súplicas por algum tempo e se recusou a agir em seu favor. Aquele juiz demonstrou certa indiferença inicial à necessidade da viúva. Isso mostra que a recusa do juiz não foi um ato isolado, mas uma demora intencional e egoísta. Ele simplesmente ignorava a causa da viúva, porque não sentia nenhuma obrigação moral de ajudá-la. Mas o juiz muda de ideia. Ele passa de uma posição de indiferença para uma de deliberação. Ele disse consigo mesmo: “Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum.” (v.4b). O juiz descreve a sua total falta de princípios morais e éticos, como um homem que só age por interesse próprio. Ele busca uma razão puramente egoísta para agir. A negação é direta: ele deixa evidente que não tem nenhuma reverência pela lei divina ou pelas consequências espirituais de suas ações. Não se sente responsável perante uma autoridade moral superior. Também não se importa com a honra, reputação ou julgamento público, sendo totalmente indiferente às normas sociais e à necessidade alheia. Enfim, não se importa com a reputação, a opinião pública, o sofrimento ou as leis humanas.
O juiz, na verdade, não age por senso de justiça, e muito menos por compaixão. Ele não faz isso por bondade, pelo temor a Deus, nem pela preocupação com a opinião pública, mas sim movido unicamente por seus próprios interesses.Ele mesmo reafirma seu caráter iníquo e egoísta ao admitir : "todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não volte e me importune muito." (v. 5). Para o juiz, a persistência da viúva é um incômodo extremo. Ele entende que viúva não estava apenas "molestando" ou "importunando". A sua persistência constante estava, de forma figurativa, "esgotando" o juiz e "desgastando" sua resistência, perturbando sua paz até forçá-lo a agir. A profundidade disso reside no verbo grego usado: ὑπωπιάζῃ . Ao usar este verbo, que significa literalmente "dar um soco abaixo do olho" ou "esgotar" (como um golpe de boxe), Jesus indica uma ação contínua ou habitual da viúva. A justiça concedida pelo juiz não é fruto da sua adesão a um princípio de equidade divina ou a um ordenamento legal do Estado de Direito. Pelo contrário, ela é o resultado de uma coerção existencial imposta pela ameaça de importunação contínua.
Vivemos em um mundo onde a justiça humana frequentemente falha. Corrupção, parcialidade e limitações impedem que muitos recebam o julgamento que merecem. Ocorre que o juiz humano é insensível, egoísta e moralmente falho. No entanto, ao contrário do juiz iníquo, Deus é justo, santo e misericordioso. Ele é perfeito e não age segundo aparências, riquezas, status social ou poder. Seu julgamento é baseado em Sua lei perfeita, no caráter e nas intenções de cada pessoa. A Bíblia nos revela que Deus é o nosso Juiz, e Ele ouve quando oramos. Ele não é indiferente às nossas dores nem ignora os nossos pedidos. Pelo contrário, Ele se compraz em fazer justiça àqueles que O buscam de coração sincero. O Salmo 7.11 declara: “Deus é juiz justo, um Deus que sente indignação todos os dias.” O salmista mostra que o Senhor vê tudo e reage com justiça. Seu juízo é santo, imutável e fundamentado na verdade absoluta — nunca é impulsivo ou influenciado por emoções humanas. Mesmo sendo justo, Deus é também amoroso e paciente. Ele concede tempo para o arrependimento, chama o pecador ao conserto e oferece o caminho da salvação por meio de Jesus Cristo. Como afirma 2 Pedro 3.9: “O Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Ao contrário, ele é paciente com vocês, não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento.”
Ao concluir a parábola, Jesus revela uma promessa profunda sobre o caráter de Deus e Sua fidelidade em atender àqueles que Lhe pertencem: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que a Ele clamam dia e noite, embora pareça demorado em defendê-los?” (v.7). Jesus contrasta o caráter de Deus com o de um juiz injusto. Se até um juiz iníquo — mau, indiferente e sem temor — cede à insistência de uma viúva, quanto mais Deus, que é bom, justo e amoroso, ouvirá e responderá aos Seus escolhidos. Os escolhidos são aqueles que pertencem a Deus. O termo grego ἐκλεκτῶν, no genitivo plural, aponta para o povo de Deus — os que Lhe pertencem. Foi o justo Juiz quem escolheu os Seus, amando-os mesmo quando ainda estavam mortos em delitos e pecados, e justificando-os pelos méritos de Cristo no Calvário. Assim, os tornou “geração eleita, sacerdócio real, nação santa e povo adquirido” (1 Pedro 2.9). Deus tem um compromisso de amor e cuidado com os escolhidos. Historicamente, os escolhidos, tanto no tempo de Jesus quanto nos períodos subsequentes, estiveram sob opressão e perseguição. Eles “clamam a Ele dia e noite”, demonstrando uma vida de oração perseverante, marcada pela confiança e dependência de Deus. Esses clamores buscam libertação e justiça. E ainda que pareça haver demora na resposta, mas isso não significa indiferença nem ausência de justiça. Pelo contrário, é uma oportunidade para o povo de Deus crescer em fé, depender mais d’Ele e confiar no Seu tempo perfeito.
Jesus fala de uma promessa de justiça divina rápida em resposta à oração e à perseverança. As palavras de Jesus carrega um profundo significado teológico e pastoral. Primeiro,Jesus afirma: “Digo-vos que, depressa, lhes fará justiça”. (v.8a). Deus fará justiça aos seus escolhidos — e o fará “depressa. O termo grego traduzido como “depressa” é τάχιον, derivado de ταχύς significa “rápido”, “ligeiro”, “sem demora”. Entretanto, no contexto bíblico, o advérbio não indica necessariamente imediatismo cronológico, mas certeza e prontidão na ação divina.Assim, “depressa” aqui expressa a prontidão de Deus em agir. Ele não é indiferente ao clamor dos Seus escolhidos. Sua justiça é certa e virá no tempo oportuno e será rápida, eficaz e definitiva. Pedro afirma:“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia” (2 Pedro 3.9).
Por último, Jesus deixa uma pergunta no texto que ecoa por toda a história: “Contudo, quando vier o Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” (v.8b). Jesus aponta para a necessidade de perseverar para que o Filho do homem encontre fé quando voltar novamente. Todo cristão verdadeiro aguarda ansiosamente por esse momento final, quando toda justiça será revelada no dia do juízo. Nesse dia Cristo julgará os vivos e os mortos e porá fim em toda maldade, perversidade e injustiça (Atos 10.42). Mas é verdade que a espera por esse dia pode parecer muito longa e demorada para nós. Contudo, nos planos de Deus o tempo certo já está determinado, assim como disse o apóstolo Pedro (2 Pedro 3.9). Quando esse momento finalmente chegar, o justo Juiz agirá depressa, e todas as promessas feitas aos seus filhos que sofreram perseguições durante toda a história serão cumpridas integralmente.
Jesus contou essa parábola para ensinar aos discípulos sobre a importância da oração constante e da fé perseverante. Eles aprenderam que a verdadeira oração nasce de um relacionamento pessoal com Deus, e não de simples repetições.Esse ensinamento continua atual: a fé se mantém viva por meio da oração perseverante, especialmente enquanto aguardamos o retorno de Cristo. Em meio às injustiças, dores e decepções da vida, somos chamados a orar sem cessar, confiando que Deus ouve e age no tempo certo.Mesmo quando as respostas parecem demoradas, não devemos desanimar nem abandonar o caminho da fé.Assim como a viúva da parábola não desistiu, nós também somos chamados a perseverar com fé, certos de que o nosso Deus é justo e fiel para agir no tempo oportuno.
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