sábado, 18 de outubro de 2025

  

 

TEXTO: LC. 18.9.14

TEMA: A CONFIANÇA DO HOMEM EM SEUS MÉRITOS

Vivemos numa sociedade em que o homem gosta de ser aclamado, reconhecido pelo que faz e de receber aplausos. Enfrenta desafios em busca da fama, do status, da honra, do poder, do sucesso. O que prevalece é a sua confiança em seus méritos! Esta é a característica do homem no meio secular e profissional. Em si não está errado! No entanto, o grande problema é quando transformamos estes méritos no maior objetivo de nossa vida, e esquecemos de Deus. Brigamos por poder, mérito, reconhecimento e não vivemos o Evangelho da graça, do mérito de Cristo. Mas Jesus nos exorta quando, assim, procedemos: "Pois, que adiantará ao homem ganhar o mundo inteiro e perder a sua alma? Ou, o que o homem poderá dar em troca de sua alma?" (Mateus 16.26).

No tempo de Jesus, havia certos homens que agiam desta forma, gostavam de expor os seus méritos. Julgavam a si mesmo perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos e justiça própria. Eram egocêntricos, arrogantes e não reconheciam seus erros. Consideravam-se pessoas puras de coração. Confiavam nas suas proezas e boas obras que realizavam. Mostravam o quanto estava tão distante de Deus. Homens idênticos aos fariseus existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que estes tipos de homens estão presentes no contexto da própria igreja. Hoje, encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder político, status social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser aplaudidos por aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos perante Deus por aquilo que oferecem à igreja.

Diariamente precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho e de Cristo, não busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou merecimentos humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si. A honra e aplausos são somente para Cristo. Também precisamos olhar para aquele publicano. Ele se apresenta humildemente diante de Deus, nada tem a oferecer de justiça própria. Apenas consciente de sua falta, e necessitado da misericórdia do Senhor. Ele confiou apenas na misericórdia de Deus, e não nos seus méritos.Com quem você se parece? Um fariseu orgulhoso ou um publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu não encontra morada em seu coração?  Será que sua atitude e posicionamento de vida, agradam a Deus? Vamos refletir!

                                                                  I

 A Parábola do Fariseu e o Publicano ensina que devemos orar com atitude correta. A mensagem dessa parábola complementa o que foi transmitido nos versículos anteriores do mesmo capítulo, na Parábola do Juiz Iníquo, que ensina sobre a importância da perseverança e constância na oração. Assim, o significado central da mensagem transmitida por ambas as parábolas é que devemos orar constantemente e com humildade de espírito, pois é a verdadeira humildade que nos leva à exaltação. E para ilustrar esta questão, Jesus inicia afirmando que “uns que confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros.” (v.9). Estes entendiam que haviam cumprido as exigências da lei de Deus, e, por isso, se consideravam justos perante o Senhor. No entanto, os outros que não eram justos e não agiam da mesma forma que eles, eram desprezados. Infelizmente o orgulho, a glória e o desprezo pelos outros estavam alojados no coração destas pessoas.

Diante desta atitude, Jesus afirma que dois homens subiram ao templo para orar: um fariseu e um publicano. (v.10). Eram dois personagens tão contrastantes, contraditórios exteriormente. Estes dois personagens eram conhecidos entre o povo. O objetivo era o mesmo: vão ao templo para orar. Dirigir-se ao templo representava colocar-se na presença de Deus. O fariseu era conhecido como observador da lei. Ele se coloca de pé, ou seja, toma certa posição para orar, bem como um lugar de destaque onde todos pudessem vê-lo, e "orava de si para si mesmo". (v.11). Literalmente, esta expressão significa: "orava estas coisas para si". Isto indica que a sua principal atenção era dirigida a si mesmo. Não havia demonstração de reverência a Deus. Não havia manifestação de humildade. Não havia reconhecimento de sua posição, em relação com Aquele a quem estava se dirigindo. Em outras palavras, o fariseu estava falando de si consigo mesmo. Seus elogios eram dirigidos ao seu próprio ego.

A primeira atitude do fariseu em sua oração é agradecer a Deus pelo que ele é. (v. 11a). Demostra que era um homem justo, pois sempre cumpriu a lei, e, por isso, tinha direito à sua gratidão. Na verdade, tentava mostrar para Deus o quanto ele era bom, e como Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante dele. No entanto, as palavras mais significativas na sua oração, ocorre quando se compara a outras pessoas: “não sou como os demais homens, zombadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano”. (v. 11b). Em suas palavras, ele elogiou a sim mesmo, e se considerava melhor que outros homens, melhor ainda que o publicano. E quando viu o publicano orando, também o incluiu em sua lista de desprezados. Isto podemos observar através do pronome demonstrativo αυτός (este), que traz a conotação de alguém que demonstra desprezo por outra pessoa.

Depois que enumerou uma lista de pecados que nunca cometera, ele apresenta, agora, uma lista de suas virtudes e perfeições. Exibiu seus grandes feitos como cumpridor da Lei. Na verdade, como um bom fariseu, ele se esforçou para enfatizar que ele fazia ainda mais do que a Lei mandava: “Senhor, eu jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho.” (v.12). Aqui, também merece destaque o pronome pessoal εγώ: “eu não sou como os demais homens... eu jejuo... eu dou o dízimo.” Seus atos demonstram que era um indivíduo egocêntrico. Além disso, também se orgulhava de pagar o dizimo de tudo o que possuía, até mesmo daquilo que não era exigido.

Será que Deus agiu corretamente para com o fariseu? Afinal, ele fez a vontade de Deus. Cumpriu rigorosamente a lei. Eram pessoas devotas. Mas convém examinarmos a oração deste fariseu. Não havia demonstração de reverência a Deus em sua oração. Não havia petição. O que havia era uma apresentação de suas virtudes, uma demonstração de hipocrisia, uma apresentação convencida, orgulhosa, de suas virtudes em relação ao publicano. O que se conclui que a grande falha do fariseu foi atribuir sua vida honesta e seus atos corretos a si mesmo, como méritos seus, e apresentá-los como dignos de justificação.  Na verdade, a sua oração não tinha destino correto. Ele não falava para Deus, mas para si mesmo. Ele elogiava a si mesmo. Nada pedia a Deus e nada, de fato, agradecia. Era mais do que uma recitação das supostas qualidades e obras do fariseu, uma tentativa de demonstrar a Deus que ele merecia a consideração divina.

Outro detalhe importante em sua oração é que, em momento algum, confessou seus pecados e mostrou arrependimento. Pelo contrário, o fariseu parecia tentar mostrar a Deus o quanto era bom e como Deus era privilegiado por ter alguém daquela qualidade orando diante d’Ele. Era egocêntrico, arrogante e não reconhecia seus erros, pois julgava a si mesmo perante Deus pela sua vida exemplar, pelos méritos, justiça própria, confiança nas suas proezas e nas boas coisas que realizava, e, por isso, não reconhecia a sua própria necessidade da graça de Deus. Sendo assim, não achou mal algum em sua alma, pensava que não necessitava do perdão de Deus, porque se considerava uma pessoa pura de coração. Mostrou o quanto estava distante de Deus, Mostrou o quanto adorava a si mesmo e não a Deus. Mas no julgamento de Jesus, ele não foi aprovado e nem desceu justificado para a sua casa

Homens idênticos aos fariseus existem muitos. Talvez não nos surpreenderíamos ao saber que estes tipos de homens estão presentes no contexto da própria igreja. Hoje, encontramos muitos líderes ou pastores que almejam poder político, status social, dinheiro, fama, bens materiais; outros gostam de ser aplaudidos por aquilo que realizam. Enfim, querem ser reconhecidos por aquilo que oferecem à igreja. Diariamente precisamos sempre lembrar: quem está a serviço do Evangelho e de Cristo, não busca reconhecimento, crescimento, importância, aplausos ou merecimentos humanos. Não busca luzes, holofotes e tão pouco aplausos para si. A honra e aplausos são somente para Cristo. O que precisamos apenas é confiar na misericórdia de Deus, e não nos nossos méritos.

                                                           II

No entanto, a atitude do publicano é de humildade. Mas quem eram os publicanos? Os publicanos eram cobradores de impostos, que não raras vezes exploravam o povo, sendo considerado desprezíveis na época. Ele também faz a sua oração. Onde e como? Não ao pé do altar, mas de joelhos lá no fundo de templo onde ninguém poderia vê-lo.  Não desejo ser ouvido por ninguém, além de Deus. Não enumera os seus méritos, mas ciente de sua indignidade e culpabilidade, demonstrou uma atitude de humildade.  Ele não ousa levantar os olhos ao céu porque lamenta o seu pecado e reconhece a justiça de Deus. Sua percepção de Deus e de sua relação com Ele, não lhe permitiria levantar seus olhos, mas antes baixa sua cabeça. Ele bate no peito em sinal de contrição. Bate, implorando: “Ó Deus, sê propício de mim, pecador!” (v.13). O publicano nada tem a oferecer de justiça própria. Por isso, a sua oração é simples. Ele pede apenas compaixão de Deus. Ele confia apenas na misericórdia de Deus. Esta oração curta, simples, continha todos os ingredientes necessários para ser ouvida por Deus. Nesta sentença há um reconhecimento da misericórdia de Deus, um conhecimento do pecado, uma consciência de que sem o perdão do Pai Celeste, se acharia sem esperança.

Deus, ouviu as duas orações. Ele, agora, dá o seu parecer: “Digo-vos que o publicano desceu justificado para a sua casa e não o fariseu.” (v14). A palavra justificar significa declarar ou tratar como justo. Este publicano foi tanto perdoado como aprovado por Deus. Ele foi declarado justo por Deus por causa da obra expiadora de Cristo. Por outro lado, o fariseu não reconheceu nenhum pecado nem pediu perdão. Não experimentou o perdão e a graça de Deus. Por isso, precisamos saber que ninguém será justificado diante de Deus por obras da lei. Não é confiando nas coisas boas que realizamos neste mundo, que seremos justificados perante Deus. Precisamos, sim, saber que somos pecadores e merecemos a condenação eterna. Sabendo esta verdade ninguém poderá tomar outra atitude perante Deus, senão a do publicano: “Ó Deus, sê propício a mim, pecador”. Este é o tipo de oração que será aceitável para Deus. Quando estivermos dispostos a confessar e abandonar nossos pecados, encontraremos misericórdia.

Olhando para estes dois personagens, surge uma pergunta: Com quem você se parece? Um fariseu orgulhoso ou um publicano humilde? Será que, por vezes, esta justiça do fariseu não encontra morada em seu coração? Será que com suas atitudes e posicionamentos de vida, agradam a Deus? Lembre-se: não é o orgulho, posição, mérito ou ações próprias que farão mover a justiça de Deus em seu favor. Quantas obras aprovadas pelos homens que Deus rejeita? Quantas posições honradas pelos homens que Deus não reconhece? Quantos bons nomes que para Deus são puros e simples disfarce?

O fariseu pensou que poderia se achegar diante de Deus com todo seu orgulho. Ele pensou que poderia ser justificado por suas boas-obras. No fim, Jesus diz:” todo o que se exalta será humilhado; mas o que se humilha será exaltado.” (v.14b). Essa declaração é uma clara advertência contra a soberba e o orgulho do homem. Em todas essas ocasiões, a ênfase de Jesus é  demonstrar a importância de um espírito humilde. Não faltam passagens bíblicas que reprovam o orgulho humano. Mas Jesus também diz que aquele que se humilhar será exaltado. Isso significa que aquele que se achega a Deus em humilhação, confessando seu pecado e reconhecendo que necessita da misericórdia e do perdão de Deus, receberá a graça divina. Foi exatamente isso que o publicano fez. Em sua oração ele apenas confessava ser um miserável pecador que necessitava de misericórdia. Ele humilhou-se a si mesmo, e foi exaltado, saído do Templo justificado.

Vejamos um exemplo sobre tudo que ouvimos neste texto: um jovem, recém-formado em seu curso de Teologia, chegou ao púlpito, impecavelmente vestido e mostrando-se muito confiante em si mesmo. Ele começou a pregar o seu primeiro sermão naquela que era a sua primeira igreja e as palavras simplesmente não saíam. Sentindo-se envergonhado e derramando lágrimas, ele deixou a plataforma onde estava pregando. Duas senhoras, já idosas, que estavam sentadas na primeira fila da igreja, comentaram entre si: Se ele entrasse como ele saiu, ele sairia como ele entrou. Aquele que permanece como é, termina onde começou.Meus irmãos, essa verdade simples e cortante nos lembra que a vida espiritual não é estática. Em Deus, ou se avança, ou se retrocede; não existe permanência neutra.Muitas vezes perdemos grandes bênçãos exatamente por nos julgarmos autossuficientes e por acharmos que não dependemos de Deus para nada.

Como você tem se chegado a Deus, como o fariseu ou como o publicano? Você tem procurando impressionar os homens ou servir a Deus humildemente? Tem confiando nos seus méritos ou em Deus? Diante desta reflexão, eu convido a todos a seguir os passos do publicano e dizer com toda a convicção: Ó Deus, sê propício a mim, pecador! Reconheço que não mereço nada da sua parte, a não ser castigo, sabendo disso, lhe peço compaixão, misericórdia pelo os meus pecados. Que o nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo nos auxilie, por sua misericórdia e graça, a termos sempre em mente a atitude de humildade do publicano. Amém.

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