TEXTO: SL121
TEMA: O MEU SOCORRO VEM DO SENHOR
O salmo 121 é um “cântico de degraus” ou um “cântico para a romagem” ou ainda “cântico de peregrinação”. Ele faz parte de um pequeno hinário cantado pelo povo de Israel, quando da sua ida às festas em Jerusalém. O salmista, neste texto, nos relata o momento da saída dos peregrinos de seus lares a fim de seguir sua jornada até Jerusalém, para participarem das três festas religiosas anuais, a saber: Páscoa, Pentecostes e Tabernáculo. Durante a viagem em condições precárias em direção à Jerusalém, lugar de adoração e sacrifício a Deus, os peregrinos cantavam. Demonstravam confiança em Deus. Exaltavam ao Senhor como o protetor nos momentos de dificuldades. Em certo sentido, esse era um momento alegre.
Mas também era uma ocasião de preocupação e aflição, pois esses viajantes teriam de deixar seus lares desprotegidos e suas famílias, além do seu patrimônio. O perigo de sair de casa não era somente para quem ficava, mas também para os viajantes. As estradas por onde os peregrinos passariam eram visadas por ladrões, com inúmeros esconderijos e locais para emboscadas. Sendo assim, o salmista busca proteção no Senhor e põe nele sua confiança desde sua saída até seu retorno. Somente Deus podia protegê-los e garantir uma jornada segura aos peregrinos.
A circunstância em que se encontrava o salmista, também tem sido a nossa situação. A vida do cristão é comparada a uma jornada. Somo peregrinos neste mundo, e estamos a caminho da nova Jerusalém. Muitos são os perigos nesta jornada. São tantas as dificuldades que temos que enfrentar, mas Deus é o nosso socorro. É justamente do próprio Deus que vem o socorro, aquele que pode nos socorrer que tem poder para mudar a situação das nossas vidas, pois a nossa proteção vem do Senhor.
I
O salmista inicia, dizendo: “Elevo os olhos para os montes” (v.1a). É uma oração em busca de ajuda, pois o salmista se vê impotente para chegar ao seu destino em segurança por seus meios próprios. Por isso, ele busca por um protetor. Aliás, o fato de Davi ter olhado para "os montes", foi para pensar num possível socorro, numa possível solução para seus problemas. Pode ser que o salmista estava procurando nos montes, quem pudesse oferecer o socorro. Assim, o Deus poderoso que vem do alto, de cima dos montes, poderia ser o que o salmista buscava com sua visão. Sendo assim, ao se deparar diante de perigos e dificuldades, olhou para dentro de si e chegou a uma questão importante: “de onde me virá o socorro?” (v.1b). Onde posso encontrar ajuda? Ele não encontra socorro nos montes. Não é dos montes que ele espera o auxílio. Não seria nos montes que os peregrinos encontrariam ajuda, diante das dificuldades que enfrentariam durante a viagem. Por mais elevado que fosse um monte, dele não poderia vir o esperado socorro.
Também precisamos de ajuda, auxílio, socorro, pois enfrentamos situações difíceis na família, na saúde, no trabalho, no casamento, no relacionamento com pessoas. Nessas horas, costumamos recorrer aos amigos, parentes, irmãos na fé, etc. Mas estes, algumas vezes, por certas razões, não conseguem nos ajudar. Ficamos desesperados e olhamos ao redor e formulamos a mesma pergunta: De onde virá o meu socorro? Para muitas pessoas o socorro vem do mundo e das pessoas; outras procuram nas vãs filosofias, no dinheiro e nos vícios; também têm aquelas que procuram olhar para dentro de seu interior, procurando respostas para seus problemas, ao invés de buscar ajuda no próprio Deus.
Nesses momentos devemos recorrer ao nosso Senhor e Salvador que Ele nos dará o socorro esperado. Somente o nosso Senhor é capaz de nos tirar das situações difíceis e atender ao nosso pedido de socorro. Foi o que fez Davi. Depois de pensar coerentemente nas possíveis soluções para os seus problemas, Davi chega a uma conclusão magnífica. Ele encontrou uma resposta: "O meu socorro vem do Senhor que fez o céu e a terra” (v.2). O clamor provém de quem já conhece Deus. Reconhece que Deus “fez a terra”. Ele associa Deus ao ato da criação. Aquele que nos criou também nos sustenta. Ele nos conhece. Cuida e está pronto a nos ajudar. Esse era o seu protetor: o Deus onipotente e soberano.
II
Davi confiava nas promessas do Deus onipotente e soberano, o Senhor que fez o céu e a terra. Nessa confiança e com toda a sua convicção, ele afirma: “O Senhor não permitirá que os teus pés vacilem.” (v.3a). Esta promessa está firmada na confiança da soberania de Deus. Ele expressa essa confiança para si e transmite aos peregrinos ao afirmar: aquele que tem a firme convicção na confiança no Senhor, os pés não vacilam. O termo traduzido por “vacilar” significa “escorregar, derrapar, cambalear, ser abalado”. Os peregrinos que subiam os degraus poderiam cair e sofrer uma fratura, ao andar pelos caminhos pedregosos que tinham que percorrer. Mas o Senhor não permitia o tropeçar dos seus pés. Só Deus pode fazer com que nossos pés não fraquejem, não vacilem. Só Deus pode nos firmar em momentos tão difíceis pelos quais temos passado. Nenhum filho de Deus permaneceria de pé, por um momento sequer, diante de abismos, armadilhas, fraquezas físicas e inimigos sutis, se não fosse por causa do fiel amor de Deus, que não permitirá que os pés de seus filhos vacilem.
Mas o pedido para que seus pés não tropeçassem não era suficiente, pois a preocupação preenchia o longo e demorado percurso. Por isso, comparando o Senhor a uma sentinela, o pedido é que sua proteção fosse constante, não intermitente como acontece a guardas humanos que têm de repousar. Diferente é o Senhor: “não dormitará aquele que te guarda.” (v.3b). O verbo “guardar” – e o substantivo “guarda”, tem o sentido de proteger é usado seis vezes neste salmo. Observa-se que o cuidado é oferecido pelo Senhor: “Por certo o guarda de Israel não dorme” (v.4). O Guarda de Israel é quem cuidará para que não haja tropeço. Ele não dorme. Ele não permite que os seus filhos desviem de seu caminho. Ele não dormirá em nossa defesa, “pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).
III
Deus está próximo de seu povo e demonstra o seu cuidado. Ele é o protetor: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita.” (v.5). Deus acompanha os peregrinos, não os deixa, não os desampara. Eles sabiam que o Senhor os acompanharia como se fosse suas próprias sombras, lado a lado em toda jornada. O cuidado se daria em todos os sentidos: “De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. (v.6). Os peregrinos estavam conscientes que tinham que andar pelos caminhos pedregosos. Mas também tinham que enfrentar durante o dia o sol escaldante é ameaçador à insolação e queimaduras. Já à noite, a queda brusca de temperatura também era desconfortável e prejudicial à saúde. É mais plausível que o salmista esteja citando os termos sol e a lua como figuras do dia e da noite, demonstrando assim que Ele os livraria dos perigos do dia e da noite.
Todos nós passamos em nossa vida por momentos difíceis, por problemas, situações desagradáveis que tiram a nossa paz, pois nossa caminhada é feita em meio a curvas, buracos e pedras. Os nossos caminhos são feitos de obstáculos, como pedras, pedregulhos, ressaltos. Essas situações nos levam a buscar uma solução, um socorro que possa nos trazer alívio, paz e vitória. As pessoas costumam procurar em diversos lugares esse socorro. Buscam por pessoas ou coisas que possam socorrê-las, mas quase sempre não o encontram, pois o socorro verdadeiro não existe onde estão procurando. O socorro eficaz está em Deus. Ele está sempre atento, e nos guarda, pois o nosso socorro vem do Senhor.
Enfim, podemos entender que estamos sob os cuidados amorosos de nosso Pai. Ele diz de maneira mais clara: “O Senhor te guardará de todo mal. Ele guardará a tua alma” (v.7). A expressão “todo mal” refere-se algo que poderia prejudicar a nossa vida, ou daquilo que pode nos fazer mal para nossa vida. Por isso, não precisamos temer a vida nem a morte; o dia de hoje nem o amanhã; o tempo nem a eternidade, pois o Senhor cuidará daqueles que lhe pertencem. Quer durante o dia ou à noite, no calor ou no frio, a presença do Senhor supre tudo de que precisamos. Não precisamos temer os ataques repentinos em momento algum do dia, pois estamos protegidos “à sombra do Onipotente” (Sl 91). Além disso: “O Senhor guardará a saída e a entrada.” (v.8a). O salmista está se referindo ao percurso total da jornada dos peregrinos, desde a “saída” de casa, até seu retorno. Nossa vida no dia a dia é feita de saídas e chegadas. Durante esse percurso da nossa vida Deus nos acompanha em todos os momentos, desde quando saímos de casa até quando voltamos em segurança. O cuidado de Deus que se mostra tão evidente que o socorro será "para sempre" jamais terá um ponto final.
Estimados irmãos! Deus conhece muito bem os caminhos pelo qual teremos que trilhar para alcançar o propósito que Ele projetou para nossas vidas, o mais importante é saber que o nosso socorro vem do Senhor, e que Ele continua guardando a nossa entrada, a nossa saída desde agora e para todo sempre. Amém!
Nenhum comentário:
Postar um comentário