sexta-feira, 30 de maio de 2025

 TEXTO: ATOS 2.1-21

TEMA: O ESPÍRITO SANTO  NOS CAPACITA  PARA A MISSÃO DE EVANGELIZAÇÃO NO MUNDO.

No próximo fim de semana, a Igreja Cristã festeja o Dia de Pentecostes. É o dia da descida do Espirito Santo, sobre os primeiros discípulos em Jerusalém. Dia em que Jesus enviou o Espírito Santo, conforme prometeu a seus discípulos. (Jo 14.16).  Esta promessa se cumpriu no dia de Pentecostes. Lemos em Atos: Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente veio do céu um som como de um vento impetuoso e encheu toda a casa onde estavam reunidos. E apareceram línguas como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo. (At 2.1-3).

A sua promessa continua presente em nossas vidas, nos guiando, iluminando nossa mente para entendermos a pregação do Evangelho, e nos capacitando para a missão de evangelização neste mundo. Ele coloca em nossos lábios as palavras que não conseguimos encontrar por nós mesmos. Ele nos mostra o caminho, removendo os obstáculos, abrindo as portas para o entendimento e fazendo todas as coisas claras e evidentes, bem como o caminho que devemos seguir em todas as questões espirituais. Enfim, Ele faz com que a pregação traspassasse os nossos corações, e nos leva a oração, à santidade e nos dá discernimento. Estes são os assuntos que queremos refletir sobre o Espirito Santo, nesta mensagem. Que Deus nos abençoe!

Havia muitos peregrinos na cidade, vindos de diversos lugares para comemorar Pentecostes. Os discípulos estavam reunidos. Até aquele momento, podemos imaginá-los orando, aguardando a promessa da vinda do Espírito Santo, pois confiavam nas promessas de Jesus. Ele prometeu aos seus discípulos a ajuda que precisavam para viver vidas transformadas, pois sabia que os discípulos ainda não estavam capacitados espiritualmente para a missão designada por Ele, e, por isso, o Espírito Santo viria para equipá-los e fortalecê-los para serem verdadeiras testemunhas sobre os ensinamentos de Jesus. Ele disse: “O Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar-se de tudo quanto vos tenho dito” (João 14.26). E ainda: “E eu rogarei ao Pai, ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco”. (Jo 14.16). É importante lembrar que antes de sua subida aos céus, Jesus pediu aos discípulos que permanecessem em Jerusalém, até que a promessa de derramamento do Espírito Santo se cumprisse: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Somaria e até os confins da terra”.  (Atos 1.4,8).

É justamente naquele momento, quando se comemorava o Pentecostes, que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos e diversas pessoas que acolheram a mensagem de Cristo, e se tornaram seus seguidores, as palavras de Jesus foram cumpridas. O tempo estava se cumprindo. Deus escolheu esse período para cumprir sua promessa de derramar o Espírito Santo. A promessa do AT estava cumprindo. O profeta Joel já havia afirmado que um dia Deus derramaria o seu Espírito sobre toda a carne (Joel 2.28-32). E assim, aconteceu: “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E apareceram, distribuídas entre eles, línguas, como de fogo, e pousou uma sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas.” (vs 1-4).

Os fatos que ocorreram naquele dia marcaram definitivamente o início da História da Igreja Cristã. Eclodiu no coração daquelas pessoas o desejo de espalhar o Evangelho de Jesus Cristo por todos os lugares. Pedro que havia negado Jesus anteriormente por três vezes consecutivas, que antes se acovardou e fugiu amedrontado, agora, cheio do Espirito Santo se levantou com os onze discípulos e, em alta voz, dirigiu-se à multidão através de sua pregação. Não permitiu que o seu fracasso no passado atrapalhasse o seu futuro. Ele superou as dificuldades, ele superou a frustração, o fracasso, e venceu. Teve uma postura, totalmente diferente, ousada, convicta e firme na sua fé, mesmo diante do perigo iminente de açoite, prisão, apedrejamento e morte.

Em meio a perplexidade, alguns buscavam entender o que estava acontecendo naquele momento, Pedro se levanta juntamente com os onze, e tomando a palavra, dirige-se aos judeus e a todos os que se encontravam em Jerusalém. Proclama uma pregação envolvente, destacando a necessidade de explicar os fenômenos à luz das Escrituras Sagradas. Nela, Pedro liga os eventos desse dia com a morte e ressurreição de Jesus e termina com um convite ao arrependimento: “Varões judeus e todos os habitantes de Jerusalém, tomai conhecimento disto e atentai nas minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia”. (vs 14 e15).

Naquele momento, Pedro dirigiu a sua saudação aos “varões judeus”. Ele revela autoridade ao proferir as suas palavras. Não é um homem inculto e iletrado, mas é um embaixador de Cristo, um arauto de Deus. Por isso, querendo ou não os judeus deveriam ouvir as suas palavras. Com apenas uma frase, Pedro aniquila a zombaria dos adversários: “Estes homens não estão embriagados”.  Pedro explica: era cedo para beber, conforme o costume judeu. Por isso, não tinha sentido afirmação dos seus adversários. Explicou, ainda, o que eles estavam vendo, nada mais era do que o cumprimento de uma das promessas do profeta Joel, quando disse que “nos últimos dias” Deus ia derramar do seu Espírito. (Joel 2.28, 32). Pedro tomou as palavras do profeta e as aplica ao grandioso evento que estava ocorrendo. Ele resume em quatro partes a sua mensagem.

Em primeiro, lugar, o derramamento do Espírito de Deus tem alcance universal: “derramarei do meu Espírito sobre toda a carne”. A palavra "derramar" indica abundância e "toda a carne" significa universalidade. Não se limitava somente aos judeus. Mas todo aquele que crer em Cristo será habitado pelo Espírito Santo, independente da raça, condição social, sexo e idade. Em segundo lugar, o dom da proclamação do Evangelho se estenderá a todos: “Vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão”. (vv.17,18). Nos últimos dias, segundo a profecia, o testemunhar, o falar, o proclamar da Boa Nova de Deus seriam tarefas de todos.

Em terceiro lugar, a iluminação do Espírito Santo não se limita a qualquer idade: “vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos”. Trata-se da iluminação do Espírito Santo, através do qual ele dá aos jovens uma notável visão das necessidades e possibilidades no trabalho da igreja de Cristo no mundo. Os velhos também não devem desprezar esse desafio e tantas possibilidades de trabalho na igreja. Quando o Espírito Santo nos enche, Ele enche de sabedoria, paz, alegria, amor, projetos e sonhos a serem realizados na igreja. Tanta as visões dos jovens quanto os sonhos dos velhos são necessários na preparação da igreja, diante da mensagem profética.

Em quarto lugar, o fim da era messiânica será acompanhado por sinais extraordinários em todo o universo: “Mostrarei prodígios em cima no céu e sinais embaixo na terra: sangue, fogo e vapor de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e glorioso Dia do Senhor.” (vv.19,20). Há, contudo, uma mudança: o Dia do Senhor se refere, agora, à Segunda Vinda de Jesus, Na verdade, não é mais o SENHOR que garantirá a salvação, mas Jesus, que, agora, é o Senhor em cujo nome as pessoas devem clamar para serem salvas, pois Jesus é ambos, Salvador e Juiz. É o que se concretizará na mensagem de Pedro, extraído do profeta Joel: “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. (v.21). A salvação em Cristo, recebida pela fé, agora, é estendida a todos os povos, de todos os lugares, de todos os tempos. Nos dias de Joel, como nos dias de Pedro, de Paulo e também nos nossos dias, invocar o nome do Senhor é o único caminho para a salvação.

A presença do Espírito Santo capacitou os apóstolos a entender, interpretar os ensinamentos de Jesus. Agora, ungidos pelo Espírito Santo reconheceram serem arautos autorizados e, repetidas vezes, informaram disso aos seus ouvintes. Eles entenderam que a eficiência da pregação só era possível com a capacitação do Espírito Santo. Sendo assim, inspirado pelo Espírito Santo, Pedro, conclamou a multidão a aceitar a salvação que Deus oferecia. E muitos que ali estavam ficaram comovidos com a mensagem, e perguntaram o que deviam fazer, Pedro aconselhou as pessoas a arrependerem-se dos seus pecados e serem batizadas. Como resultado desta mensagem comovente, três mil pessoas foram batizadas.

A promessa de Jesus não terminava em Jerusalem. Antes de subir aos céus Cristo deixou a grande comissão aos seus discípulos: (Mt 28.19-20). “Ide, portanto, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século”. A grande missão de evangelizar o mundo só poderia ser assumida com o poder do Espírito Santo. Ela nunca será possível sem a ação do Espírito Santo. Na caminhada que os discípulos tiveram que trilhar, encontram muitos desafios. Os desafios eram tão grandes que não podiam ser encarados com suas próprias forças. Era preciso do auxílio do Espírito Santo.

A promessa de Jesus continua presente em nossas vidas. O Espirito Santo nos guia, ilumina nossa mente para entendermos a pregação do Evangelho, e nos capacita para a missão de evangelização neste mundo. Ele coloca em nossos lábios as palavras que não conseguimos encontrar por nós mesmos. Ele nos mostra o caminho, removendo os obstáculos, abrindo as portas para o entendimento e fazendo todas as coisas claras e evidentes, bem como o caminho que devemos seguir em todas as questões espirituais. Enfim, Ele faz com que a pregação traspassasse os nossos corações, e nos leva a oração, à santidade e nos dá discernimento.

Estimados irmãos! Nenhum desafio que a vida nos apresenta supera a força do Espírito Santo. Com a Sua presença, somos fortes, capazes de enfrentar a vida, vencer batalhas. Não estamos sós. Ele está ao nosso lado. Ele nos faz novas criaturas, e vida nova cresce em nós por meio de sua ação. Sentimo-nos amados e protegidos pela presença do Espirito Santo. Então, podemos experimentar o que vivenciou o apóstolo Paulo: “Quando sou fraco, aí é que sou forte!”. É a ação revigorante e restauradora do Espírito!

Portanto, sigamos com coragem nosso caminho, sendo verdadeiro discípulo, mensageiro na missão de evangelizar o mundo. Agradecemos, ó Senhor, por enviares o Espírito Santo para guiar os teus discípulos e também a nós. Vem Espírito consolador, convencer o mundo e especialmente a nós do pecado, da justiça e do juízo, e conduze-nos ao verdadeiro caminho. Amém.

 

quinta-feira, 29 de maio de 2025

TEXTO:  SL 100.4-5

TEMA:  JELB, 100 ANOS DE BÊNÇÃOS!

Que bênção maravilhosa alcançar 100 anos de existência! Este marco representa um momento histórico e profundo significado para os jovens da JELB. É uma jornada de vida repleta de experiências ricas e narrativas para compartilhar. É um testemunho de um centenário de transformações, aprendizados e vivências únicas. Isto signfica uma grande oportunidade para reconhecermos e expressarmos nossa gratidão pelas bênçãos recebidas. Em suma, trata-se de uma ocasião especial que merece ser celebrada, relembrando os fatos históricos do passado, vivenciando o presente e projetando o futuro.   Para este momento, escolhi o Salmo 100.4-5: “Entrem por suas portas com ações de graças e em seus átrios com louvor; deem-lhe graças e bendigam o seu nome. Pois o Senhor é bom e o seu amor dura para sempre; a sua fidelidade permanece por todas as gerações."  É um texto significativo para este 100 anos da JELB. Ele reflete um convite à gratidão pela bondade, misericordia e fidelidade de Deus ao longo da sua existência.

                                                                      I

Estimados jovens! Neste texto, o salmista revela três características divinas que, sem dúvida, nos deixam admirados diante de tamanha grandeza que Deus tem realizado em nossas vidas. Ele apresenta três motivos, pelos quais devemos agradecer a Deus. O primeiro motivo é a bondade de Deus: “Porque o Senhor é bom” (v.5a). A bondade de Deus é proeminente na Bíblia. Ela  nos fala que a bondade de Deus é uma de Suas principais qualidades ou atributos. Faz parte da essência de Deus ser bom e generoso. Essa bondade pode ser vista nas obras que Ele fez e no amor que tem manifestado pela humanidade, ao criar, sustentar e oferecer reconciliação em Jesus Cristo. Ela é eterna, infinita, ilimitada e abundante. Enquanto, os seres humanos possuem uma bondade, mutável e limitada;  ao contrário, Deus que é imutável e é sempre bom!

Como é maravilhoso saber que Deus é bondoso! Saber que essa bondade nos seguirá todos os dias da nossa vida.   Sem dúvida, ela desempenha um papel importante no desenvolvimento e bem-estar dos jovens, oferecendo uma base sólida em diversos aspectos, especialmente, em uma época repleta de incertezas sobre o futuro, que muitos jovens enfrentam. Assim, a confiança na bondade de Deus torna-se uma fonte de conforto, força e resiliência, auxiliando os jovens a superar obstáculos, enfrentar adversidades e encontrar apoio em momentos de necessidade. Além disso, podem também inspirar os jovens a serem compassivos, generosos e se envolverem em ações de serviço na igreja. Eu pergunto:  Como a bondade de Deus tem se manifestado em sua vida, estimado jovem? Tem proporcionado conforto e orientação em meio às aflições que enfrenta? Lembre-se que não há mérito nenhum para merecer a bondade de Deus. Toda  a expressão de amor, misericórdia e favor imerecido, provém de Deus para nós. Ele mesmo pagou o preço e concede, gratuitamente, a sua bondade (reconciliação, perdão, salvação, vida eterna).  Cabe a nós refletir e aceitar pela fé, a fim de permanecer na sua bondade.

                                                                   II

O segundo motivo: “O Senhor é misericordioso para sempre” (v.5b). Há muitos textos bíblicos que descrevem a grande misericórdia de Deus. Jeremias a descreve assim: “As misericórdias do SENHOR são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Grande é a tua fidelidade” (Lamentações 3.22, 23). A maior revelação da misericórdia de Deus ocorreu quando Ele enviou Seu Filho, que morreu na cruz por nós. O sacrifício de Jesus pela humanidade é uma fonte incessante de esperança, demonstrando que a misericórdia de Deus é infinita e sempre acessível. Davi também enfatizou a importância de clamar por misericórdia a Deus em tempos de dificuldade e incerteza. Ele buscou refúgio em Deus durante momentos de perseguição e perigo: “tem misericórdia de mim” (Sl 57.1).

Muitos jovens hoje se encontram imersos em dúvidas e incertezas sobre diversos aspectos da vida. São tantas interrogações que emergem na vida de muitos jovens. Eles indagam: Qual é o sentido da minha vida? Quem sou eu? Qual é o meu lugar no mundo?  Esta é uma realidade presente na vida de muitos jovens  em todo o mundo.  Diante dessas indagações e incertezas, muitos jovens acabam  se desviando por caminhos tortuosos. E sem um senso claro de propósito, podem sentir-se desorientados, vagando de uma experiência a outra sem um objetivo definido. O que frequentemente resulta em ansiedade, depressão e outros problemas emocionais. Quando os caminhos escolhidos se tornam destrutivos, é fundamental que os jovens recebam apoio e orientação adequados. Essa assistência pode provir de diversas fontes: família, instituições educacionais, líderes religiosos, psicólogos, terapeutas e psiquiatras podem oferecer o suporte necessário.

No entanto, embora o apoio seja importante de amigos e instituições, não se compara com ajuda que vem do Senhor.  Ele revelou esta misericordia com paciência e amor para com o seu povo. Ela se manifestou na libertação, no perdão e na promessa de restauração, oferecendo consolo e esperança em meio às dificuldades da vida. Deus continua também agindo ainda, hoje, desta forma na vida de muitos jovens.  E para muitas jovens, a misericordia do Senhor é uma fonte  de consolo , especialmente, em momentos de dificuldade, incerteza e dor. O Senhor usa sempre de misericórdia para com os jovens, concede  sempre uma nova oportunidade para começar tudo de novo.Ao serem tratados com misericórdia, os jovens aprendem a estender essa mesma gentileza aos seus semelhantes, desenvolvendo uma consciência social e um desejo de ajuda aqueles que estão sofrendo, para que possam se sentir acolhidos e valorizados.

                                                                 III

 E finalmente o terceiro motivo: o Senhor é fiel. O salmista aponta as promessas de Deus e a certeza de que o Senhor sempre  cumpre o que diz: “e de geração em geração a sua fidelidade.” (v.5c). Ele nunca volta atrás em suas promessas. Suas palavras são sempre verdadeiras. Mesmo que  venhamos a falhar e a mudar, o Senhor continua o mesmo. Paulo afirma que “se somos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo.” (2Tm 2.13). Ele foi fiel com os israelistas durante milhares de gerações, protegendo-os e guardando-os em toda sorte de adversidade. Sempre que eles clamavam por ajuda, Ele vinha em socorro deles. Ele jamais abandonou os Seus filhos ou se esqueceu da promessa que tinha feito a eles (Dt 4.30-31). Por outro lado, o povo, incontáveis vezes, traiu a misericordia do Senhor: desprezaram os Seus mandamentos, entregaram-se à prostituição e idolatria a outros deuses (Os 4.12).

A Biblia possui vários exemplos de pessoas que confiaram nas promessas de Deus, e que servem de exemplo para os jovens. José vendido como escravo em sua juventude,  permaneceu fiel a Deus em meio a muitas provações. Deus o exaltou e o usou para salvar sua família e uma nação inteira (Gênesis 37-50). Desde cedo, Samuel serviu a Deus fielmente e se tornou um grande profeta em Israel (1 Samuel 1-3). A fidelidade de Deus o capacitou a ouvir Sua voz e liderar o povo. Davi demonstrou fé e coragem em Deus ao enfrentar Golias (1 Samuel 17). A fidelidade de Deus o acompanhou em sua jornada para se tornar rei. Daniel em uma cultura estrangeira e sob pressão para abandonar sua fé, Daniel, Sadraque, Mesaque e Abednego permaneceram fiéis a Deus (Daniel 1-3). A fidelidade de Deus os livrou do perigo e os honrou.Timóteo foi um exemplo de fidelidade e serviço no ministério (1 Timóteo 4:12). Paulo o encorajou a perseverar na fé.

Como é maravilhoso saber que o Senhor é fiel  de “geração em geração”.  Isto traz consigo várias implicações significativas e reconfortantes para o jovem. Primeiro, sendo Deus fiel, às bênçãos, às promessas e o cuidado de Deus não se limitam a uma única geração, mas são transmitidos e experimentados por aqueles que vêm depois. Ela atravessa o tempo e as mudanças da história humana, oferece um profundo senso de segurança. Segundo, podemos ter confiança de que o Deus, que  sustentou o seu povo, também cuidará de todos os jovens. E cada jovem desta geração que experimenta a fidelidade de Deus se torna um testemunho vivo dessa verdade para a próxima geração. Enfim, saber que a fidelidade de Deus, diante da incerteza ou dificuldade, traz consolo e paz na vida do jovem. É a promessa de um Deus que nunca nos abandona.

                                                                      IV

Celebrar o centenário  da JELB é, de fato, reconhecer o quanto Deus é bom, misericordio e fiel. Quando refletimos sobre estes atributos ,torna-se necessário agradecermos a Deus. Agradecer, pois no percurso desses anos o Senhor foi bom, misericordioso e fiel. É como se cada ano de existência da JELB, tivesse sido marcado por inúmeras bênçãos. No passado, com certeza, muitas jovens, que fizeram as suas orações foram atendidos pelo Senhor! Receberam muitas e incontáveis bênçãos. Com amor o Senhor ouviu, e continua ouvindo o clamor de muitos jovens que tem suplicado ao Senhor diante de suas decisões. Ele não ignora o sofrimento de cada um, mas ordena que ore e lance sobre Ele a sua ansiedade, ao invés de murmurar.

Estimandos jovens! O Senhor vê o momento que vive, conhece tão bem a sua vida, seu coração, suas lágrimas e angústias. Ele não permite que a tristeza tome conta da sua vida, que a alegria do mundo se converta em sofrimento. Por isso, não se desespere! Não desanime! Não perca a fé! Deus nunca vai permitir que você seja provado mais do que pode suportar. Se você está se sentindo fraco ou desanimado, lembre-se das misericórdias do Senhor que duram para sempre, e se renovam a cada amanhecer. Lembrem-se que o Senhor estende a sua graça e bondade para aqueles que confiam n’Ele. Que o Senhor transforme a sua tristeza em alegria!

Que essa celebração seja um momento de alegria, de reflexão sobre o passado e  com gratidão  de  um olhar para o futuro com esperança, confiando que muitas mais bênçãos ainda virão para a JELB e para todos aqueles que são alcançados por seu trabalho. Amém!

 

quarta-feira, 28 de maio de 2025

TEXTO: JO 17.20-26

TEMA:  UNIDADE NA COMUNHÃO DE AMOR

O Evangelho de hoje  descreve sobre uma oração de Jesus registrada no capítulo 17. Neste capítulo João nos apresenta uma das orações mais profunda de Jesus, conhecida como a Oração Sacerdotal. No  Antigo Testamento, o sacerdote fazia sacrifícios pelo povo e intercedia por eles diante de Deus. No Novo Testamenrto, Jesus se coloca diante de Deus em nosso favor, ao mesmo tempo como sacerdote e como oferta propiciatória. Nesta oração, Jesus fala de forma singular e profunda aos discipulos pouco antes de seu sofrimento e morte. Naquela noite, Jesus reuniu os seus discípulos. Havia instituído a ceia e  alertado Judas que O  trairia, e os demais se dispersariam. Aquele momento era  de grande tristeza,  no qual Jesus seria condenado à morte. Vendo a angustia dos discipulos, Jesus ora ao Pai antes de sua morte.

Ele sempre orava. Toda a sua  vida foi alternada em agir, pregar o evangelho e orar.  É  neste momento decisivo de sua vida que Jesus ora ao Pai, para tomar as melhores decisões. A sua oração é dividida em três partes principais: primeira parte, Jesus ora por si mesmo (vv. 1-5): “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique.” Segundo parte, Jesus ora por seus discípulos (vv. 6-19). Esta é a parte central da oração. Jesus intercede por aqueles que o Pai lhe deu. Terceira parte, Jesus ora por todos os que crerão por meio da palavra dos discípulos (vv.20-26).  Aqui, o alcance da oração se expande para incluir todos os futuros crentes. 

É justamente a terceira parta da oração que serve de base para a nossa meditação de hoje. O ponto central deste pedido é a unidade.  Jesus expressa seu profundo desejo de unidade. Ele demonstra que a unidade é um valor central para a vida cristã e para a realização da missão da Igreja. Por isso, é importante refletirmos sobre a unidade, mas uma unidade na comunhão de amor  entre os cristãos, baseados no amor e no exemplo de Jesus. Sendo assim, o texto aponta para quatro verdades:

Primeiro, Jesus não ora apenas pelos seus discípulos presentes, mas também por "aqueles que hão de crer em mim por meio da sua palavra". Isso demonstra a extensão do amor e da visão de Jesus, que transcende o tempo e alcança todas as gerações de crentes. Segundo, Jesus ora para que todos os crentes sejam um, assim como Ele e o Pai são um. A finalidade dessa unidade é clara: "para que o mundo creia que tu me enviaste". A unidade dos cristãos é um testemunho ao mundo da verdade de Cristo e do amor de Deus. Terceiro, Jesus enfatiza que a unidade se baseia no amor. Ele ora para que "o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles". O amor de Deus, que é derramado em nós, nos capacita a amar uns aos outros e, assim,  sermos unidos. Enfim, Jesus expressa seu desejo de que os seus seguidores estejam com Ele onde Ele está, para que vejam a Sua glória. Isso aponta para a esperança eterna e para a comunhão plena que teremos com Cristo na eternidade.

Estimados irmãos! Jesus não estava apenas orando pelos discípulos  naquele momento, mas também por todos aqueles que, ao longo da história, viriam a crer  n’Ele através do testemunho e da pregação da mensagem dos seus apóstolos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim.”(v.20a).  Fica evidente que a obra de Jesus não se encerraria com sua ascensão, mas continuaria através do ministério dos seus seguidores e do poder da sua Palavra, alcançando um número incalculável de pessoas ao longo do tempo. Isto significa que muitos ouviriam e viriam a crer em Jesus por meio do testemunho dos discípulos, ou seja,“por intermédio da sua palavra.”(v.20b)

E de fato, o envio dos discipulos ao mundo, concretizou esta missão. Eles foram instrumentos de Jesus. Expandiram a mensagem de Cristo ao longo do tempo através do anuncio do Evangelho. E todos aqueles que creram, tornaram-se parte do mesmo corpo de Cristo, através da mesma fé fundamentada no testemunho apostólico. Isso sublinha a relevância do testemunho, da pregação e do ensino como instrumentos pelos quais a fé em Jesus é transmitida de geração em geração. Evidencia que o plano de salvação de Deus, por meio de Jesus Cristo, não se restringia àqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, mas a todos que viessem a crer. É por intermédio da pregação do Evangelho que o mundo tomará conhecimento de Cristo e que os nossos vizinhos serão alcançados.

Jesus deixa evidente que além dos doze, a Sua oração estende-se à Igreja de todos os tempos. Trata daqueles creram em seu nome, receberam as suas palavras e verdadeiramente reconheceram que ele veio do Pai (17.8). Sendo assim, Jesus estabelece um elo de unidade entre os crentes de todas as épocas. Cabe aqui ressaltar que a unidade da Igreja não é criada por estruturas institucionais. Ela é diferente da unidade do mundo. A unidade do mundo é baseada em interesses comuns, valores sociais ou ideologias políticas. Enquanto a unidade cristã, basea-se na fé em Jesus Cristo e na comunhão com o Espírito Santo, visando a harmonia daqueles são membros de um único corpo, o corpo de Cristo. Neste sentido, Jesus aprofunda ainda mais a questão da unidade entre seus seguidores e revela o propósito dessa unidade: a fim de que todos sejam um.” (v.21a). Portanto, deseja  unidade, harmonia e coesão, onde as diferenças sejam superadas para que haja um único propósito.

Mas por que Jesus deu tanta ênfase sobre esta questão? Vejamos quatro motivos: primeiro a preocupação de Jesus com a unidade entre seus discípulos não era apenas uma questão teórica. Ele sabia que a natureza humana tende à competição e ao egoísmo, o que poderia levar a desavenças e divisões, mesmo entre aqueles que se professam seguidores de Cristo. Assim, comprometeria o alcance da mensagem de Jesus. Segundo, ao enfatizar a importância da unidade, Jesus estava preparando seus discípulos para a realidade de um mundo dividido, e para a necessidade de se manterem unidos para enfrentar os desafios da fé. Terceiro, ao enfatizar a importância da unidade, Jesus estava transmitindo uma mensagem essencial para a missão de evangelização. A unidade entre os discípulos seria um testemunho poderoso da verdade e do poder do Evangelho. Enfim, a unidade entre os discípulos seria um modelo para a comunidade cristã como um todo. Jesus queria que os seguiudore fossem um exemplo de amor , mesmo diante das dificuldades e das divergências.

A mensagem de Jesus sobre a unidade é um convite à reflexão e à ação. Ela faz parte da essência da Igreja  e é uma condição para a credibilidade do testemunho, da missão e do serviço. A Igreja Cristã primitiva foi um exemplo vivo de uma unidade que rompeu barreiras étnicas, culturais, linguísticas e sociais. Todos os que observavam a Igreja eram levados a exclamar: “Como se amam estes cristãos!” Sua unidade era, de fato, o maior testemunho do poder do Cristo ressuscitado. O apóstolo Paulo deu muita ênfase em seus escritos sobre a unidade: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15.5). “Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros” (Rm 12.5). “Rogo-vos, … pelo nome de … Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (I Co 1.10).

Neste sentido somo desafiados a buscar a harmonia e a comunhão com nossos irmãos, mesmo quando as diferenças são evidentes. Somos chamados a preservá-la com amor, humildade e mansidão como reconhecimento de que "há um só corpo e um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos." Isso quer dizer que a comunidade cristã, para ser fiel à sua vocação, deve expressar, por intermédio de suas relações fraternas e de amor, a mesma união profunda que existe na Trindade, ou seja, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Este era o modelo que os discipulos deveriam se espelhar. Entender que  o Pai e o Filho são um em propósito, amor e essência:"e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós."(v.20b). E, por isso,os seguidores de Jesus deveriam estar unidos n’Ele e no Pai.

 Jesus também apresenta o propósito evangelístico dessa unidade: “para que o mundo creia que tu me enviaste.” (v.21).Aqui, reside o propósito evangelístico dessa unidade.  Quando as pessoas observam o amor e a harmonia entre os seguidores de Jesus, isso aponta para a veracidade da sua mensagem e para a autenticidade da sua missão divina. Isto significa que a unidade entre os cristãos é um testemunho poderoso para o mundo. É a prova mais convincente para o mundo de que Jesus foi enviado por Deus. Jesus revela tamabém um aspecto ainda mais profundo da unidade que ele deseja para seus seguidores: Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado.” (v.22a). Essa glória não se refere primariamente a um brilho externo, mas sim à honra, ao poder divino e, principalmente, ao amor e à unidade existentes entre o Pai e o Filho. Ao compartilhar essa glória, Jesus capacita seus seguidores a viverem em unidade semelhante à unidade divina. Ele reforça o seu desejo de unidade, utilizando novamente a unidade entre Ele e o Pai como o padrão a ser alcançado: "para que sejam um, como nós o somos,”(v.22b).  Essa comparação enfatiza a profundidade e a perfeição da unidade que deve existir entre os crentes. Não se trata apenas de uma concordância superficial, mas de uma união íntima e essencial, fundamentada no amor e na comunhão com Deus: "eu neles, e tu em mim.” (v.23a).

Essa presença divina é o fundamento da unidade que Jesus busca: "a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade.”(v.23b). Ela não é apenas um estado inicial, mas um processo contínuo de crescimento. A presença de Deus em nós e a nossa união com Ele e uns com os outros, nos leva a uma unidade cada vez mais completa e perfeita. E assim Jesus apresenta um propósito:"para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.": Este é o propósito final da unidade. Ela é visível e profunda entre os seguidores de Jesus. É a prova para o mundo, de que Jesus foi enviado pelo Pai e  que o Pai ama os crentes da mesma forma como ama o seu próprio Filho. Quando mundo percebe este amor mútuo entre os cristãos, reperesenta o maior testemunho que a igreja pode dar,  um testemunho poderoso e irrefutável do amor de Deus.

 No entanto,Jesus expressa um desejo íntimo e futuro para aqueles que o Pai lhe deu: "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste.”( v.24a). Jesus expressa um anseio pessoal de ter seus seguidores ao seu lado, no mesmo lugar onde Ele estará. Isso aponta para a sua ascensão ao Pai e para a promessa de que os crentes também estarão com Ele na glória futura. É um desejo de comunhão eterna e completa. O propósito dessa união futura é para que os crentes possam contemplar a glória que o Pai concedeu a Jesus: "para que vejam a minha glória que me conferiste.”(v.24b).  Essa glória se refere à sua majestade divina, ao seu poder e à honra que Ele sempre teve junto ao Pai e que foi manifestada de maneira especial após a sua ressurreição e ascensão.Jesus fundamenta esse pedido no amor eterno do Pai por Ele, um amor que precede a criação do universo: "porque me amaste antes da fundação do mundo."( v.24c).Isso ressalta a natureza eterna do relacionamento entre o Pai e o Filho e a base desse amor para a inclusão dos crentes na glória futura.

 Jesus destaca o contraste entre o conhecimento que Ele e seus discípulos têm do Pai e a ignorância do mundo:"Pai justo.”(v.25a). Ao se dirigir ao Pai com o título "justo", Jesus enfatiza a retidão, a santidade e a imparcialidade de Deus. Isso serve como um reconhecimento da natureza divina do Pai e da base da sua relação com Ele. Contudo,  Jesus lamenta a falta de conhecimento sobre Deus por parte do mundo: "o mundo não te conheceu.”(v.25b).  O "mundo" aqui se refere ao sistema de valores e às pessoas que estão afastadas de Deus. Mas há um contraste com o mundo. Jesus afirma: "eu, porém, te conheci.” (v.25c). Jesus afirma ter um conhecimento íntimo e pessoal do Pai. Essa relação única e profunda é fundamental para a sua missão e para a revelação de Deus à humanidade. E assim os discipulos  chegaram à compreensão de que Jesus foi enviado pelo Pai. "e também estes compreenderam que tu me enviaste." (25d). Essa compreensão é um passo crucial para a fé e para o reconhecimento da sua autoridade e da sua identidade divina.

Jesus encerra o texto resumindo o propósito da sua missão em relação aos seus seguidores: "Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer.” (v.26a). Jesus declara que revelou o nome do Pai aos seus discípulos e que continuará a fazê-lo. O "nome" de Deus, na Bíblica, representa a sua natureza, o seu caráter e tudo o que Ele é. Jesus não apenas ensinou sobre Deus, mas manifestou o Pai através de suas palavras e ações. A promessa de "ainda o farei conhecer" pode se referir à obra contínua do Espírito Santo nos crentes após a ascensão de Jesus, aprofundando o conhecimento e a experiência de Deus .O objetivo final dessa revelação do Pai é que o mesmo amor que o Pai tem por Jesus esteja presente nos seus seguidores: "a fim de que o amor com que me amaste esteja neles.” (v.26b).  Esse amor divino é a base da unidade, da alegria e da força dos crentes. É um amor transformador que capacita a amar uns aos outros e ao mundo. Jesus conclui reafirmando a sua presença contínua com os seus discípulos: "e eu neles esteja.": (v.26c). Essa presença é essencial para que eles vivam nesse amor e para que a unidade seja uma realidade. Através do Espírito Santo, Jesus habita no coração dos crentes, capacitando-os a viver de acordo com a vontade do Pai.

Estimados irmãos! A oração de Jesus que ecoa através dos séculos, clamando por algo fundamental: a unidade dos Seus seguidores. Assim, o texto nos desafia a viver uma fé que se manifesta em amor mútuo e unidade, refletindo a glória de Deus e convidando o mundo a crer.Amém!

segunda-feira, 26 de maio de 2025

TEXTO: Sl 133

TEMA: VIVAMOS UNIDOS COM OS IRMÃOS!

 O Salmo 133 é um dos quinze Cânticos de Romagem (Salmos 120 a 134). Ele também é conhecido como cântico de peregrinação, ou da subida. Na época das grandes festas, os judeus se reuniam em caravanas que seguiam para Jerusalém para adorar a Deus no templo. Pelo menos três vezes por ano  tinham que se apresentar na presença do Senhor nas três grandes festas. Em família, levavam suas ofertas e animais que seriam sacrificados, e durante a caminhada cantavam cânticos ao Senhor.

Percebe-se o quanto Davi deu grande importância  ao falar sobre os peregrinos que iam a  Jerusalém, onde  eram acolhidos como irmãos. Ele discorre sobre a união entre os irmãos e a excelência do amor fraternal. Ele também faz algumas comparações para exemplificar o amor fraternal que deve existir entre os irmãos. Tal princípio deveria ser cultivado em todos os segmentos sociais, seja na família, na política, na religião, e, principalmente, na Casa de Deus. Também precisamos  aprender a viver unidos, pois sabemos da grande importância que as pessoas, famílias, igreja precisam deste relacionamento com os irmãos.

Mas, Infelizmente, o comportamento das pessoas se transformou. O contato pessoal e os relacionamentos tornaram-se frios e distantes. Hoje, ao contemplar o panorama humano de nossos dias, atormentados por divergências e alimentados por um ódio profundo, percebemos que as pessoas estão cada vez mais afastadas umas das outras. Elas parecem estar constantemente apressadas ou preocupadas com alguma questão. Acredito que a conscientização dessa realidade é o primeiro passo para buscarmos uma mudança significativa. Valorizar os momentos de encontro, procurar pontos em comum em vez de nos concentrarmos nas diferenças – essas são atitudes que podem contribuir para a reconstrução de pontes e o aquecimento dos relacionamentos, e, consequentemente, para vivermos unidos como irmãos. Como você tem convivido com seus amigos, colegas de trabalho, da faculdade, da igreja ou mesmo aqueles que conheceu ao longo de sua vida?

                                                               I

 O salmista inicia este salmo com uma exclamação vigorosa, convincente e enfática: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!” (v.1). O primeiro termo refere-se ao adjetivo “bom.” Estar na companhia dos irmãos é algo valioso e precioso. Isso implica que existem benefícios tanto coletivos quanto individuais no vínculo fraternal. Em outras palavras, há um valor prático positivo nessa unidade entre os irmãos. O segundo adjetivo que qualifica a união entre eles é “agradável.” Diante dessas considerações, é importante que cultivemos o prazer de vivermos em harmonia uns com os outros, bem como a disposição de nos entregarmos sem qualquer tipo de interesse pessoal. Isso evidencia que a união nos capacita a superar as lutas e nos torna mais resilientes diante das adversidades. Os irmãos da igreja primitiva são um testemunho disso. Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos, demonstrando submissão à autoridade deles. Isso, sem dúvida, contribuía significativamente para o fortalecimento da unidade entre eles. Esta comunhão entre os irmãos na Igreja era o resultado de uma dedicação sincera (Atos 2.42).

Mas o que torna essa união "boa e agradável"? Vamos analisar: em primeiro lugar, a união fraterna dissipa conflitos e fomenta um ambiente de paz e serenidade. Isso implica que viver em harmonia com aqueles que compartilham laços familiares ou congregacionais proporciona um bem-estar inestimável. Em segundo lugar, em momentos de adversidade, contar com irmãos solidários ao nosso lado oferece um suporte emocional e espiritual inestimável. Essa união não apenas fortalece, mas também proporciona um senso de segurança. Por último, a união permite a partilha de momentos felizes, tornando-os ainda mais significativos, pois nos oferece conforto e amparo nas horas de tristeza, aliviando o peso da dor. Em síntese, a união entre irmãos reflete o amor e a unidade que devem prevalecer em uma comunidade de fé e, em última análise, o próprio amor divino.

Este é o caminho pelo qual Deus desejou que Seu povo percorresse, pois o Senhor sempre almejou que vivesse em harmonia com os irmãos. É evidente que o salmista não se refere a uma união superficial, como um mero encontro social durante uma festividade. O que ele realmente tem em mente é que os irmãos (os peregrinos) “vivam em unidade”. Isso implica que a vida em comunhão está no cerne do desejo divino para Seu povo. É o próprio Deus quem convoca Sua povo a abraçar a unidade. Na verdade, o salmista associa essa união à bênção divina e à promissora vida eterna, evidenciando a relevância espiritual e a fraternidade.

                                                                        II

Davi, após a declaração inequívoca acerca do valor da união entre os irmãos, introduz duas figuras. Ele utiliza essas ilustrações para nos ensinar como o amor fraternal traz vida ao povo de Deus, proporcionando refrigério e ânimo! São duas comparações que aprofundam a compreensão da união entre os irmãos: a figura do óleo de unção de Arão e o orvalho de Hermom. Nos dois casos, os benefícios vêm de cima e descem.Vejamos a primeira figura: “É como o óleo precioso sobre a cabeça,o qual desce para a barba,a barba de Arão e desce para a gola de suas vestes.” (v.2). Este óleo era valioso e usado como medicamente, produto fino de beleza, remédio para ferimento, elemento para a consagração de sacerdotes e reis que eram ungidos com óleo. Ele era derramado sobre suas cabeças, e dessa forma, eram considerados consagrados ou separados por Deus para esse trabalho especial. A ideia é que o óleo da unção fosse suficientemente abundante para escorrer sobre toda a túnica, difundindo uma fragrância agradável por toda parte, desde a “cabeça, descendo sobre a barba de Arão até a gola de suas vestes.” 

Quando o óleo foi derramado sobre a cabeça de Arão, este escorreu por suas vestes, disseminando-se por todo o seu ser. Este ato de consagração evoca a ideia da descida do óleo sobre a totalidade do indivíduo. Não se restringia apenas à cabeça, mas abrangia a barba, as vestes,ou seja, a pessoa inteira, que se tornava participante da fragrância do óleo da unção. Para o salmista, esta imagem, além dos benefícios naturais do óleo,  ela está intimamente ligada à consagração de Arão, na qual o óleo simbolizava não apenas a separação dele e de seus filhos para o serviço do Senhor, mas também representava as bênçãos divinas. Assim, Davi transmitiu o significado profundo dessas bênçãos ao povo.  A ocorrência tripla do verbo hebraico יָרַד (descer) no derramamento do óleo da cabeça para a barba, da barba para as vestes, produz a ideia de que é do alto, que a união é promovida na forma de uma bênção. Na verdade quando a comunidade de Deus vive em união e harmonia, é agraciada por Deus com bênçãos.

A segunda figura trata do “orvalho do Hermom.” (v.3a). O que há de tão especial no monte Hermon para que seja comparado a união fraternal e abençoada por Deus? Conhecer a geografia do monte ajudará a desvendar a simbologia usada por Davi nesse cântico de peregrinos. Hermom é um monte muito importante no norte de Israel. Este monte é o ponto mais alto de Israel, ele fica localizado no extremo norte de Israel, fazendo fronteira com a Síria e o Líbano. Ele é constantemente coberto de neve, pelo orvalho que desce durante quase o ano inteiro sobre o seu cume. O seu degelo favorece uma boa fertilização, regando e dando vida ao povo, a vegetação, animais, inclusive o rio Jordão, onde nasce ao pé do monte.

O salmista usa esta sinbologia e afirma: “orvalho do Hermom que desce sobre os montes de Sião”. (v.3b). Geograficamente, o monte Hermon e os montes de Sião estão distantes.  Sião é o monte onde Jerusalém estava construída e onde se localizava o templo, o centro da vida religiosa e da unidade do povo de Israel. O orvalho que desce do Hermon sobre Sião, implica em bênção abundante e vivificante. Ela se espalha e alcança o coração do povo de Deus, o lugar do templo e da presença de Deus.A promessa à nação foi de vida renovada e contínua: “Pois ali o Senhor decretou a bênção e a vida eterna”. (v.3c). Desse modo, Jerusalém, além de alvo das bênçãos de Deus, é também o local de onde o Senhor promoveria redenção espiritual e política para Israel e para as nações. Estas bênçãos enchim os israelitas de força, alegria e coragem,de modo que tais benefícios eram manifestos diante da união fraternal.

                                                                             III

Precisamos também aprender a viver unidos, pois sabemos da grande importância que as pessoas, famílias, igreja precisam deste relacionamento com os irmãos. Mas, Infelizmente, o comportamento das pessoas se transformou. O contato pessoal e os relacionamentos tornaram-se frios e distantes. Hoje, ao contemplar o panorama humano de nossos dias, atormentados por divergências e alimentados por um ódio profundo, percebemos que as pessoas estão cada vez mais afastadas umas das outras. Elas parecem estar constantemente apressadas ou preocupadas com alguma questão.

Acredito que a conscientização dessa realidade é o primeiro passo para buscarmos uma mudança significativa. Aprender a valorizar os momentos de encontro;  procurar pontos em comum em vez de nos concentrarmos nas diferenças – essas são atitudes que podem contribuir para a reconstrução de pontes e o aquecimento dos relacionamentos, e, consequentemente, para vivermos unidos como irmãos. A  Bíblia nos ensina a nos reunirmos regularmente nos envolvermos uns com os outros (1Ts 5.11), nos alegrarmos na comunhão (Rm 15.32; 2Tm 1.4), praticarmos o amor verdadeiro (Ef 4.2; 1Ts 4.9) e  juntos, batalharmos pela edificação do corpo de Cristo (1Co 12.7; 1Pe 4.10). Paulo exortou os cristãos a buscar a manter a unidade na base do seu respeito pela vontade de Jesus: “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (1 Coríntios 1:10 .Como você tem vivido com seus amigos, colegas de trabalho, da faculdade, da igreja ou mesmo aqueles conhce ao longo de sua vida?

Estimados irmãos! Nossa unidade, nossa comunhão, nosso amor fraternal é fruto da obra de Jesus em nós. Ele derramou o amor de Deus em nossos corações, para nos consagrar no serviço de adoração a Deus. É impossível amar a Deus se não estamos amando o nosso irmão. Que possamos sempre buscar a união e fortalecer os laços com nossos irmãos. Viver em harmonia, apoiando uns aos outros.Que essa seja sempre a nossa busca  em todos os lugares!Amém!

terça-feira, 20 de maio de 2025

 TEXTO: JO 16.23-33

TEMA:  JESUS  PROMETE  CONSOLO E ESPERANÇA  AOS DISCÍPULOS

 Jesus deixa evidente aos seus discípulos que em breve sofreria e enfrentaria a morte. Diante desta notícia, gerou uma profunda tristeza e apreensão na vida dos discípulos. Eles ficaram profundamente decepcionados, tristes e angustiados, e caíram no desespero. Além disso, começaram a interrogar Jesus sobre a sua partida. Ocorre que, em diversos momentos, especialmente durante a Última Ceia e nos dias que precederam a sua morte, fizeram muitas perguntas. Afinal, eles haviam passado um período significativo com Jesus, aprendendo com Ele e testemunhando Seus milagres. E  perspectiva de sua ausência lhes causava uma imensa tristeza e uma sensação de perda. Ora, a ideia de morrer, ressuscitar e retornar ao Pai os deixava inseguros e desamparados.

 No entanto, em resposta às suas indagações e à tristeza que estavam experimentando, Jesus ofereceu palavras de consolo e promessas. No texto de hoje, Ele apresenta quatro temas que transmitem consolo e esperança. Trata-se de um conjunto de verdades reconfortantes para os discípulos: em primeiro lugar, Jesus ensina que, após sua partida, eles estariam privados de uma alegria especial ao orar diretamente ao Pai em Seu nome. Eles, agora, fariam seus pedidos ao Pai em nome de Jesus, para que a alegria deles fosse plena. Por meio de Jesus, temos um caminho direto ao Pai através da oração. Seu nome é nossa credencial e garantia de sermos ouvidos.

 Em segundo lugar, Jesus afirma que o tempo de se comunicar por meio de parábolas estava chegando ao fim. Ele, agora, falará de maneira clara sobre o Pai aos discípulos. Nesse sentido, Jesus reafirma sua origem divina e seu propósito de vir ao mundo e retornar ao Pai, o que fundamenta sua autoridade para interceder e o acesso que seu nome proporciona na oração.

 Terceiro, os discípulos expressam sua compreensão e fé nas palavras de Jesus. Mas ainda conhecendo a fragilidade humana,  Jesus os adverte sobre a iminente dispersão e abandono que ele sofrerá. Contudo, Jesus  assegura que não estará sozinho, pois o Pai estará com Ele.  

 Por fim, Jesus conclui seus ensinamentos encorajando os discípulos a cultivar a esperança, o bom ânimo e a paz, pois Ele venceu o mundo. Ele também nos oferece a mesma promessa de transformação da tristeza em alegria. A alegria em Cristo é duradoura e transcende as tribulações. Assim sendo, o Senhor se aproxima de nós e nos auxilia a enfrentar o medo, as provações e os problemas que nos causam inquietação. Ele afirma: “Paz seja convosco!” São palavras consoladoras e repletas de esperança que todos necessitamos.

 Jesus inicia o texto afirmando: “Naquele dia, nada me perguntareis” (v.23a). A expressão “Naquele dia” alude ao derramamento do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Quando esse dia se concretizar, os discípulos não formularão mais perguntas diretamente a Jesus. Uma tradução literal seria “não me perguntarão nada”, no sentido de “não farão nenhum pedido a mim”. Contudo, os discípulos estavam habituados a indagar ou solicitar a Jesus a fim de suprir suas necessidades e enfrentar suas provações. Eles também dependiam de suas orientações pessoais. No entanto, a partir daquele dia, os discípulos não fariam mais perguntas diretamente a Jesus sobre qualquer assunto. Seus pedidos deverão ser apresentados a Deus em seu nome, e assim, terão acesso ao Pai por intermédio do nome de Jesus.

Diante desse grandioso privilégio, os discípulos experimentariam uma alegria singular por meio da oração. Assim, Jesus os encoraja a orar ao Pai em Seu nome. Essa prática fundamenta-se na promissora declaração de Jesus: “Se pedirdes alguma coisa ao Pai, ele vo-la concederá em meu nome” (v.23b). Mas o que significa orar em nome de Jesus? A Bíblia ensina que Jesus é o único caminho para o Pai (João 14.6).  Por isso, orar em seu nome significa reconhecer que nosso acesso a Deus se dá através do sacrifício de Jesus na cruz e de sua contínua intercessão por nós (Hebreus 7.25).  Orar em nome de Jesus é um conceito central na fé cristã, com profundas implicações sobre nossa comunicação com Deus. Não se trata meramente de adicionar as expressões "em nome de Jesus" ao término de uma oração, mas de uma postura de coração e mente que reconhece a mediação e a autoridade de Jesus Cristo. Orar em nome de Jesus é também um ato de gratidão pelo que Ele realizou por nós.É reconhecemos que é por meio de Sua morte e ressurreição que temos a oportunidade de nos aproximar de Deus.

No entanto, Jesus garante aos seus discípulos que suas orações serão atendidas quando feitas em seu nome, para que sua alegria seja plena:  “Até agora nada tendes pedido em meu nome; pedi e recebereis, para que a vossa alegria seja completa.”(v.24). É como se Jesus estivesse nos dizendo: "Vejam, vocês ainda não experimentaram o poder de pedir diretamente em meu nome. Façam isso, peçam com confiança, que vocês sentiram alegria plena." Como é maravilhoso quando a oração faz parte da nossa vida,ou seja, na familia,no trabalho e na igreja. Essa prática constante, realizada em nome de Jesus, certamente traz inúmeros benefícios para todos. Fortalece os vínculos familiares, promove a união em torno da fé e proporciona um ambiente seguro para compartilhar alegrias, desafios e buscar juntos apoio espiritual. Já na igreja, a oração em comunidade cria um ambiente de força coletiva, onde as experiências de fé se somam e se fortalecem, mutuamente. Orem em nome de Jesus. Apresentem os seus pedidos a Deus por meio de Jesus! Façam isso, peçam com confiança, e vocês experimentarão uma alegria plena!

Também naquele dia, Jesus se expressaria de maneira clara a respeito do Pai, pois, naquele instante, Ele dialogava cpm seus discipulos, por meio de metáforas para elucidar o Reino de Deus e os mistérios divinos.  Jesus deixa essa questão evidente para os discípulos quando afirma: “Estas coisas vos tenho dito por meio de figuras” (v.25a). De fato, Jesus frequentemente recorria a figuras de linguagem para instruir seus seguidores, especialmente por meio de parábolas. Esse método revelava-se eficaz para transmitir mensagens complexas de forma acessível e memorável, além de servir como um teste à fé e ao coração de seus discípulos.  Contudo, chegaria um momento em que não mais se utilizaria de comparações, mas anunciaria de maneira explícita sobre o Pai.Tudo isso mudaria após a sua ressurreição e a vinda do Espírito Santo. A partir desse dia, os discípulos estariam mais preparados para compreender a verdade plena sobre o Pai. Jesus diz: “Vem a hora em que não vos falarei por meio de comparações, mas vos falarei claramente a respeito do Pai” (v.25b).

No entanto, naquele dia, haverá uma relação mais íntima entre Jesus, seus seguidores e o Pai. Os discípulos terão acesso direto ao Pai, pedirão em nome de Jesus: “Naquele dia, pedireis em meu nome; e não vos digo que rogarei ao Pai por vós” (v.26).  Destaco aqui determinados pontos que requerem reflexão sobre esse relacionamento:  primeiramente, os discípulos não necessitarão mais da mediação constante de Jesus para apresentar suas súplicas ao Pai. Jesus afirma que “pedir em seu nome” se tornará o fundamento para suas orações.Em segundo lugar, ao afirmar "não vos digo que rogarei ao Pai por vós", Jesus deixa claro que o Pai já os ama profundamente em virtude do amor que depositaram em Jesus. É importante analisar o verbo grego ἐρωτᾷν (rogar), pois este verbo estabelece essa conexão direta do Pai com os discípulos. Contudo, rogar (pedir) não deve ser compreendido no sentido direto de “em favor de vocês”, mas sim “a respeito de vocês” (περὶ ὑμῶν), como alguém que busca discernir a vontade do Pai e, assim, apresenta o caso diante d’Ele (Lucas 4.38; João 17.9, 17.20). Em terceiro lugar, orar em nome de Jesus implica orar com a autoridade que Ele conferiu aos seus seguidores. É reconhecer quem Ele é e o que Ele realizou, apresentando as súplicas em consonância com a sua vontade.

 Em outras palavras, esse relacionamento com o Pai é uma mensagem sublime que cada cristão pode experimentar através de Jesus. É uma relação fundamentada no amor recíproco e na fé. Jesus elucida essa questão ao afirmar que o Pai ama (φιλεῖ) os seus discípulos: “Porque o próprio Pai vos ama” (v.27a). É importante notar que a fonte desse amor é o próprio Pai. Não se trata de algo que necessitamos conquistar ou merecer.Ele é intrínseco à sua essência e se estende a nós de forma direta. Essa concepção proporciona um imenso conforto e segurança, pois implica que somos amados incondicionalmente pelo Pai, que se preocupa profundamente com cada um de nós. Assim sendo, Jesus estabelece uma conexão direta entre o amor dos discípulos por Ele e o amor do Pai por eles. Ele afirma: "...visto que me tendes amado..." (v.27b). Ocorre que o amor dos discípulos é percebido tanto em sua origem quanto em sua continuidade (vocês têm amado, πεφιλήκατε).Esse amor transcende meros sentimentos, manifestando-se na obediência aos seus ensinamentos e na identificação com a sua missão. Em face desse amor, há ainda um aspecto crucial que Jesus enfatiza: a fé. Jesus declara: "...e tendes crido que eu vim da parte de Deus" (v.27c). A preposição utilizada aqui (παρά) sugere a saída de uma posição, como se fosse ao lado do Pai. Os discípulos creram e acolheram a revelação divina através de seu Filho. Isso implica que os discípulos reconheceram sua divindade, sua autoridade e seu propósito redentor.

Jesus, agora, resume sua missão e trajetória. Primeiro, Ele explica sua origem divina: “Vim do Pai” (v.28a). Nenhuma frase poderia expressar de maneira mais completa a unidade de Jesus com o Pai. A expressão grega ἐξῆλθον ἐκ ("Eu saí de" ou "Eu vim de") deixa isso evidente. A preposição ἐκ reforça esse pensamento,indicando origem e procedência. Jesus está  declarando  que sua origem não é terrena, mas divina, Ele venho diretamente Pai. Isso evidencia que Jesus não é meramente um homem que surgiu na história, mas que preexistia ao mundo, vindo diretamente de Deus Pai. Tal afirmação ressalta sua natureza divina e sua relação singular com o Pai. Ele é o enviado, aquele que desceu do céu com um propósito específico.

Em segundo lugar: "e entrei no mundo" (v.28b). Aqui, testemunhamos a encarnação, o momento em que o divino se torna humano. Jesus assume a natureza humana, vivendo como um homem neste mundo, subjugado às suas limitações e desafios. Essa "entrada no mundo" é o cerne de sua missão redentora, pois, ao se tornar um de nós, Ele nos compreende e nos representa. Terceiro: "todavia, deixo o mundo" (v.28c). Esta parte alude à conclusão de sua existência terrena. Sua morte e ressurreição marcam sua partida deste plano físico. Não se trata de um fim, mas de um retorno à sua glória original. Por fim: "e vou para o Pai" (v.28e). Jesus finalmente declara o seu destino e exaltação. Ele retorna à presença do Pai, de onde veio. Isso implica a sua vitória sobre a morte e o pecado, e sua ascensão à glória celestial.

Ao término das eloquentes palavras de Jesus, surge uma reação por parte dos discípulos: “Agora é que falas claramente e não empregas nenhuma figura” (v.29). A exclamação dos discípulos revela um instante de clareza e compreensão para eles. Ocorre que  durante a conversa de despedida, Jesus havia recorrido a numerosas analogias, metáforas e uma linguagem figurada para explicar conceitos complexos acerca de sua partida, do Espírito Santo e do futuro que os aguardava. Contudo, naquele momento específico, as palavras de Jesus ressoavam de maneira direta e fácil de entende-las. Eles percebem que a linguagem figurativa se dissipou, e a verdade é comunicada de forma cristalina. Diante dessa epifania, experimentam um alívio (v.30). É intrigante notar que, apesar dessa sensação momentânea de clareza, os discípulos ainda enfrentariam dificuldades em compreender plenamente os eventos iminentes (a prisão, crucificação e ressurreição de Jesus). Sua fé permanecia ainda bastante frágil. Assim, necessitavam, de fato, do Espírito Santo.

É o próprio Jesus que lhes faz perceber a ilusão em que se encontravam imersos Jesus a: “Credes agora?” (v.31). É como se Ele dissesse: "Vocês afirmam que agora compreendem, que não há mais metáforas? Mas será que essa compreensão se traduz em uma fé verdadeiramente sólida e inabalável? A expressão em grego πιστεύετε ἄρτι (Credes agora) indica que não se trata de uma mera busca por confirmação. Ela revela a percepção de Jesus acerca da fragilidade da fé dos discípulos diante das provações  futuras e dos desafios, Na verdade, os discípulos, por mais devotos que fossem, eram seres humanos com suas próprias limitações de entendimento, e até mesmo momentos de dúvida e incompreensão. Ocorre que os discípulos, muitas vezes, possuíam uma fé que  retringia ao intelesto.  Na verdade, quando a fé se fundamenta apenas na compreensão intelectual ou na capacidade de argumentação, ela se torna vulnerável.

Mas quando a nossa fé se torna, verdadeiramente, firme e inabalável? Para entender essa questão, é preciso analisar os personagens bíblicos. Abraão, um homem que personificou uma fé inabalável, é um exemplo. A fé de Abraão não vacilou, porque ele se concentrou no poder e na fidelidade de Deus, e não em suas circunstâncias. Ele acreditou nas promessas de Deus, e sua fé permaneceu inabalável. Não podemos falar sobre fé inabalável sem mencionar Jó. Ele enfrentou provações inimagináveis: perdeu família, saúde e riqueza, mas se recusou a amaldiçoar a Deus. Permaneceu firme nas promessas de Deus. Esses dois exemplos nos mostram que a fé inabalável é, muitas vezes, testada nas provações. O apóstolo Paulo nos diz que essas provações produzem perseverança, o que acaba fortalecendo nossa fé. A Bíblia ecoa esse sentimento, enfatizando a importância de permanecer forte em tempos difíceis: “Não apenas isso, mas nos regozijamos em nossos sofrimentos, sabendo que o sofrimento produz perseverança, e a perseverança produz caráter, e o caráter produz esperança” (Romanos 5.3-4). Lembre-se de que fé inabalável é confiar nas promessas de Deus, mesmo quando as circunstâncias parecem terríveis. É um processo contínuo. Portanto, vamos alimentá-la por meio da oração, do estudo da Palavra de Deus e da comunhão com outros irmãos!

Esta pergunta de Jesus foi fundamental na vida dos discípulos, pois Ele sabia que em breve eles o abandonariam, como Ele mesmo profetiza: "Eis que vem a hora, e já é chegada, em que sereis dispersos, cada um para sua casa, e me deixareis só" (v.32a). A provação estava próxima e revelaria a fragilidade da fé dos discípulos. Sendo assim, Jesus afirma que a hora já havia chegado, e que eles o abandonariam. A frase "e já é chegada,  enfatiza a iminência desse evento, tornando a previsão ainda mais impactante. E a expressão "cada um para sua casa" mostra que o grupo abandonaria Jesus em seu momento mais crítico. Seriam levados à dispersão, e Jesus ficaria só. Apesar da solidão que Jesus enfrentaria, fato que ocorreu no Jardim do Getsêmani e na cruz, Ele teve o amparo do Pai: "...contudo, não estou só, porque o Pai está comigo" (v.33b). Jesus confia plenamente na presença do Pai. Essa consciência da companhia do Pai era sua fonte de força e consolo diante do sofrimento que estava por vir. Essa passagem é um lembrete da nossa própria vulnerabilidade e da importância de fundamentar nossa fé não apenas em nossos sentimentos ou na presença de outros, mas na certeza da presença constante de Deus em nossas vidas, especialmente nos momentos de maior dificuldade.

Jesus, após ter mencionado as advertências, promessas e revelações, “estas coisas vos tenho dito,” agora, trata de um conjunto de verdades consoladoras aos discípulos. Primeiro, Jesus afirma: "para que tenhais paz em mim". Este é o propósito fundamental de tudo o que Jesus disse. A paz que Ele oferece não é meramente a ausência de conflito externo, mas uma paz interior, uma tranquilidade da alma que reside na união e na confiança em Jesus, pois Ele se apresenta como a própria fonte dessa paz. A paz "em mim" transcende as tribulações "no mundo".

Mas em que consiste essa paz que Jesus oferece aos discípulos? Essa paz é um legado de Jesus para seus seguidores. É uma promessa de que, apesar dos desafios, a verdadeira paz pode ser encontrada n’Ele. Outro detalhe importante é que a paz que Jesus oferece aos discípulos é diferente da paz do mundo. Ele nos concede uma paz interior que supera a paz que o mundo oferece, como Ele próprio afirmou: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá” (João 14.27). É essa a paz que o mundo não pode dar! O significado dessa paz transparece quando Jesus se colocou no meio dos discípulos com uma saudação inesperada e, ao mesmo tempo, redentora: “Paz seja convosco!” Essa expressão tem um significado profundo. Ela é significativa. Não se trata de um desejo ou saudação simplesmente. Em Cristo, porém, a paz adquire dimensões mais sublimes na vida dos discípulos que estavam com medo.

E,assim, Jesus conclui  às suas palavras com uma magnífica afirmação. As suas palavras são dignas de três momentos: primeiro, Ele afirma: “No mundo, passais por aflições.” (v.33a). Jesus não oculta a verdade de que seus seguidores enfrentariam dificuldades e tribulações, durante a caminhada neste mundo. Isso significa que todos passariam por momentos de dor e tristeza neste mundo.Embora essas palavras tenham sido ditas especificamente aos primeiros discípulos, elas são também para o ser humano que vive em constante sofrimento. Esta realidade é intensa, e , talvez, até com novas nuances devido às complexidades do mundo moderno. São transtornos ligados ao rítmo acelerado da vida, pressões sociais, inseguranças e econômicas. A verdade é que, enquanto estivermos vivendo neste mundo,  enfrentaremos todo o  tipo de aflição. Isso não significa que viveremos em constante sofrimento para sempre. Mas haverá uma grande esperança: quando estivermos no céu, não haverá mais aflições, onde o sofrimento não terá a palavra final,  conforme descrito em Apocalipse 21.4: "não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor".

No entanto,Jesus os lembra que, apesar das dificuldades, deveriam manter-se firmes, confiando,plenamente, n’Ele: “tende bom ânimo.” (v.33b). Em outra ocasião,Ele também disse aos seus discipulos quando estavam lutando contra o mar tempestuoso: “Tende bom ânimo” (Mt 14.27).   Como manter o bom ânimo em meio às muitas lutas, adversidades e desafios que a vida moderna nos impõe? Onde é comum encontrarmos pessoas desanimadas?  A verdade é que para mantermos o “bom ânimo" precisamos esperar no Senhor. Durante e depois da tempestade a presença de Cristo deve ser a razão do nosso ânimo e da nossa alegria. Por isso, não se deixe entregar aos problemas, mas tenha ânimo em Jesus!  Ter bom ânimo, são palavras consoladoras  para nós nos dias de hoje, porque vivemos em um mundo com situações que nos afligem,  E, às vezes, passamos pelo “vale da sombra e da morte,” e sentimos tantas aflições. Lemos em Isaías 41.10: “Por isso não tema, pois estou com você; não tenha medo, pois sou o seu Deus. Eu o fortalecerei e o ajudarei; eu o segurarei com a minha mão direita vitoriosa.” Paulo aconselha os corntios: “porém não angustiados; perplexos, porém não desesperados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não perdidos” (2 Coríntios 4.8-9).

É, justamente, nestes momentos que precisamos ter ânimo para vencer todo o tipo  aflições: desgosto, mágoas preocupações, inquietudes, ansiedades, torturas. E quando Jesus aconselha os discipulos a ter bom ânimo , ele deu uma boa razão: Ele venceu  o mundo.” (v.33c). Lembre-se: Jesus disse essas palavras na noite anterior à sua morte na cruz. Ele ainda não havia consumado a obra para a qual veio ao mundo. Contudo, afirmou: “Eu venci o mundo”. Na verdade, Ele estava olhando adiante, para o dia em que sua promessa seria realizada, quando venceria o mundo. O que essa promessa significa para nós nos dias de hoje?  Jesus ao vencer o mundo, a morte foi derrotada, a dívida do pecado foi cancelada e a porta para a vida eterna já está aberta. Portanto, nossos problemas são apenas temporários, e qualquer sofrimento que experimentamos jamais nos separará do amor de Deus por nós em Jesus Cristo. Este é o grande consolo!

Estimados irmãos! As palavras de Jesus são momentos de encorajamento e fortalecimento para os discípulos que estavam vivendo nas aflições.E diante destas aflições, Jesus oferece promessa, consolo e esperança para que pudessem enfretarem desafios e adversidades. Sendo assim, somos convidados a depositar nossa confiança em Jesus, o vencedor sobre o mundo. Ele é nossa rocha e nossa salvação, e n’Ele encontramos a coragem e  força para enfrentar qualquer tempestade que possa surgir em nosso caminho. Sua vitória é nossa esperança e paz em meio às incertezas da vida. Amém!