quarta-feira, 28 de maio de 2025

TEXTO: JO 17.20-26

TEMA:  UNIDADE NA COMUNHÃO DE AMOR

O Evangelho de hoje  descreve sobre uma oração de Jesus registrada no capítulo 17. Neste capítulo João nos apresenta uma das orações mais profunda de Jesus, conhecida como a Oração Sacerdotal. No  Antigo Testamento, o sacerdote fazia sacrifícios pelo povo e intercedia por eles diante de Deus. No Novo Testamenrto, Jesus se coloca diante de Deus em nosso favor, ao mesmo tempo como sacerdote e como oferta propiciatória. Nesta oração, Jesus fala de forma singular e profunda aos discipulos pouco antes de seu sofrimento e morte. Naquela noite, Jesus reuniu os seus discípulos. Havia instituído a ceia e  alertado Judas que O  trairia, e os demais se dispersariam. Aquele momento era  de grande tristeza,  no qual Jesus seria condenado à morte. Vendo a angustia dos discipulos, Jesus ora ao Pai antes de sua morte.

Ele sempre orava. Toda a sua  vida foi alternada em agir, pregar o evangelho e orar.  É  neste momento decisivo de sua vida que Jesus ora ao Pai, para tomar as melhores decisões. A sua oração é dividida em três partes principais: primeira parte, Jesus ora por si mesmo (vv. 1-5): “Pai, chegou a hora. Glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique.” Segundo parte, Jesus ora por seus discípulos (vv. 6-19). Esta é a parte central da oração. Jesus intercede por aqueles que o Pai lhe deu. Terceira parte, Jesus ora por todos os que crerão por meio da palavra dos discípulos (vv.20-26).  Aqui, o alcance da oração se expande para incluir todos os futuros crentes. 

É justamente a terceira parta da oração que serve de base para a nossa meditação de hoje. O ponto central deste pedido é a unidade.  Jesus expressa seu profundo desejo de unidade. Ele demonstra que a unidade é um valor central para a vida cristã e para a realização da missão da Igreja. Por isso, é importante refletirmos sobre a unidade, mas uma unidade na comunhão de amor  entre os cristãos, baseados no amor e no exemplo de Jesus. Sendo assim, o texto aponta para quatro verdades:

Primeiro, Jesus não ora apenas pelos seus discípulos presentes, mas também por "aqueles que hão de crer em mim por meio da sua palavra". Isso demonstra a extensão do amor e da visão de Jesus, que transcende o tempo e alcança todas as gerações de crentes. Segundo, Jesus ora para que todos os crentes sejam um, assim como Ele e o Pai são um. A finalidade dessa unidade é clara: "para que o mundo creia que tu me enviaste". A unidade dos cristãos é um testemunho ao mundo da verdade de Cristo e do amor de Deus. Terceiro, Jesus enfatiza que a unidade se baseia no amor. Ele ora para que "o amor com que me amaste esteja neles, e eu neles". O amor de Deus, que é derramado em nós, nos capacita a amar uns aos outros e, assim,  sermos unidos. Enfim, Jesus expressa seu desejo de que os seus seguidores estejam com Ele onde Ele está, para que vejam a Sua glória. Isso aponta para a esperança eterna e para a comunhão plena que teremos com Cristo na eternidade.

Estimados irmãos! Jesus não estava apenas orando pelos discípulos  naquele momento, mas também por todos aqueles que, ao longo da história, viriam a crer  n’Ele através do testemunho e da pregação da mensagem dos seus apóstolos: “Não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim.”(v.20a).  Fica evidente que a obra de Jesus não se encerraria com sua ascensão, mas continuaria através do ministério dos seus seguidores e do poder da sua Palavra, alcançando um número incalculável de pessoas ao longo do tempo. Isto significa que muitos ouviriam e viriam a crer em Jesus por meio do testemunho dos discípulos, ou seja,“por intermédio da sua palavra.”(v.20b)

E de fato, o envio dos discipulos ao mundo, concretizou esta missão. Eles foram instrumentos de Jesus. Expandiram a mensagem de Cristo ao longo do tempo através do anuncio do Evangelho. E todos aqueles que creram, tornaram-se parte do mesmo corpo de Cristo, através da mesma fé fundamentada no testemunho apostólico. Isso sublinha a relevância do testemunho, da pregação e do ensino como instrumentos pelos quais a fé em Jesus é transmitida de geração em geração. Evidencia que o plano de salvação de Deus, por meio de Jesus Cristo, não se restringia àqueles que tiveram o privilégio de conhecê-lo pessoalmente, mas a todos que viessem a crer. É por intermédio da pregação do Evangelho que o mundo tomará conhecimento de Cristo e que os nossos vizinhos serão alcançados.

Jesus deixa evidente que além dos doze, a Sua oração estende-se à Igreja de todos os tempos. Trata daqueles creram em seu nome, receberam as suas palavras e verdadeiramente reconheceram que ele veio do Pai (17.8). Sendo assim, Jesus estabelece um elo de unidade entre os crentes de todas as épocas. Cabe aqui ressaltar que a unidade da Igreja não é criada por estruturas institucionais. Ela é diferente da unidade do mundo. A unidade do mundo é baseada em interesses comuns, valores sociais ou ideologias políticas. Enquanto a unidade cristã, basea-se na fé em Jesus Cristo e na comunhão com o Espírito Santo, visando a harmonia daqueles são membros de um único corpo, o corpo de Cristo. Neste sentido, Jesus aprofunda ainda mais a questão da unidade entre seus seguidores e revela o propósito dessa unidade: a fim de que todos sejam um.” (v.21a). Portanto, deseja  unidade, harmonia e coesão, onde as diferenças sejam superadas para que haja um único propósito.

Mas por que Jesus deu tanta ênfase sobre esta questão? Vejamos quatro motivos: primeiro a preocupação de Jesus com a unidade entre seus discípulos não era apenas uma questão teórica. Ele sabia que a natureza humana tende à competição e ao egoísmo, o que poderia levar a desavenças e divisões, mesmo entre aqueles que se professam seguidores de Cristo. Assim, comprometeria o alcance da mensagem de Jesus. Segundo, ao enfatizar a importância da unidade, Jesus estava preparando seus discípulos para a realidade de um mundo dividido, e para a necessidade de se manterem unidos para enfrentar os desafios da fé. Terceiro, ao enfatizar a importância da unidade, Jesus estava transmitindo uma mensagem essencial para a missão de evangelização. A unidade entre os discípulos seria um testemunho poderoso da verdade e do poder do Evangelho. Enfim, a unidade entre os discípulos seria um modelo para a comunidade cristã como um todo. Jesus queria que os seguiudore fossem um exemplo de amor , mesmo diante das dificuldades e das divergências.

A mensagem de Jesus sobre a unidade é um convite à reflexão e à ação. Ela faz parte da essência da Igreja  e é uma condição para a credibilidade do testemunho, da missão e do serviço. A Igreja Cristã primitiva foi um exemplo vivo de uma unidade que rompeu barreiras étnicas, culturais, linguísticas e sociais. Todos os que observavam a Igreja eram levados a exclamar: “Como se amam estes cristãos!” Sua unidade era, de fato, o maior testemunho do poder do Cristo ressuscitado. O apóstolo Paulo deu muita ênfase em seus escritos sobre a unidade: “Ora, o Deus da paciência e da consolação vos conceda o mesmo sentir de uns para com os outros, segundo Cristo Jesus” (Rm 15.5). “Assim também nós, conquanto muitos, somos um só corpo em Cristo e membros uns dos outros” (Rm 12.5). “Rogo-vos, … pelo nome de … Jesus Cristo, que faleis todos a mesma coisa e que não haja entre vós divisões; antes, sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer” (I Co 1.10).

Neste sentido somo desafiados a buscar a harmonia e a comunhão com nossos irmãos, mesmo quando as diferenças são evidentes. Somos chamados a preservá-la com amor, humildade e mansidão como reconhecimento de que "há um só corpo e um só Espírito, um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos." Isso quer dizer que a comunidade cristã, para ser fiel à sua vocação, deve expressar, por intermédio de suas relações fraternas e de amor, a mesma união profunda que existe na Trindade, ou seja, entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Este era o modelo que os discipulos deveriam se espelhar. Entender que  o Pai e o Filho são um em propósito, amor e essência:"e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós."(v.20b). E, por isso,os seguidores de Jesus deveriam estar unidos n’Ele e no Pai.

 Jesus também apresenta o propósito evangelístico dessa unidade: “para que o mundo creia que tu me enviaste.” (v.21).Aqui, reside o propósito evangelístico dessa unidade.  Quando as pessoas observam o amor e a harmonia entre os seguidores de Jesus, isso aponta para a veracidade da sua mensagem e para a autenticidade da sua missão divina. Isto significa que a unidade entre os cristãos é um testemunho poderoso para o mundo. É a prova mais convincente para o mundo de que Jesus foi enviado por Deus. Jesus revela tamabém um aspecto ainda mais profundo da unidade que ele deseja para seus seguidores: Eu lhes tenho transmitido a glória que me tens dado.” (v.22a). Essa glória não se refere primariamente a um brilho externo, mas sim à honra, ao poder divino e, principalmente, ao amor e à unidade existentes entre o Pai e o Filho. Ao compartilhar essa glória, Jesus capacita seus seguidores a viverem em unidade semelhante à unidade divina. Ele reforça o seu desejo de unidade, utilizando novamente a unidade entre Ele e o Pai como o padrão a ser alcançado: "para que sejam um, como nós o somos,”(v.22b).  Essa comparação enfatiza a profundidade e a perfeição da unidade que deve existir entre os crentes. Não se trata apenas de uma concordância superficial, mas de uma união íntima e essencial, fundamentada no amor e na comunhão com Deus: "eu neles, e tu em mim.” (v.23a).

Essa presença divina é o fundamento da unidade que Jesus busca: "a fim de que sejam aperfeiçoados na unidade.”(v.23b). Ela não é apenas um estado inicial, mas um processo contínuo de crescimento. A presença de Deus em nós e a nossa união com Ele e uns com os outros, nos leva a uma unidade cada vez mais completa e perfeita. E assim Jesus apresenta um propósito:"para que o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste, como também amaste a mim.": Este é o propósito final da unidade. Ela é visível e profunda entre os seguidores de Jesus. É a prova para o mundo, de que Jesus foi enviado pelo Pai e  que o Pai ama os crentes da mesma forma como ama o seu próprio Filho. Quando mundo percebe este amor mútuo entre os cristãos, reperesenta o maior testemunho que a igreja pode dar,  um testemunho poderoso e irrefutável do amor de Deus.

 No entanto,Jesus expressa um desejo íntimo e futuro para aqueles que o Pai lhe deu: "Pai, a minha vontade é que onde eu estou, estejam também comigo os que me deste.”( v.24a). Jesus expressa um anseio pessoal de ter seus seguidores ao seu lado, no mesmo lugar onde Ele estará. Isso aponta para a sua ascensão ao Pai e para a promessa de que os crentes também estarão com Ele na glória futura. É um desejo de comunhão eterna e completa. O propósito dessa união futura é para que os crentes possam contemplar a glória que o Pai concedeu a Jesus: "para que vejam a minha glória que me conferiste.”(v.24b).  Essa glória se refere à sua majestade divina, ao seu poder e à honra que Ele sempre teve junto ao Pai e que foi manifestada de maneira especial após a sua ressurreição e ascensão.Jesus fundamenta esse pedido no amor eterno do Pai por Ele, um amor que precede a criação do universo: "porque me amaste antes da fundação do mundo."( v.24c).Isso ressalta a natureza eterna do relacionamento entre o Pai e o Filho e a base desse amor para a inclusão dos crentes na glória futura.

 Jesus destaca o contraste entre o conhecimento que Ele e seus discípulos têm do Pai e a ignorância do mundo:"Pai justo.”(v.25a). Ao se dirigir ao Pai com o título "justo", Jesus enfatiza a retidão, a santidade e a imparcialidade de Deus. Isso serve como um reconhecimento da natureza divina do Pai e da base da sua relação com Ele. Contudo,  Jesus lamenta a falta de conhecimento sobre Deus por parte do mundo: "o mundo não te conheceu.”(v.25b).  O "mundo" aqui se refere ao sistema de valores e às pessoas que estão afastadas de Deus. Mas há um contraste com o mundo. Jesus afirma: "eu, porém, te conheci.” (v.25c). Jesus afirma ter um conhecimento íntimo e pessoal do Pai. Essa relação única e profunda é fundamental para a sua missão e para a revelação de Deus à humanidade. E assim os discipulos  chegaram à compreensão de que Jesus foi enviado pelo Pai. "e também estes compreenderam que tu me enviaste." (25d). Essa compreensão é um passo crucial para a fé e para o reconhecimento da sua autoridade e da sua identidade divina.

Jesus encerra o texto resumindo o propósito da sua missão em relação aos seus seguidores: "Eu lhes fiz conhecer o teu nome e ainda o farei conhecer.” (v.26a). Jesus declara que revelou o nome do Pai aos seus discípulos e que continuará a fazê-lo. O "nome" de Deus, na Bíblica, representa a sua natureza, o seu caráter e tudo o que Ele é. Jesus não apenas ensinou sobre Deus, mas manifestou o Pai através de suas palavras e ações. A promessa de "ainda o farei conhecer" pode se referir à obra contínua do Espírito Santo nos crentes após a ascensão de Jesus, aprofundando o conhecimento e a experiência de Deus .O objetivo final dessa revelação do Pai é que o mesmo amor que o Pai tem por Jesus esteja presente nos seus seguidores: "a fim de que o amor com que me amaste esteja neles.” (v.26b).  Esse amor divino é a base da unidade, da alegria e da força dos crentes. É um amor transformador que capacita a amar uns aos outros e ao mundo. Jesus conclui reafirmando a sua presença contínua com os seus discípulos: "e eu neles esteja.": (v.26c). Essa presença é essencial para que eles vivam nesse amor e para que a unidade seja uma realidade. Através do Espírito Santo, Jesus habita no coração dos crentes, capacitando-os a viver de acordo com a vontade do Pai.

Estimados irmãos! A oração de Jesus que ecoa através dos séculos, clamando por algo fundamental: a unidade dos Seus seguidores. Assim, o texto nos desafia a viver uma fé que se manifesta em amor mútuo e unidade, refletindo a glória de Deus e convidando o mundo a crer.Amém!

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